SARA

–Eu realmente não te entendo Wally. – reclamo após ele me colocar na porta da minha casa.

Sua cara em nada tinha melhorado, ele estava parecendo uma criança, não é justo, eu sempre quis que ele fizesse o que sonhava mesmo quando sabia que iria quebrar a cara. Sempre estive a seu lado, e o apoie, agora, quando sei que o que estou fazendo é o certo, ele fica todo, sei lá... Até parece um filho do Batman, de tão carrancudo. Não que o Dick e o Tim sejam assim, mas Damian e Jason não caíram muito longe da árvore. Mas a questão é, esse é Wally West, o cara que consegue ver luz em qualquer coisa, e quando ela não existe, ele a cria. Meu Wally não fica deprimido, ou choramingando pelos cantos. Não consigo reconhecer o cara de terno escuro parado a minha frente.

–Você me prometeu. – minha voz, não sai triste, ou magoada, muito menos raivosa, minha voz é a voz do desapontamento.

–Eu sei. –quase soa como desculpas.

Wally passa as mãos por seus cabelos vermelhos, mostrando que ele mesmo já havia pensado muito em tudo isso. Nós éramos melhores amigos, antes mesmo de sabermos o que sentíamos. É praticamente impossível esconder qualquer coisa do outro, na verdade, acho que nem tentamos mais, é perda de tempo.

–É que.. – ele parece me olha enquanto abre a porta da minha casa, com uma cópia da minha chave, que claro, meus pais nem sonham que ele tem, não que precise de chave no final das contas, era mais uma questão simbólica. Resolvi dar uma para ele, depois que se mudou para o campus.

Ao entrar em casa percebo que estávamos sozinhos, eu agradecia isso, não queria ver mais uma briga entre meus pais. John Diggle por mais durão que tente parecer ser durante todo o tempo, estava apavorado, e procurava todos os meios possíveis para que eu desistisse de servir ao exército. Minha mãe também estava, mas Lyla tem uma forma diferente de se apavorar. Ela fazia todas as ligações para descobrir com antecedência para que campo de treinamento eu seria designada, quem seria meu superior direto e todas as coisas que uma mãe paranoica precisa saber. Enfatizo o precisa, por que essas eram palavras delas.

Bom, mais o importante era que a casa estava vazia, e eu precisava falar com o Wally tranquilamente, então essa era a minha deixa. Subo até meu quarto com ele atrás de mim. Essas quatro paredes são o meu refúgio, Deus, como eu gosto desse lugar.

Nunca fui uma criança travessa e por isso quase, veja bem, quase nunca ficava de castigo. Mas mesmo nas raras ocasiões em que aprontava e meus pais me mandava, como castigo, para o meu quarto, sentia como se estivesse ganhando um prêmio. Não demorou muito para eles notarem isso, então o meu castigo começou a ser uma coisa realmente torturante, meus pais me arrastavam para o shopping e faziam eu experimentar dezenas e dezenas de roupas, isso não poderia ser considerado maus tratos infantis, poderia?

Me jogo na cama coberta por uma colcha verde chá, e olho para Wally parado no batente da porta. -Você bem que poderia trocar essa foto nossa. – aponta para o mural no alto da minha cabeceira.

Onde estavam as fotos das pessoas mais importantes da minha vida, e bem no centro ao lado da foto dos meus pais e meus padrinhos, no dia do casamento dos meus velhos, havia uma foto minha e do Wally.

Eu estava horrível e ele pior, foi uma semana chuvosa, mas não de uma forma normal, cheguei a pensar que Deus nos faria reviver o diluvio. E como é de costume em um sábado à tarde, Connor, Wally e eu (Felicity havia levado Isis, sobre protesto, para a casa da vovó Donna, que a prometeu passar o dia todo fazendo compras. Fiquei com dó da minha amiga, Donna havia nós convidado também, mas conseguimos inventar uma desculpa qualquer e fugimos da tortura) estávamos na mansão Queen, passei muito tempo da minha vida naquela casa, e adorei cada momento, voltando... Havia chovido a semana toda, e olhando para o tempo, nada dizia que pararia de chover tão cedo.

–Vou mofar aqui dentro. – ouvi Connor jogar o livro que lia em cima de uma mesinha que estava perto, mas nem levantei o rosto, estava joga por sobre uma poltrona, com as pernas no encostos e a cabeça pendida para baixo, eu olhava as ranhuras da pintura daquele teto tão rococó. – Quase fico com inveja da Isis. – levanto minha sobrancelha em descredito. – Quase. – enfatiza a palavra. – Podíamos ver um filme. – cogita.

–Não obrigado. – Wally se recusa, ele era um pivete de treze anos mais lindo que eu já vi na vida, mas se precisasse saber disso, não seria eu a contar.

Ele estava jogado no tapete de cores sóbrias da sala de leitura. Nunca entendi por que todas as salas da mansão tinham um nome. Sala de leitura, sala de costura (nunca vi ninguém pregando um botão dentro daquele lugar), sala de desenho (nem vou comentar), sala de música (uma vez vi Connor bater com a cabeça no piano de cauda, mas acho que esse não era o sentido da coisa).

–Videogame? – Connor tenta novamente, mas eu só digo que não com o dedo. O tédio tinha entrado em cada parte do meu corpo, e estava me corroendo os ossos. – Fiquem a vontade em dar sugestões. – fala já perdendo a paciência.

–Podemos... – mas a voz de Wally e interrompida por um barulho esquisito vindo do portão.

Corremos para a janela e de longe vimos algumas pessoas estranhas entrado de maneira suspeita. Nos entreolhamos, se ligássemos para os nossos pais esses caras não chegariam nem perto do batente da porta, mas essa ideia nem passou por nossas cabeças. Qual é gente? Nós somos treinados desde quando nem tínhamos saído das fraldas, mas nunca, e repito, nunquinha, nossos pais nos deixavam chegar perto dos lugares divertidos. Mas agora era diferente, o lugar divertido era o jardim da mansão, dentro da nossa jurisdição. Olhei para o Connor ao meu lado esquerdo que sorria como se fosse parente do coringa, Wally, ao meu lado direito, não estava diferente.

Nada de extremante exagerado aconteceu, algumas pernas quebradas, três ou quatro costelas quebradas, muito sangue, mas nenhum bandido entrou em coma. Quando nossos pais chegaram, dois minutos depois de amarrarmos os bandidos, inconscientes na árvores de balanço da Isis, estavam uma fera, não sei se pelo perigo, que não corríamos, ou pelo fato de ter que explicar como três moleques haviam nocauteado, oito bandidos armados.

–Podemos criar uma nova versão de esqueceram de mim. – Connor sorri com todos os dentes para Felicity que estava de baixo do guarda-chuvas, por que afinal não havia parado de chover.

–Melhor inventar uma história melhor para o seu pai, por que ele está no telefone com Sandra. – fala baixinho, e vejo Connor fazer uma careta, entrando atrás da Fel, mas Wally e eu estávamos muito eufóricos para entrar e nos aquietarmos. Começamos a correr e pulávamos em todas as poças de água que encontrávamos. Até que por fim estávamos muito exaustos para continuar. Bom, eu estava, acho que ele poderia correr uma maratona inteira, muito parecido com o pai. Nós jogamos no gramado molhado, sentindo a chuva cair em nossos rostos.

–É isso que eu quero fazer. –sorrio para ele que concordou com um aceno, ele entrelaça sua mão na minha e tira o celular do bolso.

–Onde nossas escolhas começam. – ele tira a foto registrando o princípio de tudo.

–Gosto desta foto. – volto ao presente. –Eu era caidinha por você.

–Eu sabia. – Wally desiste e se joga na cama ao meu lado, enquanto afrouxava a gravata. – Me sinto um pinguim.

–Um pinguim lindo. – ele deita a cabeça em minhas pernas, parecia querer me prender ali. –Um pinguim muito lindo e convencido. – mexo em seus cabelos rebeldes, adoro a cosquinha que eles fazem em minhas mão.

–Sempre foi reciproco. – vira seu rosto para mim. Oh Deus, como amo cada linha desse rosto, até mesmo quando odeio Wally, eu o amo ainda mais. –Esse lance de caidinho. Acho que, como diria meu avô, eu não arrastava um bonde por você, acho que era um trem, tipo um trem bala. – não resisto e começo a rir e ele me acompanha.

Mas logo todos os nossos problemas voltam a nos atingir. Nós ficamos quietos olhando um para o outro, como se tivéssemos medo, que uma palavra errada fosse capaz de explodir tudo o que construímos até hoje, como uma bomba. Posso ver em seus olhos verdes, estranhamente parecidos com o do Barry, que tão pouco ele queria sair da nossa bolha. Você sabe, quando parece que tudo o que tem está ali, naquele seu pequeno mundinho, então, na bolha.

–Eu prometi. – ele é o primeiro a quebrar o silencio, e tento respirar fundo, mas era como se por um segundo, eu não tivesse ar. –Eu sei. -pega um dos meus cachos e começa a enrolar em seu dedo. –Mas Sara, é você, aquela que sempre se joga a frente de todos os perigos. Eu não sei se saberia respirar se alguma coisa te acontecesse. Vai além da minha capacidade de cura, perder meu coração, quero dizer, não tem como sobreviver sem isso. – eu sei o que ele estava dizendo, sei por que pensei muito antes de tomar essa decisão, não foi por egoísmo, mesmo sabendo que ele sofreria, mesmo sabendo que eu sofreria estando longe dele (em termos), mas era algo que precisava fazer, não sabia explicar, como um caminho de alto conhecimento.

Entrelaço nossos dedos como naquela vez da foto. – É meu caminho Wally, e eu preciso trilhá-lo. – ele sorri fracamente, um sorriso que não atinge os seus olhos.

–Não esqueça que você tem um compromisso comigo Sara. –o olho sem entender, se levanta, e beija minha testa.

–Que compromisso? – ele vira já na porta.

–Cinco anos, a partir de hoje. Eu, você e uma igreja. E para isso você tem que estar viva, para eu também estar. –era a coisa mais linda e mais triste que eu já tinha ouvido.

–Cinco anos, eu, você e uma igreja? –repito com um sorriso contido. -Está me pedindo em casamento Sr. West. – tento fazer piada, mas era muito sério.

– Como se você não soubesse onde tudo isso iria parar. – e lá estava o sorriso que eu amava de volta. –A propósito, está linda essa noite, verde é mesmo sua cor...

Nesse momento ouvimos a porta de casa se abrindo. -Sara? – meu pai grita já nas escadas.

–No meu quarto. – respondo por reflexo.

–Wally? – meu pai para confuso no alto da escada. – E ai? Tirou essa ideia absurda da cabeça dela? – eu aqui achando que ele fosse pirar por estarmos sozinhos no meu quarto e o velho Diggle vem com essa.

–O que você esperava John? É a Sara. – dá de ombros, parecendo exausto. – Vai ser sempre do jeito dela. – volta e me dá um selinho, abraça meu pai. –Diz para a Lyla que mandei um beijo. – e ele não estava mais ali.

WALLY

Pensava que tantas coisas na minha vida seriam diferentes, não me leve a mal, sou uma das pessoas mais sortudas que conheço. Mas parece que quando algo resolve dar errado na minha vida, é o mesmo que o Everest desabando. Parece que foi há anos atrás que Tia Iris foi assassinada, e precisei voltar no tempo e parar uma versão revoltada do Tio Barry. Por alguns dias enquanto estava por lá, eu me senti como estou me sentindo agora, como se fosse muito melhor jogar tudo para o alto, e cada segundo me levasse para muito mais perto de um fim trágico.

Estou em meu alojamento, com a maior parte do meu cérebro focada em todas as folhas a minha volta. Era o último trabalho do semestre, não que eu esteja dependente da nota, mas quando se é filho de Barry Allen, as pessoas esperam mais de você. E me esforçando, é minha forma de dizer obrigado por ter me tirado daquela vida de merda.

–Nós precisamos conversar. –Hunt se senta na beirada da minha cama, decidi o chamar apenas assim, Zoom é nome de psicopata, e já chega a forma bizarra com que ele fica encarando a Lindy, não precisa de mais coisas que o incriminem.

–Agora? –olho para ele, depois para as folhas, dando a entender que não era a melhor hora.

–Eu estou preocupado com você Wally. –seu tom de voz é tão sério que me faz largar meu trabalho de lado.

–Comigo, por que? –ele esfregas as mãos uma na outra, como se precisasse se aquecer, mas na verdade isso é um dos muitos tiques nervosos dele.

–Bom, pelo pouco que percebi, você e Sara estão juntos por muito tempo.

–Nem me lembro mais há quantos anos. –comento olhando para o nada, sentindo falta de algo que nem mesmo perdi.

–Ela costumava aparecer com mais frequência, vocês se falavam por telefone, ou via Skype, mas no momento em que tudo diminuiu, você ficou estranho...

–Hunt, eu agradeço de verdade por sua preocupação. –olho para ele, que franze a testa me esperando contestar qualquer coisa. –Cara, eu estou bem. –afirmo.

–Não te vejo conversando com ela a uma semana, na verdade, seis dias e doze horas, mas resolvi arredondar.

–É sério? –o olho chocado. –Já não conversamos sobre essas suas manias paranoicas de contabilizar tudo?

–Vou ser um policial forense melhor, graças a elas. –dá de ombros, e desisto soltando um riso soprado. Não podia dizer a ele que não falo com Sara a uma semana, por que ela está em algum lugar do mundo, correndo atrás do Amazo.

–Olha, o que acha de você e eu irmos beber no Spartacus hoje? –tento minha última jogada.

–Claro, vai ser legal. Quer ajuda com isso? –pega uma das folhas e começa a analisar.

–Seria ótimo. –agradeço dando mais três para ele. –E Hunt?

–Sim? –ele levanta os olhos em minha direção.

–Valeu por se importar. –digo com sinceridade.

–Que isso Wally, você é meu amigo. –dispensa meus agradecimentos com um sorriso satisfeito.

‘Kid.’ Isso é a voz de Luna, me chamando por meu comunicador? Olho para Hunt entretido em meu dever, e depois para a quantidade de trabalho que tenho para ser feito. ‘Kid, você está ai?’ Péssima hora para um chamado.

–Cara, eu vou... Ao banheiro. –digo me levantando e Hunt apenas balança a cabeça concentrado demais para me dar atenção, e me tranco dentro do banheiro. –É Flash agora, só Flash! –falo quando estou sozinho.

‘Tudo bem, eu me esqueci.’ Acho que a ofendi, ótimo, agora me pareço com a versão 2014 do Ollie.

–Me desculpe Luna, é só que estou com meu colega de quarto, e as vezes é um saco precisar parecer normal. Precisa de mim para alguma coisa?

‘Connor prometeu me acompanhar em uma coisa hoje, mas ele não está nem mesmo no país...’

–Luna, me dá um minuto. –interrompo voltando para o quarto, onde Zoom já havia começado a fazer meu trabalho. –Hunt, uma amiga minha precisa de ajuda, tenho que ir agora. –faço minha melhor cara de desespero para ele, que fica imediatamente alarmado.

–Hum... Claro Wally! –se levanta atrapalhado. –Eu cuido das coisas por aqui! –aponta para as folhas sobre a cama.

–Hunt, você é o melhor! –elogio o fazendo sorrir feito bobo, no fundo me sinto mal por isso. –Desculpe Luna, onde paramos? –e já estava a caminho de Star City.

‘Wally, eu não quero atrapalhar.’ Chego a sentir o desconforto dela.

–Luna, não me atrapalha, além do mais, precisava mesmo sair do meu dormitório. Onde você está? –pergunto entrando em Star City.

‘No estacionamento da QC.’ Responde. –Acho que vou ter que levar serviço para casa essa semana, estão aos montes...

Vejo a garota de cabelos cacheados presos em um rabo de cavalo, com um vestido rosa clarinho, e sapatos que a faziam parecer uma boneca. Luna tentava abrir o porta malas do carro, mas parecia ser uma missão impossível, por causa da quantidade de caixas que carregava. Isso e o ar avoado que Luna sempre tem, é como se em algum lugar dentro da mente dela existisse um universo paralelo, no qual ela vive sozinha.

–Isso sempre acontece quando a Fel tem que dar auxilio em uma grande missão. –dou de ombros parando na frente dela, que deixa as pastas escaparem de sua mão no susto. Pego todas antes que caiam no chão, as coloco no porta malas e fico a esperando, com a porta do motorista aberta.

–Hum... Obrigada. –murmura entrando no carro.

–Não por isso. –digo quando já estou a seu lado. –Onde nós vamos? Caverna? Torre de Vigilância? Comprar roupas novas? Vai conhecer o Lodai? Mas sendo você... –coço meu queixo. –Vamos ao cinema?

–Wally, parece que está ligado no 220 o tempo todo. –ela sussurra, bom, é a Luna, então ela apenas diz em sua voz normal. –Quando estou com você, me sinto naquele filme, O Reino Escondido, que tem os homens moscas, e nós humanos somos super lentos!

–Às vezes, vejo vocês assim também! –sorrio para ela enquanto coloco o cinto, e Luna dá a partida no carro.

–Nós vamos ver Philippe.

–E Connor sabe disso? –falo chocado, o que a faz rir, por algum motivo que desconheço.

–O meu irmão, Wally! –responde balançando a cabeça em negação, e só então ligo os pontos.

–Oh, foi mal Luna. –me sinto envergonhado, apesar do sorriso divertido no rosto da garota. –Tenho andado no mundo da lua nesses últimos dias. –parece que digo algo errado, pois o sorriso dela desaparece.

–Está tudo bem Wally. –fala com seriedade.

–Aconteceu alguma coisa?

–Na... Nada!

–É por que me esqueci?

–Claro que não! –ela me olha de lado. –Eu nunca ficaria brava por isso, aliás, eu não estou brava. Mas me lembro da conversa que tivemos e sei pelo que está passando. Só estou ansiosa. –dá de ombros, mas sua voz sai ainda mais baixa do que o normal.

–Okay... Valeu.

PHILIPPE

Martha e Joss estavam ainda mais paranoicas do que o normal hoje. Luna vai chegar a qualquer momento, e as duas me seguem a qualquer lugar que eu vá, por isso estou sentado no chão doentiamente limpo do banheiro, que Martha limpou em um de seus ataques de nervos, folheando uma revista em quadrinhos. Não sei qual a estratégia delas, mas suspeito que seja me sufocar até que eu as escolha no tribunal.

–Lippe querido. –Joss chama do outro lado da porta e reviro meus olhos irritado.

–Que saco. –murmuro mudando de página.

–Filho, nós precisamos falar com você. –agora é Martha.

–Eu me lembro de todas as regras. –respondo sem nenhuma paciência. –Luna, eu e o acompanhante que ela trouxer, ficaremos na varanda e nada de sair de lá. –digo como um mantra. –Uma hora apenas, nem um segundo a mais. –me levanto por fim, e abro a porta, vendo as duas paradas do outro lado, parecendo tensas. –Ela é minha irmã, não uma terrorista. –falo as encarando antes de ir em direção a porta da frente.

Reconheço o carro vermelho de Luna virando a esquina, bem na hora. Havia um garoto ruivo a seu lado, quando eles saem do carro, percebo que ele é bem alto, quase uma cabeça maior do que minha irmã, que estava em cima de seus saltos enormes. Ele fica escorado no carro, vendo Luna correr em minha direção. Eu a abraço sorrindo, sentia muita falta dela, e de seu cheiro de pêssego.

–Phill! –fala quando nos afastamos, e se vira para o cara encostado em seu carro. –Wally, vem aqui!

–Pensei que ele fosse o Connor. –falo para ela com um sorriso debochado, a fazendo fechar a cara.

–Wally West. –ele me estende a mão, mas para com os olhos em minha camiseta do Kid Flash. –Soube que é só Flash agora. –aponta para a camiseta parecendo incomodado, e Luna segura o riso por algum motivo.

–Eu a ganhei de Luna. –dou de ombros, e ele olha para minha irmã com o semblante fechado.

–Nem todo mundo se acostumou ainda com isso de só Flash. –ela levanta os braços como se estivesse se rendendo.

–De todo jeito, eu prefiro mesmo é o Superman. –agora os dois me olhavam como se eu fosse uma espécie de aliem. –Qual o problema de vocês?

–Nenhum! –dizem ao mesmo tempo.

–É melhor nós irmos para a varanda, antes que as loucas venham aqui e digam que isso é uma espécie de brecha, ou sei lá! –bufo me virando, mas Luna segura meu braço.

–Phill, seja mais agradecido. –me repreende séria, nessas horas quase vejo um pouco do brilho da antiga Luna em algum lugar, escondido dentro dela. –Elas te adotaram, você poderia ter crescido em orfanatos, mas não precisou! –souto uma pequena risada.

–Se tivesse crescido, talvez eu estivesse com você agora! –grito tirando meu braço do dela. –Por que você é minha família Luna, e nem mesmo posso te ver sozinho! –Wally parece desconfortável, mas não me importava em ser educado no momento. –Isso é ridículo, eu nem mesmo posso te ver direito, só por que você decidiu pedir guarda!

As duas aparecem na porta, e olham assustadas para a cena. –Lippe, é melhor você entrar. –Joss fala autoritária.

–Mas eu acabei de chegar. –Luna protesta se colocando a minha frente.

–Ele fica agitado, e nervoso por sua causa Luna. –minha irmã se encolhe enquanto Joss caminha em sua direção a encarando. –Não consegue perceber o como faz mal ao garoto?

Assisto a cena indignado, enquanto Martha como sempre, se sujeita a mania que Joss tem de querer ditar todas as regras. Wally entra na frente de Luna, seu rosto estava ainda mais indignado do que o meu, eu as amo como minhas mães, mas Luna é minha família, não tenho o sangue de nenhuma das duas. –Sra. Foster, sou Wally West. –ele diz com falsa educação. –Segundo os advogados e o que o juiz determinou, como medida provisória, minha cliente ainda tem cinquenta e três minutos com o irmão.

–Você é advogado? –ela olha para a camisa vermelha dele, os jeans e o all star, depois volta a encará-lo.

–Não parece? –Wally diz muito sério, de uma forma que até eu acreditei.

–E seus pais sabem disso? –Joss diz ainda mais irritada. –Luna, vai embora! –naquele momento eu me canso, de verdade.

–Chega! –saio de trás de Luna, e todos me olham assustados. –Não importa o quanto você brigue, ou a intimide. –olho para Joss com pena. –No final, sou eu quem escolho. E quer saber por que Luna e eu estávamos brigando?

–Lippe, querido. –Martha se aproxima, tentando evitar que eu começasse uma discursão com Joss, tarde demais.

–Eu chamei vocês de loucas, as duas. –olho de uma para a outra. –Mas Luna disse que eu deveria mostrar gratidão. –solto uma risada de deboche, em seguida olho para minha irmã, que parecia estar aterrorizada. –Me desculpe Lu. –sorrio para ela com tristeza.

–Está tudo bem. –dá de ombros, e fico feliz por não ter gaguejado, ou não sei se perdoaria Joss depois disso.

–Foi a educação que nossos pais nos deram, e vou fazer o que ela mandou agora. –respiro fundo e seguro a mão de Luna. –Obrigado, a vocês duas por terem me tirado do orfanato, por me amarem tanto que não querem me perder, obrigado por não ter me afastado de Luna, por terem tido tanta paciência nos primeiros dias enquanto eu chamava por ela e por meus pais. Eu amo vocês por isso. Mas Luna é tudo o que eu tenho, e eu sou o que ela tem. Não vão me tirar dela. –Joss e Martha me olham com tristeza, por um momento Joss volta a ser a bela mulher loura que eu amo, sem aquela máscara de ódio ou persuasão que se tornaram constantes em seu rosto. –Podem por favor, entrar? –Martha segura o braço de Joss a puxando para dentro, e murmuro um obrigado para ela. –É mentira o que ela disse. –digo me virando para Luna que ainda estava abalada. –Você não me faz mal.

–Eu sei. –sussurra.

Vamos em direção a varanda, Luna e eu nos sentamos no banco de madeira, e Wally no primeiro degrau da escada, escorado no parapeito. –Os olhos dele são maneiros. –ele diz a Luna. –Muita falta de sorte você não ter herdado. –implica.

–São como os da minha mãe. –falo. –Minha mãe biológica.

–Eu tenho os olhos do meu pai adotivo. –ele fala de forma casual, mas o olho sem entender. –Os olhos, o nariz, o formato do rosto, a boca...

–Ele se parece muito com o pai adotivo. –Luna resolve encurtar as coisas.

–Mas como? –pergunto confuso.

–Eu não sei. –dá de ombros. –Felicity me disse uma vez, que a semelhança costuma influenciar quando um casal adota uma criança, bom, no meu caso foi um pouco mais do que isso.

–Eu não me pareço com minhas mães adotivas. –digo pensativo, e sinto a mão de Luna em meu obro.

–Não fisicamente, mas você tem a garra de Jossely quando quer me defender. –sorri carinhosa. –E quando me olha desse jeito. –toca a ponta do meu nariz. –Eu consigo ver a bondade de Martha.

–Mas com certeza você herdou a boa pinta da sua irmã. –Wally interrompe piscando para mim, e dou risada, enquanto Luna parece um pouco envergonhada, mas acho que os dois são amigos, por que ela nem mesmo se encolheu. –Só que seus olhos são mais legais! –acrescenta.

–Eu gosto dele. –digo para Luna que parece conter um sorriso.

–Todo mundo gosta do Wally. –dá de ombros fazendo o garoto sorrir.

–Você é mesmo advogado? –franzo a testa, ela não parecia ser um, não fisicamente.

–Phill, Philippe? –parece se atrapalhar.

–Phill. –digo e ele sorri.

–Phill, sabe guardar segredo? –balanço a cabeça confirmando. -Estou cursando o primeiro ano de Engenharia Mecânica, apesar de ter uma queda por ciências, por causa do meu pai.

–Seu discurso foi muito convincente. –Luna fala divertida.

–Ajudei Laurel em um verão, uma espécie de estágio. –dá de ombros. –Aprendi algumas coisas.

–Cara, você conhece esse tal de Connor? –pergunto sem poder mais conter, me inclinando em direção a ele. Wally e Luna se olham por um momento, e ela começa a abrir a boca para protestar. –Se não me contarem, não vou parar até saber mais sobre ele. –aviso.

–Ele é irmão da garota que tirou aquele... Negócio, do seu capuz. –Luna fala.

–Isis Queen. –sorrio me lembrando da garota. –E o que mais? –me viro para Wally, não queria as impressões apaixonadas da minha irmã, queria saber quem é o cara.

–Ele é um irmão super protetor, assim como você. –Wally diz dando risada. –Aliás, vocês tem muito em comum! Os dois amam Luna, gostam de uma boa briga, e são bem temperamentais.

–Connor não é briguento! –Luna defende por reflexo, e Wally acena em direção a ela como quem diz “não estou falando!”.

–Bom, ele é meio zem, mas depende de quais botões você aperta. Luna e Isis, estão na zona vermelha, ao lado das mães dele. E tem isso, ele também tem duas mães!

–Mas Connor não é o filho do prefeito? –mais uma vez, fico perdido.

–Sim, ele é filho do Ollie com a Sandra, uma namorada de muitos anos atrás, mas cinco anos depois ele conheceu Felicity, com quem é casado até hoje. Bom, não se casaram imediatamente... Mas isso é outra história. O importante, é que ele ama as duas como mães.

–Você também tem duas mães. –falo, e o sorriso de Wally desaparece. –Me desculpe.

–Não, tudo bem. –força um sorriso. –Eu não tive bons pais biológicos como você. Eles me batiam, muito. –ele toca uma pequena cicatriz em seu braço, e seus olhos se perdem no nada. -Me obrigavam a trabalhar desde meus quatro anos em uma fábrica, e as vezes eu dormia no chão da cozinha se não produzisse como um adulto. Minha mãe, Iris West, é uma jornalista investigativa, ela me conheceu enquanto trabalhava disfarçada na fábrica do meu pai, foi assim que conseguiu fechar a fábrica e o colocar na cadeia. Então ela e o tio Barry me adotaram.

–Tio?

–Não os chamo de pai e mãe na maior parte do tempo, como te disse, eu não tive um exemplo anterior de “bons” pais, então os chamo de tios, por que eles são incríveis. –sorri pensativo. -Mas eles sabem que sou filho deles, e eu que eles são meus pais, esse é o importante.

–Wally, você nunca quis os confrontar? Seus pais biológicos? –Luna pergunta, seus olhos brilhavam, toda essa história de pais, sempre foi um assunto delicado para ela, mas naquele momento, ela apenas parecia irritada pelo que fizeram a Wally.

–Tenho pensado nisso, nesses últimos dias, depois da decisão da Sara. -ele parece imerso em pensamentos. –Mas sempre que me olho no espelho, eu vejo o Barry e me lembro que ele é meu pai. Você teve sorte Phill, tem uma irmã que te ama, e duas mães que não querem te perder, e pais que te amavam mais do que tudo no mundo.

–Ele está certo. –Luna beija meu rosto, passando seu braço por meus ombros. –Por esse motivo precisa ser grato.

–Não gosto quando ela grita com você. –murmuro teimoso, mas escuto o riso baixo de Luna a meu lado.

–Quando estivermos juntos Phill, eu quero que elas façam parte de sua vida, preciso que continue a amá-las, por que sou muito grata a elas, por terem tirado você do orfanato.

–Isso por que você é melhor do que elas, bom, ao menos melhor do que Joss. –dou de ombros, deitando minha cabeça em seu ombro, e Luna parece desistir de argumentar, por que sabia que iria perder, e Wally estava ainda mais pensativo. –Cara. –chamo o fazendo me olhar. –Eu os confrontaria, sei que seus pais ou tios irão entender.

–Eles deveriam ver o homem que você se tornou kid. –Wally a olha sério. –Desculpe, eu já entendi que é só... Você sabe. –sorri para ele. –Mas acho que não devem ter tido paz, ficar longe de uma parte nossa, pode fazer com que nos fechemos para o mundo. –Luna me aperta ainda mais em seus braços. –Eu sei que eles eram monstros, mas não sabe como estão hoje. E sinceramente Wally, mais do que qualquer um que conheço, você merece uma conclusão. –ele assente, mas depois parece pensativo.

–Já saquei vocês. –diz quando já nem lembrávamos mais do assunto. –Essa coisa de ficar percebendo pessoas e as encaminhando para a luz, é meio que um lance de família. –Luna e eu nos encaramos, antes de cairmos na gargalhada.

ISIS

– Nightmare! - Ouço a voz de Robin perto de mais, eu precisava de um tempo se eu quisesse que meu plano desse certo, não que eu tivesse qualquer outra opção.

Odeio ter q fazer isso, Sara e Connor deveriam estar alucinados atrás de mim. Mas para a minha felicidade, Hong Kong é a cidade perfeita para desaparecer, suas luzes ofuscantes dão o tom perfeito para a fuga. Fuga e uma dor de cabeça. Nunca tive uma ressaca na vida, mas tenho para mim que deve ser muito parecido com o que eu vou sentir pela manhã.

Percebo que enfim tinha conseguido um pouco de distância. Estamos a uma semana checando todos as fabricas que produzem armamento para a ARGUS, Batman tem certeza que o Amazo estaria com certeza em alguma delas, segundo ele o androide teria o local armazenado em sua memória, e de uma forma irracional, se abrigaria nele. E isso havia nos trazido para Ásia, como nos locais anteriores não havíamos encontrado nada, não estávamos muito confiantes nesse também.

Então de início apenas andamos pela cidade a procura de alguma coisa que fizesse sentido, ou o mais próximo de sentido que um androide que copia poderes, poderia nos proporcionar. De qualquer forma, depois de rodar por todos os cantos possíveis, estávamos exaustos, e apesar dos protestos de Damian, decidimos procurar um hotel e tentar dormir e comer um pouco.

Chamar aquela espelunca de hotel era elogio, na verdade chamar aquela espelunca de espelunca já era um elogio, mas não queríamos chamar atenção, já que era muito provável que Amanda Waller estivesse com as suas patas nisso. De qualquer forma, Sara e eu estávamos em um quarto enquanto ao lado Damian, Connor e Dick dividiam outro. Entramos em nosso quarto e Sara parecia um furacão, na verdade ela estava tão concentrada na missão que parecia não enxergar nada além do seu alvo, o que não era muito a sua cara.

– Sara? - bato na porta do banheiro, alguma coisa havia acontecido com ela, logo alguma coisa havia acontecido com Wally também, era incrível a sintonia desses dois, se Wally se cortasse era a Sara quem sangrava, ok, não era tudo isso, mas vocês conseguiram entender a dinâmica.

– Sim Isis, só preciso de um banho. - claro que não acreditei nisso, mas não podia arrebentar a porta a chutes, apesar de ser uma espelunca o gerente não iria gostar, muito da ideia.

Me jogo na cama e começo a tirar as armas escondidas em minha roupa. Estava tudo bem até que a minha querida faquinha de pão resolveu me fazer uma surpresa.

Estava escuro, mas entre as janelas imundas, muito altas para que eu as alcançassem, entravam pequenos feixes de luzes que davam o ambiente um ar de filme B de terror. O lugar fedia a peixe e a olho diesel, aquilo era um barracão que ficava nas docas da cidade. Longe eu vejo Amazo olhando o espelho, como se procurasse algo. Tenho a impressão de que encontrou, por que logo depois enfiou seus dedos no olho esquerdo e o puxou para fora em um único golpe. Juro que se eu fosse mais fraca, tivesse comido algo hoje, é isso não fosse uma visão, teria me debruçado na primeira lixeira que eu encontrasse, Amazo parece encaixar uns fios de volta a seu lugar e depois, como se não fosse nada de mais, coloca o olho de volta.

Volto à estar sentada na cama, conseguia ouvir o barulho do chuveiro. - Vou começar a te largar e, casa. - reclamo olhando para a adaga que parecia ter um brilho diferente, parecia orgulhosa com ela mesma. -Só o que me faltava, uma adaga presunçosa. - respiro fundo, ótimo, estou ficando louca.

Volto a colocar minhas armas no lugar devido, deixo o meu comunicador sobre a cama e saio pela janela, rezando para que Sara demorasse a sair do banho, eu acharia um jeito de entrar em contato com eles depois que encontrasse uma maneira de deter Amazo.

Meu plano já não era lá tudo isso, mas piorou quando percebi que estava sendo seguida, e de muito perto. Bom, esse é o resumo do que me levou a ficar escondida atrás de uma escada de incêndio esperando ter despistado o Robin. Eu olhava para o lado movimentado da rua, esperando que ele passasse, mas claro um Robin não anda pela claridade, e esse Robin em especial parecia invocar as sombras para caminhar, tanto que quando me virei, lá estava ele. No susto soltei uma das minhas mãos do meu apoio e acabei escorregando. Quase dei de cara no chão, mas Damian me segura antes que eu caísse de vez, cara, isso era humilhante.

–Vai me dizer por que está fugindo? – diz ao me colocar em pé no chão.

–Não. – acho que estava parecendo uma criança mimada.

–Não, não vai me contar por que é birrenta, ou não, não vai me contar por que essa adaga te mostrou um trailer de filme de terror?

–Eu não sou birrenta. – era diversão em seu olhar, bom se era não consegui determinar. – Não intencionalmente.

–Então vou partir do princípio de que estamos lidando com a segunda opção. – não entendia o que estava acontecendo com ele, parecia mais calmo, isso era esquisito. – Falei para ao seu irmão que iriamos comprar alguma coisa para comer, logo vai notar que eu menti. – essa com certeza era melhor do que sair correndo por uma cidade desconhecida. – Isis, só me diz o que eu tenho que fazer, consigo trabalhar às cegas, não é o jeito que eu gosto, mas não pode ser de outro jeito. – era um voto de fé muito grande, eu não sabia o que dizer, então optei pelo mais simples e o mais verdadeiro também.

–Obrigada.

Voltamos a correr por sobre os prédios, agora mais rápido, por que eu não estava fugindo, e me sentia segura ao lado do Rabin. – Wally estava certo. – digo enquanto corria por entre telhas de velhas casas, muito distante do centro agitado da cidade, percebo que Damian havia falhado uma pisada, o que fez perder velocidade.

–Não acredito que perdi a sessão de desenhos mal dublados em chinês só para ouvi que Wally estava certo. – diz e eu tive que me segurar para não rir.

–Idiota! -mas sorrio com a piada, aquilo no canto dos lábios de Damian era um sorriso? – Ele estava certo com relação a Amazo, o olho é a parte mais vulnerável. – Paro ao perceber o cheiro forte de peixe, mais ao sul de onde estávamos vejo barracões e ele nem ao menos me pergunta, apenas me segue.

–Você tem um plano, não tem? – eu o olho. – Um plano que você não pode me contar. Eu podia ter arranjado uma amiga na escola, mas não a minha única amiga tinha que ser ...

–Como se alguém normal quisesse se aproximar de você. – desdenho.

–Como se eu quisesse me aproximar de alguém normal.

Descemos por entre as paredes de zinco dos galpões, estava tudo muito escuro, mas havia um poste que iluminava um canto especifico, era a minha melhor opção. Subo pela lateral do galpão tentando não fazer barulho, o que é complicado, visto que o androide tem o super ouvido do Superman, então minha melhor opção era rezar para que ele não tivesse aprendido todos os truques do CK ainda. Em outras palavras um tiro no escuro.

Damian está parado ao meu lado, olhando por entre aquelas janelas imundas. –Cavalaria? –fala sem emitir som.

Concordo com a cabeça, e longe entre os mesmos telhados em que havíamos corrido vejo três figuras que reconheceria em qualquer lugar do mundo, cabelos rebeldes por de baixo do capuz verde, esguia, ameaçadora, Artêmis era uma bela analogia ao que ela parecia, uma deusa guerreira. Ao seu lado um dos meus mentores, o homem em que dez entre dez membros da Liga da Justiça confiariam cegamente sua vida, Asa Noturna. E por último mas nem por isso menos importante, na verdade para mim o que mais importava, Arqueiro Verde, o meu irmão. Em outras palavras, a minha cavalaria.