PDV Esme

O dia já havia amanhecido, mas nem sequer me mexi. Desde o acontecido no escritório, eu estava mais chorosa que o normal. Por quê? Por que sempre alguma coisa tem que estragar minha vida? Já não bastava ter sido tão maltratada quando era humana e ter perdido meu filho.

Aí quando eu acho o homem da minha vida, que me ama e me faz feliz como ninguém faz, um simples acidente o faz perder a memória e agora ele nem sabe quem eu sou.

“Você não é uma completa estranha pra mim.” Aquelas palavras não saiam da minha cabeça. “Mas não me lembro de ter lhe conhecido”. E foi logo após essa frase nós quase nos beijamos. Quase.

Nunca pensei que seria tão torturante não poder toca-lo. Eu sei que eu não viveria sem ele. Mas não imaginava que o carinho de um homem pudesse ser algo tão vital pra mim. Se bem que, eu amo esse homem. E ele também me amava até aquela maldita noite.

Eu estava deitada na cama, enrolada no edredom. Era tão estranho ter que deitar naquela mesma cama. Sozinha. Se aquela vampira não tivesse aparecido, aquele acidente não tivesse acontecido, ele estaria aqui comigo. Estaríamos deitados, abraçados e felizes. Mas do que adianta ficar pensando nisso? Ele não vai me tocar até confiar em mim.

- Esme? – ouvi a voz de Edward do lado de fora.

- Entra. – falei. Ele entrou e se sentou na poltrona ao lado da cama.

- Não fica assim, não mãe. – ele pegou minha mão.

- Ele não se lembra de mim. Ele não se lembra de todas as vezes que disse que me amava. Por quê?

- Eu conversei com ele e parece que ele vê algo familiar em nós. – me sentei na cama, ainda coberta pelo edredom.

- Ele me disse isso também. – sorri tristemente. – mas do que isso adianta se ele não se lembra de nós? – perguntei engasgando.

Fazia apenas um dia que tudo aconteceu e eu já poderia ter enchido um balde se eu conseguisse ter lágrimas.

- Você andou “chorando” muito? – ele perguntou me fitando. Eu já estava acostumada com seu dom.

- É inevitável, Edward. Tudo na minha vida tem um pouquinho dele. Em cada detalhe ele está presente. O simples fato de te olhar, me faz lembrar dele.

- Jura? – ele perguntou incrédulo.

- Se ele não tivesse me transformado não estaria com vocês.

- É, o Carlisle é a base de todos nós. – ele confessou, assenti. – tenho que ir. Fica bem. – assenti e ele se foi.

Levantei-me, e assim que entrei no closet, lembrei que tinha que levar algumas roupas para ele, quer dizer, as roupas dele para ele.

Me troquei e peguei o máximo de peças que consegui e as ajeitei em seu guarda roupa. Quando já ia saindo, ele me surpreendeu:

- Esme? – ele chamou, me virei, sentindo minhas bochechas ferverem. Parecia realmente que era a primeira vez.

- Desculpa, eu só vim lhe trazer algumas roupas. – ele sorriu torto.

- Obrigado por estar sendo tão hospitaleira. - ele disse.

- De nada. – respondi.

– Esme, se não for muita ousadia, gostaria de sair mais tarde comigo? – sorri feito uma idiota. Só faltei pular de alegria.

- Sair? – perguntei. Queria ter certeza do que ele estava pedindo.

- É, sabe quero conhecer a cidade e você está sendo tão legal, então pensei... – ele me olhou constrangido.

- Claro! – respondi alegre e sai do quarto.

Voltei para meu quarto e fiquei andando de um lado para o outro, estava nervosa, ansiosa, feliz! Ele não mudou. Apenas tinha voltado a ser o Carlisle tímido e cuidadoso que conheci a quase noventa anos. Embora eu já estivesse acostumada com seus sorrisos excitados, seus olhares cheios de desejo. Eu teria que reconquista-lo, voltar tudo de novo. Mas se ninguém me atrapalhasse, eu conseguiria.

Só de imaginar a chance de tudo voltar ao normal, eu me sentia melhor. Desci, fiz a comida de Nessie e Jacob. Lavei a louça. Lavei a roupa das crianças.

Cada minuto que faltava para o meu “encontro” parecia uma eternidade. Até que finalmente anoiteceu. Subi correndo para o quarto, tomei banho e fiquei vasculhando meu guarda roupa.

Encontrei um vestido preto um pouco acima do joelho, com um belo decote nas costas. Levei um suéter fino preto de tricô, de abotoar. Assim que sai do quarto me deparei com Carlisle.

Sorri envergonhada e ele pareceu se divertir com isso.

- Está muito bonita. – ele me disse.

- Obrigado. – ri. – você também.

Nos despedimos das crianças. Ele abriu a porta do passageiro da Mercedes e entrei. Sim, ele já estava se acostumando com os carros da nossa garagem. Ele deu a volta, entrou e começou a dirigir.

- Então... o que quer conhecer? – perguntei, ele riu tímido.

- Por que você não me mostra?

- Claro!

Depois de algum tempo dirigindo, o pedi para parar em frente ao parque de Forks. Adorávamos ir lá, havia muitas pracinhas e alguns bosques para caminhar.

- Então...

- Aqui é o parque de Forks. – respondi. Saímos do carro e ele me estendeu a mão.

O puxei para um dos bosques. Eu não queria que ninguém nos interrompesse. Hoje era só eu e ele.

Ficamos conversando banalidades até que ele disse:

- Desculpa.

- Por quê? – perguntei.

- Por não lembrar. – parei de caminhar e me virei para ele.

- Pelo menos você reconhece algo em mim.

- Esme. – ele segurou meus braços. Estremeci. – eu não quero lhe esquecer. Eu vi os retratos, as fotos. Você e eu juntos. Eu juro que eu quero lembrar.

- Você perdeu a memória, não é culpa sua. – disse vindo para mais perto.

- Mas eu me sinto culpado, por você estar assim. Só quero que saiba que eu quero que seja feliz. Você merece. – sem que pudesse me controlar, o abracei.

Ele retribuiu. E passamos um bom tempo calados. Abraçados, apenas com nossos cheiros misturados no ar.

Em minha mente uma certeza: Eu não desistiria dele, não importa perda de memória ou desentendimentos. Eu o amava. E lutaria por ele até o fim.