Meu novo parceiro

Ok, na noite de sexta-feira eu quase beijei o irmão gêmeo da minha melhor amiga. Isso é um problema por vários motivos, incluindo: Um-eu tenho namorado, dois-Ele é o irmão da minha melhor amiga, três- Nós nos odiamos na maior parte do tempo. Mas a grande questão, que meu cérebro remoeu nos últimos dias, foi: Eu queria beijá-lo. Apesar de tudo, eu estava desesperada para colar meus lábios nos dele, o que é completamente errado, tirando que ele é sedutor, atraente, gato, e nos conhecemos há anos.

Mesmo quando não estava me irritando, esse garoto me tirava do sério.

***

Na segunda-feira, descobri que, na verdade, meu namorado e o irmão da minha amiga tinham saído na porrada em uma festa. Depois de quase se baterem na quadra e depois de eu os ouvir discutindo no vestiário.

O pior foi que eu tratei os ferimentos que o meu namorado causou no outro cara, sem saber que foi meu namorado quem os havia causado. Além disso, nenhum dos dois queria me contar o porque da briga, o que, imagina, não parecia nem um pouco suspeito.

Além de tudo isso, eu havia brigado com meu namorado naquela noite, para então cuidar dos ferimentos que ele tinha causado em outro cara, e quase tinha beijado o outro cara no processo.

Pois é, a vida não estava tão simples quanto eu gostaria.

***

Nate me alcançou no almoço naquele dia, se aproximando com os braços levantados, em rendição, enquanto eu caminhava em direção ao refeitório. Levantei uma sobrancelha e ele começou dizendo:

—Eu não tenho palavras suficientes no meu vocabulário para te dizer o quanto eu estou arrependido.- Ele me olhava nos olhos profundamente.- Eu não deveria ter forçado a barra com você se você não está pronta para isso. Eu só queria te ter por inteira, que você fosse minha, queria te fazer tão feliz e completa quanto você me faz.- Eu sorri.

Não tinha como não perdoa-lo depois de ouvir o tanto de coisas lindas que ele estava falando. Talvez por aquilo, ou por estar envolta no momento, que eu respondi sem pensar:

—Depois do baile. - Nate me olhou sem entender.- Depois do baile, serei sua, se ainda quiser.

Ele não respondeu, apenas sorriu, me abraçou e me tirou do chão por alguns instantes, passando o braço pelos meus ombros e me guiando em direção ao refeitório. Estávamos almoçando em uma mesa eu, Emma, Nick, Nate, Ally e Joey, quando Cameron se aproximou:

—Meninas, não vou voltar tão cedo hoje para casa, tenho algumas coisas para resolver na rua. Tudo bem se vocês voltarem a pé hoje?

—Não se preocupe, Cameron. - Disse Nate o encarando.- Eu levarei com prazer a minha namorada até a casa dela. - Ele disse, dando ênfase em “minha namorada” e arqueando uma sobrancelha.- Assim posso passar mais tempo aproveitando a companhia… E os beijos.- Cam passou a língua pelos dentes, ainda com a boca fechada. Os dois pareciam soltariam laser dos olhos a qualquer momento. Eu queria, desesperadamente, saber o que tinha acontecido entre eles.

—Ok,- Disse Cam a contragosto - mas minha irmã não entra no seu carro.

—Já chega, vocês dois, por favor. - Foi a vez de Emma falar. Ela estava irritada.Todos da mesa desviaram os olhos pra ela.- Eu e Sam voltaremos de carona com os meninos como sempre, maninho. - Ela olhava para Cam.

—Em, você não entende. - Ele respondeu em súplica, olhando profundamente nos olhos da irmã.

Cam apoiou as mãos na mesa ao meu lado para ficar mais próximo dela e enfatizar seu ponto:

—Cam, - Eu disse colocando a minha mão sobre a dele. Ele me olhou. Nossos olhos se encontraram- Está tudo bem. Confie na Em pelo menos para isso.

Ele passou os olhos de mim para minha melhor amiga e então olhou para nossas mãos se tocando. Por fim, nossos olhos nos encontraram novamente antes que pudesse dizer:

—Não é em vocês que eu não confio.- Ele bufou e passou seus olhos para a irmã. - Só me avise quando chegarem em casa, ok?- Ela assentiu e ele saiu, afastando sua mão da minha de forma áspera.

—O que foi isso, Sam?- Nate me perguntou assim que Nick e Emma se afastaram e eu fiquei sem entender.- Qual é a sua com o Woods?

—Como assim? - Perguntei.

—Vocês se odiavam e agora você fala com ele da forma mais dócil possível.

—Ah, Nate. Os dois amadureceram, estamos em trégua, nada demais. - Disse dando de ombros. - Só não era o momento para causar outra briga no refeitório.

***

A aula seguinte, biologia, não começou da forma que eu esperava. A professora decidiu que as duplas do laboratório seriam revistas, o que não deixou Nate muito feliz, principalmente pelo fato que minha nova dupla seria Cameron Woods.

No final da mesma aula, a professora pediu que eu e meu mais novo parceiro ficássemos para falar com ela. Nos aproximamos da mesa:

—Não foi por acaso que decidi colocá-los juntos nesta matéria. Senhor Woods, - Disse a professora se virando para Cam.- está na hora de começar a focar mais no colégio. Caso contrário, terei que reportar a queda nas suas notas para o diretor Ferrarri. É aí que você entra, Senhorita Vermond. - Ela olhava para mim agora. - Se concordar em ser tutora do senhor Woods, ficarei mais do que feliz em escrever uma carta de recomendação para que possa anexar a sua inscrição da faculdade.

Meus olhos brilharam. Apesar de não parecer a melhor ideia do universo, já que estávamos falando de Cameron Woods, uma carta de recomendação realmente seria útil no início do próximo ano letivo. Olhei para Cam, que me olhava de volta sorrindo:

—Eu realmente preciso de um tutor.- Disse ele, dando de ombros.- O que me diz?- Eu assenti veemente.

***

Mais tarde naquele mesmo dia, lá estávamos eu e Cam, na minha casa, prontos para nossa primeira sessão de estudos. Mais cedo, Nate havia me deixado em casa, mas sem me dirigir a palavra sequer uma vez. Apenas Emma e Nick haviam conversado no trajeto. Eu estava com todos os meus materiais a postos, esperando que Cameron encontrasse a página certa do livro:

—Ok, vamos começar pelo básico. - Respirei fundo para continuar.- Existe uma ordem de separações e subseparações para classificação dos seres vivos, denominadas categorias taxonômicas. Indo do mais amplo para o mais específico, temos as seguintes: Reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. - Disse apontando essa parte no livro.

Ele acompanhava tudo com muita atenção e fazia perguntas pertinentes a matéria. Depois de uma hora, decidi pegar um pouco de água na cozinha e ele me acompanhou. Eu decidi pegar uma maça também, pois estava com fome. Eu sentei em cima do balcão e ele se apoiou na pia, de frente para mim:

—Eu estava pensando.- Começou ele.- Desde que decidimos instaurar a nossa trégua, as coisas tem ficado muito mais leves na minha vida.

—Concordo. - Respondi sorrindo. - É tão melhor a vida em que eu não tenho que pensar em como desviar de você.

—Por isso que eu tenho uma proposta pra você. - Ele disse e eu olhei de volta para ele, curiosa. Seus olhos eram fixos nos meus.- O que acha de tentarmos ser amigos?

Eu ponderei por alguns instantes e no processo mordi a maça em minha mão, que soltou um líquido, escorrendo pelo meu queixo. Peguei um guardanapo do suporte ao meu lado e limpei a boca antes de responder:

—Eu gosto da sua proposta.- Dei de ombros.- Ainda mais, considerando que, para que eu consiga minha carta de recomendação, teremos que passar muito tempo juntos.

Completei logo antes de pular da bancada. Entretanto, assim que meu pé direito alcançou o chão, ele virou levemente para dentro, me fazendo desequilibrar e apoiar minhas duas mãos no peito de Cam. Ele inverteu nossas posições, me pressionando contra a pia, antes de dizer:

—E de quebra, você para de desviar de mim. - Ele olhava nos meus olhos e eu nos dele.

Ficamos assim por um tempo, apenas nos encarando, com os corpos bem próximos, antes que eu limpasse a garganta e dissesse:

—Agora vamos, meu amigo. - Ele acordou do transe. - Precisamos terminar a matéria que combinamos de falar hoje. Temos uma prova em duas semanas.