– Hera?! O que faz no meu quarto? – tentei parecer irritada, mas bem no fundo, eu estava com um pouquinho, minúsculo medo

– Ora, ora, ora. Vejamos se não é Thalia chegando meia noite e meia em casa com um garoto – fala Hera dramaticamente – Sabe quem gostará de saber disso? Seu querido pai, que te esqueceu aqui quando foi viajar com o filho favorito dele, Jason

– Pode contar – falo a desafiando

– Essa é a sua madrasta? – fala Nico pra mim

– Infelizmente, é sim - respondo

– Quem é esse garoto, Thalia? – pergunta Hera olhando Nico com desprezo

– Meu namorado – falo e posso ver a cara de raiva dela. Amei.

– Você está namorando um vândalo baderneiro?! – indaga Hera

– Ele não é um vândalo baderneiro e agora você já falou demais. Que tal sair do meu quarto? – falo irritada

– Cadê o respeito, Thalia? – ela pergunta

– Foi embora junto com a sua honestidade – falo vitoriosa

– Sabe o que também irá embora depois? Você. Espera só até seu pai ver como você está indo – ela ameaça e sai do quarto

O clima fica meio tenso, mas ai eu tento reverter a situação.

– Vem, vamos lá. Tem algum quarto de hóspedes limpo – eu falo

– Ah ta. E eu, seu namorado vai dormir no quarto de hóspedes? Se liga, Thalia. Se quer mesmo que Hera acredite nisso, eu vou ter que dormir aqui – ele fala e eu olho pra ele como se ele estivesse doido

– Você tá doido? Dormir no meu quarto?

– Quer continuar com o plano?

Vencida, dou as costas pra ele, pego meu pijama no closet e vou pro banheiro tomar meu banho e tentar esquecer o fato que o cara que eu mais odeio está no meu quarto e que vai dormir nele.

Termino meu banho e ponho meu pijama azul, que é composto por um short e uma camiseta regata.

Saio do banheiro e vejo o acéfalo sentado no chão.

– Me dá uma toalha ai, Grace – ele pede, ou melhor, ele manda. Que folgado

– Pra que?

– Olha como é inteligente – eu ironiza e eu, super madura, mostro língua pra ele – Eu vou tomar banho, óbvio

– Já te falei em como você é folgado? E que roupa vai por depois?

– Arruma qualquer uma ai – ele fala e vai pro MEU closet, sai com uma das MINHAS toalhas e depois vai pro MEU banheiro.

Com raiva saio do quarto pra tentar achar alguma roupa pra ele. Vou no quarto do Jason e pego um pijama dele e por sorte do Di Ângelo, tinha uma cueca ainda na embalagem, sem usar.

Levo pro meu quarto e espero ele sair do banho. Alguns minutos depois, ele sai do banheiro com a toalha envolta de sua cintura e uou... ele ainda pode estar com os hematomas da briga, mas não deixa de ter um copo BEM definido.

– A baba vai cair, Grace – ele fala debochado enquanto eu jogo o pijama do Jason pra ele, e entra no banheiro de novo.

Então eu deito confortavelmente na minha cama de casal, bem espaçosa e penso na noite mal dormida que o Di Ângelo terá dormindo no chão. Sorrio com o pensamento e já até vejo ele amanhã com dores nas costas. Pelo menos isso vai alegrar o dia.

O idiota sai do banheiro, agora vestido e vem em direção à MINHA cama.

– O que você pensa que está fazendo? – falo calmamente

– Indo dormir – ele fala e deita na MINHA cama

– Você não vai dormir na MINHA cama! – digo dando ênfase no minha

– Ah não é? Tenta me tirar daqui – ele fala e eu tento. Tento empurrá-lo, fazê-lo descer... tento de tudo mas ele não sai!

Sem alternativa do que fazer, me viro e decido dormir e após um tempo, consigo.

Acordo com o som do despertador e leva um segundo pra mim perceber que tinha alguém na minha cama. Ai me lembro do Di Ângelo.

Levanto, pego uma toalha e vou pro banheiro e faço questão de bater a porta bem forte por que ele ainda estava meio sonolento.

Tomo meu banho maravilhoso até que começo a ouvir a vaca da Hera gritando. Ignoro ela e continuo, mas estava me irritando.

Saio do banheiro e vou pro meu closet. Fecho a porta e começo a escolher minha roupa. Acabo optando por uma calça preta meio rasgada, uma camiseta da skillet (uma das minhas bandas favoritas) um coturno e uma jaqueta preta.

Vou pro quarto e vejo o Di Ângelo ainda jogado na cama. Uma ideia maléfica vem na minha cabeça.

Desço pra área de serviço e acho um balde. Levo pro meu quarto e encho o balde no chuveiro com água gelada.

Caminho lentamente até a cama e levanto o balde. Jogo toda a água gelada no acéfalo, que se levanta num pulo enquanto pareço que estou tendo um ataque epilético de tanto rir.

– Grace, você vai ver! – ele grita, nervoso e começa a correr atrás de mim. Eu saio do quarto correndo e vou descendo as escadas.

Já estávamos na sala de estar com ele me perseguindo, agora nós dois ríamos da situação. Até que ele me alcança e me abraça, molhando um pouco minha jaqueta.

– Cara, isso foi muito engraçado – falo quando consigo parar de rir

– Odeio admitir, mas foi mesmo – ele fala – Vem, temos que nos trocar pra ir pra escola

Percebo que ainda estávamos abraçados e trato de me desvencilhar. Eu estava me divertindo com um inimigo.

Subimos as escadas e enquanto ele vai pro meu quarto, eu vou no quarto do Jason pra pegar alguma roupa pra ele. Acabo pegando um jeans e uma camiseta preta que eu nem sabia que o Jason tinha. Volto pro meu quarto e jogo as roupas em cima do idiota Di Angelo.

– Ah, valeu – ele fala e começa a tirar a roupa na minha frente

– O que está fazendo? – pergunto abismada

– Trocando de roupa, né – ele fala simplesmente e tira a calça do pijama. Eu viro pro outro lado – Pode virar, Grace, eu sei que você ama esse corpinho

– Nem nos seus melhores sonhos

– Ah é? Então por que ficou tão constrangida?

– Vai se ferrar! – falo me virando e ele está tirando a camiseta

– Não consegue evitar me olhar né? – ele fala se aproximando, agora sem camiseta. Ele já está muito próximo... muito próximo.

– Senhorita Grace, você... – ouço uma voz na porta, o que me faz virar bruscamente e ver Guadalupe na porta – Ah, me desculpa... não sabia que estava acompanhada – ela diz e sai fechando a porta

– Termine de se trocar logo! – falo me afastando e ele põe a camiseta

– Vem, vamos tomar café – eu falo de novo após ele colocar a camiseta e pego minha mochila que estava jogada num canto do quarto.

Descemos pra sala de jantar onde a mesa do café já está posta.

– Senhorita, eu deixei a mesa posta já que não sabia se você iria tomar café hoje – Guadalupe fala. Ela estava varrendo o chão.

– Ah tá, valeu – falo e me sento sendo acompanhada pelo Di Ângelo

Nós dois começamos a comer, estávamos morrendo de fome.

– Nossa, não sabia que isso agora virou um zoológico – ouço a voz irritante de Hera – Estão comendo como animais

– E eu não sabia que isso tinha virado uma fazenda pra ter uma vaca na minha sala de jantar – revido e continuo comendo igualmente ao Di Ângelo, que agora tomava um suco de laranja.

Hera sai resmungando alguma coisa e nós terminamos de comer.

– Vem, vamos pra escola – chamo o idiota pra ir pra escola

Vamos pra garagem e eu vou em direção a minha moto.

– Moto legal, Grace – ele diz

– Valeu – falo subindo na moto. Ele sobe logo após e põe suas mãos na minha cintura. Pego um capacete e dou outro pra ele.

Começo a dirigir pra ir pra escola e vou aumentando a velocidade. Já estava em 180 quilômetros por hora quando ouço uma sirene da policia.

– Corre, Grace. É a policia! – o Di Ângelo grita no meu ouvido

– Ai meu Deus! – falo e aumento a velocidade e começo a tentar driblar a policia.

Entro em várias ruas e por fim não ouço mais a sirene.

– UUUUUUU!!!! – começo a comemorar por ter conseguido driblar a policia

– Essa foi por pouco – fala o Di Ângelo

– Agora vamos pra escola e... – começo a falar mas ouço a sirene de novo – Ah não

Começo a driblar a policia de novo, e entro em várias ruas. Atá que desvio um pouco da minha atenção pro retrovisor pra ver a policia quando sinto que bati em alguma coisa.

O momento a seguir é como se tivesse sido passado em câmera lenta. Eu e o acéfalo caindo da moto em cima de alguma coisa e eu vendo minha moto cair.

Após um minuto, consigo reparar que caí em cima de um monte de sacolas de lixo junto com o Di Ângelo.

– Parados! – então vejo um policial com a arma apontada pra nós

Eu to ferrada.