WALLY

Acabo de me dar conta de que se o preço para descobrir mais sobre o meu passado for ficar mais do que dois minutos olhando para a cara desse cretino, estou satisfeito em viver na ignorância. Afinal não dizem que a ignorância é uma benção? Me sinto até mais leve. Mas quando me volto para meu tio, tio mesmo, Barry, vejo que sair daqui sem respostas não era uma opção, por um momento, algo parecido com fúria percorre como um raio por seus olhos, e uma descarga elétrica emanava do seu corpo, isso não era bom, nunca era.

—Você sabe por que estamos aqui? -tio Barry pega a cadeira que trouxe com ele, já imaginando que aquilo poderia ser longo.

—Não sei se notou, mas não tenho muitas fontes de informação por aqui. – aponta as paredes de vidros. –Nem tão pouco, privacidade. –gesticula em direção ao banheiro transparente como o todo o resto, e eu me esforço para não fazer careta ao imaginar ... por que Deus, eu estou imaginado isso? –Com exceção da Dra. Snow, não tenho muitas visitas. – Eddie Thawne quase não envelheceu, não parecia muito mais velho que no dia que o prendemos, mas mesmo assim sua face, seja pelo cabelo e barbas longas, seja pelo seu olhar de lobo raivoso, sua face deixava transparecer se não a idade, todos esses vinte e tantos anos atrás destas paredes.

—Malcom Thawne, esse nome te parece familiar? – meu tio fala baixo, e um longo sorriso psicopático, parcialmente encoberto pela barba, mas mesmo assim de gelar a alma, aprece no rosto do Eddie, só de pensar que de alguma forma essa pessoa e eu tínhamos algum laço genético, faz meu estomago embrulhar.

—Vejo que andaram pesquisando minha árvore genealógica? –Thawne sorri, deixando o corpo cair perto da parede mais próxima a nós.

—O que você sabe sobre o Malcom, afinal? – pergunto tentando demonstrar mais convicção do que realmente sinto.

—Ele era um perdedor, um traço que herdou do pai, e não estou falando daquele trapaceiro que lhe deu o nome. Mas sim do pai biológico. Sabe, vocês são muito parecidos, os mesmos traços, o olhar de cachorro amedrontado, mas Malcom, não teve a sorte que você teve Allen, pelo menos ele teve essa desculpa. – fala cheio de sarcasmo.

—Você matou minha mãe, destruiu a reputação, a vida do meu pai, arruinou as minhas chances de crescer com minha família... -Barry se exalta levantando da cadeira e com o movimento imperceptível, a fazendo cair ruidosamente no chão.

—E mesmo assim você foi amado, cuidado, adotado por uma família boa. Pensando bem, quando eu sair daqui, talvez depois de matar Nora, eu volte e faça o mesmo com Joe. – um sorriso cruel se distorce em seus lábios. – Talvez mate todos que te ajudaram, Caitlin, Ramon, a loira de Star City, e Iris, essa eu vou matar entre suas bonecas e ursinhos de pelúcia. – tento segurar tio Barry, impedindo que ele entre na cela e quebre Eddie em dois, mas a verdade era que estava difícil me manter firme em meio a tantas provocações.

—Você nunca vai sair daí. Ou melhor, Caitlin vai arrancar seus poderes e vai passar o resto da sua existência miserável em uma cela, sendo bem cuidado por Amanda Waller. – tenho que admitir, essa ideia me aquece o coração.

—E vocês nunca terão a informação que vieram buscar. –se levanta tentando moldar a postura, a muito quebrada.

—Aí que você se engana. Por que é tudo que mais quer no momento. – sento no chão enfrente a sua cela, olhando para Eddie que não entendia nada. -Esse é um dos motivos. Vamos lá Eddie, é onde tudo começou. Em uma noite chuvosa, onde uma jovem mulher, preste a dar à luz a gêmeos, pede carona aos seus vizinhos... –faço um gesto como se fosse o letreiro de um filme. –E aqui que sua história começa, eu conheço palhaços como você, lidei com eles a vida toda. Esse é um dos momentos que mais aguardou, sua deixa para falar sobre você mesmo, e pela primeira vez tem dois ouvintes realmente interessados.

—Você é ridículo moleque. –diz com soberba. –Vocês precisam dessa informação.

—Vivemos bem sem ela até hoje. -tio Barry levanta a cadeira do chão, em um movimento calculadamente entediado.

—Espere... – Eddie precisava contar, ele estava sozinho por muito tempo, falar com as paredes nunca rendeu bons papos. –Vocês me jugam mal.

—Não, fazemos apenas a avaliação do que vemos, seu prognostico não é favorável. –me sento novamente no chão. –Vamos eu já dei a deixa, continua da parte que Joe levou Nora ao hospital. – finjo animação, como se fosse ouvir a melhor história de terror à beira de uma fogueira com marshmallows quentinhos. Realmente só faltava a fogueira e a comida, por que sim, seria uma história de terror.

—Vocês devem me achar com cara de idiota. Acham mesmo que vou contar tudo assim.

—Não idiota. Psicopata. – tio Barry pontua cada palavra, dando ênfase.

—Fale por você. Acho que é mais imbecil que qualquer outra coisa. – reforço.

—Sabemos que Dr. Gilmore trocou Samuel por uma criança morta, o verdadeiro Malcom. Só não entendemos por que o fez. – tio Barry cansa de joguinhos.

—Gilmore era um bêbado, ele matou o filho dos Thawne quando fez o parto mais bêbado que um gamba. –Eddie solta, e pela primeira vez sinto nojo em sua voz. Aquilo era onde todas as desgraças começou. –Aquele pudim de whisky seria morto, Thawne era filho da máfia, e Gilmore sabia que precisava dar uma criança respirando ou ele pararia de respirar. Aí entrou Nora, gravida de gêmeos, era a oportunidade que o bêbado precisava. Ele só precisou se livrar do médico de Nora, e dar um jeito nas enfermeiras. Cada família tinha um bebê, todos teriam que trocar as fraudas sujas, lidar com os choros de madrugada, e principalmente, Gilmore acordaria na manhã seguinte, pelos cálculos dele, todos sairiam ganhando, principalmente ele.

—É uma história muito interessante, mas como sabe tanto? – para o resto do mundo meu tio poderia estar parecendo tranquilo, e até frio, mas o conheço bem, e sei quanto está se esforçando para ficar assim.

—Malcom cresceu, e com o tempo começou a levantar suspeitas que Thawne não era o verdadeiro pai da criança, fizeram um teste e descobriram o obvio. Naquela noite Thawne matou a esposa na frente de Malcom, ela que jurou até o fim que não o havia traído. Malcom cresceu sendo rejeitado pelo pai e pela família, ele era o bastardo. Apanhava sempre de todos. Mas ele cresceu e não esqueceu.

—E? – eu disse, minha vida virou uma novela ruim.

—Malcom foi atrás de Gilmore e deu uma prensa, descobriu a verdade, matou o Dr. Whisky, voltou, matou Thawne e seguiu a sua vida. –Eddie tinha aquele sorriso, quase de orgulho, e eu tenho o gosto da bile na garganta. –Viu Barry, esse era para ser o seu passado, se quando o Gilmore brincou de Uni-dune-te o escolhido tivesse sido você. – ele começa a gargalhar, agora era um fato consumado, Eddie perdeu completamente a razão. – Eu matei minha tataravó, ou sei lá. E você não salvou sua própria sobrinha-neta. Digno de um conto Shakespeariano, não?

—Você é doente. –me levanto o olhando quase que com piedade, mas nada havia ali. Flash Reverso não sabia da minha história e morreria sem saber.

—A questão é: por quê isso te surpreende? –pergunta com traços de diversão no rosto.

Mas aquilo já tinha dado para mim. Saio deixando Eddie Thawne para trás, aquele apartamento subterrâneo, e a esperança de um dia descobrir toda a história. Corro distraído, perdido em meus pensamentos, que mal me dou conta que meu tio estava a um passo de distância, até que sinto sua mão em meu ombro me obrigando a parar.

—Você é meu filho Wally, você é filho com Iris West. Seus avôs são e foram Joe e Francine West, Nora e Henry Allen. Nem um teste, ou história louca pode mudar esse fato.

Nos olhamos por um momento, os mesmos olhos em rostos parecidos, uma pequena parte minha fica feliz por finalmente entender o porquê disso. Meu pai me puxa para um abraço, e me sinto novamente a criança que foi retirada do inferno, e que agora está segura em um lar de verdade. Por todos esses anos, pensei que Paul era o pior ser humano que pisou nessa terra, mas nem posso imaginar que tipo de pessoa eu seria se tivesse sido criado por Malcom.

– Eu não sei como, mas de alguma maneira você encontrou o caminho de volta para casa. –Barry diz me olhando nos olhos, emocionado. –Meu filho, meu sangue. –fala cada palavra cheio de orgulho, e pela primeira vez percebo que toda essa merda, no fim das contas era algo bom.

—Obrigado, pai. –o abraço forte mais uma vez, sabendo que não importa quem foram os responsáveis por meus vinte e três pares de cromossomos, no fim das contas Barry e Iris sempre serão os pais que escolhi ter.

LUNA

É ruim estar em casa sem o Philippe por perto, o loft fica silencioso demais, e silencio me dá espaço para pensar, e só que tenho tentado não fazer ultimamente é pensar. Nem perco meu tempo na cozinha, em momentos de crise como esses, começar a comer qualquer coisa é o mesmo de dizer “Besouro Suco” três vezes, com toda a certeza alguém vai brotar do chão me chamando para ir a caverna. Então me limito a uma boa chuveirada, lavo os meus cabelos e mais uma vez, não me dou ao trabalho de secá-los, a mesma história do Besouro Suco de antes, e não quero fazer cosplay da Cher, a última vez Dick tirou uma foto da juba e postou no Facebook dele com a legenda de “Leão procurado, aparentemente dócil, mas não se engane!”. Foi o recorde de curtidas na página dele, às vezes preciso concordar com Jason, o Grayson sabe como ser um pé no saco como ninguém mais.

—Oi! –escuto a voz de Sara.

—Aqui no quarto. –grito em resposta, segundos depois uma asiática bonita aparece em minha porta, usando uma saia lápis cinza de cintura alta, uma blusa branca delicada com alguns detalhes em renda, e scarpins vermelhos.

—Parece uma jornalista de verdade, muito elegante! –elogio a vendo sorrir, sei que Sara detesta precisar usar o colar, mas não é como se houvesse outra opção.

—Connor e os outros foram para Central, trabalhar no acelerador. –conta se sentando na minha cama. –Pode secar esse cabelo Lu, não vamos precisar sair correndo! –implica quando me vê caminhando em direção ao closet, e lanço um casaco nela em resposta. –Ótimo, eu precisava mesmo pegar um emprestado!

—O que aconteceu Sara? –pergunto quando começo a secar meus cabelos.

—Termina de se arrumar primeiro, não aguento mais ficar na caverna, ou naquela fazenda.

—Tudo bem. –dou de ombros e passamos a falar de coisas bobas.

Termino de secar os cabelos, passo uma maquiagem leve, e escolho um vestido laranja, justo e sem mangas, que acabava abaixo dos meus joelhos, com uma pequena fenda atrás. Coloco saltos, alguns acessórios simples e pego um casaco vermelho. Sara e eu saímos do meu prédio e a vejo lutar por alguns minutos contra a vontade de dizer algo, enquanto caminhávamos pelas ruas de Star City no início da noite.

Não sou do tipo que arranca informações. –falo.

—Vou treinar isso com você! –brinca com um sorriso largo, que não alcança seus olhos. –Preciso muito desabafar uma coisa, mas não quero que me julgue mal, nem leve para outro lado, você é minha melhor amiga. –começa a dizer séria.

—Okay. –a olho preocupada.

—Por que Wally não me procurou quando Isis disse todas aquelas coisas a ele? –Sara para, me olhando com seriedade e vejo o brilho inconfundível de seus olhos, mesmo sob a ilusão do colar.

—Não foi assim que aconteceu. –começo a me justificar, sem poder evitar o desconforto. –Ele só precisou de um favor, me conhece Sara, não sou do tipo que faz perguntas.

—Eu sei. Só que a alguns anos, seria eu a ajuda-lo.

—Sinto muito, não queria estar entre vocês, nunca quis. –falo com sinceridade.

—Não é isso Lu, eu respeito a amizade de vocês, sou grata por ela. Sabe o quanto isso fez a diferença quando eu estava longe. –concordo com um aceno e voltamos a andar. –É que não posso mais combater o crime, não posso mais usar meu próprio rosto, e acabei de perceber que posso menos ainda ser útil para as pessoas que amo. Tanto Artêmis, quanto Sara Diggle, deixaram de existir.

—Do que está falando? –a olho de lado surpresa. –Isso não é verdade.

—Não posso nem mesmo me juntar ao time em Central City, por que Cisco e Caitlin não sabem que estou viva. –murmura abraçando o próprio corpo, e percebo a extensão do problema, contenho a vontade de corrigi-la, pois mesmo nós não contando ao Cisco, ele provavelmente sabe que ela está viva. O que não ajudaria em nada na sua crise agora.

—Espera, uma coisa por vez. –a puxo em direção a um banco na praça central de Star City, Phill adora esse lugar, ele passa horas nesse mesmo banco lendo ou ouvindo música sozinho, diz que consegue ver nossa casa daqui e que isso o tranquiliza. –Eu sei por que Wally não te falou assim que soube, e não é por que não te acha útil.

—Qual o motivo então? –ela se vira em minha direção para me olhar nos olhos.

—Vocês estão casados a o que, três, quatro meses? –Sara concorda. –O mesmo tempo que você foi dada como morta. –sussurro essa parte olhando para os lados. –Quanto tempo passaram juntos desde então?

—Eu não sei, Luna. –deixa os ombros caírem desanimada. –Nos vemos a cada dia menos, ele está sempre atrás de Zoom, de forma quase obsessiva. E agora tem isso de Barry ser mesmo o “tio Barry” ... –ela parece começar a entender onde quer chegar.

—Wally quer você de volta na vida dele, é só o que ele tem tentado ter desde que tudo aconteceu. Por isso não dorme, mal tira um tempo para comer direito, e não para de procurar por Zoom. –seguro a mão dela. –De alguma forma ele se sente responsável por tudo, por você precisar viver como está vivendo. Hunter disse ter matado Sara Diggle para fazer do Flash um herói melhor. O motivo de não ter te procurado, foi por que aos olhos do Wally todos os seus problemas atuais foram causados por ele, e sabe como tudo tem sido difícil para você. Só o que vem tentando...

—É ser meu marido. –percebe e sorrio em forma de aprovação. –Me desculpe, Luna, acho que a pressão está me enlouquecendo. –acho graça de como isso realmente a envergonha.

—Não precisa se desculpar. –suspiro me levantando, e estendo a mão para ela.

—Obrigada, é sério, nunca vou dizer isso o suficiente. –diz quando voltamos a andar, encaixando seu braço no meu. –Os últimos anos foram uma merda, mas enfrentaria todos eles de novo. Por sua amizade. –nos olhamos emocionadas por um momento, me esforço para não chorar, ajeito minha postura e volto a andar com ela.

—Não me agradeça, um dia Connor vai fazer alguma merda dessas enormes, e você vai precisar me ajudar a não cortar a cabeça dele fora. –faço graça para quebrar o clima sério, a fazendo gargalhar. –O que acha de jantarmos em um restaurante chique? –sugiro a vendo se animar. –Felicity está em Central com o time, então acho que posso ter a noite de folga.

—Não conseguiríamos uma mesa assim em cima da hora. –argumenta, e sorrio balançando minha carteira.

—Linda, Linda, sua melhor amiga é a vice presidente da maior empresa da cidade, e está noiva de uma celebridade local. Acha mesmo que não consigo uma mesa?

—Quem diria, Luna Delphine, aquela garota tímida que mal conseguia falar direito com desconhecidos, sendo esnobe. Adoro isso! –debocha e damos risada enquanto dou sinal para um taxi.

ISIS

Costumava gostar mais de visitar a Star Labs quando não tinha a Katoptris ainda. Com o tempo Cisco e eu descobrimos que somos um tipo de catalizador um para o outro, ele vibra com muito mais facilidade quando minha faquinha do cão está por perto, e digamos que a Katoptris corresponde de forma bem entusiasmada a presença dele. Odeio isso e adoro o Cisco, o que faz tudo ser um saco.

Me sento do outro lado do convex, enquanto ele trabalha com minha mãe, Caitlin e o Damian, tentando criar um grande ambiente ante gravidade, tia Iris aparecia ocasionalmente já que estava aqui com os gêmeos, ela queria ajudar, mas nesse momento era tão inútil quanto eu. Sou como a criança mal educada que precisa ficar de pé ao lado da porta, virada para a parede, na aula daquela professora quase idosa que cheira naftalina da qual ninguém realmente gosta. Um saco.

—Hey! –escuto a voz do meu pai, que se senta ao meu lado. Ele é outro que não é exatamente útil no momento, deveríamos fundar um clube ou algo do tipo. –Por que dessa tromba? –fala como se eu ainda fosse uma garotinha, e o olho de lado irritada, o que só o faz sorrir ainda mais. –Fica idêntica à sua mãe, quando faz isso.

—Eu não posso ajudar em nada, por causa dessa bendita arma. –reclamo rabugenta. –Mas qual a sua desculpa para não estar ajudando?

—Já tentou ficar no meio de uma conversa de nerds daquele nível? –pergunta fazendo careta.

—Já foi jantar com Tim e Luna, juntos? –respondo com outra pergunta, e vejo a careta em seu rosto piorar. –Ouvir a mamãe e o tio Barry conversando chega a ser fofo, mas Luna e Tim é o mesmo que assistir um filme em aramaico sem legendas, é como se existisse uma bolha ao redor dos dois, e dentro eles criassem o “incrível mundo nerd” deles.

—Connor deu sorte por ter a conhecido antes! –debocha dando risada, mas não tem ideia do quanto está certo.

—Graças a Deus que ele conheceu!

—Conheci quem? –falando no diabo...

—Por que não está ajudando também? –olho irritada para meu irmão.

—Estava procurando por Barry e o Wally. –responde ignorando o julgamento em minha voz. –Além do mais, meu pai e eu só estamos aqui para treinar a teoria dentro do acelerador. –se senta do meu outro lado.

—Como estão as apostas? –olho animada para os dois, que parecem não partilhar do meu sentimento.

—Com toda essa história do Barry ser mesmo o tio do Wally, nós cancelamos a aposta. –Connor diz me fazendo desanimar no mesmo instante.

—Então vão pegar leve com os dois? –olho para meu pai que bufa, e Con solta um “não precisa exagerar também”.

—A última vez que lutei contra o Allen, precisei pegar leve por ele ser novato. E olha que tinha motivação suficiente para não me segurar!

—Foi quando ele beijou a Felicity? –Connor pergunta o provocando e vemos o olhar irritado no rosto do velho Queen. –Não acredito, essa história é verdadeira! –nós dois olhamos para nosso pai, chocados.

—Meu Deus! –exclamo. –Onde estava quando isso aconteceu?

—Não vem ao caso. –responde tentando encerrar o assunto. –Por que não procura alguma coisa para fazer? –essa doeu, me encolho novamente na cadeira no mesmo momento que Barry (quem nunca mais conseguirei ver com os mesmos olhos) e Wally entram cabisbaixos no convex.

Eles estavam acabados, poucas vezes vimos os Flash’s tão para baixo dessa forma, chega a ser estranho. Meu pai e Connor vão se trocar, após tocarem nos ombros dos amigos com solidariedade, o que pode apostar, será o único gesto solidário da noite.

Cisco nos explica de forma rápida como o acelerador vai funcionar. Traduzindo as palavras dele para uma linguagem compreensível, o que disse se torna basicamente isso: Esse é o primeiro protótipo, então as chances de dar errado são imensas. O lugar é grande demais para estabilizar não um, mas dois velocistas ao mesmo tempo. O fato do Barry gerar a Força da Aceleração enquanto corre, e Wally usar a Força da Velocidade, torna o trabalho ainda pior, e não sabemos ao certo se Hunter faz uso da Speed Force como os outros, manipula o tempo, ou usa a Força da Aceleração Reversa. É muita força e nomes derivados de velocidade que não são quase nada parecidos entre eles, e só servem para confundir a minha cabeça.

—Ótimo, quando poderemos tentar? –Wally pergunta de forma quase fria, mas entendo que deve estar de saco cheio hoje.

—Na verdade, podem tentar agora mesmo. –Cisco responde enquanto minha mãe digita coisas sem parar no computador, tentando estabilizar o algoritmo que desaceleraria os Flash’s.

—Tomem cuidado, e se lembrem de que são grandes amigos uns dos outros. –ela diz encarando cada um dos quatro com o rosto sério, depois puxa meu pai que estava mais perto dela e sussurra algo no ouvido dele que o faz dar risada e olhá-la daquela forma encantada de sempre. –Me promete, Oliver! –fala o encarando, até mesmo eu me encolho.

—Tudo bem. –responde piscando para ela, e se afastando com Barry.

—O mesmo vale para você, pirralho! –aponta para Connor que bate uma continência em resposta antes de seguir os outros. –Wally, espera. –fala se levantando, e assistimos minha mãe caminhar em direção ao Wally com passos largos e os dois se abraçam apertado. –Quer mesmo fazer isso hoje?

Wally confirma com um aceno e a puxa para mais um abraço breve, escuto ele sussurrar um “eu te amo” baixinho, e sorrio tímida quando nossos olhos se encontram, o vejo sorrir com tristeza, apenas para me tranquilizar e mostrar que estava tudo bem ter contado de forma torta toda a história e destruir tudo o que ele pensava ser real. Mais uma vez a Katoptris me ajudando a preservar minhas amizades. Faca maldita!

CONNOR

Nós entramos no corredor largo envolto em metal, que é o acelerador de partículas. É como uma imensa esteira cósmica, com a diferença de também ser uma prisão temporária para meta humanos. Estávamos todos concentrados, como costumamos ficar em qualquer tipo de combate.

‘Vou ligar o reversor de gravidade.’ A voz de Cisco sai pelo sistema de alto-falantes.

—Não deveríamos estar sentido alguma coisa? –pergunto olhando para a câmera de monitoramento.

‘Merda.’ ouvimos Felicity xingar baixinho enquanto o barulho do teclado quase abafava sua voz.

—E ai? Alguém viu o jogo dos Chicago Bulls ontem? Eu não vi, mas no gabinete o pessoal estava animado com alguns passes. – meu pai começa a tamborilar com os dedos na parede, e falar coisas aleatórias, mania que pegou da Felicity no decorrer dos anos. –Acho que não. –olha para os lados tentando conter a impaciência, mas nem toda a carranca que já o vi fazer chega perto da compenetração de Wally e Barry, por um momento chego a pensar que Tim e Bruce talvez tivessem se enganado com o vestuário essa manhã. Mas isso seria absurdo, nem se Bruce fosse cego usaria um uniforme vermelho.

‘Está quase pronto.’ Caitlin fala transmitindo uma imagem onde Cisco e minha mãe metralhavam o teclado furiosamente.

E antes que pudéssemos entender, um barulho alto veio percorrendo o túnel do acelerador de partículas, até que sinto meu corpo começar a levitar, e uma estranha vertigem. Felicity reclama de algo, enquanto trabalhava e voltamos a sentir nossos pés no chão novamente, mas agora o ar parecia pesado, era como andar com alteres presos nos membros.

—Acho que é agora? – me coloco em posição já sabendo que minhas flechas seriam inúteis, mas meu pai já manuseava o arco.

—Flechas com propulsores. – explica com um sorriso de satisfação.

‘Eu não as projetei para que a usasse contra o meu afilhado.’ a voz de Fel era pura ameaça.

—E não vou. –concorda compenetrado.

—Qual é Ollie, já se passaram anos e não superou ainda? –pela primeira vez no dia vejo tio Barry e Wally com um leve sorriso. Meu pai não responde, apenas o olha sério, o que só faz os traços de diversão no rosto de Barry se tornarem ainda mais perceptíveis.

‘Nem tão pouco vai usar contra o meu marido, apesar de ter um bom argumento.’ Iris consegue dar medo, mesmo através do sistema de som.

—Salvo pelo gongo. – meu pai dispara uma das flechas a poucos centímetros na do Barry, que fica cravada em um das paredes. –Querida, elas são ótimas.

‘Você duvidou?’

—Vamos lá ligeirinho. –provoca, chamando o amigo para aluta.

—Eu não quero te machucar, já é quase um senhor. Deveria estar pensando em aposentadoria. –revida, Barry mexeu com o orgulho do meu pai, mesmo que só de brincadeira, não tinha como o velho Queen deixar barato. –Quero ver como vai se sair sem me atingir pelas costas.

—Precisa superar isso, Barry. –a esse ponto, acredito que só os dois sabem exatamente do que essa conversa se trata.

—Falou o cara que quer se vingar por uma coisa que nem tem direito.

—O que disse? –todo o divertimento deixa o rosto do meu pai, e por um segundo vemos o que os bandidos de Star City veem antes de levar uma surra.

—Que você não tinha nada com ela, e só para constar, foi mútuo!

—Barry não deveria fazer isso. –sussurro para Wally que fazia careta ao meu lado.

—Acho que ele está fazendo de propósito. –responde, enquanto assistimos eles correrem em direção um ao outro.

A luta começa com os dois lados bem equilibrados, o peso da gravidade retarda os movimentos do Barry, que apesar de ter a mente com a velocidade incrivelmente rápida, começou levando alguns socos do Arqueiro. Até se acostumar à velocidade e aprender a usa-la a seu favor. Só que no final o que fez a luta pender para o lado do meu pai foi a força bruta. Barry é forte, mas com o seus poderes nunca foi necessário que ele adquirisse mais massa muscular do que o que conseguiu ao decorrer dos anos sendo um herói. Então, a cada soco que meu pai acerta Barry precisa acertar dois ou até três para ter o mesmo estrago. No final Barry perdeu para o cara que ele mesmo definiu como “um senhor quase aposentado”.

—Isso foi bom.

—A sua vingança sem sentido? – Barry resmunga enquanto meu pai passa o braço por seus ombros o ajudando a voltar para o convex.

—Também. – sorri vitorioso. –Mas significa que estamos no caminho certo.

—O dos ossos quebrados. –resmunga, mas o nariz que antes estava sangrando devido uma cotovelada, já havia estancado, percebo que meu pai conseguiu ganhar a luta por que a manteve curta, Barry tinha um corpo mais novo, apesar da idade parecida, e por se regenerar mais rápido, poderia lutar por mais tempo.

—Precisamos finalizar a luta rapidamente. Quanto mais tempo dermos, Hunter pode usar isso como vantagem. –indico já pensando em estratégias contra da verdadeira batalha.

—Força. Golpes rápidos... –Wally anota mentalmente.

—Preciso pegar leve? –pergunto enquanto nos posicionamos. –Por você sabe, toda a história que descobriu. –não havia deboche em minha voz, e Wally sabe bem disso, por isso vejo um sorriso de piedade no rosto dele, que me pega de surpresa.

—É sério Connor, se pegar leve comigo isso não vai durar mais do que alguns segundos. Vamos nos divertir, como nos velhos tempos!

Ele está certo, a vantagem que meu pai teve com Barry, não existe no caso do Wally e Luna está ai para provar, mas eu não seria um bom amigo se não perguntasse. No início me movimentar era o mesmo que andar em câmera lenta, ou estar submerso em um tanque cheio de água. Levaram alguns segundos para nos adaptarmos, porém com o tempo pegamos o jeito, nossos corpos e cérebros começaram a trabalhar em harmonia.

Foi quando tudo ficou muito mais violento. Wally desvia com dificuldade do meu arco que ia em direção a seu rosto, e acerta um chute em minha perna direita, que me desequilibra o dando vantagem, antes que possa revidar, ele acerta outro entre as minhas costelas, me arremessando mais longe que seria normal, e tenho a impressão de ver uma corrente elétrica em volta do corpo dele.

Essa distancia me dá tempo, que normalmente não teria para processar um contra ataque. Seguro Wally pelo seu uniforme, evitando que ganhe espaço, e lhe dou um soco em seu abdômen, seguido de uma cotovelada na clavícula e uma rasteira que o lança no chão. Um fato interessante na alta gravidade é que se levantar é praticamente uma missão impossível, ainda assim ele consegue, talvez rápido demais.

Nesse exato momento me lembro do quanto odeio protótipos, e tem um motivo, eles sempre dão errado na primeira tentativa, é uma espécie de lei. Uma explosão forte acontece não muito longe de onde estávamos, e tudo muda bem em meio a um contragolpe de Wally. A gravidade é restaurada e recebo um golpe do Flash em toda a sua velocidade e claro, com toda a sua força. A alguns dias Luna me falou algo sobre o soco de um dos Flash’s, que eles chamam de “soco de massa infinita”, ser o mais potente de toda a Liga, incluindo o Superman. Posso comprovar a veracidade da teoria, quando sou arremessado contra a parede.

—Merda! –escuto a voz de Wally, antes de tudo escurecer.

ISIS

Não entendi metade do que aconteceu. Não lá em baixo, lá vi e consegui pegar toda a essência da batalha, mas aqui em cima. Em um momento tudo estava certo, os geradores estavam lidando bem com o acelerador e os equipamentos que criavam a gravidade zero, mas foi um piscar de olhos e tudo mudou. E agora Connor está deitado em uma maca novamente, o que é um recorde até para ele.

—O que deu errado? –pergunto depois de Caitlin nos avisar que Connor teve uma concussão leve, e que logo acordaria.

—Wally, o acelerador não é potente o suficiente para lidar com o derivado da Speed Force no sistema dele. -Damian me explica olhando para os monitores. –Temos que fazer melhorias.

—Talvez se usássemos os estabilizadores da torre? Eles mantem a gravidade do espaço igualada com a da Terra. -Cisco começa a calcular a possiblidade. –É uma possibilidade.

Damian sai de perto com uma cara sombria, e eu sei que não era boa noticia que tinha atrás daquela fuça. -Qual a verdadeira situação? –o encurralo não dando saída para inventar meias verdades

—Na melhor das hipóteses vamos ter trinta minutos. –me responde. – Isso considerando que nós saibamos com o que estamos lidando. Wally descobriu a Força da Velocidade, Zoom pode fazer uso de algo completamente diferente também.

—O que vocês pensaram? –olho em direção a minha mãe que falava no celular, enquanto digitava sem parar e olhava em direção a maca onde Connor estava, preocupada.

—Nada que nós de uma vantagem real. Conseguiríamos no máximo cinco minutos a mais, se der certo. –sabia que no melhor dos cenários, teríamos muitos problemas, quase morreríamos, vi isso, sabia que esse era nosso futuro, mas precisava acreditar que apesar de tudo que havia visto de ruim, algo bom ainda estava por vir. - Isis, quando Hunter vier pode ser muito pior do que imaginamos.

—Eu sei. –concordo.

—Não tem como impedir que entre nessa batalha? – sorri, já sabendo a minha resposta. –Então acho melhor conseguir mais tempo com esses estabilizadores.

—E eu vou ver quão quebrada está a cabeça do meu irmão. –fico na ponta dos pés para beijar seu rosto, e saio em direção a maca.

—Isis! –escuto minha mãe me chamar. –Vou precisar da Luna, agora. –diz sem tirar os olhos do computador, quando me aproximo.

—Pensei que ela ficaria em Star City para te cobrir com o time caso necessário.

—Viu o que aconteceu lá em baixo? –me olha séria. –Se a distância entre eles fosse maior, Connor estaria morto nesse instante.

—Quer que eu chame a Luna para ficar aqui segurando a mão do Connor?

—Não Isis. –ela para de digitar e retira os óculos do rosto, já sem muita paciência. –Você é a aprendiz da Laurel, Connor e Sara do seu pai, Luna é a minha. E nesse momento, preciso de verdade de reforços. Por isso quero que vá para Star City e faça o nosso trabalho com o time, pois preciso da Luna aqui.

Pensei em dizer que não sou exatamente a melhor escolha para o trabalho, mas acho que se protestasse por mais um segundo dona Felicity arranjaria um chinelo e me daria umas boas chineladas no bumbum. Passo rapidamente por Connor, e o vejo dormindo tranquilo, enquanto Caitlin injetava nele o soro que o ajudaria a se curar mais rápido, mas quando estou prestes a subir na plataforma de teletransporte, Luna e Linda/Sara, aparecem no lugar com a expressão de quem encontrou a cura para o câncer.

—Quem é... –Cait começa a perguntar, e de repente o convex estava lotado. Nós olhávamos para as duas sem saber como reagir.

—Sou eu Caitlin. –Sara fala retirando o colar. –Quero muito te abraçar mais tarde, a todos vocês na verdade. –ela olha para Iris e Cisco que estavam boquiabertos.

—Mas não temos tempo no momento. –Luna toma a frente, mas percebe algo na maca. –Foi grave? –se limita a perguntar, apontando em direção ao Connor e prendendo a respiração.

—Ele vai ficar bem em algumas horas. –minha mãe responde, e Luna anda apressada em sua direção com o que parece ser um guardanapo de papel em mãos.

—Eu sei como parar o Zoom. –fala entregando o guardanapo.

—E dessa vez vai funcionar! –Sara completa com um sorriso radiante, que se abre no rosto da minha mãe assim que ela bate os olhos em seja lá o que está escrito.

FELICITY

Meus olhos mal podiam acreditar no que viam, passo o guardanapo meio manchado de vinho e mais alguma coisa que não quero realmente saber o que é, para Cisco que começa a trabalhar imediatamente, como se acabasse de ter suas forças renovadas. Com minha visão periférica vejo Iris e Cait abraçando a Sara.

—Como chegou a isso? –pergunto olhando para Luna que tinha as maçãs do rosto mais rosadas que o normal, e exalava um cheiro sutil de álcool.

—Então, Sara e eu fomos jantar no L’emary. –começa a explicar já ocupando a cadeira a meu lado. –Eu venho tentando não pensar muito, e sabe que não adianta nunca. –concordo balançando a cabeça. –Mas quando vimos um cara muito parecido com o Wally, que não era idêntico, nada de mais irmãos gêmeos...

—Luna, você está falando como eu. –a interrompo. –Me faça um resumo.

—Okay... Bom, nós vimos esse cara, e foi quando percebi uma coisa.

—Que seria? –Damian pergunta impaciente, e vejo Luna o remendar, um pouco alta por conta do vinho. Não posso julgá-la, eu mesma tenho vontade de remendar o Damian as vezes.

—Todas as formas de poderes dos velocistas variam da Speed Force, se ela não existir, nenhum deles existe. –dá de ombros, como se aquilo não fosse nada.

—Minha aprendiz faz isso enquanto está bêbada. –me gabo, olhando de Oliver para o Barry que pareciam se divertir com a versão mais soltinha da Delphine. –Agora faz todo o sentido, por isso conseguimos estabilizar o Barry, mas não explica o porquê de ter falhado com o Wally.

—Bom, tenho uma teoria para isso também, foi o que nos fez vir correndo. –murmura. –A Speed Force é como a porta de entrada para os poderes do Wally, mas quando está no sistema dele ocorre uma sobre carga imensa que a transforma na Força da Velocidade. Vocês estabilizaram a Speed Force, mas existia Força da Velocidade o suficiente no sistema do Wally para melar todo o acelerador de partículas.

—Isso só complica. –Isis fala baixinho, espiando o que Luna digitava sobre os meus ombros.

—É só pensar no processo de fotossíntese, então fica fácil de compreender. –Luna explica. –Estava vendo os seus relatórios, de como lutaram contra as outra versão do Flash no passado. Acredito que a polaridade invertida pode ser acrescentada ao acelerador se mudarmos, esse e esse algoritmo. –aponta para pontos específicos do projeto, Wally e Cisco se juntam a nós. –Seria como uma blindagem extra.

—A possibilidade de Zoom usar a Força da Velocidade é quase nula, nunca vimos ninguém além do Wally usá-la. –começo a falar. –Mas a sobrecarga causada pelo Kid pode destruir todos os estabilizadores.

—Por isso vamos anular a fotossíntese. –a esse ponto, éramos apenas nós duas falando em uma velocidade rápida demais para os outros acompanharem completamente. –Luz mais água. –murmura tamborilando os dedos na mesa.

—Já sabemos sobre a Speed Force, mas qual o outro ingrediente? –nós olhamos para Caitlin que entende a sua deixa, e abre algumas imagens das células do Wally em uma projeção no centro do convex.

—A teoria da fotossíntese é muito boa. –começa a falar. –Nunca havia associado de verdade, só víamos o lado do Barry, e pensamos ser diferente por ele gerar a Speed Force, mas se pensar por essa perspectiva, as células do Wally possuem duas vezes mais oxigênio do que as do Barry.

—Não podemos tirar o oxigênio dele. –penso alto preocupada, e vejo Iris se encolher um pouco.

—Pode funcionar se diminuir a luz. –Sara aparece ao lado da Luna, também um pouco bêbada, nem quero imaginar o que essas garotas estavam fazendo.

—Do que está falando? –Luna se vira em direção a amiga.

—Foi você quem começou a falar de plantas. –dá de ombros. –Se não podem retirar o oxigênio, então retirem a luz. –continuamos olhando sem entender, e Sara bufa frustrada. –Você! –aponta em direção ao nariz da Luna. –Falou que existia Força-de-alguma-coisa-rápida...

—Força da Velocidade. –todos dizemos em uníssimo.

—Nerds! –ela xinga. –Enfim, disseram que o que estragou o acelerador foi o que restou desse treco no sistema dele. É só trancar o Wally em uma dessas celas um pouco antes de atrair o Zoom para a emboscada. Sem luz, sem fotossíntese!

—É genial. –elogio a vendo sorrir como se a tivesse dado um grande prêmio, sério, agora estou preocupado com o que levou essas garotas a beber.

—Minha aprendiz fez isso bêbada. –Oliver me remenda.

—Quer mesmo brincar disso? Seu outro aprendiz está desacordado. –aponto para nosso filho, ignorando o aperto em meu peito ao perceber que eu ter falhado, e não a mania de Connor em estar sempre na linha de fogo, foi o que o colocou naquela maca. Preciso bloquear isso para continuar o serviço.

—Só tem um problema. –Isis começa a dizer. –Sem o Wally aqui, como vamos atrair o Hunter para a Star Labs?

—Eu posso fazer isso! –todos nós fazemos silêncio ao ouvir a voz de Sara.

—Não. –eu, Oliver e Barry dizemos ao mesmo tempo, enquanto Wally a olha pasmo.

—Por que não? É perfeito. –tenta argumentar.

—Sara, amor, não é uma boa ideia. –Wally diz com carinho, tentando mascarar o pavor na própria voz. –Vai concordar comigo assim que estiver sóbria.

—Eu estou bem o suficiente para entender o que estou decidindo! –reclama e vejo Caitlin tocar o braço dela a segurando, em seguida estender a mão para Luna que era a única de nós que não parecia ter aversão a ideia.

—Por que não tomam um pouco de glicose na veia e conversamos depois. –Cait sugere com a voz doce e as garotas a seguem em silêncio, nós deixando olhando uns para os outros, sem conseguir nem mesmo imaginar uma realidade onde Sara ficasse cara a cara com Zoom.