Out On The Town
Capítulo 25 - Caroline
25 de agosto de 2022
Quando acordei com o barulho do despertador e não senti o cheiro do café já sendo preparado, percebi que estava tremendamente mal acostumada. Klaus me acordava todos os dias e geralmente já tinha feito café.
Foram só 3 semanas morando juntos de novo, mas já tínhamos estabelecido uma rotina da qual eu sabia que sentiria falta aqui em Londres.
Levantei-me e fui fazer meu café da manhã antes de sair para o trabalho. Tomei café sozinha e, depois de escovar os dentes, saí para o trabalho. Não chamei Hope, já que ela também devia estar tão cansada quanto eu e ela não precisava fazer nada agora de manhã.
Peguei um pouco de trânsito no caminho do trabalho e, apesar de normalmente odiá-lo, hoje foi bom lembrar como é minha vida normalmente. Eu sentia falta de ir trabalhar e não passar o dia procurando o que fazer. Quando cheguei na imobiliária, 15 minutos mais cedo do que o usual, só David já tinha chegado.
— Bom dia, David. - disse, sorrindo e já cumprimentando o colega com quem eu dividia o escritório.
— Bom dia, Caroline. - ele respondeu, sorrindo. - Está de muito bom humor hoje. Acho que as férias fizeram bem a você.
— Eu passei dois meses longe. Se não estivesse voltando para o trabalho de bom humor, seria preocupante.
— Tecnicamente você passou um mês de férias e três semanas em home office, então já voltou faz um tempo.
— Bom, sim, mas fazem dois meses que não venho trabalhar aqui.
— Sim. Tudo está do jeito que você deixou.
— Dá pra ver. - falei, avaliando a camada de poeira sobre a mesa. - Vou pedir um espanador à Janet, quando ela chegar. Você não tem alergia a poeira, tem?
— Não.
— Ótimo. - comecei a ligar meu computador. Com certeza ele demoraria horrores a ligar.
— Caroline? - ele chamou, me fazendo virar de volta.
— Sim?
— É bom te ter de volta.
Sorri para ele e voltei a focar no computador.
— Obrigada. É bom estar de volta.
Um momento de silêncio se seguiu, preenchido apenas pelo barulho do computador ligando. Observei minha mesa mais uma vez. O porta retrato com a foto de Hope quando criança estava com uma leve camada de poeira que eu removi com o dedo. Stefan tinha tirado essa foto e era definitivamente uma das minhas favoritas, mas eu estava planejando atualizá-la. Afinal, já faziam 8 anos que eu tinha essa mesma foto na minha mesa e Hope não era mais essa criancinha no balanço.
— Você gostaria de sair hoje? - David perguntou.
— Oi? - virei para onde ele estava e tentei não parecer tão chocada, mas não consegui.
— Perguntei se você gostaria de sair hoje. Para celebrar que você voltou.
— Com o resto do pessoal? Parece uma ideia incrível. - Eu estava no clima para um happy hour com meus amigos do trabalho. Emily já tinha me pedido um relatório completo das férias, mesmo que eu não tenha dito para ela a real razão para termos viajado.
— Na verdade, eu estava pensando em sermos só nós dois.
— Ah. - falei, tentando não parecer tão decepcionada.
— Eu senti muito a sua falta esses últimos meses. Sempre achei que você é a mulher mais bonita daqui, então queria saber se você estaria interessada.
Disfarcei meu choque o melhor que pude, o que provavelmente foi pouco, mas o suficiente para ele não se ofender. Se isso tivesse acontecido três meses atrás, talvez considerasse, mas, desde que eu voltei a falar com Klaus, não tinha mais ninguém pra mim.
— David, não tive oportunidade de dizer a ninguém ainda, mas agora eu tenho namorado.
— Você tem namorado? - ele parecia não acreditar.
— Sim.
— Nos cinco anos que te conheço, você nunca teve namorado.
— Mas agora tenho. - falei, num tom que demonstrava que não haveria discussão quanto àquilo.
— Namoros sempre podem acabar.
Respirei fundo e lutei contra a vontade de socar a cara dele.
— Eu duvido que esse acabe.
— Você está me dizendo que eu não tenho chance?
— Exato.
— O que ele tem que o torna tão melhor que eu?
Contei até 10 mentalmente, me esforçando para não revirar os olhos. Por que homens são companhias tão melhores quando não estão interessados?
— Bem, eu o amo desde que tinha 16 anos e ele é o amor da minha vida. Ah, e o pai da minha filha.
Ele passou a mão pelo cabelo.
— Eu realmente perdi minha chance.
Pensei justamente no que ele tinha me dito: que me conhecia há 5 anos e que eu sempre estive solteira. Se havia interesse verdadeiro ali, já deveria ter surgido há muito tempo.
Olhei de novo para a foto de Hope, tirei uma foto dela e mandei para Klaus.
"Caroline: Bom dia ❤
Caroline: Acho que eu nunca tinha te mostrado uma foto dela nessa idade, então vai essa, diretamente da minha mesa."
Bloqueei o telefone. Sabia que ele não iria responder agora, já que ainda era madrugada por lá, e fui resolver minhas coisas. Fui logo atrás de Janet e consegui um espanador, deixando minha mesa um ambiente habitável novamente.
Voltei e comecei a limpar minha mesa. Cerca de meia hora depois, quando terminei de limpar, ligar meu computador e deixar a mesa ao menos funcional, meu telefone vibrou 4 vezes. Decidi que não ia responder e só colocaria o telefone no silencioso, mas quando olhei na barra de notificações, as mensagens eram de Klaus.
Franzi o cenho.
"Klaus: Bom dia
Klaus: Que foto mais fofaaaaa
Klaus: Talvez tenha sido uma coisa boa que eu não estava por perto enquanto ela crescia, porque eu seria incapaz de dizer não a ela.
Klaus: Acho que mesmo hoje tenho dificuldade."
Continuei estranhando, afinal eram 3 e meia da manhã em Mystic Falls e era bem estranho ele estar acordado. Se fosse só uma ida ao banheiro, ele não pegaria o telefone.
"Caroline: Eu também achava que seria, mas a impressão sumiu da primeira vez que ela riscou as paredes da casa.
Caroline: Hoje é mais difícil porque ela é muito consciente e só pede coisas factíveis.
Klaus: Ainda bem.
Caroline: Você não deveria estar dormindo?
Klaus: Você não deveria estar trabalhando?"
Revirei os olhos. Ele era um mestre em evitar responder perguntas que não queria.
"Caroline: Eu estou no trabalho.
Caroline: Parei porque vi que você tinha mandado mensagem.
Klaus: Own.
Klaus: Eu sei que a possibilidade de conversar comigo é uma tentação irresistível.
Caroline: haha.
Caroline: Mas sério, porque você está acordado?
Klaus: Lupi estava chorando, então tive que deixar ela entrar no quarto.
Caroline: AI MEU DEUS
Caroline: Tá tudo bem com ela?"
Ele mandou uma foto dela dormindo na cama e estava simplesmente fofa demais. Sorri para a foto, percebendo que estava ignorando meu trabalho, mas não aconteceria novamente. Afinal, não era todo dia que nossa cadelinha ia chorar no meio da noite e meu namorado ia estar acordado no meio da noite consolando ela.
"Caroline: Que sono gostosoooo
Klaus: Ela tá bem agora.
Klaus: Acho que ela está com saudade de vocês.
Klaus: Como eu, ela estava acostumada a ficar sozinha, mas agora que sabe que companhia é melhor, está triste."
Senti meu coração aquecer com isso, mas ao mesmo tempo fiquei com um peso. Ficar sozinho fazia parte do processo de amadurecimento, mas realmente era péssimo ficar acostumado a estar com alguém e se encontrar sozinho de novo.
Honestamente, eu acho que também estaria assim se Hope não estivesse comigo.
"Caroline: Se te serve de consolo, eu também senti sua falta.
Klaus: Você não estranhou voltar a dormir sozinha?
Caroline: Me perdoa, mas eu estava tão cansada ontem que só apaguei.
Caroline: Tudo bem se eu só sentir sua falta na cama hoje?
Klaus: Tudo bem, está perdoada.
Klaus: Só avisando para você se preparar logo:
Klaus: Pra mim parece que a cama está descompensada ou sei lá.
Caroline: Meu peso faz diferença a ponto de você sentir a cama descompensada?
Klaus: Eu nunca disse isso.
Klaus: Se te faz sentir melhor, a sensação diminuiu consideravelmente depois que Lupi subiu."
Sorri para o telefone. Ele sempre conseguia me fazer sorrir, mesmo que com uma mensagem fazendo uma piada boba.
— Meu Deus, deve ser uma miragem. - Virei a cabeça em direção à porta, encontrando Emily, a amiga mais próxima que tenho aqui. - Não acredito que encontrei um exemplar de Carolinium forbae em seu habitat natural.
— E o que um exemplar de Emilius kingstone está fazendo no habitat de Carolinium forbae?
— Vai começar de novo. - David reclamou, já saindo da sala. - Se o Hammerstein perguntar de mim, diz que fui visitar a casa na rua Tolouse.
— Nossa como ele está amargo. - Emily murmurou, depois que ele saiu. Nós usávamos esses apelidos desde o dia em que Hope teve que fazer um trabalho na escola sobre taxonomia e me pediu ajuda. Como eu não sabia de nada, pedi ajuda a Emily, que é formada em Biologia e atua na parte de vistoria, fazendo principalmente vigilância sanitária. Sempre que fazíamos essa piada na frente David, ele entrava na onda, mas hoje não. - Ia chamar ele pro happy hour em honra ao seu retorno, mas mudei de ideia.
— Happy hour em minha honra? Uau, me sinto importante.
— Você é. Nós quase nos matamos sem você aqui.
— Sério?
— Não, mas precisamos de você aqui. Você tem as melhores histórias.
— E com isso você quer dizer as mais doidas, improváveis e trágicas?
— Sim, perdão.
— Ah, tudo bem. Eu tenho uma nova e ainda mais improvável. Na verdade, são várias, que juntas resumem meu verão.
— Eu quero ouvir.
— Estamos combinadas. Vamos chamar Anna e Clarissa.
— Perfeito. Vou deixar você voltar ao trabalho.
Sorri enquanto ela saía da sala. Tinha sentido saudades de estar aqui. E foi só assim que percebi que já tinha gasto quase 20 minutos entre conversar com Klaus e com Emily. Voltei a olhar para o telefone. Precisava dizer tchau e começar a trabalhar de verdade.
"Klaus: Só que ela não sabe dividir a cama.
Klaus: E provavelmente está tirando seu cheiro dos lençóis.
Klaus: Acho que devia expulsá-la.
Caroline: Não faz issoooo.
Caroline: Ela só está carente.
Klaus: Calma.
Klaus: Eu não expulsaria ela (principalmente porque ela voltaria a chorar).
Klaus: Estava tentando chamar sua atenção de volta, apesar de saber que não deveria, já que você está no trabalho.
Caroline: Falando nisso...
Klaus: Precisa ir?
Caroline: Sim.
Caroline: O dever chama.
Klaus: Tudo bem.
Klaus: Te vejo no café da manhã?
Caroline: Claro.
Caroline: Tchau.
Caroline: Te amo.
Klaus: Também te amo."
Bloqueei o telefone e o coloquei no silencioso, já começando a trabalhar.
•••
Quando o horário de expediente acabou, fui deixar o carro em casa com Emily. Hope iria dormir na casa de Chantel e assim eu podia ficar despreocupada. Pegamos um uber e fomos para o nosso pub favorito, já encontrando Anna e Melissa lá, o que queria dizer que nosso grupo estava completo. Tínhamos chamado outros colegas, mas nenhum pode vir e tudo bem.
Elas eram as que mais importavam mesmo.
Andamos na direção da mesa, o que foi bem fácil, já que o bar não estava tão cheio.
— Apareceu a margarida. - Anna falou, já levantando para me abraçar. Depois dela, abracei Clarissa e nos sentamos.
— Pensei que ia me deixar ganhar o prêmio de melhor vendedora esse ano. - Clarissa disse, já bebendo de uma cerveja.
— Não mesmo. - respondi. - Ainda temos mais 4 meses e eu só fiquei longe por dois.
— Mas eu quebrei o recorde de vendas para agosto.
— Acho que vou ter que quebrar o de setembro, então.
— Eu tinha esquecido que vocês duas ficavam com sangue nos olhos falando disso. - Emily disse. - Vou amenizar isso, só um minuto. - então se levantou e voltou com 2 cervejas, entregando uma a mim e ficando com a outra. - Pronto, tudo certo agora.
— Ah, a bebida da amizade. - Anna disse.
— Resolve todos os problemas. - Clarissa respondeu.
— Ou piora as brigas. - respondi, já tomando um gole.
— Fala isso, mas dou mais 4 dessa pra você e Clarissa estarem no palco abraçadas cantando How deep is your love. - Emily disse.
— Eu acho que só mais 3. - Anna respondeu. - Ela ainda está grogue da viagem. Pra Clarissa são mais 5.
— Quer apostar?
— Claro. Quem acertar paga as bebidas da outra.
— Trato feito. - elas apertaram as mãos.
— Vocês realmente acham que eu faria isso? - Clarissa perguntou.
— Sim. - respondemos as três em uníssono.
— Isso é um absurdo.
— Acho que nem tanto. - respondi. - Lembra da festa de natal?
Ela ficou pálida.
— Vamos mudar de assunto, por favor?
— Como foram suas férias? - Emily perguntou, indo direto ao ponto.
— Mas já? - perguntei.
— Essa é a razão para estarmos todas aqui. - Clarissa disse.
— Também quero saber de vocês.
— Eu e Clarissa começamos a ir para a academia, eu desisti, como todos já imaginávamos que aconteceria, mas ela continua firme e forte, me deixando orgulhosa. - Anna falou e parou porque Clarissa deu um beijo na bochecha dela.
— Obrigada, amor. - Clarissa respondeu.
— Além disso - Anna continuou -, Emily ficou com o David, depois deu um pé na bunda dele e agora as coisas estão meio estranhas no escritório.
— Por isso que ele saiu correndo quando você chegou na sala? - perguntei.
— Sei lá, acho que sim. - ela respondeu, bebendo mais uma vez da sua cerveja. - Mas agora você já recebeu o resumo dos últimos dois meses e nós queremos saber dos seus.
— Foram incríveis. - respondi, tomando um gole da minha cerveja.
— Detalhes, por favor. Já sabemos que você desencalhou, mas não sei quem é o sortudo e nem como. - Clarissa disse.
— Isso já chegou em vocês? - estava surpresa. Eu só tinha comentado com David para dispensá-lo.
— Sim. Clarissa tinha acabado de chegar na sala dela e escutou você dizendo isso para o David. Depois você falou alguma coisa que ela não conseguiu entender. E aí ela me disse e eu disse pra Emily. - Anna respondeu.
— Eu estou com o pai de Hope.
As três olharam para mim com os olhos arregalados.
— Vocês também escutaram que ela está com o pai da Hope, né? - Emily perguntou. - Eu não estou bêbada, mesmo só tendo tomado metade de uma cerveja?
— Eu escutei também, então se sua resistência a bebida caiu, a minha também. - Anna respondeu.
— Você realmente voltou pro seu ex? - Clarissa perguntou.
— Sim. - respondi.
— Eu pensei que ele fosse um idiota.
— Acho que nunca usei essa palavra pra descrever ele num sentido literal, só de brincadeira.
— Então conta tudo. - Anna disse.
Comecei a contar para elas como tínhamos nos conhecido e tudo o que tinha acontecido, usando a mesma versão que usamos para a mídia. A versão real era muito horrível (e inacreditável) para contar. Então relatei como foram minhas férias enquanto bebíamos. Estávamos na terceira garrafa quando por fim terminei.
— Então, resumindo. - Emily disse. - Você esteve envolvida num escândalo de imagem, voltou com o cara que você ama e foi emocionada a ponto de morar junto 2 semanas depois de começar a namorar num verão só. Tá de parabéns. E eu aqui pensando que nosso verão tinha sido animado porque Hammerstein foi expulso de casa.
— O que? - eu estava chocada.
— A esposa dele disse que não queria mais ele e expulsou ele de casa. - Clarissa disse.
— Aí ele passou uma semana morando no escritório. - Anna complementou. - Irônico que ele tenha passado uma semana pra encontrar um lugar novo pra morar sendo dono de uma imobiliária, não?
— E como você não incluiu isso no seu resumo do que aconteceu? - perguntei.
— Na minha cabeça, isso tinha acontecido enquanto você ainda estava aqui.
— Tudo bem.
— Ainda estou processando que você teve que controlar um escândalo de imagem. - Emily disse.
— Foi estranho e estressante. Nunca mais quero ter que fazer isso.
— MEU DEUS! - Clarissa exclamou. - Acabei de lembrar que eu escutei sobre isso no jornal!
— Isso foi parar no jornal daqui? - perguntei, claramente chocada.
— Foi no finalzinho daquele jornal de 4 horas da manhã que só bêbados assistem. Eu não vi as imagens porque estava ocupada me vestindo para ir para a academia, mas lembro de escutar que um figurão da Mikaelson estava sendo acusado de pedofilia e que a adolescente era britânica.
— Eu estava dormindo, então não posso dizer nada. - Anna falou, pegando um pouco das batatas fritas que tínhamos pedido.
— Nossa. Se eu tivesse visto as imagens, eu teria te visto, porque comentaram que a mãe da menina tinha feito uma live com ele.
— E teria surtado e me acordado. - Anna disse. - Ainda bem que você não viu, porque eu realmente precisava dormir naquele dia.
— Eu fui a primeira entre nós a aparecer na televisão. - falei, sorrindo e lembrando de uma antiga aposta nossa.
— Nós realmente chamamos ela pra beber e ela vai acabar sem pagar nada? - Emily perguntou.
— Não só hoje, mas das próximas duas vezes também.
Elas reclamaram de brincadeira, mas continuamos nos divertindo pelo resto da noite.
Cheguei em casa perto das 23 horas e fui me preparar para dormir. Mandei uma mensagem para Klaus, avisando que já tinha chegado em casa, o que queria dizer que ele podia me ligar. A resposta veio menos de 30 segundos depois, com uma chamada de vídeo, que foi prontamente atendida.
— Oi, amor. - respondi.
— Como ousa roubar meu cumprimento? - ele falou, fingindo estar com raiva.
— Pensei que você tinha dito que o que era seu era meu.
— Não meu cumprimento.
— Ok, descobri até que ponto seu amor vai.
— Não é até que ponto meu amor vai. Claro que entre você e a frase, eu escolho você, mas, se puder, eu preferiria manter minha frase.
— Tudo bem. Prometo que vou tentar não roubar sua frase no futuro.
— Como foi seu primeiro dia de volta ao trabalho? - ele perguntou, ajustando o celular em um lugar para servir de apoio enquanto ele fazia o jantar. Vi as frutas na tábua de corte e imaginei que ele devia estar fazendo uma vitamina.
— Foi ótimo. Tinha sentido saudades de vir trabalhar todos os dias. Quando o expediente acabou, nós fomos para um pub para celebrar que eu voltei.
— Eles devem ter ficado com saudades. - ele respondeu, cortando uma maçã. - Eu estou com saudades e não fazem nem dois dias que você foi embora.
— Eu também estou com saudades suas. Mas, sim, eles sentiram minha falta.
— Então todo mundo saiu para beber?
— Na verdade, fomos só nós, as meninas. O chefe teve uma emergência com o filho, o contador não é tão próximo de nós e meu colega de sala não foi porque as coisas estão estranhas entre nós.
— Por que as coisas estariam estranhas entre vocês? - Klaus questionou, colocando a maçã cortada no liquidificador. - Pensei que vocês tivessem escolhido ficar juntos quando rearranjaram o escritório.
— E foi assim. Mas hoje ele do nada decidiu que queria sair comigo.
Ele ficou em silêncio por um momento. Mordi meu lábio inferior. Não sabia como ele reagiria.
— E o que você respondeu?
— Eu disse que não, porque estava namorando.
Fiz uma pausa, esperando que ele falasse alguma coisa
— Ok.
— Mas ele falou que namoros podem acabar, ao que eu respondi que esse não acabaria, porque você é o amor da minha vida.
Ele respirou fundo antes de responder e eu pensei que ele fosse surtar, mas a resposta dele foi curta.
— Tudo bem.
— Mesmo?
— Eu não amo a ideia de ter um cara aí te adulando, principalmente um que trabalhe do seu lado, mas eu te amo. E eu confio em você. Nossa situação já é difícil o suficiente como é, então se não confiarmos um no outro o que vai ser de nós?
— Você tem razão.
Ficamos conversando mais uns minutos até eu adormecer com a certeza de que isso daria certo.
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