Capítulo 27 - Pesadelo ou realidade?

Escuridão.

Parecia noite, mas não tenho certeza.

Olho em volta. Há uma janela longa, porém, escondida atrás de uma cortina vermelha bem escura. Tudo estava instável, nada era exatamente como via.

Alguma pessoa acendeu a luz, assim, finalmente, vi alguém. Sentado e tremendo.

Minha mãe. Lá estava ela, depois de tanto tempo. Sentada na frente de uma longa mesa. Rachel estava desacordada até a luz acender. Ela piscou devagar. Cheguei mais perto e acenei para ter certeza.

Contudo, ela não me via.

Olhei para quem estava vindo em sua direção, além da escuridão, e consegui enxergar um homem. Grande e musculoso. Devia ser um pouco mais velho que minha mãe. Já tinha alguns fios brancos.

Me inclinei um pouco e vi mais duas pessoas.

Uma mulher jovem, mas nem tanto, de vestido preto. Ela usava coque e óculos. Parecia uma secretária. A outra pessoa não prestei muita atenção, pois minha mãe estava gritando.

Mudei meu foco para as mãos que estavam amarradas no braço da cadeira e Rachel tentava se soltar. Me deu vontade de gritar. Mas se era uma cena real, talvez eles me notassem.

– Calma! – Disse o homem. – Você não precisa ficar com medo de morrer – Ele riu, chegando perto da minha mãe e colocando a mão no cabelo dela. – Você vai desejar morrer se não nos der o que queremos! – O homem gritou

– Senhor, ela vai seder – Disse a “secretária” – Posso usar o meu dom, se o senhor permitir? – O homem assentiu. Olhei para a mulher e percebi que estava tocandonuma boneca que tinha nas mãos. Era muito parecida com a minha mãe. A mulher apertou com vontade o punho da boneca de pano.

– Ah! Uma vida eterna sozinho é um tanto deprimente. Por que não tentar ter uma familia? – Minha mãe gritou de dor e de ódio. – Já sei! Por que nenhuma mulher vai te querer?

– Já tenho filhos – Ele rugiu – E eu não ligo para o amor, idiota! Quero a informação. A sua vida não é boa o bastante? Não quer continuar com ela?

– Posso senhor? – Perguntou a secretária e o homem confirmou. A mulher olhou para minha mãe sorriu e apertou o outro punho. Rachel se contorcia de dor.

– Eu não ligo para meus punhos, Braden! – Minha mãe não parecia a fragil dançarina. Parecia que não iria desistir por nada.

O homem olhou com raiva e tocou no ombro da minha mãe que agora estava com uma marca de mão. Como se tivesse a queimado ela gritou. Branden olhou para a secretária esperando alguma resposta. E a teve.

– Ele morreu, ela só tem uma filha. É o que consta na pesquisa que o garoto Wegel nos trouxe.

– Ele conhece a garota? – Perguntou Braden e ela confimou – Ótimo. Olhou para minha mãe – Quem sabe por essa garota você faz algo que mude tudo?

Olhei a cena por mais uns segundos. A mulher fazendo minha mãe gritar. O Sr. Braden rindo e queimando-a. E o jovem, virado para um livro e lendo. Com este na cara.

Enfim acordei... Acho que preferia ficar naquele sonho do que acordar para o mundo real. Podia ser um pessadelo mas pior do que a realidade humana não era. Ou era? Quem diria que nosso mundo das sombras seria cheio de imperfeições.

Enfim acordei... Acho que preferiria o sonho da tortura. Era um sonho e não a vida real, mas tinha minha mãe. O que é tudo para mim. Não doia pensar no sonho, como outras coisas que andam me afetando. Não doia por que se fosse real, ela ainda estaria viva. Eu só precisava escolher entre fugir ou lutar. Guerra leve a guerra. Lagrima é seguida por lagrima. Tristeza é em conjunto...

Pisco os olhos devagar até conseguir enxergar o quarto.

Sinto meu rosto no peito duro de Bernardo. Ao gostar da sensasão sinto meu laço arder. Para seguir com meu destino, tenho que me desligar de tudo, pensei. E ele é a quem estou realmente ligada. Vai ser dificil de convense-lo.

– Ei, garoto – Cutuco o braço forte que está na minha cintura. Ele me apertou e puxou para perto resmungando e voltando a dormir – Ei! Acorda. Já é de manhã. – Cutuco de novo e nada além de mais um puxão. Eu já estava quase em cima dele.

– Para de se mexer, minha linda – Ele murmurou – Eu quero dormir e você vai ficar comigo. – Bê me virou e acabei parando no outro lado da cama.

– Agora já está exagerando! – Digo alto e vejo um sorriso no canto de sua boca. Bernardo, de olhos fechados, chega perto e beija a minha testa.

– Você é sempre assim de manhã? – Pergunta afroxando minha cintura.

– Assim como? – Me mexo tentando sair do abraço, mas ele não deixa e abre os olhos.

– Assim, agitada, mal humorada, irritadinha – Ele sorri e tenta dar outro beijo em minha testa mas ardo antes e o afasto.

– É sério. Preciso contar do meu sonho. Cada detalhe. – Sou tão fria, que Bernardo finalmente entende e senta na cama.

– Conte-me – E eu contei. Todo o sonho. Todas as falas. Minha mãe gritando. Sobre eles virem atrás de mim – Entendo. E você quer fugir? – Be não esperou a minha resposta – Vou te proteger.

– Não pretendo fugir – Digo rápido – Eu vou até o lugar em que estiverem. Não vou deixar minha mãe sofrer.

– Não posso deixar você se machucar – Ele tocou meu ombro – Simplesmente não posso.

– E eu sei como fazer você poder – Tento ser susinta. Puxo um pouco a blusa dele e vejo o laço. – Vamos ter que romper.

– MAS MORREREMOS SE FORMOS RASGADOS! – Ele se levantou e gritou. – Pare com essas idéias loucas. Não conseguirá nada!

– Mas eu preciso me soltar! – Digo com vontade e ele me faz andar até a parede

– Você quer isso? – Bernardo me imprensa contra a parede e segura em meus ombros – Quer quebrar os laço? E como faria isso?

– Mike. O mago fez com ele, e assim Mike aprendeu. Disse a mim que poderia me desligar de você. Assim nenhum de nós sofreria por algo...

– Não – Bernardo disse

– Não é nescessário que os dois concordem. Basta um para funcionar – Digo e ele fica tenso.

– É o que quer? – Seus olhos dourados brilhavam de medo e angustia enquanto ele repetia a pergunta. – Quer que não sejamos assim? – Ele me deu a mão e senti a ligação.

– Seria melhor para você – Digo e me repreendo.

– É o que você realmente QUER? – Seus olhos nos meus me impedem de mentir, mas não de mudar o foco.

– Quer saber o que quero? – Pergunto me soltando e indo até a porta do quarto – Quero uma torta alemã! Uma torta! E vou comprar, com toda liscença possível.

A mudança de assunto foi pésima, me deu até fome. Michael. Ele vai me entender e ajudar.

– Eu te ajudo – Enfim Mike fala, depois de um longo tempo em silêncio. – E o melhor jeito que posso te ajudar princesa, é te deixando acorrentada a aquele rapaz. - Ele olha para baixo. Mike não quer isso.

– Mas... Foi você que me deu a idéia de me desligar! – Grito batendo na pia do banheiro. Ele estava no banho e colocou a toalha de pressa quando passei pela porta.

– Não foi minha idéia te entregar de bandeja para o senhor do clã dos olhos de fogo!. Está na cara que ele vai mata-la! Tortura-la!

– Mas é o que ele está fazendo com a minha mãe! – Digo bufando – E Rachel é uma simples humana!

– Um simples humano não aguenta por muito tempo ser acorrentado. E você me disse que ela fez isso com seu pai. Então ela se transformou, Suzanna.

– Ela é uma de nós? – Agora sim eu estava confusa.

– Não. – Diz Sofia atrás de mim, me fazendo cair em Mike. – Ela continua humana, mas aguenta muito mais que qualquer um deles. Mesmo sem sangue de anjo.

Olhei para Mike ainda de toalha e sai do banheiro com Sofi do meu lado me explicando a situação de minha mãe. Rachel é forte. Muito forte agora.

– E é por isso que temos que fugir – Diz Sofi

– É por isso que EU tenho que ir até lá! Tira-la das garras de Braden. Ela parecia o conhecer. Será que eu o conheço? – Perguntou me lembrando da cena.

– Primeiro – Ash surgiu e se sentou no sofá pequeno – se o sonho foi mesmo a realidade, se ele te conhece, não sabe quem é você.

– Segundo – Diz Rob ao lado dela – Quem irá te caçar é o Harry. E ele é um garoto do clã dos olhos de fogo.

– O que é sinonimo de: você morta – Sofia parece descansada da noite anterior, porém, não tanto.

– Pelo menos ninguém sabe que esta aqui – Bernardo disse cruzando a sala e me olhando sério – Certo?

– Logan e Valentina sabem – Diz Sofi – E a garota a quer morta... E Su acha que ela tem algo de errado.

Sofia está certa. A garota, Valentina, faria de tudo para ter a mim longe de Logan. Será que faria com que eu morresse também? O mais longe possivel é a morte, certo?