Out On The Town

Capítulo 13 - Caroline


20 de junho de 2022

Depois de termos seguido caminhos diferentes, eu fiz o primeiro open house, que estava caminhando para uma venda muito boa, e disse para a imobiliária que não poderia fazer o segundo por razões pessoais. Assim, aproveitei a pausa no começo da tarde para ligar para a clínica onde eu fazia atendimento psicológico antes e agendar um horário com Pauline. Realmente era hora de voltar. Depois de tudo arranjado para a quarta feira, fui buscar Hope na escola.

Assim que chegamos em casa, ambas colocamos nossos pijamas e fomos para o meu quarto.

— Por onde você quer que eu comece? - perguntei.

— Pelo começo, obviamente.

Comecei, então, a contar tudo para ela: de quando o conheci, até o primeiro bebê, o acidente forjado por Mikael, eu passando dois anos em Cincinnati, a volta, Camille, o noivado, ela, as novas ameaças e, por fim, o término e minha fuga para a Inglaterra. Quando eu terminei, ambas tínhamos lágrimas em nossos olhos. Fizemos um momento de silêncio, depois do qual ela começou a fazer perguntas.

— Então quer dizer que meu avô te odiava a ponto de ameaçar matar meu pai para te machucar?

— Sim.

— Por que você me contou isso agora? O ponto de não contar não era me manter segura?

— Bem, ele não pode mais nos atingir agora. Ele morreu no sábado. Era isso que eu estava vendo no noticiário hoje de manhã.

— Então agora que ele morreu você pode falar com meu pai de novo? - ela parecia interessada.

— Sim. - eu sorri inconscientemente. - E, se estiver tudo bem pra você, eu gostaria muito de falar com ele.

— Você está me pedindo permissão?

— Sim. Você pode querer não conhecê-lo. Quer dizer, você passou os últimos 5 anos dizendo isso quando quer que eu tocasse no assunto.

— Eu não conhecia a história toda. Agora eu quero conhecê-lo. - sorri novamente. - E mesmo que eu não quisesse, você deveria falar com ele. - fiquei confusa por alguns momentos. - Você merece ser feliz de novo, mãe. Desde que Stefan se foi, eu vejo você tentar se relacionar com outras pessoas sem conseguir. Não perca essa chance.

Não respondi nada. Se ela não quisesse, eu não faria nada. Como eu conseguiria esconder a existência dela se acabássemos nos tornando próximos de novo?

Pesquisei o nome dele no google, para ter certeza de que ele continuava solteiro. Ele e Camille tinham se divorciado uns 6 anos atrás, quando ela e Freya finalmente se assumiram, mas em seis anos muita coisa pode acontecer. Eu que o diga.

— Meu Deus. Eu finalmente descobri o nome dele. Klaus Mikaelson.

— Eu não te disse hoje? - ela negou com a cabeça. - Desculpe. Eu não podia dizer quando você era mais nova porque eu tinha medo de você pesquisar na internet ou tentar entrar em contato com ele. - abri uma pasta do drive que se chamava "contas" e abri uma das subpastas. - Quer ver como ele parecia?

— Eu não sei. - ela parecia confusa. - Eu sinto que, quando nos conhecermos, deveríamos tentar reconhecer um ao outro.

— Tudo bem.

Respirei fundo e entrei no meu perfil do Facebook para pessoas que não poderiam saber de Hope. Eu fiz duas contas em todas as minhas redes sociais, as duas em modo privado, e evitava postar qualquer coisa sobre Hope mesmo na conta para pessoas que a conheciam. Sim, esse era meu nível de medo. E se alguém de casa me encontrasse? Como eu poderia pedir para essa pessoa não contar nada para Klaus ou para qualquer outra pessoa?

Fui checar e não éramos amigos, mas seu perfil era público e eu podia enviar uma mensagem privada. Sua última postagem tinha sido meia hora antes, compartilhando a notícia de que não haveriam mudanças de funcionários por enquanto e que Elijah continuaria como o CEO, o que era excelente. Ele sempre foi o irmão que realmente se interessava por aquilo tudo, ao contrário dos outros: Freya, que preferia ajudar Camille com a empresa dela; Finn, que estava naquilo por obediência; Klaus, que trabalhava como louco para não enlouquecer; Kol, que estava lá pelo dinheiro; e Rebekah, que resolveu se separar deles e lançar sua linha de roupas. Sair de lá provavelmente foi a melhor escolha da vida dela, já que agora ela tem seu próprio império. E, sim, eu tinha me mantido informada ao longo dos anos.

Cliquei na opção de enviar uma mensagem direta para ele. Encarei a tela por alguns segundos, incerta sobre o que eu deveria dizer. Já faziam 17 anos. Virei para Hope, pedindo ajuda.

— Se você não sabe o que vai falar, como eu saberia?

— Você manda mais mensagens de texto que eu. Como eu puxo assunto depois de 17 anos?

— Eu não sei. - ela pareceu pensar um pouco. - Tente deixar um pouco menos súbito.

— Tipo assim? - digitei uma mensagem e mostrei para ela.

— Sim. Algo parecido.

Apertei o enter.

"Caroline: Oi.

Caroline: Eu vi sobre o seu pai no jornal hoje cedo, você está bem?"

Não levou nem um minuto para ele responder.

"Klaus: Oi.

Klaus: Você sabe como eu me sentia sobre ele.

Caroline: Eu sei.

Caroline: Mesmo assim, ele era seu pai.

Klaus: Eu acho que estou bem.

Klaus: Acabamos de enterrá-lo.

Caroline: Meus pêsames.

Klaus: Por que agora?"

Fiquei confusa por alguns momentos.

"Caroline: Como assim?

Klaus: Bom, você desapareceu do mapa para mim por 17 anos.

Klaus: E só agora decidiu falar comigo.

Klaus: Eu só estou curioso.

Caroline: Bom, pelo timing, eu acho que você consegue imaginar que parte do problema não existe mais.

Klaus: Eu suspeitava.

Klaus: Aquele dia foi estranho, não foi?

Caroline: Sim, definitivamente.

Klaus: Sabe, eu só comecei a pensar nessa possibilidade naquela noite, enquanto desistia de dormir.

Caroline: Você realmente pensou que eu desistiria de você tão fácil?

Caroline: Eu te amava.

Caroline: Nunca parei, para falar a verdade."

Meus olhos estavam cheios de lágrimas. E então apareceu o pedido para uma chamada de vídeo. Ia me virar para pedir para Hope sair, mas ela já tinha saído. Atendi a chamada.

— Oi. - eu disse, observando seu rosto. Klaus realmente tinha uns poucos fios brancos na barba, mas eu não me importava. Ele estava usando um terno, traçando uma diferença gritante para o meu pijama.

— Eu também ainda te amo. - ele disse, uma lágrima descendo pela lateral do seu rosto. - Acho que isso nunca vai mudar. Já fazem quase 20 anos que não nos falamos e, ainda assim, não teve um dia em que eu não pensei em você e desejei que você estivesse ao meu lado.

— Eu senti saudades suas todos os dias.

— Eu queria que você tivesse ligado.

— Eu também pra falar a verdade.

— Se eu soubesse como, eu teria tentado.

— Eu realmente tentei sumir. Acho que consegui, mas agora não sei se foi uma boa escolha.

— Eu acho que você precisava disso. Ou merecia. Ou os dois.

— Como assim precisava e merecia? - eu estava confusa. Ele também queria que eu desaparecesse?

— Demorou muito tempo pra que eu chegasse nessa conclusão, mas eu acho que você sair foi o melhor que você podia ter feito por você. Nos quase dois anos e meio que passamos juntos antes de você sofrer o acidente, não tivemos um momento de paz. Minha família não te aceitava e sua mãe não me aceitava. Então você passou dois anos longe e eu estava mais do que feliz quando você voltou, mas nada do que se passou naquelas três semanas foi fácil para nenhum de nós. Você merecia um tempo longe de toda a loucura que eu estar na sua vida trazia.

— Eu queria você lá. E estava disposta a pagar o preço, mas naquele momento tudo parecia pior do que era. Eu... - ia dizer que tinha sido sequestrada e chantageada, mas ele ainda não sabia disso. Talvez contasse isso a ele quando ele contasse a verdade toda, mas agora não. - eu tinha acabado de perder o bebê e parecia que tudo o que planejávamos ia por água abaixo. Eu estava cansada disso, mas nunca achei que você não valia a pena. Te deixar foi a coisa mais difícil que tive de fazer na vida. - eu estava chorando de novo.

— Te deixar ir embora e simplesmente mudar de país também foi, acredite. Eu pensei em ir atrás de você mais de uma vez depois que saí de casa, mas tentei respeitar o que você tinha escolhido.

Tentei parar para pensar no quão diferente minha vida teria sido se ele tivesse vindo atrás de mim naquele dia, mas eu não gostava de pensar nisso.

— Eu costumava pensar bastante sobre isso, mas descobri que essa forma de pensar sempre me deixa triste. Eu pensava no quão diferente minha vida poderia ter sido, mas eu acredito que as coisas acontecem por uma razão. Se não tivesse vindo para cá, não teria as amizades que tenho hoje ou um emprego que gosto tanto - e não teria casado com Stefan. Quase adicionei isso, mas achei melhor não. Algumas coisas só devem ser ditas pessoalmente. A conversa estranha sobre antigos relacionamentos era uma delas, bem como dizer que ele tinha uma filha de 16 anos. Além disso, Stefan não era só mais um relacionamento antigo. Levamos muito à sério o “até que a morte os separe”. Falar sobre a morte dele ainda era doloroso, mesmo que eu já tivesse superado e que não ficasse mais triste por isso o tempo inteiro.

— Entendo. Sempre que eu começo a pensar nisso me dá vontade de beber e isso nem sempre acaba bem.

— Sim. - fiz uma pausa, tentando pensar em algo para tirar o peso daquela conversa, mas ele conseguiu fazer isso antes.

— Onde você está morando?

— Londres. Morei por cinco anos em Oxford, mas me mudei para cá depois disso. É muito diferente de tudo o que eu conhecia, mas é ótimo.

— Acho que um novo começo merecia algumas mudanças drásticas.

— Merecia mesmo. - respirei fundo. - E você? Eu sei que agora você está em Mystic Falls, mas você passou por algum outro lugar nesse tempo?

— Eu morei em Nova Orleans por uns três anos, mas decidi voltar para casa. Acho que você pode entender o que é ser parte e se sentir intruso numa cidade ao mesmo tempo.

Sorri de leve.

— Sim, eu entendo. Você quer que aquele lugar seja seu lar, mas simplesmente não é. Cincinnati foi exatamente assim para mim.

— Sim. - ele deu um sorriso de lado e senti meu pulso acelerar. Controle-se, Caroline. Você não tem mais 16 anos. Não deveria estar respondendo assim a um sorriso. - Você teve vontade de voltar?

Eu queria falar tudo para ele, mas não podia. Tive que pensar um pouco antes de responder, para podar minhas respostas.

— No começo, pensava em voltar pelo menos uma vez na semana - mas lembrava do que aconteceu da última vez que tentei desobedecer Mikael e desistia.— Porém, com o passar do tempo - depois que Hope nasceu—, eu comecei a gostar de estar aqui e melhorou ainda mais depois que eu vim para Londres - e reencontrei Stefan.— Hoje, eu considero que aqui é meu lar, mas não pelo lugar, e sim pelas pessoas. - Hope é meu lar. Assim como você foi um dia.

Ele me olhava atentamente e parecia considerar as minhas palavras.

— Acho que você está certa. Eu não tinha uma conexão grande o suficiente com ninguém para considerar aquele lugar como meu lar. Na verdade… - ele começou a falar, mas alguém bateu na porta e chamou seu nome. - Acho que vou precisar ir agora.

— Tudo bem. - dei um sorriso leve. - Se você puder ou precisar depois, vou estar bem aqui.

— Relaxe. Não desisti de falar com você. - ele tinha um sorriso zombeteiro no rosto. - Até breve.

— Até. - o sorriso contagiou meu rosto.

Meu Deus, eu realmente estava parecendo uma adolescente apaixonada.

Quando olhei o relógio, percebi que já eram quase sete e que eu estava com fome. Desci as escadas e chamei Hope para me ajudar a preparar nosso jantar. Nós jantamos e passamos um tempo vendo televisão, e eu meio que esqueci do meu telefone enquanto isso, mas, quando Hope foi estudar e eu voltei para o quarto, vi que tinha recebido uma mensagem dele.

“Klaus: Oi loirinha, me passa seu número”

Eu comecei a rir, provavelmente mais do que devia, mas não conseguia evitar.

“Caroline: Eu devia te dizer para ligar para a polícia e pedir para a minha mãe, mas isso vai levar tempo demais.

Caroline: 12436587”

Cerca de dez minutos depois, recebi uma mensagem pelo Whatsapp de um número desconhecido.

“13745555068: Hm, então você não quer que eu use um tabuleiro de Ouija para pedir seu número para a sua mãe?"

Salvei o número antes mesmo de responder.

"Caroline: Não.

Klaus: Droga, o que eu faço com o tabuleiro agora?”

Depois disso, conversamos até eu adormecer.