SARA

Estou na sede da Liga, em Washington D.C, sentada em um grande sofá preto de couro. Observo as fotos dos membros fundadores ostentadas nas paredes, como antigos presidentes. Odeio estar nesse lugar, quase tanto Batman parece ter odiado tirar aquela foto, posso ver os lábios que ele se esforçou ao máximo para não repuxar os cantos para baixo, em uma careta de desgosto. É o oposto do Flash, Barry Allen sorri com tamanha alegria que chega a ser difícil não sorrir de volta, mesmo que para uma fotografia.

—Oi. –escuto a voz de Luna, que entra seguida por Connor, Isis e Damian.

—O que fazem aqui? –questiono me levantando para abraça-la. –Como está se sentindo? –pergunto com meus braços em volta dela.

Pode ser paranoia da minha cabeça, mas ela parece mais magra do que o normal, ou talvez seja o vestido preto que usava. Todos vieram do velório dos amigos do Wally que não conseguimos salvar, sete vidas perdidas, sete famílias desamparadas... Na verdade oito, Hunter era um psicopata, mas também foi filho de alguém.

—Estou bem, por favor, pare de me perguntar isso. –beija meu rosto antes de nos afastamos. –Nós viemos esperar com você.

—Não precisam fazer isso, eu o matei, não vocês. Foi minha escolha.

—Somos um time. –Damian diz com seriedade. –Não existe sua escolha, ou nossa escolha. –em resposta todos se sentam ao meu redor.

—Onde está o Wally? Não o vejo desde que se revoltou na Torre ontem. –me viro para Connor, que parece não saber como responder minha pergunta, o que é algo completamente novo vindo dele.

—Ele foi ao enterro do Hunter, parece que ninguém estava lá. –conta sem me olhar nos olhos, e não posso evitar a culpa que toma conta de mim. –Não foi por ele Sara, foi pela mãe, ela não tinha ninguém.

—Eu entendo. –digo envergonhada. –Wally nunca deixaria Marry sozinha em frente ao tumulo do filho. De tudo o que amo nele, o caráter é meu preferido.

—Ele vai estar aqui, apesar de achar tudo isso ridículo. –Isis murmura.

—Acho que ridículo não estava incluído em nenhum dos palavrões que ele disse ao perceber que isso de julgamento era sério. –Damian implica com a namorada.

—Oi querida. –Laurel passa pela porta, vestida como a Canário Negro, e me levanto para abraça-la.

—Pensei que não pudesse votar. –Isis diz.

—Não posso, mas não me impede de estar aqui. –responde por sobre meus ombros. -Seu pai, Felicity e Barry estão lá dentro, só não cheguei antes por que estava cuidando de reviver Sara legalmente.

—É sério? –pergunto, me animando pela primeira vez desde que tudo aconteceu.

—Claro. –sorri para mim de forma doce. –Vai precisar enfrentar uma audiência, uma de verdade, não essa palhaçada que está acontecendo aqui. Mas vai dar tudo certo. –me tranquiliza, Laurel teria sido uma mãe incrível, Mia teve sorte, mesmo sendo adotada tarde.

A porta da sala da justiça se abre, e vemos Hal passar por ela, com o rosto imparcial. Consigo ver quase todos os membros fundadores sentados ao redor de uma grande mesa redonda, todos, menos Laurel que estava com o braço protetoramente ao redor de meus ombros, e o Batman que nem mesmo apareceu. Felicity se esforçava para não revirar os olhos, e o Arqueiro Verde estava com o rosto vermelho de fúria, que ele continha.

—Já decidiram? –Canário Negro pergunta, e todos do time se levantam.

—Deu empate. –diz. –Precisamos de um membro imparcial para dar o voto de Minerva.

—Claro, por que eu, Oraculo e Arqueiro Verde somos tendencioso. –Laurel fala com um sarcasmo mortal.

—Canário, por favor. –Hal pede, mas Laurel desvia o olhar. –Vocês são a família da Artêmis.

—Pensei que todos nós éramos. –Connor para ao meu lado, com a voz transbordando de ressentimento.

—Quem vai dar o voto de Minerva? –Luna parecia muito mais interessada no fim do que no papo furado.

—Batman.

BRUCE

Olho todos a minha volta e a única coisa que penso é naquela foto ridícula na parede da ante sala. Posso instalar um subprograma nos computadores da Liga, causar um apagão temporário e roubar essa foto, tacaria fogo em uma das lareiras da mansão enquanto tomo uma taça de vinho. Essa sim é uma ideia animadora. As pessoas não sabem ou frequentemente esquecem do quem somos, e principalmente do peso que carregamos. Esse foi o caminho que tracei por toda a minha vida, não foi uma escolha, nunca é, e para as pessoas que acreditam no contrário, uma dica, parem.

—Essa não é a maneira que fazemos, não tiramos vidas. – falou a pessoa que tem a chave para a Zona Fantasma. É fácil não matar seus inimigos quando você pode joga-los em uma zona morta e esquece-los para todo o sempre. –Não somos juízes e executores. – na verdade somos. – Nosso dever é sempre encontra uma saída.

—Ela estava em uma guerra. Zoom estava prestes a matar a Nightmare, a Isis, Clark. Não é uma situação que se viva todos os dias, ele matou horas antes e mataria novamente se Sara não o tivesse impedido. –Diana olha em volta, estava alterada, de certa forma isso tudo é um tanto pessoal para ela. Respira fundo, voltando a postura de princesa. –Era a única opção, se Sara acreditava nisso, eu acredito nela.

—Não é uma questão de acreditar em Artémis ou deixar de acreditar. –Hal não fixava o olhar em Barry.

—Você tem o poder desse anel, Jordan. Poderia acabar com as guerras nessa terra só com sua força de vontade, mas para você esse só é mais um planeta dentro do quadrante que tem que tomar conta, se distanciar torna tudo mais aceitável, menos pessoal. Mas é pessoal, esse é nosso lar, se ele explodir não temos um planeta escola onde possamos viver. Fica difícil ser impessoal dessa maneira. –Arthur argumenta o obvio.

—Foi uma vida que Artémis tirou, não cabia ela decidir. –Victor parecia constrangido, mas a verdade é que ninguém aqui quer fazer o papel de juiz e executor, principalmente da Sara, ela foi uma dessas que cresceu entre os braços de cada um da Liga, aprendeu com cada um de nós.

—Shayera, J’onn, Vixen? – me viro esperando.

—Era uma guerra, em guerras acontecem baixas dos dois lados. –Shayera é uma guerreira, tática, rápida em suas opiniões. –Sara quase perdeu a vida nas mãos de Zoolomon Hunter, Luna foi vitima, Isis por duas vezes, se fosse eu em seu lugar não teria feito diferente.

—Ela ultrapassou a linha. –Vixen parecia cansada, e não queria estar aqui tanto quanto todos os outros. – É definitivo.

—Isso é ridículo. – estava demorando. Felicity havia aguentado por mais tempo que eu juguei ser capaz. –Zoom não era apenas um vilão, era um psicopata. Não queria fama, dinheiro ou poder, a única coisa que desejava era destruir a vida do Wally. Mataria todos que estivessem no caminho dele. E assim o fez, dia após dia. Sara, Isis, Luna, não foram as únicas a sofrerem, ele matou Antony, Mario, Fantine, William, Sato, Jackson e Mateo. Sete vidas destruídas por que ninguém aqui esteve disposto a descer lá e fazer o trabalho que ela fez. Ninguém sabe o que ela sacrificou para acerta Hunter com aquela flecha. Não ousem julgá-la como uma criminosa. – Felicity levanta, ela é uma força da natureza, ninguém pode lhe tirar esse mérito.

—Eu sei. – pela primeira vez J’onn se expressa desde que tudo havia começado. – Sei mais que qualquer um aqui. Vi o que a CADIMUS fez com Sara West, a pessoa por trás da máscara. Sejamos sinceros, isso. – J’onn bate o dedo em riste na mesa olhando para todos com o semblante cansado. – Não se trata apenas do julgamento da Artêmis. Não são apenas os atos que culminaram na morte de Zoom, devemos tratar muito mais. Falar do que vocês não sabem, não estiveram lá, eu estive. – o olhar de J’onn fica distante, como se viajassem em suas próprias memorias quando começa a narrar.

“Vocês não passaram pelo inferno que ela passou, eu vi a mudança acontecendo em cada centímetro da alma daquela criança. As mortes, o sofrimento, e como todas as noites após uma missão ela tentava juntar os pedaços dela mesma que haviam sido esfacelados. Não viram isso, não estavam lá, vocês a defendem por que a amam, vocês a condenam por que a temem, eu a defendo por que a conheço, estive com ela mesmo sem que soubesse. A vi desejar não ser ela a ter o poder de decidir sobre a vida ou a morte dos seus inimigos e dos seus amigos, ela não faria o que fez se houvesse outra maneira, qualquer ponta, fresta de outra escapatória, mas sei assim como todos vocês que não havia. ‘ Não cabia a ela julgar’ esse é o seu argumento?”

J’onn olha para Clark que apenas o observava. –Talvez. Mas hoje não te compete julgar Superman, você não esteve lá, não lutou, não a ajudou, nem antes nem depois, e com certeza não agora. Esse julgamento está sendo feito apenas pelos atos contra Zoom, que tal vocês considerarem mais dois fatos? –ele olha em minha direção, como se estivesse disposto a falar somente comigo. -A dois anos atrás, Sara West estava em missão para o CADIMUS. Ela foi enviada a Gotham City, onde lutou contra o Silencio. Toda a equipe local já havia caído, Batman foi o único que permaneceu lutando, mas até mesmo você foi capturado em um momento. Foi então que o CADIMUS mandou reforços. Sara e o agente Jim Corrigan, que foi morto em combate, resgataram o Batman e pararam o Silencio.

—Você estava lá. –acrescento.

—Sabia disso? –Clark pergunta me olhando sério.

—Você ouviu, ela foi enviada para salvar o Batman. –dou de ombros. –Continue J’onn.

—Gláuks era o contato de Sara, Amanda Waller não é do tipo de pessoa que oferece reforços, costuma tratar seus agentes como peças descartáveis. Eu era o reforço.

—Então, você quem salvou o Batman? –Victor pergunta.

—Não. –respondo. –O Caçador de Marte apenas nos tirou do local. Corrigan e Diggle entraram no prédio e lidaram com os capangas, me resgataram. Quase morremos, morreríamos se Sara esperasse por Amanda.

—Entendo, ela salvou o Batman, mas isso não é realmente relevante. Somos heróis, todos salvamos pessoas. –Vixen argumenta.

—O ponto é que ela morreria por ele. Sara perdeu o único amigo que tinha dentro do CADIMUS naquele dia, Corrigan morreu bem diante dos olhos dela. –J’onn parecia reviver a dor da garota, consigo ver o vazio em seus olhos. –Artêmis se culpa até hoje por ter aceitado seguir para a segundo andar. Foi um plano eficiente, mas ela não consegue deixar de pensar que poderia ter salvo Corrigan, e a única baixa que tiverem foi a morte do amigo dela.

Ollie parecia estar sendo torturado, mas ainda assim permanecia sentado à mesa, com as mãos cerradas em punhos e os olhos irritados. Canário Negro passa pela porta imponente, e se senta à esquerda do Arqueiro. Eles não se olham, ou trocam palavras, mas algo me dizia que estavam conversando.

—Disse que existiam dois casos J’onn. –o lembro.

—O segundo envolve todos nessa sala, e um monte de sucatas que está na Torre da Liga nesse momento. Foi devido a mais uma morte que Sara causou, claro que vocês podem considerar as centenas de milhares de vidas que ela salvou, mas não é o que estão fazendo até o momento. Então vamos chamar como é de sua preferência, -ele olha para Superman que estava desconfortável em seu acento. –assassinato. Sara West matou Arthur Ivo, o Dr. Ivo. –todos o olhamos surpresos. –Em uma pequena província da China, onde ele se mantinha vivo através de compostos químicos, mas apenas sua mente funcionava com precisão, o corpo não passava de um cadáver. Enquanto ela invadiu o esconderijo, Amazo lutava contra nossa equipe.

—Batman e eu. –Oliver diz com a voz cansada. –Todos vocês já haviam caído, até que o robô despencou do céu como um monte de ferro velho. Amazo destruiu sozinho mais da metade de Metrópoles.

—Sara sabia que vocês estavam lutando contra ele, e desplugou todos os tubos que mantinham Ivo vivo. Ao perceber que aquilo não pararia o androide, ela cortou a garganta do cadáver. Agora vocês conhecem os fatos, sintam-se livres para julgar. Permaneço contra retirarem a Artêmis da Liga.

SARA

A raiva dentro dessa sala estava em diferentes escalas. Wally era um borrão que surgia em alguns pontos as vezes, desaparecendo em seguida. Isis usava a Katoptris para riscar o couro do sofá, apenas para destruir alguma coisa de quem estava a irritando. Damian ofereceu um batrangue a ela, por a ponta ser mais fina do que a adaga cerimonial, em segundos conseguimos ver a espuma branca do estofado. Connor tentava não deixar sua frustração transparecer, então permanecia pensativo ao meu lado. Luna estava com o tablet em mãos, juntando pilhas de documentos sobre o caso do Amazo, nome das vítimas de Hunter, empregos que possuíam, família, estava empenhada em montar uma defesa sólida, mesmo isso não se tratando de um julgamento de verdade.

E tinha a minha madrinha, ela as vezes ajudava Luna, outras se sentava em um canto afastado e limpava rapidamente as lágrimas que teimavam em escorrer. A escutei falando com meus pais duas vezes, e pude ver o esforço para passar confiança aos dois. Em meio a todo esses sentimentos, só consigo ter frustração.

—Quando isso vai acabar? –escutamos a voz de Wally que atravessava a sala em sua super velocidade.

—Batman está escutando todos, e vai desempatar em breve. –Felicity o responde.

—Nunca pensei que ele demoraria a resolver. –Damian começa a dizer pegando a Katoptris do colo de Isis e escrevendo algo no chão com ela. –Para mim, ele responderia por telefone. Todo esse circo é ridículo, estão fazendo a Artêmis de exemplo, e julgando as próprias inseguranças. Diana e Shayera fariam o mesmo, só que não demorariam um século como Sara demorou. O Lanterna Verde é guiado por aquele anel, nem sei se possui livre arbítrio de fato. Victor tem tanto medo de perder o que resta de humanidade nele, que julgaria matar uma mosca, um grande crime. Vixen enxerga tudo preto no branco, ela teve todo o seu povo assassinado, aos olhos dela existem apenas dois caminhos. Superman sabe que se ele sair da linha uma única vez, será uma catástrofe. –Damian me olha. –Não se trata de você Sara, não é a Artêmis que está sendo julgada, são eles mesmos.

—Esqueceu de falar do J’onn. –tento brincar, mas sinto a bile em minha garganta.

—É por que não tenho ideia do que ele pode fazer.

BATMAN

Os ânimos estavam exaltados, mesmo que ninguém mais tenha se quer levantado o olhar, depois do que J’onn contou. Sara é uma guerreira digna do olhar de Hipólita, não que eu respeite os deuses de Diana, mas Hipólita soube como criar guerreiras, e Sara é tão boa quanto qualquer uma delas, ela é tão boa quanto qualquer um de nós. As portas da sala se abrem e Felicity volta para seu lugar à direita do Arqueiro. Em seguida Sara entra, sendo ladeada por sua própria liga. Nenhum deles acredita existir justiça em nada do que está acontecendo. Uma a uma, foram eles que lutaram essas batalhas. Talvez Clark esteja certo, Sara havia ultrapassado uma barreira, mas quanto disso lhe havia custado.

— Por horas fiquei esperando que vocês decidissem o meu destino.

—Artêmis, ainda não acabamos. –Clark começa, mas o interrompo com uma sinal.

—Esse é o julgamento dela, dos seus atos. – indico a todos. –Nada mais justo que lhe dar a oportunidade de se defender.

—Não vou me defender. –toma a frente. –Fiz o que fiz, não apenas para me salvar, mas salvar a todos. Era a nossa vida ou a dele. Se estivesse de novo na mesma posição o teria feito igual. – Sara toma o ar como se tudo fosse pesado de mais para só uma pessoa. Luna coloca a mão em seu ombro enquanto Wally lhe segura à mão, os cinco eram um escudo prestes a tomar a frente de Sara em batalha, mesmo que essa guerra fosse contra a própria Liga. Louvável. – Só queria que soubessem que eu não me arrependo, que era a única que conseguiria viver com o fato de ter tirado a vida de outra pessoa, nunca deixaria que nenhum dos meus amigos tivessem que carregar esse fardo. Eu matei Hunter, ninguém tem que me perdoar, por que o único perdão que preciso é o meu, e esse não será um tribunal que me concederá. Com ou sem a Liga da Justiça vou seguir esse caminho. – Sara dá dois passos para trás e inclina levemente a cabeça em uma despedida. – Só achei que deveriam saber.

—Ainda não foi decidido. – Diana se levanta e caminha até Sara. – Mas independente do que for oficializado aqui, para mim você sempre será uma heroína, e tenho orgulho de tela como uma Irmã de guerra. –Sara lhe oferece a mão em agradecimento, mas Diana quebra todos os protocolos de uma princesa guerreira e lhe abraça. –Tirar o fardo dos ombros dos outros é um gesto glorioso, Hera saberá te recompensar, irmã.

—Obrigada. – a resposta de Sara é contida.

—Podem ficar. – respondo antes que todos saiam. – Só falta o meu voto. – me levanto da cadeira, indo para a saída. – E independente do resultado, tudo o que ouvir hoje, mostra que vocês a respeitam, mesmo nem sempre entendendo os métodos que ela usa. –olho para todos, estava mais perto da porta do que da mesa. – A saída de Sara seria sem proposito. Meu voto é que Sara deve permanecer na Liga. – saio antes do parecer de Clark, não havia motivos para o julgamento de Sara, mas na verdade esse era só um meio de julgar os próprios conflitos internos da Liga, Sara foi apenas um espelho, para todos julgarem os seus próprios atos, os seus medos. A absolvição não era só da Sara, ela absolveu todos ali dentro. Mas um motivo que a torna ainda mais forte, Sara, Wally, Connor, Luna, Isis e Damian, representavam o futuro, e não podemos os condenar, só os preparar.

SARA

—Deveria voltar. –escuto a voz do Batman, que andava em direção a garagem da sede. –Seus amigos querem parabeniza-la.

—Você decidiu? –minha voz sai contida, como se o ar me faltasse.

—Não sou um juiz Artêmis, apenas falei o meu voto. –ele para a minha frente, me olhando com todo o seu ar sério. –Você tirou a vida de um homem. –abaixo meus olhos, de alguma forma escutar o Batman dizer isso, é o mesmo de levar uma bronca do meu pai por ter chegado depois do horário. –Mas poderia ter sido o Robin a fazer isso. Não seria a primeira vez, e Zoom tinha Isis em suas mãos, a alguns anos ele teria feito sem pensar.

—Seu filho não é o mesmo, Damian não conseguiria lidar com o julgamento mais. –digo com sinceridade. –Gosto de quem ele se tornou, gosto de todos como são. Isis pode ter a força do pai, mas é tão doce e inocente quanto Felicity. Connor é o melhor cara que conheço, com o coração mais puro e sincero que já vi. Luna e Wally me fazem uma pessoa melhor, por que eles são a minha luz, não os macularia nunca. No fim das contas, posso ter sido egoísta ao preservá-los. –os lábios dele se curvam em um sorriso, que me faz estremecer, e aumenta ainda mais o sorriso em seu rosto.

—Precisa superar isso. –fala me pegando de surpresa. –Assim fica fácil demais te intimidar. –seus dentes brancos, chegam a reluzir.

—E dizem que o morcego não possui senso de humor. –falo, sem olhar em sua direção, sentindo meu estômago se revirar, e sinto sua mão em meu ombro.

—Você não foi egoísta, Sara. –fala, antes de me soltar e começar a caminhar em direção ao Batwing.

Pego o caminho de volta para a ante sala, perdida em meus próprios pensamentos. A morte de Hunter me assombrará até meu último dia, assim como a de Ivo, e de outras trinta e seis pessoas, por mais que cada uma delas não tenham me deixado outra escolha. Mas em contra partida me pego pensando em Isis sorrindo com inocência novamente, como se não esperasse mais uma catástrofe no fim da semana. Damian participando dos almoços em nossas casas, dormindo no quarto de hóspedes dos Queen’s (ao menos é o que fazem parecer). Luna e Connor vivendo o conto de fadas particular deles, ninguém merece mais o amor do que esses dois. E meu marido, a primeira coisa que vejo é o raio vermelho e amarelo do Wally, que me ergue em seus braços, e me embala com carinho, me fazendo sentir segura. Não que necessariamente precise de alguém para isso, mas não deixa de ser bom.

—Acabou. –ele fala em meu ouvido, e sinto imediatamente meu corpo se aquecer.

—Sinto muito, Wally. –sussurro em voz baixa, sei a quantidade de dor com a qual ele está lidando agora. –Sinto por todos. –olho para meus amigos, quando Wally me coloca no chão.

—Não tem que se desculpar com nenhum de nós, nunca. –Connor diz, e os outros concordam. Então Felicity entra no círculo de forma abrupta, me tira dos braços de Wally e me abraça de forma maternal.

—Meu bebê, não queríamos que tivesse passado por nada disso. –acaricia meus cabelos, com os olhos arregalados, e vejo Connor e Isis segurar o riso atrás da mãe.

—Estou bem Fel, eu juro. –garanto da melhor forma que posso, mas ela apenas me puxa para mais um desses abraços dolorosos que só Felicity Smoak sabe dar.

—Tudo o que aconteceu aqui hoje foi ridículo. –Ollie diz, parecendo cansado, depois me abraça com muito mais delicadeza do que sua esposa. –Mas uma coisa fez tudo valer a pena.

—Olha, com certeza não é o café da Vixen. –Felicity sussurra fazendo careta, e nós damos risada.

—Não. Foi ver vocês como uma equipe. –Oliver olha em volta, e consigo ver a emoção em seus olhos quando passa os braços ao redor dos ombros de Felicity. –Nós não vamos durar para sempre, é bom ver nosso legado em ação. Eu estou muito orgulhoso de vocês, de todos vocês.

—Obrigada. –sorrio emocionada, todos tem um peso especial em minha vida, mas Oliver Queen não é apenas meu padrinho, ele é o meu mentor. Nesse momento sinto como se tivesse alcançado um marco novo na vida.

—E agora? Vocês querem se casar? –Felicity pergunta, e Wally e eu engasgamos.

—Já somos casados. –Wally diz rapidamente.

—Tecnicamente o mais perto que chegou a se casar, foi com a M’egann. –Isis argumenta e eu a fuzilo com os olhos. –É verdade.

—O que vocês querem? –Luna pergunta de forma doce, Wally e eu nos olhamos. De repente não estávamos mais lá, chego a perceber quando paramos no esconderijo do Flash, mas em seguida estávamos em nosso apartamento em Keystone e Wally usava suas roupas civis.

—Senti falta desse lugar. –digo, olhando em volta quando ele me coloca no chão.

—Não mudei uma almofada. –fala apressado retirando a camisa. –Pode matar saudades da casa, ou de mim. –sorrio vendo seu abdômen perfeito, não precisava pensar duas vezes. Me jogo em seus braços.