Os Mutantes de Rineerland

Boas Novas... Ou Péssimas?


– Então, Julietta... Eu dou a notícia ou você quer ter as honras?

– Fala logo. E anda rápido... - Ela saiu me empurrando escada a baixo para o calabouço; como sempre, muito apressada: - Tenho mais coisas pra fazer da vida, sabia?

– Claro que eu sei. Além do mais eu também tenho.

Assim que entrei vi a garota Segunda em frente uma fileira de barras, ela parecia sussurrar algo para o além. Será que tinha arranjado uma companheira de cela? Literalmente, eu quase nunca vinha aqui... Meus pais diziam que não tinha necessidade.

– Se curve. - Julietta sussurrou de uma forma sinistra, que fazia desde dos cinco anos. Clara (acho que era esse do nome da garota), pareceu notar nossa presença ficando até de pé.

– Diante de vocês... Minhas costas não tombam, e os meus joelhos não se dobram.

– Se curve; é surda ou o que, garota? - Julie estava perdendo a paciência, e ela não ficava muito feliz quando perdia sua preciosa paciência...

– Não sou surda... Sou forte.

– Forte? Forte? - Ela começou a gargalhar feito uma doida, chegando a quase a rolar de rir: - Você não é forte minha querida! De onde tirou isso?

– Do mesmo lugar que tirou sua ignorância. - Um sorriso brotou no rosto da loira; fazendo fechar o outro que era da minha irmã.

– Vamos Hector! Não vai falar nada? Eu tenho mais o que fazer!

– Cala a boca , Julietta. - Fui direto: - Boas novas, Segunda: vai ficar aqui até conseguirmos te filtrar de novo no meio dos criados.

– Como?

– Todos vão passar a achar que foi tudo um mal entendido... E só.

– Vocês não podem fazer isso! Não podem mentir para o povo! Eles dependem de VOCÊS! São covardes! Todos vocês! - Ela começou a gritar descontroladamente vindo na minha direção, pronta para se defender com unhas e dentes.

– Posso? - Julietta perguntou, enchendo a mão de água.

– Faça o que quiser. - Disse me afastando o máximo de Clara, só que ela apenas chegava mais perto. Julietta atingiu sua bola de água na direção de Clara, prestes a afogar a garota.

– Todos já pensam que é uma simples Segunda mesmo, não vai fazer falta morta...

Clara pareceu tentar falar, se afogando cada vez mais, engolindo água a cada segundo. Foi ai que vi alguém nas sombras, agarrando as grades... Era com esse alguém que ela estava falando. Era um menino. Ele chegou a se por de joelhos, mas não falava nada... Apenas implorava.

– Para Julietta... - Sussurrei sem tirar o olhar do garoto pedindo piedade.

– Não, ninguém mandou ela avançar no meu irmão. - Por mais que Julie estivesse controlando a água, seus olhos estavam queimando como fogo; aguardando a morte de Clara.

– Para Julietta...

– Ela ia avançar em você!

– PARA JULIETTA! - Gritei como meu pai sempre fazia, tacando uma onda de ar na direção dela; fazendo Clara cair no chão, tossindo... E Julietta rolar pelo solo.

– Ah... - Ela bufava, Julietta bufava na minha direção: - Quer saber? Tchau! - Começou a subir as escadas. Pensei em fazer o mesmo.

– Está bem? - Andei na direção de Clara lentamente, a vendo tossir.

– Sim. - Era mentira, dava pra ver nos olhos dela. Mesmo assim deixei com que ela se virasse.

– Já vou indo. - Não ignorei a sombra na cela nem por um segundo, ele agradecia, mesmo que eu não pudesse ver seu rosto, dava pra perceber a gratidão. Fui atrás de Julietta logo em seguida, lembrando da imagem do garoto implorando a vida de Clara.