- Comece pela boa... – Anne falou, curiosa.

- Pensei que fosse escolher a ruim... – Disse Nick, olhando torto para ela.

- É comum demais... – Comentou Anne. Fury riu por alguns segundos, mas logo parou. Era como se ele não pudesse rir num momento daqueles. Isso deixou Anne ligeiramente mais aflita.

- Bem... Os Vingadores estão todos bem. Estão hospedados no Palácio de Odin a convite do Thor... Conseguimos expulsar os Jotuns, mas essa guerra está apenas começando. Devemos permanecer aqui até que isso esteja totalmente solucionado. – Contou Nick, parecendo quase inexpressivo. Fitava o fim do corredor.

- E a ruim? – Indagou Anne, sem saber ao certo se Nick já tinha respondido isso ou não.

- Enquanto estivermos aqui, Loki vai precisar de segurança máxima. Ele é o alvo dos Jotuns, que querem libertá-lo. Preciso... Preciso que você passe um tempo com ele. Aqui, na prisão.

- Você ficou maluco, Fury? – Foi a única coisa que Anne conseguiu dizer, movendo os pés impacientemente sem sair do lugar. – Você quer que eu fique na cela ao lado desse criminoso para tomar conta dele?

- Anne, você não compreende os níveis emergenciais... – Começou Fury. Estava ligeiramente resignado, como se tivesse previsto a reação negativa de Anne.

- Não. Eu não compreendia nada mesmo. Agora, percebo o quanto você e sua organização idiota querem me usar. – Interrompeu Anne, furiosa.

Era como se, de repente, muitos fatos fossem assimilados por ela. Finalmente, chegara a uma conclusão. A SHIELD a usara todo o tempo. Sentiu-se uma idiota por ter entendido tudo só naquele momento. Isso porque, desde que fora parar naquela base, Fury viu muitas vantagens em ter Anne na equipe. Ele não tinha nada a perder. E agora, queria mandar Anne para uma cela em outra dimensão com o pretexto ridículo de “níveis emergenciais”.

- Desde o começo você sabia o que iríamos encarar. Sejamos sinceros, Fury. Você podia ter me contado o plano. Mas não, você chega de repente e diz que eu vou passar um tempo naquela sala com o deus da trapaça. Esperto demais da sua parte. – Acusou Anne, apontando o dedo indicador para ele. Fury, ao contrário, não parecia sequer consternado.

Sua expressão era quase indiferente, até entediada. Anne teve certeza de que Fury já usara agentes dessa maneira anteriormente. Inclusive, sabia como lidar com esse tipo de coisa muito bem.

- Já acabou seu showzinho, senhoria Stein? – Perguntou ele, ácido.

- Não. Mas sou educada, então, se quiser falar, dou permissão. – Ironizou Anne. Um brilho maligno perpassou os olhos negros de Fury, mas ele falou mesmo assim.

- Eu lhe disse que iria moldá-la do meu jeito para ser uma Vingadora. Você concordou. Eu lhe ensinei como se faz. Agora, seja mais esperta, entre naquela cela, e faça o que tem de ser feito. – Disse Fury, a voz ligeiramente contida.

Anne teve ainda mais raiva. Era como se algo insano fermentasse dentro dela. Fury e toda a SHIELD estavam dispostos a usá-la. O fato de Anne ficar tomando conta de Loki sempre estivera decidido. Era isso que a irritava. Fury poderia ter contado a ela seu plano. Anne não discordaria, apenas teria mais tempo para adaptar-se a situação. Mas agora, com tudo jogado diretamente sobre ela, isso se tornava cada vez mais difícil. Sentia-se traída e, inconfundivelmente, usada.

- Não estou discutindo seus planos. Estou discutindo o modo como você os repassa a seus agentes. Se eu estou aqui, foi porque vi a gravidade da situação e quis ajudar. Se eu não estivesse aqui, você provavelmente estaria morto e congelado por algum Jotun. Pense nisso, Fury. – Disse Anne, virando-se.

Estava pronta para atravessar a barreira de energia quando se lembrou de dizer algo a Fury. O tom de voz de Anne era sarcástico quando ela falou:

- Eu tomo conta da Rena. Mas saiba que não é por você. Nem pelos Vingadores. É pelo futuro da humanidade. Isso vale mais que você. Sabe disso.

Bom, a verdade era que Anne abusara um pouco de sua condição.

De nenhum modo ela deveria falar com Fury daquela maneira áspera. Entretanto, ele a decepcionara ao ocultar-lhe o que planejava para ela. Anne teve raiva. Por causa disso, simplesmente precisou dizer tudo o que sentia, utilizando fortes ironias. Mas Fury precisava dela de qualquer modo, caso quisesse vantagens de batalha. Ele não poderia fazer nada contra Anne somente por ela insultá-lo. Fury era inteligente o bastante para não tentar nada agora. Por isso, Anne desfrutou de sua temporária liberdade impune para ofender Fury e sua instituição.

- Covardes... – Murmurou ela enquanto passava para o lado de dentro da cela, fundindo-se à cerca. Nick virou-se e sumiu depressa pelo corredor escuro.

Anne atravessou o meio energético e se postou na parede oposta a Loki, encostando-se casualmente. O deus, que estivera igualmente imóvel, levantou os olhos vagarosamente. Logo Anne pôde ver os olhos verdes cintilando de cobiça por informação, mas não soube dizer se ele teria ouvido a conversa ou não.

- Decepcionada com a sua turma de heróis patéticos? – Indagou Loki, cruzando os braços e sorrindo lateralmente.

Anne sorriu para ele em resposta. Decerto, nas condições em que se encontrava, Loki não poderia fazer nada de perigoso. Ou, pelo menos, nada que Anne não pudesse impedir. Ela refletiu durante um tempo e resolveu contar a ele parte do que acontecera. Obviamente, ela não lhe daria tudo de imediato. Mas Anne precisava desabafar com alguém. Além disso, contar um pouco disso a Loki faria Anne cumprir mais uma vingança pessoal contra Nick e a SHIELD.

- Completamente decepcionada. – Comentou Anne, carregando no tom dramático.

- E eu posso saber o que eles te fizeram? – Perguntou Loki, aproximando-se e se pondo ao lado de Anne.

Nesse instante, ela pensou que talvez não fosse uma boa ideia contar a ele, porque a presença do deus a afetava de alguma forma. Mas continuou mesmo assim, decidida.

- Fury não me falou que eu deveria tomar conta de você. Mas ele sabia disso desde o início. – Disse Anne, inclinando o rosto para ver Loki diretamente.

Loki pareceu aturdido por algum tempo. Os olhos verdes e límpidos do deus saíram de foco por um instante. Enquanto isso, Anne descobria que ainda tinha raiva dentro dela.

Ora, Fury tinha um plano traçado para ela desde o começo. Sempre estivera estabelecido que Anne deveria permanecer com Loki na cela. Certamente, ela fora treinada como agente para obedecer Fury e sua instituição. Ela cumpriria todas as ordens dadas, inclusive a de ficar com Loki. Entretanto, ao ocultar isso dela, Nick a deixara imensamente com raiva. O fato de ele ter ocultado isso dela para usá-la como bem pretendesse, sem que Anne pudesse recusar. Era esse o problema que a afligia. Por isso, despejara ofensas a Nick e a SHIELD, porque eles nada fariam contra ela. O Governo precisava de Anne para ajudar Asgard a vencer os Jotuns. E Anne, por questões de fazer o que acreditava, precisava ajudar a todos no salvamento do mundo.

Sim. Anne preocupava-se com isso. Preocupava-se em usar seu poder recém adquirido para algo útil. Ainda que tivesse de agüentar as ordens militares de Fury, ela sabia o que precisava ser feito. Ficar na cela com Loki nunca lhe fora opção. Era seu destino.

- O que? – Indagou Loki, depois de algum tempo.

- Sim, deus da trapaça. Fury determinou que você precisa de um segurança. Eu vou ficar aqui tomando conta de você. Não tente nenhuma gracinha. Pode acabar se arrependendo... – Disse Anne, rindo discretamente. Isso acalmou um pouco os nervos dela.

- Está me dizendo que vai ficar aqui? – Perguntou Loki, incrédulo. Além disso, sua expressão era insondável.

- Exatamente. – Confirmou Anne.

Loki virou-se de modo que ela não pudesse ver a sua expressão. Sentia um misto de ódio e aceitação. Ainda não sabia muito bem quando Menglod viria resgatá-lo, mas sabia que o Rei viria em breve... Ele precisava de Loki para encontrar o cubo. E Loki precisava de Anne para dominar. Então, Loki sabia que a presença da garota atrapalharia seus planos de fuga, uma vez que ela deveria ser poderosa para estar na equipe dos Vingadores. Por outro lado, ele teria mais tempo para ficar com ela e descobrir mais sobre sua personalidade e sobre o que ela teria a ver com o sonho de Menglod. Era um impasse.

Mas, já que Loki nada poderia fazer para tirá-la de lá, resolveu aproveitar o tempo que tinha disponível para retirar de Anne tudo que lhe pudesse ser útil. Infelizmente, pelo que o deus notara, Anne dificilmente caía em armadilhas ou manipulações por parte dele. Isso dificultava um pouco as coisas.

- Então, creio que o fato de você ficar aqui te decepcionou, visto que está tão furiosa... – Afirmou Loki, voltando seu rosto para ela. A expressão cuidadosamente recomposta.

- É claro que eu não gostaria de estar aqui. – Respondeu Anne, surpreendendo-se com sua sinceridade. Na verdade, ela não encontrou motivos para mentir para o deus que agora a interrogava.

- Sou tão ameaçador assim? – Perguntou Loki, agora mais perto do que nunca. Anne sentiu o hálito fresco do deus bem perto, e parecia hipnotizada pela áurea daqueles olhos verdes penetrantes.

- A questão não é essa. – Anne respondeu, constrangida. – Tenho ordens a cumprir. E eu não me importo com o que Fury me manda fazer. Importo-me com o modo que ele o faz. Não concordei com suas mentiras.

- Ainda acho que o problema sou eu... Já estou acostumado. Um cara louco que tentou matar todo mundo para governar a Terra. Deve pensar que mereço tudo isso.

- O problema não é com você. – Disse Anne. De fato, ela o via apenas como mais uma missão a ser cumprida.

- Está com medo agora? – Perguntou Loki, aproximando-se e quase a tocando. Anne quis muito afastar-se, mas o deus exercia algum efeito sobre ela que a deixou estática, ansiando secretamente pelo toque...

- Mademoiselle Stein! – Alguém chamou. Loki interrompeu-se, deixando mais uma vez sua presa escapar.

- Gambit! - Exclamou Anne, novamente fundindo-se à grade e chegando ao corredor externo.

- Olá, ma chérie... – Cumprimentou ele, abraçando Anne e beijando-lhe a testa carinhosamente.

- Você está bem? – Perguntou Anne, observando ferimentos espalhados pelos braços de Gambit.

- Foi uma luta difícil, mas conseguimos alguma vantagem. Nós os impedimos, mas os Jotuns planejavam vir para cá. Acho que querem alguma coisa com seu... Colega de cela. – Disse Gambit, o humor sutil.

- Claro... Eu vou ficar por aqui... O meu colega de cela precisa de uma babá. – Disse Anne, rindo. Gambit era como uma bóia em meio a um mar revolto. Era a pessoa que lembrava a Anne que nem tudo estava perdido.

- Aqui está... Tem comida pra você e pro Loki. – Gambit falou e entregou uma caixa dourada metálica para Anne. Ela a pegou e percebeu que estava muito pesada. Por fim, colocou-a em um canto.

- O que tem aqui? – Indagou ela, que mal se lembrava de ter tido fome.

- Comida pra hoje. Ah... Anne. Eu falei pro Fury pra eu ficar no seu lugar. O Steve também se ofereceu... Mas ele disse que precisa ser você. – Disse Gambit, cruzando os braços impacientemente.

- Nem me fale do Fury. Nós... Nos desentendemos. Mas não tem problema. Eu fico por aqui. – Anne falou, conformando-se.

- É... Ele parecia estressado. Enfim, o plano que temos é o seguinte. Capitão, Thor e Homem de Ferro ficarão de guarda dentro do Palácio. O Hulk deve ficar no perímetro do pátio do Palácio. Eu, Viúva Negra e Gavião ficaremos cobrindo a parte de fora da prisão. Você não está sozinha nessa... – Disse Gambit.

- Muito obrigada, senhor LeBeau. – Anne irritou-o.

Mas isso não impediu Gambit de tomar a caixa dourada de volta e tirar de dentro dela uma garrafa de vinho.

Isso animou Anne consideravelmente. Tivera um pouco de receio quando soube que ficaria com Loki sozinha. Ainda que soubesse se defender e estivesse apenas cumprindo uma missão, era bom saber que teria ajuda do lado de fora. Principalmente no caso de algo dar errado. Enfim, sentiu-se grata e ligeiramente melhor ao pensar no que encararia.

Gambit tirou duas taças de dentro da caixa e deu uma para Anne. Logo, ele serviu o líquido púrpuro nas taças e os dois brindaram.

- Devo dizer saúde? – Perguntou Gambit, sorrindo.

- Conforme a tradição. – Assentiu Anne.

Porém, uma voz interrompeu-os, irônica.

- Bonito, heim... Nove horas da noite e os dois pombinhos já estão enchendo a cara em pleno horário de serviço?

- Permita-me, senhores. – Interrompeu Tony Stark, aproximando-se, retirando uma taça da caixa e enchendo-a de vinho até a boca.

- Homem de Lata! – Chamou Anne, cumprimentando-o saudosamente.

Anne surpreendeu-se com o fato de ser apenas nove horas da noite. Chegara ao que pareceram umas quatro da tarde. Então, apesar de ela não ver, a noite já encobria o céu espelhado.

- Vim apenas fazer uma visitinha. Daqui a pouco preciso ir para o Palácio. E como ele anda se comportando? – Perguntou Tony, apontando com a cabeça para a cela de Loki.

- Normal. Não caio nos joguinhos dele. – Disse Anne, bebericando o vinho.

- Loki é tão esperto quanto uma pedra. Sem poderes, então, piorou. Não se preocupe, querida, essa guerra é nossa. Tudo isso vai acabar. E é bom que termine logo. Deixei umas roupas na lavanderia e... – Continuou Tony, mas foi interrompido.

Passos no corredor indicavam que alguém se aproximava.

- Senhores... E Senhorita. – Dissera Capitão América.

Estava trajado de uniforme de batalha e com o escudo em mãos. Com o mínimo reflexo de luz, já se podia notar o brilho reluzente do vibranium.

- Olá, Capitão. – Cumprimentou Anne.

De alguma forma, Capitão olhou ressentido para ela, como se sentisse pena de Anne por ela ficar naquele lugar pérfido.

- Eu só vim para avisar que Nick calculou aproximadamente o próximo ataque dos Jotuns. Deve acontecer daqui uns três dias, mais ou menos. Preparem-se. – Comunicou ele, virando-se para partir. – Espera! Isso aí é vinho?

- Claro que não, Rogers. É um suco de uva natural. Achou que seríamos tão irresponsáveis a esse ponto? – Perguntou Stark, ultrajado. Ele acenou com a cabeça em forma de despedida e saiu com o Capitão corredor adentro.

Eles discutiram algo sobre “álcool no trabalho” e logo sumiram.

- Bom... Eu preciso ir também. Se precisar, estarei aqui... Para retribuir a companhia que você me fez naquela noite... – Despediu-se Gambit, abraçando Anne novamente.

Era um abraço quase fraternal. Anne encostou a cabeça no peito dele, deixando-se envolver pelo abraço. Ora, Gambit era o que Anne teria de mais próximo a um amigo. Era bom ter alguém mais próximo em meio àquela confusão e raiva.

- Vou ficar bem. Obrigada pelo vinho. – Agradeceu Anne.

Ela vislumbrou um reflexo vermelho, provavelmente dos olhos de Gambit, e logo esse já havia ido embora. Anne pegou a caixa e perpassou a grade energética, encontrando Loki onde o deixara.

- Está com fome? – Perguntou ela, abrindo a caixa e separando o que comeria.

Loki a olhou com superioridade e respondeu:

- Está falando sério?

Anne olhou-o confusa. Não conhecia os hábitos dos deuses asgardianos. Não sabia se Loki comia ou se até mesmo dormia, mas caso ele tivesse fome a comida estaria bem ali.

Ela escolheu algumas coisas que pareciam grãos, carne e algum tipo de sopa. Comeu rapidamente. Em seguida, Sebastian a chamou e a guiou até uma salinha que ficava do lado oposto à cela de Loki. Lá, Anne poderia ir ao banheiro sempre que quisesse. Tomou um banho, arrumou-se e voltou para a cela.

Sentiu-se como uma carcereira. Loki já estava tão acostumado ao ir e vir de Anne que mal se moveu quando ela atravessou a grade. A comida jazia intocada.

- Loki? – Indagou Anne, sentando-se ao lado do deus.

- Senhorita Stein? – Falou ele, parecendo retornar de um longo transe.

Anne sorriu e mordeu o lábio, envergonhada.

- Queria saber se estava... Bem.

Loki riu abertamente. Era como se Anne tivesse feito uma grande piada.

- Não posso ficar bem, senhorita. Tiraram absolutamente tudo de mim. – Comentou ele com pesar, gesticulando os braços dramaticamente.

- Não se preocupe... Em alguns dias eu vou embora. Terá sua cela só para você. – Disse Anne misteriosamente.

Então, Loki a fitou durante um tempo com os olhos verdes profundos. Fez menção de tocá-la, mas recuou a mão. O tom de sua voz era aveludado e fez Anne arrepiar-se:

- Se eu te dissesse que quero que fique, acreditaria em mim?

- Bom... Deus da trapaça. Conheci você hoje. Então, digamos que não. Não acredito. – Disse Anne, surpresa com a colocação do deus.

Loki deveria estar planejando algo. Agora, definitivamente, era hora de prestar a devida atenção ao deus. Ele não deveria ser tão inofensivo quanto aparentava. O modo como se referia a Anne... O jeito que ele olhava para ela... Essa última frase... Loki agia estranhamente como se conhecesse Anne de algum lugar. Como se soubesse de algo que ela não sabia. Como se Anne fosse lhe servir para algo que ela não fazia ideia. Enfim, como se Loki soubesse o que fosse acontecer com ela.

Isso a aterrorizou naquele momento. Logicamente, ela sabia da ligação de Loki e dos Jotuns. Sabia que o plano deles era resgatar o deus e usá-lo para obter o Tesseract ou até mesmo mais. Anne só não sabia quando ou como esse plano seria realizado. Mas a possibilidade de acontecer algo assim era gigantesca.

E a missão dela era impedir que Loki fosse libertado ou desligar o cubo, caso as circunstâncias piorassem drasticamente. Naquele momento, Anne preferiu não pensar mais no assunto. Não queria saber o que Loki queria com ela ou como ela faria para deter Gigantes de Gelo com cubos energéticos. Apenas concentrou-se no momento presente, deixando que o futuro ficasse onde deveria. Afinal, só poderia enfrentá-lo quando esse se tornasse o presente.

- O que você planeja, Loki? – Indagou Anne finalmente. Ela tentou olhar Loki nos olhos como se o sondasse, mas sem efeito algum.

- O que eu poderia estar planejando? Perdi meus poderes e estou trancado em uma cela com dezenas de guardas. – Colocou o deus, gesticulando em sinal de rendição.

- Não está pensando em tentar nada, está? – Perguntou Anne novamente. – Fury está ciente de seus planos. Eu estou ciente.

Loki sorriu, curvando seus lábios de um jeito que só ele sabia fazer. Não respondeu à pergunta. Limitou-se a encostar-se preguiçosamente na parede, ainda sentado.

Anne fitou-o, ainda com a sensação irrefreável de que o deus planejava algo para ela.