Estados Unidos

Os únicos sons que podiam ser ouvidos no fétido subsolo, pertenciam ao ininterrupto gotejar da água do esgoto que provavelmente corria logo acima da construção, formando uma poça em um canto escuro qualquer.

Mal iluminada, úmida, terrivelmente fedida e ultrapassada. Assim era a instalação da Hydra construída nos anos 70, e na qual, Stan e seu grupo de soldados se encontravam, planejando a invasão à SHIELD.

Os líderes dessa missão, Colin e Jenny Schimdt, juntos a Joseph Stan, haviam planejado minuciosamente cada detalhe sobre a destruição do Triskellion e como matariam o diretor da SHIELD durante um longo tempo.

Faltava apenas mais uma semana para que tudo estivesse preparado e as tropas completas para finalmente agirem, mas devido a intervenção da equipe de Coulson para salvar Natasha e a fuga dos Vingadores da base científica na Alemanha, Joseph insistia para que optassem por adiantar o ataque para o mais breve possível, provocando uma grande discussão sobre o assunto.

Grande parte do pelotão de soldados estava ali, à disposição de seus lideres, aguardando prontamente suas ordens definitivas.

– Temos que agir. Se nos encontrarem toda a missão falhará, e a SHIELD vencerá mais uma vez! – disse Stan nervoso e autoritário.

– É insanidade Stan. Não estamos prontos ainda, o resto das tropas chegará daqui a três dias. – contrapôs Colin.

– Não é hora de pensar Schimdt. Se você se considera despreparado para isso, nunca deveria ter se tornado um de nós.

– Cale a boca Stan. Se esqueceu de quem eu sou? Você não tem autoridade aqui.

– E muito menos você, moleque.

– Olha, escuta aqui... – tentou avançar Colin sendo segurado por sua irmã.

– Vocês estão agindo como crianças. Isso não nos levará a lugar nenhum! – disse Jenny firme, se colocando entre os dois.

– Nós devemos seguir com o plano inicial. De acordo com Pierce, o Projeto Insight não demorará a ser finalizado, e então teremos mais poder do que nunca. Todas as ameaças a Hydra serão exterminadas. – argumentou Colin mais uma vez.

– Se derrubarmos Fury agora, nós teremos controle total não só dos aero-porta-aviões do Pierce, como também de todo o arsenal da SHIELD.

– Se você se refere às bases secretas, isso não é um problema. A Geladeira já está praticamente sob nosso controle, assim como muitas outras. – afirmou a mulher - O único obstáculo para que a Hydra seja resoluta é o Diretor Fury.

– Mais um motivo para atacarmos agora. Quem garante que podemos confiar no Pierce?

Colin e Jenny o encararam com um olhar mortal.

Eu garanto. Pierce é nossa maior arma dentro da SHIELD. – disse ela convicta.

– Mais do que isso, ele é um risco. Afinal, quem pode nos garantir que o ganhador do Prêmio Nobel da Paz não usará aqueles aviões para nos destruir? Ele é um agente, treinado para ser dissimulado tanto quanto qualquer um de nós.

– Não questione a lealdade do nosso pai, Stan. Ele é fiel a Hydra, e não um agente duas caras como você foi. – acusou Colin.

– Quer realmente falar do passado, Schmidt? – cuspiu Joseph, aproximando-se mais do jovem outra vez.

– Esse assunto termina aqui. – interpôs-se Jenny, impedindo um briga desnecessária – Se você conseguir a autorização do Barão, Stan, nós invadiremos a SHIELD, e derrotaremos Fury. As tropas são mais do que suficientes, e estão prontas. O plano de Stan pode funcionar agora que temos a Agente Romanoff conosco. Estamos entendidos?

– É claro. Eu me entenderei com o Strucker. – ele sorriu vitorioso.

– E qual é o seu brilhante plano, vovô? – questionou Colin irônico.

– Usaremos nossa arma, e eu mesmo entrarei junto a um grupo de soldados pela porta da frente. Quero matar Fury pessoalmente, ver a vida dele se esvaindo de seu corpo. E enquanto isso, vocês investirão pelas laterais do Triskellion para que possamos domina-lo completamente.

Grande plano. – criticou Colin, revirando os olhos, entediado. – É melhor que isso funcione Stan. Você não gostará de experimentar o que acontece com quem falha com o Von Strucker, e muito menos, com quem falha comigo. – ameaçou-lhe Colin, friamente. – Você sabe bem quem somos, e do que somos capazes. Eu não me importaria nem um pouco de ter que destruir você com minhas próprias mãos. – ele terminou encarando Stan com um olhar frio, fazendo menção de deixar o galpão.

– E quanto a Centopeia? Não sabemos ainda no que a fuga dos Vingadores poderá acarretar. – questionou Stan, chamando a atenção de Colin.

– Financiaríamos a Centopeia enquanto ela fosse necessária. Agora que ela se provou inútil para nossos propósitos, nossa aliança acabou. No entanto, não podemos deixar vestígios de nossas pesquisas. – respondeu Jenny.

– Já enviamos uma equipe de extração para trazer o Soldado Invernal de volta para os Estados Unidos. Pierce quer que a equipe do Whitehall trabalhe nele. – Colin terminou de explicar.

– Compreendo. Nesse caso entrarei em contato com o Strucker o mais breve possível.

– Faça isso. Nós aguardaremos o seu relatório Stan. – disse Jenny, antes de seguir o irmão, deixando o homem para trás.

– Soldados da Hydra! Preparamo-nos muito para chegar aonde chegamos. E amanhã, nesta mesma hora – disse Joseph, chamando a atenção dos soldados – Nós destruiremos de uma vez por todas a SHIELD!

Interrompido, pelo incessante murmúrio que iniciou-se entre seus homens, Stan prosseguiu com seu discurso.

– Nas próximas horas meus caros, a organização que sempre impediu o avanço de tudo aquilo com o que sonhamos, irá cair. E sem a SHIELD no caminho, a Hydra dominará o mundo. E é com grande prazer que eu apresento a vocês, a arma que nos dará a vitória nessa guerra. – com um sinal de Stan, Natasha aproximou-se, posicionando-se na frente dos soldados. – Eu dou a vocês, a Viúva Negra.

– Estou feliz em obedecer. – disse ela simplesmente para Stan.

– Hail Hydra! – gritou Stan, e um coro alto repetindo as mesmas palavras se formou, fazendo-o sorrir com escárnio.

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Bus

Enquanto May estava de volta à cabine do avião e Fitz e Simmons trabalhando no laboratório, Clint seguiu com Coulson para seu escritório, onde ambos contatariam Fury para relatar a missão e alerta-lo sobre o próximo passo da Hydra.

Quando a conexão foi estabelecida, a imagem de Fury em sua sala no Triskellion apareceu na tela.

– Coulson, Barton, espero que vocês tenham boas noticias para me dar. – disse levantando-se para encara-los.

– Infelizmente não, senhor.

– O que aconteceu? – perguntou com um toque quase imperceptível de preocupação em sua voz.

– Encontramos Stan na Noruega senhor, e invadimos as instalações onde ele estava mantendo Natasha, mas...

– Mas? Continue Barton.

– Mas quando conseguimos encontra-la, já era tarde demais. Natasha foi reiniciada, e Stan fugiu levando-a consigo.

– Alguma pista de qual possa ser o próximo passo dele?

– O Agente Ward admitiu ser um agente infiltrado da Hydra, e nos forneceu algumas informações muito relevantes. – começou Coulson, relatando tudo o que Grant havia dito a eles momentos antes – De acordo com ele, a Hydra atacará o Triskellion, agora que Stan está com a Natasha.

– E vocês acreditam no que ele está dizendo?

– Dada a situação senhor, não vejo alternativa se não acreditar. Nós estamos a caminho de Washington, mas seria sensato preparar todos os agentes da base para um provável ataque, e eu peço ainda, que desautorize todos a atirar para matar a Agente Romanoff. – completou Clint.

– Barton, você sabe que nessa situação Natasha não pode ser parada. Ela mataria até mesmo você se ficasse no caminho dela.

– Nick, eu a conheço. E sei o que tenho que fazer para que ela volte ao normal. Pelo menos me deixe tentar. Se eu falhar, ela me matará de qualquer forma, e então você poderá fazer o que considerar certo.

– Essa é uma aposta alta, Clint.

– Estou ciente disso, Diretor. – afirmou o arqueiro convicto – Aliás da última vez que fizemos uma aposta similar a essa, eu não estava errado, e tenho certeza que nenhum de nós tenha se arrependido.

– Tudo bem, Clint. Faremos do seu jeito então. Mas eu preciso saber, quando chegar a hora, se não existir outra saída, você conseguirá puxar o gatilho?

Ele pensou por um segundo, estremecendo com tal possibilidade, e ali ele soube que já tinha a resposta para a pergunta de Fury antes mesmo de ela ser proferida.

Não, ele não seria capaz de mata-la. Da mesma forma que não conseguira fazer da primeira vez em Budapeste, ele não conseguiria agora. Matar Natasha Romanoff era uma missão na qual ele sempre falharia cruelmente.

– Não será necessário, senhor. – ele simplesmente respondeu, evasivo.

– Pois bem, e quanto à ameaça do lançamento de misseis em território americano?

– Neutralizada. – foi a vez de Coulson relatar. – Conseguimos destruir o que poderiam ser os controles das bombas com as quais Stan ameaçou atacar-nos, e isso já não é mais um risco a SHIELD ou aos EUA.

– Ótimo, assim poderemos focar em matar esses desgraçados. Em quanto tempo chegam aqui?

– Acredito que no máximo em 4 horas.

– Tomarei as providências necessárias, mas se o que me disseram for verdade, todos aqui podem ser inimigos. Aguardarei a chegada de vocês.

E assim, a ligação se encerrou. Coulson suspirou alto, revelando seu cansaço e chamando a atenção do arqueiro.

– Você deve estar esgotado Phill, deveria descansar.

– Você também, Clint. Principalmente se considerarmos que acabou de levar um tiro.

– Não vou parar até que ela esteja salva, Coulson.

– Eu sei, mas não precisa matar a si mesmo tentando fazer isso. Ela não iria gostar nem um pouco, você sabe.

– Eu sei. – disse ele, rindo fraco ao imaginar o que Natasha diria vendo ele na situação deplorável em que estava: sujo, machucado, cansado, e principalmente, derrotado.

– E, aliás, não há muito que você possa fazer até chegarmos a Washington.

– Certo então, Phillip. Vou tomar um banho e trocar meu uniforme, e depois conversamos, pode ser?

– Fico feliz que o faça. Tente dormir um pouco também, Agente Cabeça-Dura.

– Ok, senhor Coulson. – disse sorrindo, saindo do escritório de Phill e seguindo para seu quarto.