Os Meus 18 Anos
Nunca deixem o Dan dar uma festa.
— Amy? Posso entrar? — A garota ouviu Ian a chamar e dar algumas batidinhas na porta.
Ela se sentou na cama e murmurou um sim, até se lembrar que ele não poderia ouvir. Levantou-se e abriu a porta, sorrindo.
— Sim?
— Quer me ajudar a fazer a lista de convidados? — Ele sorriu, envergonhado.
— Você não tem empregados para isso? — Ela o olhou, desconfiada.
— Eles estão ocupados nos preparativos, pelo menos isso.
— Aonde vamos? — Amy disse, com um sorriso de canto.
— Biblioteca, terceiro andar. — Ele disse. — Vou pegar o meu celular, papel, caneta e o notebook. Encontre-me lá.
Ele já se afastava quando Amy percebeu algo.
— Espera! Em que porta...? — Mas ele não a ouviu.
Suspirou e seguiu corredor a fora, e subia as escadas pensando.
— Provavelmente a maior porta é a bibliote... — Amy arregalou os olhos ao ver que o terceiro andar inteiro era composto pela biblioteca.
Sentiu suas pernas bambas ao observar as extensas prateleiras cheias de livros, as mesas e as cadeiras, enfileiradas e um familiar cheiro de cravo a sua volta.
— Gostou? — Ian que estava atrás dela sussurrou em seu ouvido. Amy espantou-se e caminhou rápido para uma das mesas.
— Claro, ahn... Podemos começar? — Ela disse com um semblante desconfortável.
— Sim. — Ele sentou-se a mesa. — Bem, começamos... Pensei me convidar quem participou da caça, e o Jake, seu namorado.
Amy corou. Havia se esquecido do garoto fazia bastante tempo, tinham se separado há dois anos, um tempo depois de ele entrar para a faculdade.
— Bem, pode riscar Jake. — Deu de ombros. Ian a olhou de canto, enquanto digitava algo no computador. — Você ta brincando comigo?
Ele a olhou, confuso.
— Desculpe?
— Quero dizer, faltam três dias para sua festa e você ainda ta arrumando os convidados, não planejou isso antes? — Ela fez movimentos irritados com as mãos. Ian riu.
—Não é bem assim, Amy, eu já fiz toda a lista de convidados.
— Então por que diabos estamos aqui? — Ela revirou os olhos.
— Primeiramente, já terminei as pessoas de fora, ainda preciso ver as que participaram da caça, entre outras.
Amy fez uma careta.
— Certo, anota aí: Daniel Cahill, Nellie Gomez, Fiske Cahill, Sinead Starling, Ted e Ned Starling, Hamilton e família, e…
— Calma! Meu Deus, eu não sou o Flash! — Amy gargalhou.
— Isso me lembra um dia. — Amy murmurou. Ian a olhou.
— Que dia? — Ele sorriu malicioso.
— Um que Sid e eu estávamos fazendo uma maratona de The Flash, e aí Dan e Hamilton ficaram disputando quem corria mais rápido, só que em volta do sofá, é meio obvio que Hammer ganhou, mas eles destruíram nossa sala de TV. — Amy riu. — Dan estava literalmente desidratando tentando competir com Hammer.
— Hammer? Quer dizer que vocês já estão tão tímidos assim? — Ian perguntou. Amy semicerrou os olhos ao olhar ele, aquilo era ciúme?
— Sim. — Disse provocativa. — Até fizemos uma festa do pijama, Hammer, Sid, Dan, Reagan, Madison e eu.
— E não me convidam, não é?
— Acho que você sabe a resposta. — Amy murmurou. Ian levantou as mãos na altura do peito.
— Nem magoou.
Amy riu.
— Ok, continue fazendo isso.
— Sabe, teve uma vez em que a Natalie assistiu todas as temporadas de FRIENDS, e no final veio e disse pra mim: “Eu odiei aquela série, sério, como conseguem assistir isso?” — Ele riu. — Ela parecia um zumbi, não participava das refeições para assistir a série, e quando terminou ela apenas disse aquilo e voltou ao normal. Acho que foi uma das coisas mais esquisitas que ela já fez, mas não é por nada, não, ela só parecia uma louca viciada.
Amy gargalhou.
— Dan já organizou uma festa. — Ela começou a rir mais ainda. — Mas esqueceu de convidar as pessoas. Quase chorou e aí eu perguntei quem ele tinha convidado, porque podia ser por isso, aí ele se tocou que não havia chamado ninguém.
Ian gargalhou.
— Daniel é tão tosco... — Ian murmurou — Sem ofensas a você, claro.
—Tudo bem. — Amy sorriu. — Bem, vamos continuar. Já colocou o Hammer, Sineaed e os irmãos deles?
— Ah, sim, sim e não... Quais são os nomes deles mesmo?
— Ned e Ted Starling e Madison e Reagan Holt.
— Certo… Tô terminando essa parte.
[...]
— Você mudou bastante, Kabra. — Amy sorriu para Ian. Estavam na frente do seu quarto, depois de passarem o resto do dia terminando os afazeres.
— O tempo muda as pessoas. — Ele se recostou na porta. — Quero dizer, os acontecimentos mudam as pessoas, mas o tempo... O tempo também ajuda e...
Amy sorriu e abraçou a si mesma.
— Mas... Você também mudou, Amy Cahill.
— Bom saber. — Ela sussurrou.
Ian sentiu seu coração bater mais rápido, e levou sua mão para o rosto de Amy, acariciando-o. Aproximou-se lentamente da face da menina, e roçou a ponta do seu nariz na bochecha dela.
Seus lábios formigavam pedindo pelos dela, seu coração batia mais rápido, e cada vez estava mais perto de beijá-la.
— Ian? O jantar está pronto! — Ouviu a voz da governanta. Separou-se rapidamente de Amy, que estava estática e corada.
— Desculpe, eu... Hã... — Ian remexeu em seus cabelos, desconfortável devido à tensão.
— Não, tudo bem, até porque não aconteceu nada, né? Então, hã... Acho melhor eu ir indo para a cozinha.
—Sala. — Ian corrigiu.
— Oi?
— Não é na cozinha, é na sala de jantar.
— Ah sim! Desculpe. — Ela sorriu e se apressou para o jantar.
[...]
Amy se revirou na cama, pela décima vez naquela noite. Não parava de pensar no quase beijo que havia dado no Kabra. Levantou-se, cansada de ficar ali. Resolveu ir beber água.
Andava devagar pelos corredores com medo de acordar alguém. Chegou à cozinha, estava mal iluminada, mas dava para enxergar alguma coisa.
Quando já estava saindo, percebeu um cômodo mais iluminado, e foi silenciosamente até lá, era o salão. Ela ouviu a música baixa, mas dava para reconhecê-la. Era My Heart Is Go On, da Celine Dion. Era a música que havia dançado hoje de manhã.
Espiou ali dentro, e encontrou um Ian dançando sozinho ao ritmo da música. De repente, ele sentou-se no chão e disse:
— Acha que eu sou tosco?
“Mais ou menos”. Pensou.
— Sério, acha que sou pateta?
“Mais ou menos.”
— Amy, eu to te vendo. — Ele fez movimentos com a mão para os lados.
“Ah, entendi agora.”
— Hey!
Ele sorriu.
— Quer dançar? Afinal, daqui dois dias temos uma valsa para dançar, não? Não queremos errar, né?
— Certo. Eu lembro mais ou menos, mas acho que consigo.
— Não se preocupe, eu te guio. — Ele se levantou e indicou a mão para Amy pegá-la.
— Tudo bem, mas desculpas antecipadas caso eu pisar no seu pé de novo. — Ian gargalhou, e ligou a música novamente.
Segurou com força a cintura da Cahill, e os braços dela envolveram seu pescoço.
— Você já pode me dizer com que roupa irei para a festa?
— Se eu te disser você me mata.
Far across the distance
And spaces between us
You have come to show you go on
— Experimente.
— Dessa vez não, obrigado. — Ele riu, enquanto girava a ruiva por seus braços.
— Poxa, Ian!
—Prometo que te conto sexta-feira, ok?
Amy revirou os olhos e assentiu. Ian bocejou e piscou rápido.
Love can touch us one time
And last for a lifetime
And never let go till we're one
— Acho melhor irmos dormir. — Ian pausou a música e saiu do salão.
You're here, there's nothing I fear,
And I know that my heart will go on
We'll stay forever this way
You are safe in my heart
And my heart will go on and on
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