Minha casa estava vazia, naturalmente, já que com papai em casa todas as noites eles saiam, iam jantar na casa de alguém importante ou a um evento, dessa vez, segundo o bilhete que mamãe deixou sobre a mesa, eles haviam ido jantar. Então eu poderia “escondê-la” em meu quarto, por enquanto.
A verdade é que eu não fazia a menor ideia do que fazer em seguida.
Eu a coloquei sobre minha cama e Rosalie soltou um gemido, seu corpo estava dolorido, mas não havia nada que eu pudesse fazer quanto a isso. Primeiro ela precisava de um banho e de uma roupa limpa, depois eu veria o que fazer.
A sorte de meu quarto ter um banheiro em anexo.
Deixei a banheira enchendo com a água morna e calmamente tirei meu casaco de seu corpo, depois seu vestido – ao menos o que restou dele – e a pequei no colo novamente. Rosalie abriu os olhos e me sorriu fracamente, ela sabia que ali ela estaria segura.
Seu corpo se arrepiou em contato com a água quentinha, mas logo pareceu se acostumar. Seu rosto não estava mais tão pálido e seus lábios pareciam menos inchados, ela ficaria melhor.
Foi passando a esponja por seu corpo que pude ver as marcas roxas, havia várias, principalmente em seu braço – eles devem ter puxado-a a força – e em sua cintura, para que ela ficasse onde estava. Rosalie mordeu o lábio sentindo doer cada uma dessas regiões, por mais que eu tentasse ser o mais delicado possível, eu sabia que doía.
Eu havia prendido seu cabelo de um jeito desajeitado e algumas mechas agora estavam molhadas, em outras circunstâncias ela estaria brigando comigo por isso, foi então que percebi, mas do que nunca, da falta que ela me fazia e do quanto eu queria trazer nossos momentos de volta.
Nós havíamos crescido mesmo – e eu parecia só me dar conta disso agora.

Quando crianças tudo parecia tão mais simples.