— A palavra ambição, do latim ambitiosus, é um substantivo cujo define-se pelo fato de alguém querer muito algo, onde esse alguém está sempre se dedicando a alcançar seus objetivos. Ela está presente em cada pessoa, em cada ser pensante que tem algo em mente que quer muito conquistar. Muitos confundem esse termo com a ganância, que define-se pela vontade de ter mais do que o necessário ou o forte desejo de poder ou de obter riquezas para benefício próprio, por exemplo. Esse já é um termo mais perigoso, pois com a ganância, além de envolver uma sede de conquista, acaba envolvendo as questões de ética e tudo mais. A ganância sempre esteve presente na nossa sociedade, mais especificamente desde os primórdios, em um tempo bem antigo, desde quando o nosso mundo passou a ser habitado, perdurando por séculos e séculos numa constante progressão que ainda persiste de uma forma ainda mais assustadora até os dias de hoje. Em suma, podemos dizer que a ganância é a ambição exagerada — o professor de História explica — Visto assim, dessa forma, para o dever de casa eu quero que vocês pesquisem, busquem pelos dois termos, comparem e reflitam sobre o que eu falei agora para vocês e também pelo que encontrarem, além de seus impactos que ambos podem causar na sociedade.

No mesmo instante, Cynthia levanta a mão chamando a atenção do professor e dos outros alunos.

— Pois não, Cynthia? Deseja falar algo? — o professor pergunta cedendo a palavra.

— Eu gostaria de fazer um comentário a respeito do tema abordado. Posso?

— A palavra é toda sua.

— Eu só queria dizer que é lamentável que existam pessoas que fazem da ambição uma prioridade da vida. Tudo se baseia em volta dela e a pessoa quer sempre mais e mais. Depois, mais cedo ou mais tarde vêm as consequências, mas dependendo da pessoa que a pratica, nem com isso ela aprende, pois o seu desejo e ganância sempre falam mais alto.

— Boa pontuação, Cynthia. Parece que você entendeu bem o conceito da palavra ganância — ele elogia.

— Isso foi fácil. Ainda mais quando se tem muitos exemplos por aí — ela fala olhando diretamente para você.

— Professor — diz um aluno levantando a mão.

— Diga — ele responde.

— Em relação ao o que aconteceu com o banco Khanterah, isso foi fruto da ambição ou ganância?

— Isso depende. Depende de qual foi o objetivo dos criminosos. Eles podem ser vários, como necessidade, ousadia, vingança...

— Pelo que foi falado nos noticiários, deu a entender que o motivo foi por vingança — o aluno diz.

— Sim, você está correto — o professor concorda.

— Mas eu também tenho outra dúvida, professor. Em relação à ganância, pode-se dizer que ela não é voltada somente pra riqueza e poder, não é?

— Talvez. Existem outras coisas que também fazem alguém ser ganancioso.

— Isso faz total sentido, porque se for parar pra pensar, uma pessoa pode ter ambição pela outra também. Não vê o caso da Cynthia, por exemplo? Ela se encaixa perfeitamente como objeto do tema da aula de hoje. Teve tanta ambição e ganância de voltar com o Stefan que ela acabou conseguindo. Agora os dois estão juntos outra vez.

Dito isso, os alunos da sala começam a gargalhar fazendo burburinho entre si.

— Hahaha. Era pra ser engraçado, mas eu não ligo pra isso. Aliás, eu tenho certeza que você só tá falando isso porque deve tá com inveja porque meu Stefanzinho e eu voltamos. Engulam essa nova realidade todos vocês! — Cynthia exclama, gabando-se.

— Ridícula — Lavínia comenta com você em voz baixa.

— Opa, opa. Dona Cynthia, por favor, se controle. Não quero saber de discussões na minha aula. Discussões aqui são só sobre a minha matéria — o professor de História diz, repreendendo-os.

Os alunos, então, continuam a rir da situação.

Logo em seguida o sinal toca indicando que o intervalo já irá começar.

— Então, turma, por hoje é só. Não se esqueçam de fazer a atividade sobre o tema de hoje. Vão afundo e me tragam o máximo de informações que puderem para continuarmos a debater na próxima aula. Isso valerá nota, hein? Até a próxima.

⌚ Alguns minutos depois na hora do intervalo...

— Nossa, essa aula de hoje foi maravilhosa! O professor esclareceu direitinho sobre o tema “ganância versus ambição”. O que vocês acharam? — pergunta Rebekah.

— Eu curti bastante também. Eu pensava que ganância e ambição eram a mesma coisa — Cris comenta.

— Agora você já sabe que não é. Realmente dá pra confundir, mas se você prestar atenção dá pra ver a diferença. A ganância é uma palavra bem mais forte, bem mais pesada — Allison declara.

— Vem cá, vocês vão ficar falando sobre o conteúdo que vocês estudaram em sala e não vão falar sobre a nova? — Max fala — Vocês estão sabendo que hoje é a volta do Tommy, não é?

— E quem liga? — Micaella pergunta fazendo pouco caso.

— É, hoje já faz uma semana que ele e o outro aluno foram suspensos. Fiquei sabendo que por pouco não foram expulsos — Cris fala.

— Deveriam ter sido. Assim não ia ter mais quem arranjasse confusão e manchasse a reputação do colégio — Lavínia dispara.

— Nossa, que sorte e que bom ele teve mais uma chance. Ser expulso teria sido terrível pra ele. Ainda mais depois do que aconteceu, depois dele ter sido exposto daquela maneira — lamenta Rebekah.

— Você não já vai começar a ficar triste por ele, né Rebekah? Por favor.

— Bom, expulso ou não, tanto faz. Desde que ele não arranje confusão pra gente também... — você diz.

— S/N tá certx. Tommy já nos fez passar por algumas, né? Ou já esqueceram? — Cris pergunta.

— Eu não esqueci. Por culpa dele nós fomos presos — você enfatiza.

— Nem me lembre desse dia — Allison diz.

— Gente, por favor, não vamos falar do Tommy. Podemos falar de outra coisa? — sugere Rebekah.

— Obrigada, Rebekah. É assim que se fala.

— Por mim tudo bem — Micaella concorda.

— Mas só de pensar no fervo da galera por causa da volta dele. O falatório vai começar todo de novo como se ele fosse uma celebridade — Cris fala.

— Cris, o que nós acabamos de combinar? — Rebekah diz, irritando-se.

— Foi mal aí, Rebekah. Mas é porque não tem como não falar sobre isso. Não é comum acontecer casos de suspensão na escola. O cara tá com o nome na boca da maioria da galera.

— Eu sei, mas... por favor, troca de assunto.

— Tá bom — diz Cris levantando-se da cadeira.

— Ei, tá indo pra onde? O sinal nem tocou ainda — você pergunta.

— Eu vou me encontrar com uns amigos. A galera do heavy metal. Quer vir comigo, S/N? Eu vou convidar apenas você já que os nossos amigos são preconceituosos.

— Quem é preconceituoso aqui? — Micaella pergunta, surpresa.

— Eu não ligo pra essas coisas — Allison comenta.

— Eu tampouco — declara Rebekah.

— Bom, se quiserem vir... S/N se quiser também pode vir. Acho que a galera vai gostar de te conhecer — diz Cris.

— Eu não sei. É melhor deixar pra uma próxima, com mais calma — você concorda — Mas diz pros seus amigos motoqueiros que eu não vou ter nenhum problema em conhecê-los.

— Eles não são motoqueiros, eles só vestem preto.

— Tanto faz. Todos eles são uma gangue de bastardos. Sorry, Cris, mas com exceção de sua pessoa, aquele grupo não tem cara de gente do bem e sim cara de quem e vivem aprontando fora da escola. Por favor, não me apresente nenhum deles. Eu não quero — dispara Micaella deixando um clima de tensão e desconforto entre todos.

— Não julguem pela aparência. Você pode até gostar — Lavínia fala com um sorriso malicioso.

— Nossa, Mica! Também não precisa falar assim — fala Rebekah.

— Não se preocupe, minha querida Micaella. Eles também não têm nenhum interesse em você — Cris profere logo saindo deixando Micaella boquiaberta sem reação para dar uma resposta.

— É isso mesmo? Agora eu sou confrontada na frente de todo mundo? — pergunta Micaella, atônita.

— Também quem mandou falar daquele jeito? Até eu achei de mais — Max comenta.

— Não tem problema. Depois Cris me paga. Mas, mudando de assunto: gente, eu tenho uma novidade pra contar pra vocês.

— Uma novidade? — pergunta Allison.

— Conta. O que é? — questiona Rebekah visivelmente curiosa.

— “Primeiramente, peço-lhes perdão por interromper a refeição de vocês e surgir assim de repente sem aviso prévio, mas eu tenho algo que sei que muitos de vocês estão esperando. Por isso, venho comunicá-los e também apresentar a vocês os novos membros da rádio do Colégio Montreal — Meredith inicia no alto-falante — Depois da alta procura por parte dos alunos para integrar o time da rádio e também após uma árdua semana de entrevistas e testes , divulgarei agora os nomes dos escolhidos de acordo com os resultados dessa semana.”

Uma pausa dramática é feita por parte de Meredith antes de começar a divulgação dos nomes dos estudantes selecionados criando um clima de tensão e suspense no ar. Muitos dos estudantes presentes começam a fazer um burburinho e a cochicharem entre si, fazendo com que o falatório cresça gradualmente atingindo o pique por conta da excitação e curiosidade. Parece que muitos deles haviam feito a triagem para fazer parte do casting da rádio e estavam aguardando pelos resultados.

— “Muito bem, peço o silêncio de todos, por favor, pois nesse exato momento irei começar a dizer os nomes — Meredith diz dando uma pequena pausa — É com muita honra e satisfação que a primeira aluna selecionada para a integração da rádio do Colégio Montreal é Carmen Donovann do segundo ano H. A segunda aluna é Micaella Rugbell do primeiro ano F”.

— “O terceiro nome escolhido é de Marta Gonçalves do terceiro ano G. O quarto nome é de Thales Andreiko do terceiro ano B. Depois vem Angelita Sánchez do terceiro ano A, Isak Wallin do primeiro ano D, Frederica Pettersson do primeiro ano H e por último, mas não menos importante, Simon Imanov do segundo ano C. Por favor, uma salva de palmas para os nossos representantes.”

Os alunos começam a aplaudir vibrando após o anúncio com direito a ovações e assobios. Isso até ser interrompido por Meredith que dá mais um anúncio, dizendo:

— “Ótimo, agora eu peço o silêncio e a atenção de todos pois o vosso diretor Afonso Pascualli tomará a palavra agora.”

Um silêncio toma conta do ar por uns segundos...

— “Bom dia, alunos. Aqui é o diretor. Vou ser bem breve e direto com as minhas palavras. Primeiramente eu agradeço e parabenizo a iniciativa e ideia da criação de uma rádio para a escola. Confesso que achei e ainda acho um tanto quanto desnecessária, mas devido à grande solicitação para que isso ocorresse eu tive que ceder — ele inicia — Eu só venho falar e pedir que façam um bom proveito dessa nova ferramenta e que a usem com bastante prudência. Nada de brincadeirinhas, nem algo do tipo. Não quero bagunça na minha escola. E também não façam disso suas prioridades. Sempre coloquem os estudos em primeiro lugar. Bom, é isso. Desejo um bom dia a todos.”

Após a fala do diretor, todos voltam para suas refeições normalmente, porém agora com um novo assunto dominando suas bocas.

— Bom, oito pessoas até que é um número bom. Não esperava que já fosse ter tantos — Allison comenta.

— Nem eu. Será que vão adicionar mais pessoas? — pergunta Max.

— Mica, por que você não falou nada pra gente? Nem pra mim você contou — Rebekah diz, admirada.

— Não fique triste por causa disso. Eu só quis fazer uma surpresa. Não gostaram? — Micaella fala.

— Sim, mas não custava nada ter adiantado pra gente, né? — Max diz.

— Só fico pensando o que mais pode tá escondendo. Se uma besteira dessa ela não fiz nada pra melhor amiga... — Lavínia dispara.

— Não entendi o que você tá querendo dizer, Lavínia.

— Nada não. Só pensei alto.

— Bom, grupo formado, então. Agora só falta saber o quê que vai acontecer. Ainda mais que vão ter pessoas com desavenças trabalhando na mesma equipe — você diz — Por que você topou participar disso sabendo que a Cynthia vai estar sempre lá, Micaella?

— Porque sim. Eu vou entrar nessa pra fazer uma coisa diferente, uma coisa que eu acho que gosto. Não me importa se o papa ou tampouco a Cynthia vai estar lá. Eu só quero fazer o meu e também me divertir um pouco, por que não? — Micaella responde.

— S/N só falou isso porque sabe como é trabalhar com essa garota. Você ainda pode desistir se quiser — Allison fala, sorrindo.

— Tá querendo dizer que eu não dou conta? Se ela bater de frente comigo eu bato com ela de volta.

— Uh, que confiante. É isso aí, Mica. Não deita pra essa mal amada — dispara Max.

— Uma coisa que eu aprendi na vida foi: mantenha seus amigos perto e seus inimigos mais perto ainda. Se você não sabe como deter quem não te agrada, fique bem próxima da pessoa e conheça seus pontos fracos. Assim a sua vitória vai ser incrível.

— Isso parece tão incoeso, mas faz tanto sentido também — Rebekah fala.

— Não é? — Micaella diz — Bom gente, deixa eu ir porque agora vai ser a convocação dos escolhidos da equipe da rádio e eu não posso desperdiçar essa oportunidade de não assistir àquelas aulas suuuuper chatas que eu não suporto, né? Só de pensar que vocês vão voltar de novo pra aquelas cadeiras olhando pro professor e pra um quadro chato... Eu lamento muito por vocês.

— Que incentivo esse seu pra gente estudar! E obrigadx por esfregar tudo isso nas nossas caras! — Allison diz fazendo um gesto positivo com o polegar.

— É, agora vai se gabar por aí que tá se divertindo com os outros enquanto a gente só estuda — Max declara.

— Não é diversão, meus amores. É trabalho. Alíás, ainda nem sei como vai funcionar a questão dos horários. Então, sosseguem porque eu ainda vou ter que estudar também — Micaella explica revirando os olhos.

— Mas isso você vê com calma e depois conta tudo pra gente como foi, viu? — solicita Rebekah.

— Pode deixar, amiga. Eu conto tudo pra vocês depois.

— Então tchau, né? — Allison diz.

Então, Micaella sai apressadamente ao passo que Meredith começa a chamar pelos alunos da rádio para que se dirigissem à sala do último andar — mais especificamente na cobertura — onde aconteceria o projeto. Nisso, você e seus colegas continuam a conversar e especular sobre o assunto até o tocar do sinal indicando mais um fim de intervalo.

⌚ Mais tarde depois das aulas...

Próximo à saída da escola, Stefan lhe chama para um lugar mais afastado para conversarem sobre um assunto em comum.

— Ora, pra. Olha quem decidiu dar as caras — você diz.

— Oi, S/N. Como está? — ele pergunta.

— Bem. O que aconteceu? Não tenho te visto por um bom tempo. A última vez foi quando surgiu em público na volta de namoro com a sua ex.

— Soube que você e Lavínia conversaram. Ela te contou sobre o sumiço dela, não é?

— É, ela me contou. Você já sabia?

— Fiquei sabendo há pouco tempo. Esses dias. Ainda não acredito que ela fez isso — ele diz, pensativo.

— Nem eu. Mas o que podemos fazer? Já passou. Agora a única coisa que a gente pode fazer é não julgar e apenas apoiar ela — você declara.

— Mas isso ainda não me desce. Poderia ter sido pior. A gente estuda conteúdo relacionado a esses tipos de coisas.

— Eu sei, ela foi irresponsável. Eu disse isso pra ela.

— Disse? — ele pergunta.

— É. Nós saímos ontem e ela me levou na clínica pra pegar um laudo médico. O doutor deu umas dicas e explicou a situação dela. Eu fiquei muito confusx sobre o que 'tava acontecendo e então quando eu soube a verdade confesso que fiquei em choque — você diz relembrando aquela noite.

— Mas ela não era pra ter ido com a mãe ou alguém responsável pra ser passado um assunto importante assim?

— Foi o que o doutor disse. Eu também avisei. Mas ele acabou deixando.

— Entendo.

Por uns segundos você fica pensativx e, sem hesitar de uma vez pergunta para Stefan.

— Stefan, você que é muito amigo da Lavínia eu preciso te perguntar uma coisa. Vai que ela tenha te contado o que eu preciso saber, na qual eu tô torcendo pra que você tenha essa resposta.

— O que é? Pode perguntar — ela afirma.

— Por acaso você sabe quem pode ter sido o responsável por ela ter...

— Não, eu não sei. E eu prefiro nem falar disso.

Stefan lhe interrompe antes mesmo que você complete a pergunta. Estranhando a reação, no mesmo instante você diz...

— O que foi? Por que você ficou assim de repente?

— Nada, é só que eu...

— Por acaso você sabe quem engravidou a Lavínia?

— Se eu soubesse... Ah, como eu queria saber...

— O pior é que ela não deixa nenhuma pista concreta. Só disse que foi alguém que conheceu numa festa.

— Mas o que adiantaria saber quem foi o responsável? Não tem mais nada — Stefan afirma.

— Do jeito que ela é duvido que dê alguma pista. Pode ter sido qualquer um. Pode ser quem a gente conhece ou não. Você que é mais chegado será que não consegue fazer uma pressão pra saber se ela tem contato com esse rapaz? Eu também posso tentar. Sei que se a gente descobrir não vai adiantar muita coisa, mas é apenas questão de se preocupar. Não te dá curiosidade em saber quem possa ter sido? — você pergunta.

— É claro que sim — ele diz olhando para os lados...

— Então se isso a gente precisa conversar com ela com mais calma. Aos poucos a gente vai arrancando informações e fica sabendo de alguma coisa. Vai ver a gente pode descobrir e ter nossa versão "whodunnit" pra esse "caso/mistério".