Quatro anos haviam se passado desde a derrota de Hades, todos os Jamanthy agora viviam em harmonia, isolados do mundo exterior. Milo continuava tratando o filho como uma criança, mesmo com a desaprovação de seu esposo.

- Hyoga, você já escovou os dentes?

- Já estou indo pai.

- Eu vou colocar o creme dental na escova.

- Milo, non exagere. O Hyoga pode colocar um creme dental numa escova. – o ruivo surgiu na porta

- Mas, Camus...

- Sem “mas”, vamos logo.

- Ok. Filhinho se cuida, voltamos depois. Fique de olho em tudo.

- Sim senhor.

Você não deve ter entendido muito bem o que aconteceu aqui. Deixe-me explicar o que está acontecendo...

Uma semana antes:

Todos na fortaleza se ocupavam com seus afazeres e passatempos, quando o sol já se fez ausente no horizonte a campainha do casarão tocou. Shun foi o primeiro a se dispor para ir atender. Ao abrir encontrou um cara de olhos e cabelos em um tom de azul celeste.

- Olá... posso ajudar?

- Olá. Pode sim. Aqui é onde moram o Milo e o Camus não é?

- Sim. E o senhor é...?

- Orfeu. E você?

- Shun. Muito prazer senhor Orfeu.

- O prazer é meu, e não me chame de senhor... – o homem sorriu simpático – Você poderia me levar até o Milo, fazendo favor?

- Claro que sim... – o menor saiu da frente da porta dando espaço para o mais velho – Entre, por favor.

- Com sua licença. – Orfeu adentrou o local junto a Shun. Ao passar pela sala em direção à cozinha Hyoga desceu as escadas correndo

- Shun, quem... – ao localizar o namorado junto a outro rapaz o loiro foi tomado pelo ciúme – Quem é o seu amigo?

- É o Orfeu, e ele é amigo dos seus pais.

- Sério? Conhece eles da onde? – o russo perguntou ao mais velho

- Eu os conheci enquanto você ainda estava na barriga do seu pai.

- Vish... Er... meus pais estão no jardim.

- Eu vou te levar até lá. – o virginiano levou o novo amigo até o jardim e voltou.

Ao voltar para a sala notou que Hyoga não estava mais lá então decidiu procurá-lo em seu quarto. Enquanto se dirigia ao quarto do loiro passou pelo de Ikki e viu ele e Kagaho sentados na cama conversando sobre algo que nem entendeu o que era, prosseguindo topou com Seiya que corria com um livro de Shiryu na mão, deveria ser algo importante pois o chinês corria determinado atrás do namorado. Ao chegar, finalmente, ao quarto do amado o viu deitado na cama com a cabeça apoiada nos braços.

- Entre, sente-se.

- Por que tá falando assim, Oga?

- Entre, sente-se e feche a porta também.

- Ok. – obedecendo ao mais velho Shun entrou no ambiente, fechou a porta e se sentou na cadeira da escrivaninha do outro. – O que aconteceu?

- Você estava muito intimo com aquele Orfeu...

- Não seja bobo...

- Eu não sou, por isso notei.

- Você está sendo ridículo.

- Shun, ouça bem. – o russo se levantou de sua cama e se sentou no colo do japonês – Você é meu namorado não te quero tão simpático assim com outro, você é só meu entendeu?

- Não seja tão bobo assim, sabe que eu te amo. – Shun tentou beijá-lo, mas este se afastou.

- É melhor mesmo. – dessa vez o aquariano o beijou, estavam se beijando ferozmente e Hyoga estava quase ficando em pé.

Foi então que a porta se abriu, com isso Shun se assustou e pulou para trás, Hyoga o acompanhou e ambos caíram da cadeira.

- Hey, atrapalho algo? – Shion entrou no quarto

- Claro que não. – o japonês disse sob o corpo do amado

- E... O que vocês dois estão fazendo querido?

- Er... Estávamos brincando e acabamos caindo. – o russo se levantou e ajudou Shun a se recompor

- Ah... eu só vim ver meu neto, não o tinha encontrado. Mas tudo bem, já vou.

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- Milo, Camus...

- Orfeu! – o grego logo reconheceu o amigo

- Olá, o que faz por aqui? – o francês lhe estendeu a mão

- Eu vim fazer uma visitinha. Há quanto tempo né?

- Verdade, quando nos vimos o Hyoga ainda estava aqui, e olha o tamanho desse menino. – o loiro brincou

- É verdade. Mas hoje eu vim aqui convidar você pra irem lá em casa semana que vem, tomar uns drinks, conversar. Chamem todos.

- Claro seria um prazer.

Nesse instante Misty passou acompanhado por outro loiro, só que este possuía o cabelo num tom mais claro e olhos azuis.

- Hey... eu conheço você. – o irmão de Dite encarou o grego

- Você é o Misty? E você o... Albion?!

- Sim, e você é o Orfeu. É o cara de quem o Albion gostava... – lembrou o mais novo

- Misty! – o amigo o advertiu - Sim, sou eu...

- O quê? Eu não sou cofre para guardar segredo...

- Mas não precisa ficar falando dessas coisas né?

- Ok. É, foi bom ver você. Até mais... – os dois rapazes se reiraram dali e os outros continuaram a conversar

- Vocês irão?

- Com toda a certeza.

- Eu fico muito feliz... mas agora tenho que ir. Nos vemos semana que vem. – Orfeu lhes entregou um papel com o endereço.

- Ok. – o casal levou o velho amigo até a saída da casa e em seguida chamaram todos os companheiros para o tal drink, e todos concordaram, mas eles deixariam as “crianças” Em casa.

Agora:

- Shiryu, fique de olho no Shun... – Mú pediu

- Por quê? – o virginiano perguntou

- Porque você e o Hyoga não ficarão sozinhos pra fazerem coisas erradas...

- Mú... você não está exagerando um pouco? – Shaka entrou na conversa

- Nenhum pouquinho.

- Então fique de olho no Shun, Shiryu...

- Sim senhores.

Eu outro canto da sala, Afrodite arrumava as roupas do filho e lhe deu um beijo.

- Ikki, você vai se comportar?

- Claro papai.

- Olha fique de olho em tudo, dê porrada em tudo o que se mexer. – Matteo brincou

- Pode deixar...

Milo ajeitava a gravata de Camus enquanto conversava com o filho, o francês sentia uma enorme vontade de rir com a infantilidade do esposo.

- Filho, se cuida. Tem leite na geladeira e biscoito no armário, tem uma chupeta na gaveta do meu quarto... não, chupeta não. – brincou o loiro mais velho

- Pai, eu entendi, é pra mim me cuidar e comer direitinho... Não sou pequeno não, tá.

- Tá bom meu bebê...

- Ai. – o loiro suspirou derrotado

Em alguns instantes a casa ficou vazia, exceto pela presença dos cinco rapazes ali no centro da sala, e Kagaho estava próximo a janela observando o céu que estava num tom diferente.

- O que foi Kagaho? – Ikki perguntou

- Eu não sei, esse céu é diferente dos outros...

- Diferente? – Hyoga ficou ao lado do casal e observou o azul diferente – Neve...

- Como? – o japonês perguntou

- Neve. Vai nevar! – o loiro disse animado e correu para o andar de cima

- Aonde você vai? – Shun perguntou

- Vou me vestir, vai dizer que vocês nunca quiseram brincar na neve?

- Na verdade, essa vai ser a primeira vez que vejo neve... – admitiu o ex servo de Hades

- Como assim? Eu lembro que já nevaram algumas vezes quando éramos pequenos... – Shiryu disse

- Eu nunca pude ter contato com o mundo exterior, Shiryu. Só comecei a sair aqui com vocês...

- Nossa. – Seiya se surpreendeu – Então vamos levar o Kagaho para ver neve!

Os adolescentes se dirigiram para seus aposentos e colocaram as roupas adequadas, ao voltarem viram pela janela os primeiros flocos de neve. O russo foi o primeiro a passar pela porta e foi seguido pelos de mais. No lado de fora, alguns flocos grudavam nas plantas e arvores nas redondezas.

- Isso é magnífico... – suspirou Kagaho

- É, muito lindo... – os olhos verdes de Shun brilharam

- Shun... Vem cá. – Hyoga o chamou e os dois foram para um canto ali perto

- Sabe, isso é tão romântico não é Shi...? – Seiya apoiou a cabeça no ombro do companheiro

- Sim, Seiya.

- Hey, essa neve tá caindo rápido hein? – observou fênix ao notar os montes de flocos se juntarem no chão

- Realmente... – o chinês comprovou – acho que foi pelo tanto de tempo que ela levou para voltar, ela está se compensando.

- Tanto faz... vamos esperar um pouco que quero fazer uma coisa...

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- Já posso abrir? – Shun pedia, desde a hora que o loiro o chamara estava com os olhos vendados e se sentia ser guiado por vários lugares

- Já. – assim que os olhos verdes voltaram a aparecer se depararam com um lindo lago escondido atrás da floresta

- Que lugar lindo...

- Muito...

- Como você encontrou isso?

- Eu estava passeando por aí, então tropecei num rochedo e caí aqui embaixo...

- Quando isso? E por que não me disse que tinha se machucado?

- Eu não machuquei relaxa... Mas te trouxe aqui pra outra coisa.

- E pra quê?

- Eu queria te dar um presente...

- Sério?

- Sim... – do bolso, o russo tirou um caixinha e dentro havia um colar – Espero que goste...

- Oga... – ao olhar detalhadamente viu um coração prateado com algumas pedras azuis – É muito lindo, eu adorei.

- Se você abrir ele, tem uma foto minha.

- Ai... eu não sei como agradecer. – o japonês abraçou o namorado com força – Você deveria me avisar, assim eu lhe compraria algo.

- Não se incomode com isso... – o russo os separou e sorriu sincero – Posso colocar em você?

- Claro.

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Shun e Hyoga retornaram para a casa, mas ao se aproximarem, não viram nenhum dos companheiros, a única coisa que ouviram foi a voz de Ikki:

- Agora!

Com isso bolas de neve foram atiradas na direção do casal que entrou na brincadeira e começou a revidar, bolas eram jogadas para lá e para cá sem dó nem piedade. Foi então que em meio a brincadeira uma bola que Shun lançou ficou sem rumo e uma voz diferente gritou um “Ai!” e Shun foi ver quem tinha sido acertado.

- Perdão, não quis acertar você... – o jovem se desculpou ao ver que era Albion

- Foi você?

- Sim... Desculpe-me.

- Claro... – o loiro pegou um pouco de neve com a mão e lançou na face do menor – Tá desculpado.

- Vem brincar com a gente...

- Vamo.

- Gente, o Albion vai brincar também. – Shun chegou à companhia do mais velho

- Olha... – Ikki fechou os olhos e levantou o indicador da mão direita – Só não vale apelar se alguém te acertar no... – antes de completar a frase, uma bola acertou em cheio a face do leonino – quem fez isso?

- Não vale apelar se uma bola te acertar o rosto. – o grego sorriu

- Atacar! – Kagaho gritou e novamente as bolas começaram a voar para todos os cantos, até passavam pela porta que deixaram aberta.

A brincadeira durou por algum tempo, eles resolveram então fazer um boneco de neve. Esse ficou com uma base enorme e outras quatro bolas que foram diminuindo. Colocaram nele uma cartola antiga de Camus e um cachecol de Mú, arrancaram alguns botões da camiseta de Saga e colocaram de enfeite, colocaram gravetos grossos nas mãos e colocaram luvas de Shura sobre eles e por ultimo colocaram uma rosa vermelha de Afrodite no peito esquerdo do boneco.

- Hum... – Albion o observou por momentos e depois retirou de só-Deus-sabe-onde uma cenoura e colocou no centro da face albina - Ficou muito bonito esse boneco... – o mais velho comentou

- O meu pai só vai me matar por ter arrancado os botões da camisa dele. – debochou Kagaho

- Sabe, vamos fazer ele ficar aqui por um tempo... – Shiryu jogou água sobre o boneco, a qual congelou rapidamente – Nossos pais irão gostar, agora vamos levar eles para lá.

- Eu levo. – Ikki pegou o boneco cuidadosamente e levou para perto da porta da frente da residência.

- Vocês querem chocolate quente? – Shun perguntou

- Sim. – todos responderam uni solo e voltaram para o interior da residência.

Continua...