Os olhos violetas

Capítulo 26 - Não queira achar problemas


Eu e os outros chegamos mais perto para ver. Havia muita fumaça, contudo era centralizada em cima do caldeirão. A fumaça era esverdiada e tinha um cheiro péssimo.

– Espera, antes que eu me esqueça – Olhei para minha não tia. – Como seus olhos são brancos? Você não é do clã da lua? Ou as bruxas tem esses olhos mesmo?

– Não são os olhos dela – Mike se atreveu a afirmar – Eram castanhos, eu me lembro da minha melhor amiga. – Havia um pouco de mágoa na voz dele, mas ninguém comentou.

– Não eram brancos mesmo não... – Ela olhou para baixo – Eu peguei esses olhos de uma morta.

– Você pegou de alguém que estava morto? Ou pegou e ele morreu? – Sofia perguntou segurando em meu casaco – Tem enormes diferenças.

– Como você deve saber... Para matar alguém do seu clã, em estilo... – Murmurou Rosa olhando para Bê.

– Tire os olhos dele e ele morrerá ou por perda de sangue, ou por não aguentar não enxergar como nós – Disse Bernardo com uma cara de quem ia vomitar. Sei que ele já viu coisas piores do que isso, mas parecia que sentia era nojo da minha tia, não dos olhos.

– Ok, agora que entenderam, vamos voltar ao feitiço – Ela disse

Tocou no caldeirão que espirou um pouco do seu conteudo no chão. E no lugar exato que caiu os pingos... Não sei explicar, mas serviu como um ácido. Minha não tia pegou um vidro pequeno e colocou com uma concha o conteudo nele. A concha começou a espumar como se fosse dereter nas mãos dela, mas suportou até o final.

– Aqui está – Ela estendeu para mim e eu não me atrevi a pegar – Me deu seu anél – Rosários esticou a mão e eu dei o anél. – Tampem bem os olhos, pois isso pode realmente cega-los - Ela colocou uma gota do liquido fervente nele e uma claridão apareceu me cegando temporariamente. – Disse para fechar os olhos, Susanna!

– Han... Desculpa – Eu disse lerda. Era muita coisa para absorver, não era apenas o fato do anel que Mike me deu estar brilhando em mil cores diferentes.

– Isso aqui vai fazer brilhar e irá te fazer sentir quando estiver perto do que quer achar – Ela olhou bem para os meus olhos – Qualquer coisa que queira achar, então não queira achar problemas. - Coloquei o anél no dedo e não vi diferença nenhuma.

– E o que eu deveria sentir agora? – Pergunto olhando para cada um que estava no porão.

– Nada, ueh, esperava que Rachel estivesse nessa cidade? – Perguntou minha tia rindo. – Do jeito que eles são... E do jeito que queriam pega-la... Só penso em um lugar que eles iriam estar

– A onde?! – Perguntamos todos juntos.

Enfim Manhattan!

– Não entendi direito o exato motivo porque o clã dos olhos de fogo iriam querer ficar em uma cidade tão movimentada como essa! Não da para achar nada aqui em Nova York! – Disse Robert ao entrar no carro que já nos esperava.

– Dãa! É por isso que escolheram aqui. Não da para achar nem o que você quer achar! – Disse Sofia com suas lógicas.

– Só se você estiver com isso – Aponto para o anél. – Eu não confio mais nela, sabe? Eu nunca tive motivos para confiar mas... Agora sei que não devo.

– Por que a sra. Rosários não quis vir, Su? – Perguntou Rob com sua voz de sono. - Nove horas dentro de um avião, ninguém merece. Não importa se é particular... – Seu cabelo ruivo estava bem bagunçado, parecia até que esteve dormindo o tempo inteiro, o que eu sei que não estava.

– Importa sim! Eu vim dormindo em uma cama espetacular! – Disse Bernardo ao meu lado segurando meu braço. – Então, princesa, para que lado vamos?

– Ei! Esqueceu que só eu posso chamar ela disso? – Mike se meteu.

– Fica quieto e volte para sua Maga! – Disse Bernardo dando um beijo estalado na minha bocheca – Pois essa aqui, já enfentiçou meu coração.

– Que clichê. E pior ainda, que brega. Su, por que todos os garotos são afim de você? – Disse Sofia no banco de trás. O carro era bem grande! Não faço idéia do nome dele. Tem sete lugares, contando com o motorista. E ainda da para esperemer mais e conseguir nove!

– O que eu queria saber é por que ela nunca quer realmente um. – Ele sussurou no meu ouvido e eu estremeci

– Lembra o que conversamos? – Pergunto ao Bernardo e ele nega – Vamos ser amigos por enquanto, as coisas estão pelo avesso! Já faz quase dois dias que minha mãe foi raptada! E faz pouco tempo que eu descobrir certas coisas sobre mim. Vamos dar um tempo, ok?

– Certo... – Ele disse com um ar de decepcionado – Entendo, mas depois não terá desculpas – Ele beijou o canto da minha boca e me fez arder. – Você sabe que voltará a ser minha.

ME FAZER ARDER ENQUANTO ESTOU PREOCUPADA COM A MINHA MÃE?! GAROTO RETARDADO! IDOTA! EU SOU UMA IDIOTA TAMBÉM! A culpa não deixa de ser minha de gostar! AAAAH ARDEU DE NOVO. QUE MERDA!

– Temos que achar ela agora – Exclamo olhando pelas janelas do carro e tocando devagar no laço, para ver se ele para de tremeluzir.

– Não – Diz Bernardo calmamente – Temos primeiro que encontrar o lugar em que vamos ficar. Sabe que não será hoje que a acharemos certo?! Os olhos de fogos são conhecidos por não deixarem rastros, e quando digo isso quero dizer não deixarem nada.

– Mas temos que procura-la hoje! – Olhei para ele com um olhar de cachorrinho pidão mas ele não se converteu. – Esta bem... – Disse sem vontade – Vamos para que hotel?

– Um que é na próxima esquina – Diz Sofia, alto suficiente para o motorista ouvir, olhando para o GPS do celular.

O hotel que ela encontrou era lindo e perfeito. Convensi o recepcionista que não precisavamos pagar nada. Com meu dom... Sei que talvez seja descontado dele... Mas, tudo bem, não temos dinheiro, é uma boa desculpa.

Assim que já estávamos com tudo nos quartos chamei quem quisesse ir comigo para a primeira varretura nos arredores. Sofia disse que viria, Robert disse que ia dormir. Bernardo, Ash e o irmão simplesmente dormiram assim que tocaram na cama.

– Então, sou só eu e você, Sofi. Está preparada para me aguentar?

– Não, mas treinei bastante no acampamento.

– Foram apenas algumas, poucas, semanas! – Disse descendo de elevador até o primeiro andar. – Vamos pegar um táxi?

– Sim, bem melhor – Ela sorriu e alongou as costas. – Não estou com vontade de andar e afinal, o anel vai sinalizar por onde ir mesmo. Então não teremos tanto problema.

Eu conseguia notar, sozinha, que ela estava esgotada, cansada, e como eu, pertubada. No entanto, sei que ela não me deixaria sozinha por ai. Depois que tudo o que aconteceu até hoje, SEMPRE tive ela comigo. Mesmo nem sempre me apoiando. Nos conflitos com Kevin, Logan, Bernardo, até com Mike ela tentava me ajudar. E agora com a minha mãe. Senti o anél esquentar. Devo estar perto do que procuro.

– O que você acha que Logan está fazendo agora? – Ela perguntou olhando pela janela do táxi, que agora estava no sinal.

– Se divertindo com a Valentina, treinando, suando... – Eu disse. Mas por que motivos, logo a Sofia iria pensar nele?!

– Sério? – Olhei para ela e fiz que sim com a cabeça – Já eu acho que ele está lanchando no Subway – Olhei para o lugar que ela apontava. EI! EU NÃO ESTAVA PENSANDO NELE!

– Mas que merda ele está fazendo aqui? –Pergunto saindo do táxi e Sofia atrás de mim.

– Ei garota – Disse o taxista em inglês – Você tem que pagar.

– ACHE QUE EU JÁ PAGUEI E NÃO ME PERTUBE – Eu disse ao me virar para o táxi e ele se foi – Olhe! Ele está com a mais recente assassina ali.

– Ai ai... Primeiro os elogios, depois os amores... – Disse minha grande amiga sábia ao meu lado – Olha eles nos viram. Quer fugir ou esperar?

Olhei atrávez da rua e eles já estavam atravessando na faixa. Tarde de mais para sair de perto...

– Hestings! – Ele me agarrou e me girou – Que saudades sua! Quando soube da sua mãe vim correndo!

– E como soube dela? – Perguntei olhando para ele de tão perto e soltando os braços dele em volta de mim.

– A Vale disse que os amigos dela contaram – Ele olhou da Valentina para mim – E já que era de você eu acreditei e vim logo – Ele sussurou no meu ouvido a ultima frase.

– E como você sabia? – Perguntei para ela

– “Que bom que vieram” – Ela tentou imitar minha voz – Estamos aqui para ajudar. “Obrigada!” – Valentina me olhava com nojo. – Educação existe

– Não depois de você tentar me matar algumas vezes – Minha voz soou fraca.

– Estamos aqui para ajudar em tudo que conseguírmos – Logan ainda me abraçava apertado – Pensei que você estava morta! – Ele beijou minha bochecha.

– Certo, certo – Disse Sofia nos soltando – Eu também estou bem!

– Eu sei “maninha” – Ele pegou Sofi e a jogou para cima – Não consegui falar com a sua tia, Hestings. Aí, pecebi que estava tudo errado. – Log olhou para mim – Mas, Nova York? O que o clã do seu amiguinho estava pensando!? Aqui é tão movimentado!

– O que você aprendeu no acampamento? – Perguntou Sofia com um sorrisinho – Tive aula de me esconder, você ficou tanto tempo mais e não teve?

– Tive, acho, mas foi a tanto tempo... – Disse Log coçando a cabeça – O que estavam fazendo?

– Procurando Rachel?! – Disse Sofia com indignação – Desde que começou a namorar com essa ai você perdeu neurônios?

A Sofia sabe dizer bem o que penso. Espera! Ela falou exatamente o que pensei. Olhei para minha mini amiguinha e sorri. Ela soltou minha mão.

– Consigo ouvir o que você pensa se eu estiver tocando em você – Ela sussurou – Apesar da sua mente ser muito bloqueada. Acho que você me deixou passar.

– Deve ser legal ter esse dom – Sorrio e volto minha atenção para o casalzinho na minha frente – Hum, então, tchau. Depois nos vemos.

– Onde vocês estão hospedados? – Perguntou Logan

– Vem cá – Puxei a mão dele até a esquina – Eu não confio na sua namorada, desculpa. Se quer realmente saber... Esquece, não vai saber, ninguém vai. – Olho para trás e vejo os espiritos amigo da Valentina vindo na minha direção. – Qualquer coisa, se quiser me encontrar, diga a Remendo.

Ele me olhou com uma cara de “Poxa! já vai me deixar? E sem um numero?”

– É melhor que celular. – Olhei para Sofia e gritei seu nome. Ela veio rápido com a carrapato atrás dela. – Vamos logo, tchau Log, se cuide.

– Você também, Hestings – Ouvi ele dizer antes de entrarmos em outro táxi.

Passamos por muitas quadras. E nada do anél ficar mais quente como naquele instante. Será que ela passou dentro de um carro perto de nós e não a vimos? Não importa o que passou, agora temos que acha-la o mais rápido possivel. Nem sei por que pegaram logo a minha mãe. Não poderia ser outra não?

Chegamos no hotel tão mais exaustas. Deviamos ter saido! Quem foi o idiota que deu a idéia de sair aquela hora?! Sem dormir antes? Espera! Fui eu...

– Vai dormir direto, não é? – Disse Bernardo no meu pescoço. Ele estava deitado ao meu lado na cama me fazendo cafuné. – Você devia – Ele não me deu tempo de responder – Uma boa noite de sono te fará bem

– Ao menos que eu tenha um pesadelo – Digo baixo e ele finge não ouvir

– Você poderia me dar uma chave? – O loiro me pergunta e eu olho com duvida estampado na minha cara. – Para esses portões de ferro que você tem dentro da cabeça. Não me deixa passar pelas barreiras. É pessoal?

– Não – Digo e fecho os olhos. – Sofia também me disse que não consegue alcansar o que tenho aqui dentro – Bato na minha cabeça devagar e sonolenta. – Vou tentar dormir...

Não escuto mais nada depois que o sono vem.

A utlima coisa que penso é uma simples frase de minha tia.

Isso aqui vai te fazer sentir quando estiver perto do que quer achar. Qualquer coisa que queira achar, não queira achar problemas. Ela disse.

Não queira achar problemas.