Os Mistérios do Amor

Sob a luz da lua


Durante todos os outros dias da semana, eu e Cam havíamos nos encontrado para que eu pudesse ensiná-lo biologia. Intercalávamos as horas de estudo com algumas conversas superficiais e isso nos ajudava a render bem mais, além de deixar nosso tempo mais divertido.

Na sexta-feira a noite, o céu estava aberto, as estrelas enfim haviam caído e exibiam seu brilho no céu, assim como a lua, que estava cheia. Sentei no parapeito da janela e comecei a admirá-las:

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—É linda, não é?

Era Cam. Ele estava sentado no parapeito dele. Me assustei um pouco com sua aparição repentina. Ele me encarava com um sorriso de canto de boca:

—Não só a lua como as estrelas.- Disse voltando a olhar para cima. Ele murmurou alguma coisa que não entendi.- Como é?- Questionei.

—Nada não, Sam. Só estava pensando alto.- Seu sorriso havia murchado um pouco. Depois de um tempo em silencio, ele se pronunciou novamente.- Eu gosto de passar um tempo com você.- Eu olhei para ele e sorri.

—Nunca entendi o motivo para você não me suportar para começo de conversa. - Mantive o olhar sobre ele, aguardando sua resposta.

—É complicado. - Disse ele apenas, desviando o olhar.

—As coisas só ficam complicadas quando queremos que elas sejam assim. - Ficamos algum tempo olhando para o céu antes que ele soltasse por fim.

—A verdade?- Me questionou e eu assenti.- Em

—Emma?- Perguntei olhando para ele.- O que ela tem a ver com isso?

—Desde que nos mudamos e ela te conheceu, eu senti que perdi minha irmã.- Ele falava triste, sem conseguir me encarar.- Antes de chegarmos aqui éramos eu e Em contra o mundo, mas assim que a gente se mudou e ela te conheceu, foi me deixando de lado cada vez mais. Você sugava ela cada vez mais.

—Agora entendo de onde veio o “encosto”. - Disse fazendo aspas com as mãos.

—É.- Ele tencionou os lábios. - Me desculpe por isso. Eu não consigo imaginar como deve ter sido difícil depois que sua mãe morreu.- Eu ri sem humor.

—E seu comentário só mostra o quão pouco você se preocupou em saber sobre mim durante esses anos.- Respondi com ironia.- Minha mãe não morreu, Cam. - Ele me encarou surpreso.

Desculpe a pergunta.- Ele pensou por alguns instantes.- Mas onde ela está?

—Minessota.- Decidi contar a história toda. Respirei fundo antes de despejar.

“Mesmo quando eu era pequena, minha mãe não era muito presente, mas estava aqui. Quem me colocava para dormir todas as noites era o meu pai e ela quase nunca estava em casa. Conforme eu fui envelhecendo, ela ficava cada vez menos tempo em casa, cada vez menos presente, com a desculpa de que estava no trabalho. Perdi a conta de quantas vezes meus pais brigaram para ela largar o maldito emprego.

Aconteceu alguns meses antes de vocês virem para a cidade. Meu pai estava trabalhando, e quando eu cheguei em casa, estava um silêncio total, como sempre, mas a casa estava diferente. A maioria dos porta-retratos tinha sido levada e as coisas que ela havia comprado, de talheres a peças de roupa, haviam sumido. Ela deixou apenas uma carta para mim e outra para o meu pai.

Na verdade, o emprego nunca tinha sido o problema, mas o colega de trabalho, o amante dela, era. Na minha carta, ela pedia desculpas e afirmava que merecia ter uma família.

Foi quando eu e meu pai desmoronamos. Ele passou um bom tempo sem querer comer ou sair da cama. Eu cuidava dele e com o tempo ele voltou a cuidar de mim, a ter forças, a tomar banho, a trabalhar. O problema é que o trabalho virou seu melhor amigo.

Então, você e Emma chegaram. A mãe de vocês, sem dúvida, foi a melhor coisa que me aconteceu naquela época. Ela quem me ensinou tudo o que eu precisava para me virar sozinha em casa, e ajudar meu pai, para que não ficasse sobrecarregado com as tarefas domésticas. Nesse processo, me aproximei de Emma. E tudo o que eu queria era me aproximar de você também, no começo, mas você me tratava tão mal, que eventualmente acabei desistindo.”

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Eu limpava as lágrimas silenciosas que escorriam conforme eu contava a história:

—Sam, eu sinto muito. - Ele disse e finalmente olhei para ele novamente. Quase tinha esquecido da sua presença.- Se eu soubesse…-Ele claramente não sabia o que dizer

—Está tudo bem, Cam. -Retruquei forçando um sorriso.- No final das contas, você foi o mais próximo que eu tive de um irmão chato e implicante.

—Você sabe que pode contar comigo para o que precisar, não é, Sam?

—Claro que sei. -Sorri de lado.- A verdade é que sempre pude, mas agora você não vai reclamar no processo. - Pisquei no final.

—Filha, o que faz acordada a essa hora? - Era meu pai, chegando do trabalho. - Já está tarde. - Ele adentrou meu quarto e viu Cam do outro lado da janela.- Olá, Cameron, como vai? - Perguntou ele gentil. Meu pai sempre era gentil. Menos quando conheceu Nate… Foi um dia complicado.

—Olá, senhor Vermond. Vou bem e o senhor? - Respondeu Cam.

—Muito bem, obrigado pela preocupação. - Ele se virou para mim.- Quero as luzes apagadas em dez minutos, combinado?- Assenti.- Boa noite, meu anjo. - Disse beijando a minha testa, saindo e fechando a porta atrás de si.

—E no final do dia, fico muito mais feliz de ter ficado aqui com ele do que se tivesse ido com ela.- Concluí o assunto. - Boa noite, Cameron, durma bem.

—Ei. - Disse ele antes que eu descesse do parapeito.- O que combinamos sobre meu nome?- Disse ele, me lembrando do dia do nosso quase beijo em sua cozinha. Sorri.

—Tudo bem, Cam. Boa noite.

—Boa noite, Sammy. Durma bem.