Alemanha.

No interior das antigas instalações, o diretor da Centopeia, Igor Bienchovich, era mais uma vez interrogado pelo seu superior da Hydra, Colin Schmidt.

– Como está o andamento do processo, Igor?

– O Hulk permanece sedado 24 horas por dia, não podemos assumir o risco dele se libertar. Isso poderia significar a destruição de tudo no que temos trabalhado durante todo esse tempo.

– Você está ciente que o Barão tem planos para ele, certo Bienchovich? Ele não pode morrer.

– Eu sei das minhas ordens, Schmidt. Não estamos aplicando dosagens mortais.

– E quanto aos outros dois?

– O Rogers, ainda permanece levemente sedado também em uma cela eletrificada. Ele está consciente, mas as substâncias vão continuar provocando alucinações enquanto estiverem fazendo efeito. Vamos mantê-lo assim até o interrogatório.

– Ah, sim. É exatamente por isso eu estou aqui. Quero estar presente durante o processo. Quero arrancar cada palavra da boca dele do jeito mais doloroso que existe. – ele falou com um sorriso sádico.

– Assim que quiser iniciar, senhor.

– Antes, quero saber do Stark. Já conseguiram retirar a armadura?

– Ainda não. Está presa a ele.

– Droga! – grunhiu Schmidt, jogando uma das cadeiras na parede – Nada pode dar errado Igor! Está me ouvindo? Nada! – ele gritou, apontando o dedo para o homem. – Essa é a última chance da Centopeia.

– Eu sei, estamos trabalhando nisso nesse momento.

– Me leve até ele. Agora.

– Me acompanhe. – falou, instruindo-o pelos corredores escuros, até que alcançaram a sala onde Tony permanecia dentro de sua armadura, preso por correntes pelos braços e pernas.

– Relatório, Benji. – pediu Igor.

– Senhor, os sistemas elétricos estão absolutamente danificados, mas não conseguimos penetrar a carapaça. O reator Arc está interligado a peça central, e, portanto permanece conectado também.

– Ele falou alguma coisa?

– Nem uma palavra desde que o trouxemos.

– Deixe-me tentar. – interpôs Schmidt se aproximando – Tony Stark! Vou dizer, não é fácil tirar você dai não é mesmo? Olhe, veja bem, podemos trabalhar nisso juntos. Quanto você quer para cooperar conosco? – ele propôs, fazendo Tony, dentro da armadura, encara-lo perplexo.

– Quanto eu quero? O que você está pensando, seu pirralho? Não pode pagar o meu preço. – respondeu enfim, sarcástico.

– Olha só, ele fala! Que bom, talvez assim possamos negociar.

– Não negocio com filhos da mãe como você, seja lá quem for.

– Meu nome, Stark, é Colin Schmidt, e eu sou um dos líderes da Hydra.

– Hydra?!

– Exatamente. Surpreso? Aposto que sim. O que foi? Pensou que seu amiguinho patriota tinha conseguido nos destruir completamente na 2° Guerra? Não, senhor Stark. Corte uma cabeça, e mais duas crescerão no lugar.

– Você é louco.

– Louco? Não, não... Sou muitas coisas, mas não louco. Veja bem Stark, eu tenho um trabalho a fazer, e você precisa facilitar as coisas.

– Se não, o que imbecil?

– Bom... Se não, eu vou adorar trazer a senhorita Potts para me fazer companhia aqui.

– Seu... – começou Tony, furioso ao pensar que Pepper poderia estar em perigo. Ele não poderia negar a importância que ela tinha para ele, uma vez que o relacionamento dos dois já havia se tornado público... Mas ele preferia morrer ao apenas imaginar o que poderiam fazer com a única mulher que amara em toda a sua vida. – Se colocar um dedo sequer nela, eu mato você.

– Então, acho melhor sair daí. – ele sorriu cínico para Tony, que continuou imóvel, se dirigindo então aos seus demais subordinados ali naquela sala – Tirem logo ele dessa maldita armadura. – e saiu, sem nem mais nenhuma palavra, sendo acompanhado de perto por Igor.

– Senhor, o que quer fazer agora?

– Vamos cuidar do Capitão América. O quero semiconsciente, e amarrado a uma maca. Vou trabalhar nele pessoalmente.

._.

Bus - Algum ponto sob o Atlântico

Ainda tentando assimilar o que haviam acabado de escutar, Leo e Jemma desceram de volta ao laboratório, onde poderiam usar suas mãos para fazerem o que sabem de melhor, na tentativa de digerir tantas informações e colocar os pensamentos em ordem.

– Jemma, temos que finalizar as atualizações das ICER’s. Talvez eles precisem delas na missão de extração.

– Eu sei... Finalizei o upload ontem e o novo protótipo já está pronto para ser testado.

– Se nossos cálculos estiverem corretos, a substituição do lítio, pelos nanotubos permitirão que ela obtenha um modo de disparo muito mais eficiente, e...

– Leo, isso não te deixa intrigado? – interrompeu-o Jemma, parando o que fazia e o encarando.

– O que? As ICER’s? – ele perguntou, olhando para ela confuso.

– Não, Fitz... – ela riu. – Estou falando sobre nossa missão. Quer dizer, quem no mundo seria capaz o suficiente para capturar a Viúva Negra?

– Estou pensando nisso também Jemma.

– E a que conclusão você chegou?

– De que talvez não seja só uma questão de ser capaz.

– Você está pensando que...

– É só uma suposição você sabe, mas quem melhor do que alguém que já sabia que ela estaria lá para capturá-la?

– Foi o mesmo que pensei Agente Fitz. – disse Barton, entrando no laboratório junto com May, Coulson e Ward.

– E haveria outra resposta? – disse Fitz. – Afinal, é a Agente Romanoff, e pelo que eu sei, ela é não é uma agente que se deixa abater muito facilmente.

– Isso não poderia ter relação com o Clarividente, poderia Coulson?

– Eu não sei; mesmo que esse cara exista, não sabemos até onde o conhecimento sobre as missões da SHIELD dele vai, já que a maioria delas não se refere aos seus negócios.

– O é Clarividente?

– É um filho da mãe que temos perseguido há algum tempo. Não sabemos quem é, ou o que pretende, mas sabemos que os trabalhos dele estiveram relacionados ao uso de tecnologias de ponta, em diversas tentativas de recriar o projeto do Super Soldado. – explicou May.

– Pensei que esse tipo de experimentos tivesse acabado depois do que aconteceu ao Bruce.

– Ele busca um meio de estabilizar o soro, e já teve resultados positivos que nós mesmos pudemos ver. E o pior de tudo, é que sempre que tentamos enganá-lo, ele está um passo a nossa frente, como se pudesse prever cada passo nosso. Os subalternos dele com quem tivemos contato afirmam que seu chefe, tem poderes psíquicos que o permitem prever o futuro, e por isso, referem-se a ele como “Clarividente”. – terminou Coulson.

– Se esse fracassado estiver envolvido com a captura de Natasha de alguma forma, eu juro que ele não sobreviverá quando eu o encontrar. Embora isso seja ridículo; já que não existe ninguém que consiga fazer isso.

– É o que estamos tentando descobrir. Não há ninguém com tal habilidade no Index, e a única resposta racional, seria a existência de um espião dentro da SHIELD. – disse Ward.

– Vamos encontra-lo. E acabar com isso de uma vez. – disse Coulson, ao que os demais assentiram convictos.

– Ward as atualizações da ICER já foram terminadas. – relatou Fitz.

– Ótimo, deixa eu verificar.

– O que é ICER? – sussurrou Clint à May.

– Uma arma que Fitz-Simmons desenvolveram com balas que liberam uma neurotoxina que paralisa o alvo durante algumas horas, sem mata-lo.

– Interessante.

Eles analisavam as melhorias da atualização feita pelos cientistas quando Skye apareceu, tomando a atenção de todos ali.

– Acho que vocês vão querer ver isso. – disse ela, antes de virar e subir novamente correndo pela escada em espiral.

– Conseguiu localizá-la? – perguntou Clint ansioso ao chegar ao andar superior, sendo seguido pelos outros.

– Ainda não consegui contornar a criptografia, mas um novo vídeo está sendo recebido pela SHIELD. Já pedi que o retransmitissem para o Bus.

– Coloque na tela, Skye. – disse Coulson.

– Espera ai... Pronto.

A imagem tremulou um pouco, e logo ganhou foco. Natasha estava ali, agora acorrentada em uma cadeira, com dois homens ao lado dela. Amordaçada, com os olhos e a bochecha, inchados, ela lançava um olhar mortal para alguém além do alcance da câmera, enquanto o novo corte em seu rosto sangrava.

A voz fria e arrastada apareceu novamente, sem mostrar de onde vinha, causando um arrepio em Jemma, que chegou mais perto de Leo, agarrando sua mão.

“- Espero que apreciem os momentos de liberdade que ainda lhe restam. Por que já que não entenderam meu primeiro recado, eu vou ter que ser um pouco mais claro.

O homem da esquerda pegou uma faca em seu cinto, pressionando-a no pescoço de Natasha, consequentemente cortando-a, e fazendo o sangue escorrer pela sua mão.

– Eu quero Nick Fury sob meu comando. Se entregue agora, antes que seja tarde demais, Diretor. A SHIELD cairá, e então quem pensar em ficar no meu caminho, será massacrado. Quanto à senhorita Romanoff... Eu decidi prolongar sua estadia conosco. Estou começando a gostar dos gritos dela.

O mesmo homem retirou a faca, e golpeou o ombro de Natasha pelas costas, deixando a arma enfiada até a base. Clint se retesou nesse momento, tentando conter seu ódio, apertando a mão trêmula, fortemente. Natasha abafou um grito de dor, e fez alguns movimentos bruscos tentando se soltar.

– Ah, ainda não minha cara. Você continuará ai, como uma boa menina. Espero que sobreviva quando eu terminar, porque você será de grande utilidade quando te reiniciarmos. – Ele soltou uma risada curta, que se estendeu, até o vídeo acabar.” Clint deixou a sala, nervoso, tentando se controlar.

– Skye...?

– Acabou A.C. O sinal foi cortado.

– E a localização?

– Quase lá... – disse ela, digitando incessantemente em seu laptop.

– Continue trabalhando nisso, eu vou atrás dele. – disse Phill deixando a sala com May em seu encalço.

– Clint?! – chamou-o Coulson, firmando a mão em seu ombro.

– Phill, estou ficando sem tempo. – perguntou Clint, cabisbaixo, firmando-se no balcão.

– Eu confio em Skye, Clint, tenho certeza que ela descobrirá onde Natasha está.

– E o que quer que eu faça enquanto ela está sendo torturada, e eu não posso nada fazer para impedir! – Ele se exaltou, voltando-se para Phill e Melinda que não puderam deixar de perceber o tom avermelhado que seus olhos adquiriam, ficando rasos d’água. - Você sabe o que aquilo significa não é?! Ela já contou a você.

Coulson apenas assentiu.

– Não me importa se esse cara tem ligação com o tal Clarividente, mas o que ele disse pode ser ainda pior. Reinicia-la significa apagar a mente dela, fazer uma nova lavagem cerebral, como da primeira vez.

– A Sala Vermelha... – disse Melinda, entendimento passando por seus olhos.

– Natasha tem pesadelos até hoje com esse maldito lugar.

– Vamos encontra-la, Clint. Não vamos permitir que façam isso com ela outra vez, ok? – disse Coulson.

– Senhor? – chamou Ward, com um sorriso confiante. – Skye conseguiu encontra-la.