Os Meus 18 Anos

Fontanna é a melhor professora de dança do mundo.


— Primeiramente, Amy... — Disse Ian colocando as mãos em seus ombros e a olhando com o cenho levemente franzido. — Você sabe dançar?

— Depende... — Amy disse e levantou os antebraços movendo-os para os lados com um leve “gingado” na cintura — Tipo essa? — Ian colocou o polegar e o dedo médio nas têmporas massageando-a.

— Creio que não tem a mínima ideia de como se dança valsa, estou correto?

Amy corou, e sorriu forçadamente. Não, ela não sabia como aquilo funcionava! Ela teria que dançar valsa? Por que justo isso?!

— Certo, vou levá-la para o salão e lá encontraremos Fontanna. — Ian disse, percebendo que a ruiva realmente não sabia dançar valsa, devido ao modo que Amy agia.

— Quem? — Ela o olhou como se Ian fosse maluco.

Fontanna. — Ian repetiu devagar, como se a menina não estivesse entendendo o que ele dizia.

—Eu entendi, não sou burra. Mas quem é ela? Ou ele, tanto faz.

— Você vai ver. — Ian pegou sua mão e começou a levá-la ao salão de festas.

— Ian, se você...

— Ian, querido! — Um gritinho um tanto forçado veio da porta do grande salão.

Seus olhos cintilaram ao avistar aquela figura um tanto quanto exótica à sua frente.

Aquele homem permanecia parado, seu corpo elegante era apresentado com roupas justas ao corpo, encharpe rosa pink e tênis cintilantes. Literalmente cintilantes. *Danmra

— Ian! Finalmente desencalhou! Quem é a sortuda dessa vez? — Ele veio ao alcance do casal e deu dois beijinhos na bochecha de cada um. Ian sorriu, envergonhado. — Não se preocupe, querida, não irei roubá-lo de você.

Amy gargalhou.

— Ele não... Ai meu Deus, ele não é meu namorado!

— Não parece — Disse — estão de mãos dadas.

Amy percebeu e soltou-a rapidamente.

— Bem, não parecemos mais. — Ela disse.

— Aquilo era só um detalhe, linditcha, ainda parece. — Sorriu — Bem, posso saber por que o querido Kabra chamou a linda Fontanna hoje?

— Preciso que ensine essa menina a dançar pelo menos o básico da Valsa Inglesa, para sábado.

Fontanna levantou a sobrancelha muito bem desenhada, logo dizendo:

— Sou maravilhosa, mas não faço milagres, meu lindo.

— Pois tente — Ele disse, sentando-se na poltrona que estava recostada na parede. — Estou te pagando pra isso.

Fontanna deu um suspiro pesado.

— Está certo, mas não pense que farei isso sozinha. Você vai vir me ajudar, e agora.

Ian que já estava com um jornal qualquer em suas mãos, olhou as duas a sua frente, Fontanna parecia um tanto determinada e Amy mais perdida do que qualquer coisa. Talvez tivesse sido aqueles grandes olhos verde-jade que o havia feito levantar e ido para a pista.

— O que eu faço?

— Uhuul! — Fontanna deu pulinhos e continuou a comemorar.

— Certo, Tennie. — Ian disse, cruzando os braços. — É pra hoje, precisamos fazer mais coisas.

— Essas coisas envolvem um quarto e um lingerie?

— Se eu disser que sim, você começa logo? — Ian disse entediado. Fontanna assentiu animada. — Sim, então.

Amy abriu a boca para falar, mas nesse mesmo momento a figura a puxou e começou a falar.

— Primeiramente, querida, você sabe o que é valsa?

—Sim, mas não sei dançar.

— Certo, a valsa que você vai dançar é um pouquinho mais lenta que a vienense. Você conhece a vienense, não é querida? — Amy assentiu — Ela é um pouco mais rápida que a que dançarás, ou seja, você apenas terá de ir de um modo mais lento.

— Ta bem, mas vou dançar com você?

— Não, não. Por isso preciso de Ian, vamos querida. — O dançarino pegou na mão de Amy e levou-a para perto do menino, colocando-a sobre o ombro do rapaz.

Ian suspirou tenso, olhando de soslaio para Fontanna.

— Agora faça o que eu disser e acompanhe Ian, ele te guiará. Não se preocupe.

— Sim, mas e se eu errar? — Amy virou a cabeça para Fontanna.

— Repita até acertar. — Fontanna e Ian falaram ao mesmo tempo.

Amy olhou para Ian e assentiu, o garoto sorriu confiante para e gesticulou com a boca “vai ficar tudo bem”.

— Certo, Ian posicione sua mão na cintura dela, e com a outra pegue a mão livre dela e a levante, ajude-a a movimentar os pés da esquerda para a direita. — Fontanna ligou a música. O casal imitou exatamente o que a tutora mandava. — Isso, agora a gire. Vocês são perfeitos juntos. Isso, querida! Ah, meu Deus!

Ian sorriu para Amy enquanto a girava entre seus braços, via os olhos dela brilharem. Ela estava feliz?

— Não é tão difícil quanto parece, não Amelia?

— Amy — Corrigiu ela. — E até que não é muito complic...

— AI! — Exclamou Ian, Amy arregalou os olhos enquanto percebia que havia pisado no pé do acompanhante.

— Desculpe, desculpe... — Ela ia se soltando dele aos poucos, apesar de ele ter feito caretas, segurou com força sua cintura.

— Tudo bem, mas lembre-se, se algo der errado na dança no dia da festa, apenas continue como se aquilo fizesse parte da apresentação. —Ian sussurrou em seu ouvido enquanto era forçado a ouvir Fontanna dizendo o quanto eram incríveis juntos e os passos.

— Eu vou tentar. — Amy sussurrou de volta.

— Eu sei que vai, sua tonta. — Ian revirou os olhos e sorriu. — Já te disse que está linda hoje?

Ele inclinou seus corpos para baixo, de acordo com o que Fontanna dizia.

— Não, mas se disser, procure outra parceira para a festa. — Amy deu um sorriso debochado.

— Não tem ninguém incrível como você, minha adorável parceira. — Ian sorriu cínico.

— Ótimo, bravo! Eu pediria bis se não estivesse ocupado nesse momento, tratem de treinar isso pelo menos durante uma hora por dia, tudo bem?

— Claro, Fontanna. — Amy sorriu, e despediu-se da professora.

— Até, Fontanna. — Ian sorriu e abanou, enquanto via aquela alma alegre sair daquela sala um tanto fúnebre. — Quer continuar dançando?

— Adoraria, mas... Essa é a decoração da festa, Ian Kabra?! — Amy olhou em volta pasma. — Eu pensei que tivesse bom gosto!

Ian bufou.

— Eu tenho. Você que não sabe admirá-lo de modo correto.

— Por que essas tiras cinza? Ian, isso é uma festa à fantasia! Coloque vermelho e azul! — Amy cruzou os braços e encarou Ian, incrédula. — Você acha que eu estou pedindo isso?

Ian sorriu e encarou o teto, rindo.

— Você chegou a minha casa há vinte horas, não venha dar palpite em nada, por...

— Vamos, Cobra, ligue para sua decoradora agora e mande-a mudar isso, agora. — Ela puxou ele pelo braço em direção ao hall. — Ligue, e vamos ver nossas roupas.

— Não, não. Quem você acha que é pra vir na minha casa como convidada e ficar mandando em tudo?

— Sou seu par, esqueceu? Vamos Ian, quem irá guiar essa dança agora sou eu.

— Belo trocadilho. — Ele debochou.

— Aprendi com o melhor. — Ela parou na porta da casa. — Agora ligue.

Ian a olhou divertido.

— Que foi?

Ele balançou a cabeça, sorrindo.

— Nada. — Ela fez uma cara emburrada.

— Eu mesma vou ligar daqui a pouco, se você continuar assim. — Ian começou a rir. — Ian! Eu estou falando sério! Temos três dias pra arrumar aquele salão horrível!

— Você fica fofa quando está brava. — Amy mordeu o lábio inferior, e revirou os olhos.

— Preciso repetir que estou falando sério? — Ian sorriu e pegou o celular do bolso. — Acho bom.

— Liga você. — Ele entregou o celular para a garota.

— Quê? Não! — Ela falou desesperada.

— Você disse que ligaria.

— Não! Eu tava...

— Então continuará cinza. — Ian sorriu malicioso.

— Então vai continuar cinza. — Ela disse. — Aonde vamos agora?

Ian revirou os olhos, e discou um número.

“—Alô, Jane? Isso, é Ian Kabra. Queria dizer que odiei os panos que estão nos pilares, troque a cor de cinza para vermelho e azul. Não importa que eu tenha pedido cinza, eu odiei, mude agora. Muito obrigado, tchau.”

Amy sorriu satisfeita.

— Pronto?

[...]

Ian saiu do carro acompanhado de Amy, e encarou aquela loja de doces e salgados.

— Vamos dar uma pausa para comer? Acabamos de tomar café!

— Não é exatamente uma pausa... Vamos — Ele puxou Amy e adentrou na loja. Chegaram ao balcão e uma atendente veio em sua direção.

— No que posso ajudar? — Ela sorriu gentilmente.

— Ian Kabra, vim buscar os doces. — Disse Ian.

Ela digitou algo no computador, e olhou para os dois.

— Você tem o cartão?

— Aqui — Ian pegou a carteira do bolso e tirou um cartão de dentro, alcançou para a atendente.

— Certo, vocês farão a prova ou deixarão para o chef escolher?

Ian olhou para Amy, sorrindo.

—E aí, Cahill?

— A prova. O que custa, não? — Ian gargalhou.

— Sigam-me. — A mulher fez um movimento com a mão e eles entraram pelas grandes portas em uma salinha com diversos sofás. — Bem, aqui em cima como podem observar tem as... Os doces, é só vocês irem provando e assinalando quais irão querer.

— Certo, muito obrigado. — Ian sorriu.

Ian e Amy sentaram-se nos sofás e começaram.

— Eu não aguento mais. — Ian gemeu, quando estavam no final.

Amy respirou fundo.

— Só mais uns. — Amy fez uma careta. — Eu preciso vomitar, Gideon.

Terminaram, e Ian assinou seu nome no final.

— Agora vamos aonde?

— Que tal voltarmos? Acho que preciso vomitar e aqui não é um local adequado.

Amy fez uma careta e começaram a sair.

[...]

— Vamos almoçar, Ian? — Natie falou animada na porta do cômodo pertencente ao irmão.

Ian abafou um não com o rosto prensado contra o travesseiro.

— Poxa, por que não? — Ela franziu o cenho.

— Saia daqui! — Ele jogou um travesseiro na mais nova.

— Nossa, Ian, quanto mau-humor! To saindo!

[...]

—Amy? Almoço?

— Argh, quero nem ver comida, Natie. Desculpe, hoje será só você e Ian.

— Se Ian quisesse se levantar...

Amy levantou o rosto do colchão.

— Estamos com dor de barriga, agora não dá.

— O que diabos ta acontecendo?!

— Fomos provar os doces pra festa de Ian... — Amy trocou de posição. — Eu vou vomitar daqui a pouco, sério.

Natalie gargalhou.

— Na minha festa de quinze anos fiquei pior, porque Ian não quis ir comigo. — Amy franziu o cenho.

— Saia logo, por favor.

Natalie revirou os olhos enquanto fechava a porta.