PDV Carlisle


Já haviam se passado alguns dias desde que eu estava com eles. Era incrível como estava me acostumando rápido com cada um. Mas com ela era diferente. Eu queria ficar mais tempo com Esme do que com qualquer um deles. Não que não fossem legais, eram ótimos. Mas ela era... Era algo que eu não conseguia explicar.



Eu me sentia constrangido ao seu lado, mesmo assim a queria perto.



Embora todo esse progresso, eu ainda fico com um pé atrás. Eu ainda não me lembro, tenho que me acostumar aos poucos. Mas às vezes, me sinto culpado. Por Esme estar assim. Eu sei que não perdi a memória de propósito.



Mas, eu estava me esforçando para lembrar. Eu queria lembrar. Queria poder conviver com eles normalmente, sem receio de me aproximar. Estava no escritório quando alguém bateu na porta.



– Carlisle? – Esme apareceu. Assenti para que entrasse. – quer ir caçar? É que não quero ir sozinha.



– Claro, vamos. – me levantei do sofá e a segui para fora. Chegamos na floresta rapidamente.



Caçamos alguns cervos e ursos. Já estávamos indo embora quando ouvimos um barulho.



– Tem algo se aproximando. – disse e percebi Esme recuar e vir para trás de mim. Olhei em volta e nada. – tudo bem. – disse me virando para ela.



Mas então algo caiu atrás de mim. Virei-me e vi uma vampira, provavelmente nômade. Era bonita. Olhos vermelhos rubi, e cabelos com cacheados, louros e mais escuros na ponta.



Ela me olhou firme. Não consegui tirar os olhos dos seus. Algo nela eu reconhecia, mas não da mesma forma que eu reconhecia Esme. Dela eu me lembrava mais, sua fisionomia... era... parecida...



– É ela! – Esme gritou apertando meu braço.



– Ela quem? – perguntei.



– A vampira que se jogou na frente do nosso carro e lhe fez perder a memória! É ela, Carlisle! – me virei e a olhei. Um brilho de medo pairava em seu olhar. – vamos embora! Por favor! – ela pedia desesperada. Segurei seus ombros.



– Shii... – disse afagando seu cabelo. – está tudo bem. Estou aqui.



– Não me reconhece? – a vampira perguntou. – Carlisle! – me virei. – Sou eu! Melissa!



– Melissa? – repeti. Logo comecei a lembrar. Era minha prima, a qual eu não via a quatrocentos anos estava em minha frente. – Minha prima? – ela assentiu e veio até mim para me cumprimentar.



– Não fique com medo. – ela disse para Esme. – eu nunca faria isso com meu primo.



Ainda desconfiada, vi ela assentir para Melissa.



– O que está fazendo aqui? – perguntei, ela riu.



– Agora é crime querer ver meu caçulinha? – ela brincou.



– Sabe que não foi isso que quis dizer. – disse rindo.



– Fui transformada na mesma época que desapareceu, primo. Eu estava andando pela rua e... ah esquece. – ficamos alguns minutos em silêncio. – Posso ficar aqui com você, apenas por alguns dias?



Olhei para Esme, que assentiu, resignada.



– Pode. – respondi. – contanto que não arrume confusão.



– Aquela minha fase passou, primo. – rimos e fomos em direção a casa.



Só se ouvia nossas vozes, Esme ao meu lado estava calada. Essa com certeza não era ela. Fria e emburrada. Eu não a conheci assim.



Chegamos em casa e apresentei minha prima para a família.



Subi para o escritório.


– Oi. – Esme entrou. A chamei para se sentar no sofá comigo.


– Por que você está assim? – perguntei.



– Carlisle, não é mentira! Aquela mulher foi a responsável por aquele acidente! – ela voltou a se desesperar.



– Ela é minha prima. Não tentaria me machucar.



– Mas ela tentou! Não é maluquice! Eu sei que foi ela.



– Talvez tenha sido um vampira parecida. – afirmei, ela suspirou.



– Eu lembro dela se jogando no carro, lhe olhando da mesma forma que lhe olhou na floresta! Ela não é do bem, Carlisle!



– Mas é da minha família que está falando, Esme! – me alterei.



– Eu sou sua família! Aqueles adolescentes são sua família! – ela começou a “chorar” me tirando toda a vontade de brigar.



– Ah, não chora, por favor. – pedi segurando suas mãos. – é sério, desculpe ter gritado com você.



– Você não acredita em mim. – ela disse aumentando seus soluços.



– Melissa foi a única pessoa que sobrou da minha família. Ela que me ajudou a ir para aquela luta com aqueles vampiros em 1663. E me ajudou a cuidar do meu pai. Por que alguém que fez tudo isso tentaria fazer algo assim? – ela levantou a cabeça para me olhar.



– Eu não sei! Todos são capazes de tudo! Não dá para confiar nas pessoas!



– Então como eu confio em você? – apertei meus dedos contra os seus.



– Você...



– É. Eu confio em você. – um largo sorriso se abriu em seu rosto. – e sei que há algo muito estranho por trás de tudo isso. Mas vamos esperar um pouco antes de fazer qualquer coisa tá? – disse me levantando.



– Espera. – Esme pediu. – você acredita que somos casados?



– Bom... – sorri tímido. – eu percebo que temos algo.



– Algo? – ela se aproximou. – como assim “algo” ?



– Sabe, como eu já disse, eu vi as fotos, os álbuns. E eu parecia ser feliz...



– Sim. – ela confirmou sorrindo. – você, nós erámos. Carlisle, não percebe?



– O quê?



– Toda essa felicidade não pode acabar. Não por causa de um acidente. Quero que essa felicidade volte. Quero que você volte.



– Você me quer de volta? – perguntei, a fazendo olhar para baixo.



– Quero. – ela respondeu ainda de cabeça baixa.



– Olha pra mim. – pedi, seu olhar encontrou o meu, os dois constrangidos.



Um assunto embaraçoso, trazido a tona, assim, do nada. Estávamos sendo tão cuidadosos para que fosse tudo... natural. Eu só queria entender por que ela tinha tanta convicção de que a culpada era Melissa. E agora estava assim. Eu e ela envergonhados, sem saber o que dizer ou fazer.



Na verdade, eu sabia o que fazer, mas não sabia como. Eu acreditava em Esme. E acreditava em Melissa. Quem sabe Melissa não poderia me ajudar? Ela era uma ótima conselheira em 1660, talvez ainda fosse.



– Carlisle? – ela chamou.



– Ah, desculpe. Estava pensando. – pude vê-la rir um pouco, uma visão tão agradável... – também quero que tudo volte a ser como era. Mas preciso de um tempo, tá? Entender, pensar.



– Tudo bem. – quando estava prestes a me virar, ela segurou meus ombros e me deu um beijo tímido na bochecha. – promete que volta logo?



– Prometo.



Sorri e saí.



PDV Melissa



Estava na frente da casa, apenas observando meu primo e aquela Esme pela janela do escritório. Ele estava saindo quando, ela fez algo muito errado. O deu um beijo na bochecha, e ficou toda melosa pro lado dele.



Que gracinha! Tentando roubar algo de mim na cara de pau! Mas tudo bem. Agora que voltei e não vou sem Carlisle ao meu lado. Seria uma pena se ela saísse do jogo... E se eu tivesse que consolar o Carlizinho me tornando sua esposa e fazendo feliz como eu sempre quis.



Eu sabia que não era uma boa hora para agir. Mas ele estava ali, foi inevitável não me jogar na frente do carro, o único imprevisto foi que eu não sabia que ele estava acompanhado. Mesmo assim consegui colocar meu plano em prática: controlei o Carlisle a ponto de que ele perdesse a memória. Agora ele não sabe que esses vampiros são e só lembra e só confia em mim.



Finalmente a sorte mudou. E eu estou a muito pouco de vencer.



Sinto muito, mas Esme Cullen vai se arrepender por rouba-lo de mim. Ele será meu, como deveria ter sido há muito tempo atrás.



Voltei a minha postura de priminha fofinha quando o vi vindo para a varanda.



Carlisle Cullen é meu. Desde 1640.