Out On The Town

Capítulo 9 - Caroline


1° de julho de 2005

Quando eu acordei, Klaus já não estava mais na cama, mas era o esperado. Afinal, ele tinha um emprego, e ainda era sexta feira de manhã. Provavelmente essa seria a sexta feira menos produtiva do ano, já que todos estariam falando de seus planos para o 4 de julho. Comecei a sorrir involuntariamente. Nosso plano era ir para a festa de Elena e Jeremy, o que eu sabia que Klaus estava fazendo basicamente por mim.

Não que ele não gostasse de festas (ou dos meus amigos), o problema era a multidão. Ele nunca se sentia completamente à vontade em multidões, mas estava tentando superar isso. Além disso, era o primeiro feriado depois de eu ter voltado, então ele disse que faríamos o que eu quisesse.

Saí da cama e fui tomar um banho quente, já pensando na programação do dia. Klaus vinha em casa para almoçar e depois do almoço eu iria para a casa dos Salvatore ajudar Elena e Bonnie a fazer as decorações para a festa, o que seria uma oportunidade excelente para contar para elas que eu estou grávida.

Enquanto tomava banho, tive a impressão de ouvir a porta do quarto abrindo e fechando. Não eram nem oito e meia, o que queria dizer que Klaus deveria ter chegado no trabalho menos de meia hora atrás. O que ele estava fazendo em casa?

— Klaus? - chamei, ainda terminando de tomar banho. Não tive resposta, o que foi estranho. Ele sempre respondia, nem que fosse com um resmungo, só para eu saber que ele estava lá. Cerca de um minuto depois, terminei meu banho e saí do banheiro com uma toalha enrolada no corpo, meu cabelo ainda muito molhado enrolado em uma segunda toalha. Chamei de novo. - Klaus?

Como não ouvi nenhuma resposta, comecei a pensar que tinha imaginado o som da porta abrindo. Ou isso ou tinha sido em algum vizinho.

Meu Deus, eu realmente preciso de um emprego. Ficar todo esse tempo em casa está afetando a minha capacidade de pensamento.

Troquei logo de roupa e comecei a pentear meu cabelo, quando escutei uma batida na porta aberta do quarto.

— Amor? - perguntei, mas antes mesmo de me virar, percebi que não era ele.

— Eu pensei que você tinha jurado que nunca ia me chamar de amor. - Tyler, meu ex-namorado detestável, estava parado encostado na porta do quarto.

— O que diabos você está fazendo na minha casa?

— Eu estava na cidade e meu tio me pediu ajuda com um trabalho. - ele deu de ombros. O tio dele era uma espécie de lorde do crime e, se ele estava ajudando o tio, queria dizer que eu estava ferrada. - Não imaginava que ia te encontrar aqui, afinal, assim como todo mundo, eu achava que você estava morta. Meu tio tinha me confirmado, inclusive. - ele exibia um sorriso convencido que me dava náuseas. Bem, literalmente.

— Notícias falsas podem vir até das fontes mais confiáveis. E você poderia, sei lá, sair da minha casa? Não gosto da sua presença aqui.

Ele só me ignorou e atendeu o telefone dele, que tinha começado a tocar. Depois de alguns segundos em silêncio, ele puxou uma arma e apontou em direção à minha cabeça. Ele estava do outro lado do quarto, mais perto da porta, mas bem distante de mim, graças a Deus. Certo que os anos podiam ter melhorado bastante a mira dele, mas ele sempre errava para cima. Então, se ele estava apontando a arma para minha cabeça, com sorte a bala atingiria a parede acima. E se não tivesse sorte… bom, acho que seria meu fim.

Eu estava tremendo, mas tentava não demonstrar. Não sabia bem o que aquilo tudo significava.

— O que está acontecendo, Tyler? - perguntei, na esperança de que ele fosse responder, mesmo que soubesse que provavelmente seria uma resposta vaga e evasiva.

— Seu noivo precisa tomar uma decisão importante, princesa. - eu odiava quando ele me chamava de princesa. Ficamos juntos por 2 meses e eu acho que escutei/li mais a palavra princesa nesse período de tempo do que no resto da vida inteira. - Se ele escolher errado, não acho que vá acabar bem para você. E nem pense que eu vou te poupar só porque tive uma quedinha por você 5 anos atrás. Vocês só tem 30 segundos.

Eu engoli em seco e meu coração batia acelerado. O que diabos Klaus tinha que decidir?

Tyler desligou a chamada, mas não guardou a arma, apesar de ter parado de apontá-la para a minha cabeça. Ele se aproximou mais de mim e amarrou minhas mãos na frente do corpo. Então, segurando meu braço e com a arma na base das minhas costas, me obrigou a andar até a sala de casa e parecia destinado a sair, mas me parou antes que saíssemos.

— Não tente nenhuma gracinha. - ele disse, apertando o meu braço. - Me disseram que eu não preciso te matar hoje, mas não perco nada se isso se mostrar necessário. Você entende isso? - engoli em seco e assenti. - Ótimo. - Ele colocou uma espécie de fronha escura em cima da minha cabeça e me jogou em cima do ombro dele. Quis gritar. - Sem gracinhas, lembra? - ele segurou a arma contra a minha coxa. Se ele fosse atirar em mim, com certeza me jogaria no chão antes, mas eu preferia não arriscar.

— O que você está fazendo, Tyler?

— Cumprindo ordens. - ele disse, secamente. - E você tem que calar a boca.

Ele tinha mudado. Quando namoramos, tantos anos antes, ele já era um babaca, mas nunca imaginei que fosse se tornar muito pior que isso. Eu pensava que ele só seguiria os passos do pai na política e se tornaria um político merda como todos os outros, mas aparentemente ele também ia seguir os passos do tio e se tornar um chefe do crime. Realmente, o melhor de dois mundos.

Pude perceber quando ele começou a andar por causa do movimento, que estava me deixando enjoada. Pressionei os dentes de baixo contra dos de cima e tentei não vomitar. Não sei como consegui evitar, mas deu certo. Depois de mais ou menos 5 minutos, ouvi a porta de um carro abrindo e eu só fui jogada lá dentro. Obrigada pelo cuidado, Tyler.

Eu mal tinha conseguido me sentar direito quando alguém tirou a fronha da minha cabeça. Demorou um tempo para eu me acostumar com a iluminação, mas assim que consegui, percebi onde estava. Não tinha como ser diferente. Janelas escuras, revestimento de couro preto, muito maior do que a parte de trás de um carro comum e Finn Mikaelson sentado na minha frente? Era a limusine da família Mikaelson. Sim, eles tinham uma limusine. Era o tipo de ostentação que eu nunca entendi, nunca entenderia e que me afastava do mundo deles. Me obriguei a olhar para Finn, que parecia um pouco tenso.

— Olá, Finn. - eu disse, cumprimentando-o. - Eu tenho a sensação de que não é você que quer me ver.

— É porque não sou eu que quero falar com você, Caroline, e você sabe bem disso. Na verdade, eu sou contra essa distribuição de violência gratuita e a favor da vida, mas fui obrigado a estar aqui. – ele falava enquanto desamarrava a corda do meu pulso.

— O que você está fazendo aqui, então? Não deveria estar num seminário, mosteiro ou qualquer coisa do tipo? - ele ia responder, mas eu não deixei. - Ah, já sei. Seu pai com certeza te chamou para ajudar num dos planos diabólicos dele e você veio correndo para casa.

Ele só ignorou o que eu disse, então me calei. Não adiantava discutir com Finn, ele simplesmente não rebatia ou argumentava. Já tive conversas melhores e mais profundas com a porta do meu quarto.

— Bem, acho que você ainda não sabe, mas os Mikaelson estavam reunidos hoje de manhã porque veio à tona que você e Niklaus noivaram. - se eu tivesse mais juízo, teria engolido em seco e fingido me sentir culpada, mas não podia fazer isso. Eu não me sentia culpada e não sentia vergonha de amá-lo. - Eu daria os parabéns, se não fosse nessas circunstâncias. – revirei os olhos. Ele tinha potencial para ser uma boa pessoa, mas o tempo com Mikael e Esther tinha destruído essa chance.

— Então a mãe chegou e disse que veio para a festa de casamento de vocês dois e que estava super feliz por que você estava grávida.

Meu coração perdeu uma batida. Eu achava que eles não me trariam só por estar noiva de Klaus, mas não sabia que eles sabiam. Como eles poderiam saber? Nós mesmos tínhamos descoberto ontem à noite.

De qualquer forma, com certeza era isso que Mikael (porque eu tinha certeza que era ele) queria comigo. Ele ia me forçar a abortar, tentar me matar, ameaçar Klaus e a nossa família, ou qualquer coisa desse tipo. Tentei desviar minha mente disso.

— Esther voltou da sua viagem infinita?

— Sim. E foi por sua causa, Caroline. Ela disse que veio para seu casamento com Klaus e que estava feliz por vocês estarem esperando um bebê.

— E como ela descobriu isso?

— Ela disse que Marie Lescheres contou para ela.

Eu não entendia.

Pelo nome, ela provavelmente era a mãe de Viviane, mas ela não tinha certeza do resultado. Será que ela ou a mãe tinham exagerado a história? De qualquer forma, agora eu me arrependia da minha impaciência. Se eu não tivesse ido para a farmácia com Klaus, isso não teria acontecido. Eu estaria em casa, tranquila e pensando no feriado, e não na parte de trás de um carro com o cunhado que eu menos gosto e prestes a ser ameaçada de novo pelo meu sogro.

— Pela sua expressão, eu acho que não entende muito bem como a informação chegou na família. - Finn disse depois que o carro parou. - Enfim, não é problema meu. Vou deixar a pessoa que realmente quer falar com você assumir a partir daqui.

Ele saiu do carro e Mikael entrou para assumir seu lugar. Se Tyler me dava náuseas, Mikael fazia meu corpo inteiro tensionar. Eu entrava em estado de alerta toda vez que ele estava por perto. Era quase como os ratinhos que eram condicionados a levar um choque cada vez que viam uma imagem e já se encolhiam só de ver a dita imagem. Por mais que eu não quisesse, não conseguia não comparar minha situação: eu era os ratos, Mikael era a imagem e suas palavras eram o choque.

— Olá, Caroline. – ele sentou na minha frente.

— Mikael. – respondi friamente. – Por favor, vamos direto ao ponto. Se é pra me matar, pode me matar logo.

Ele riu sem humor.

— Você é bem mais corajosa do que da primeira vez, menina.

— As circunstâncias são quase as mesmas, mas eu não.

E isso era verdade. Pouco mais de dois anos atrás, Mikael me chamou para termos uma conversa, que provavelmente vai ser a mesma que teremos hoje, mas num clima um pouco diferente. Naquela época, Mikael ainda estava tentando arranjar um jeito de selar o acordo com os O’Connell. Então ele pensou em obrigar o Klaus a casar com a Camille e veio me propor um acordo do tipo: deixe meu filho e eu te dou meio milhão de dólares. Bem, daquela vez, nada estava tão concreto quanto hoje, quando minha existência literalmente entrava no caminho de seus planos, mas eu estava bem menos assustada hoje.

Mikael levantou uma sobrancelha.

— Sério, menina? Como pode ter tanta certeza?

— Você tem ideia do que é passar dois anos sentindo como se a vida que você vive tem um pedaço enorme faltando, descobrir o que era esse pedaço faltando e agora ter de volta? Essa cidade faz parte do que eu sou. Foi aqui que eu cresci e é aqui que estão meus amigos e minha família. Você não tem ideia do quanto reencontrar isso pode aumentar a nossa determinação.

Mikael mantinha um semblante inabalado no rosto. Eu podia ter ganhado coragem, mas ele não ligava. Sabia muito bem que tinha poder sobre mim e que podia pressionar até eu ceder.

— Isso depende muito do seu ponto de vista, minha querida. Sim, você pode ter mais determinação de lutar pelo que você tem, sabendo que pode ser perdido, mas também começa a dar mais valor à preservação disto. Por exemplo, se eu te dissesse que você tem que escolher uma das opções que eu te der, senão eu mato Niklaus, o que você faria?

Engoli em seco. Eu não podia deixar que ele morresse porque eu escolhi não fazer algo que seria, no mínimo, arrasador para mim. Não que não seria para ele, mas o peso de lidar com o que quer que viesse como resultado de uma decisão pessoal seria todo meu. Eu sabia que, não importava o que minha decisão nos custasse, eu poderia viver com isso. Talvez enlouquecesse, mas viveria com isso. Entretanto, se ele perdesse a vida porque eu fui egoísta demais, eu não conseguiria viver com a culpa.

O que eu queria é que ele fosse feliz. Num cenário ideal, eu estaria ao lado dele, compartilhando dessa felicidade e contribuindo para ela, mas, se fosse a custo da vida dele, eu preferia estar longe, desde que ele tivesse a chance de ser feliz. Mesmo que eu não esteja perto dele, um mundo em que ele esteja vivo em algum lugar já é um mundo melhor do que um sem ele, certo? Ele poderia estar pensando em mim tanto quanto eu penso nele, mesmo distantes, mesmo separados. E mesmo que não pensasse, ainda assim seria uma vitória. Um mundo onde eu tenha certeza de que nunca mais vou ver um dos sorrisos dele porque ele está fora do meu alcance é melhor que um onde esses sorrisos não existam porque ele não existe. Respirei fundo.

— O que você quer de mim, Mikael?

Ele sorriu, satisfeito.

— Bem, como eu sou uma pessoa muito bondosa e generosa, eu vou te dar três opções. Opção 1: suicídio. - ele percebeu que eu fiquei assustada, apesar de tentar manter uma expressão neutra. - Não se preocupe, se você achar que isso vai manchar sua alma de alguma forma ou simplesmente não tiver a coragem de fazer isso, nós podemos te matar, sem problemas. - depois disso, me prometi que não demonstraria mais fraqueza na frente desse homem horrível. Meu interior podia estar em frangalhos, mas eu não permitiria que isso transparecesse. Não iria dar a ele esse gostinho de saber o quanto me afetava. - Opção 2: aborto. - ele pegou um frasco com alguns comprimidos do bolso e mostrou para mim. - Tem instruções sobre como utilizá-los de maneira segura no rótulo. Enfim, você vai dizer para Niklaus que foi natural, mas que não se sente bem em continuar com ele, que está deprimida e blá, blá, blá, e vai embora de Mystic Falls com um milhão de dólares. Você pode voltar para visitar amigos ou qualquer coisa desse tipo, e pode até falar com ele ocasionalmente quando estiver aqui, desde que Camille esteja com ele. – a cada palavra que ele falava, meu coração se apertava mais e o nó na minha garganta aumentava. Eu não conseguiria fazer isso. Eu não era forte o suficiente. Eu precisava ser, por nós três, pela nossa família, mas duvido que conseguiria. Principalmente quando o que ele queria que eu fizesse era destruir parte da família. Eu ainda não conseguia sentir nosso filho, mas eu sabia que ele estava aqui, e não poderia deixá-lo ir, tanto quanto não podia deixar seu pai. - Por fim, opção 3: mentir pelo resto da sua vida. - desta vez eu não consegui esconder minha confusão. Mikael parecia satisfeito com isso. - Você vai dizer a ele que perdeu o bebê e terminar tudo com ele, mas, nesse caso, você pode manter seu filho. Depois disso, você vai sair do país e morar na Inglaterra, recebendo uma pensão generosa da Mikaelson's Company para criar a criança, sem precisar se preocupar com coisa alguma. Desta forma, você não pode nem considerar a possibilidade de falar com ele ou voltar para cá, claro. Teria que cortar relações com todos desse lugar, já que qualquer pessoa com metade de um cérebro seria capaz de ligar os pontos e isso geraria complicações desnecessárias.

— Você colocou como uma das opções eu realmente ter esse bebê ou foi impressão minha? - perguntei, após alguns momentos de silêncio. Da última vez eu não tinha recebido essa opção, mas ele não sabia. Eu tive a chance de morrer ou fugir, e escolhi fugir, mas acho que ele não sabia que eu estava grávida.

— Sim. É meu sangue, no fim das contas. Eu posso não gostar de você e ter muitos desentendimentos com meu filho, mas sangue é sangue. Meu neto é meu sangue, queira você ou não. – ele fez uma pausa dramática. – Você tem dez minutos para decidir antes que meu assassino vá atrás de Niklaus.

— Certo.

Eu não ia me desesperar. Não aqui, não na frente dele. Eu precisava ser forte. Ser forte por mim, por Klaus e por nosso filho.

Tinha que considerar minhas opções. Eu não podia simplesmente desistir e deixar Klaus morrer porque não achava nenhuma das opções que Mikael me deu ideais. A primeira opção era impensável. Se eu morresse, estaria me rendendo e realizando aquilo que ele realmente queria, que era me ver fora do caminho de uma vez por todas. Além disso, realizar as vontades de um louco psicopata era uma causa pela qual eu não morreria. Com a segunda opção, eu manteria minha vida, mas perderia tanto Klaus quanto o bebê em troca de dinheiro. Não que dinheiro não fosse importante, mas para mim era nojento vender meu futuro e minha felicidade em troca disso. Sim, era muito dinheiro e eu podia viver confortavelmente sem fazer mais nada, mas, se eu me conhecia bem, eu não ia querer gastar um centavo daquilo. Era dinheiro sujo e eu me sentia suja e imoral só de pensar que ele achava que eu me venderia desse jeito.

Então sobrava a terceira opção. Recomeçar como mãe solteira do outro lado do oceano e sem chance de falar com Klaus novamente não era uma perspectiva que me animava, mas, de tudo o que me foi mostrado, era aquilo que era o menos pior. Ele poderia viver o resto de sua vida com Camille, sem que eu aparecesse para causar mais problemas. Eu criaria nosso bebê e continuaria sem tê-lo do lado, mas ficaríamos bem. Meu coração provavelmente se partiria toda vez que eu olhasse para nosso filho e reconhecesse algum traço dele, mas eu sobreviveria.

— Mikael? - chamei. Acho que não tinha se passado nem metade do tempo, porque ele parecia relaxado até demais. Ou talvez ele simplesmente soubesse que não tinha como perder desta vez.

— Sim.

— Eu vou ter o meu bebê. Vou me mudar para a Inglaterra. Nunca mais vou voltar ou falar com Klaus.

— Ótimo. - ele exibia um sorriso vitorioso, mas logo ficou sério e me encarou. Eu sabia que as ameaças ainda não tinham acabado. - Você já sabe o que acontece se tentar evitar cumprir como da última vez, certo?

— Sim. - engoli em seco, me perguntando se ele realmente queria dizer o que eu achava que ele queria dizer.

— Ótimo. Desta vez, eu vou me encarregar pessoalmente do trabalho e não vai ter escapatória. Entendeu?

— Sim. - respondi novamente. Tentei processar o que ele tinha acabado de dizer, mas minha cabeça parecia estar rodando. Tomou todo o meu autocontrole tirar minha mente do acidente e colocar de volta na conversa, mas tive que fazê-lo. - Pode me arranjar uma passagem para hoje à noite?

— Tem um vôo saindo de Washington para Oxford às nove. Você realmente não vai tentar nada? - ele parecia surpreso, mas me entregou uma espécie de passagem coringa com o símbolo da empresa.

Não me dignei a respondê-lo. Depois de dois minutos, o carro parou e ele abriu a porta para mim. Fiquei surpresa de estar na frente de casa, mas tinha perdido noção de lugar enquanto Tyler me carregava.

Congelei antes de me aproximar mais. Meu coração estava se partindo, e não tinha como segurar as peças no lugar. Como eu conseguiria fazer isso? Como eu poderia mentir para o homem que eu amo sobre algo tão horrível?

Fiquei observando a casa por um momento. Ela era perfeita para mim, apesar de todas as imperfeições que outras pessoas pudessem achar. Tudo bem, não era o lar deles. Respirei fundo antes de entrar pela porta aberta pelo que tinha certeza que seria a última vez.