Os Filhos da Aurora.

O juramento da aurora.


O juramento da Aurora.

Um sonho, o mais lindo sonho de Ricoh. Foi como morrer e ressuscitar, foi como voar um dia inteiro sem parar. E aquela garota, (“muito metida”), pensou Ricoh, “ mas bem que ela tinha um cabelo bonito, ah isso sim”. Ricoh sentia uma paz interior inconfundível. E Aurora, Ricoh pela primeira vez viu a aurora boreal, era a coisa mais bonita que alguém pode imaginar, e o castelo, um magnífico castelo que flutua sobre um lago, simplesmente surpreendente.

Ricoh abriu os olhos, pensando que se aquilo tudo fosse real, seria super incrível. Outra dimensão, onde o mundo é coberto pela Aurora Boreal, e as criaturas e plantas são muito diferentes, mas encantadoras.

Ele abriu os olhos, e então percebeu. Percebeu que não tinha como aquilo ser um sonho. Percebeu que aquelas coisas que viu, aquele mundo, existiam de verdade. Não foi a imaginação dele, não foi um simples sonho, por que não tinha como ser um sonho! Ricoh estava em seu quarto, ainda às quatro horas da madrugada, acordado em sua cama, mas aquilo foi muito real, foi como se ele voltasse ao ventre de sua mãe. Uma sensação incomparável.

Mas logo veio a preocupação. O que será que Temosnozes e o Sr. Salgueiro queriam com eles? Por que será que disseram para eles olharem para a aurora, se nem ao menos existe aurora no lugar que eles moram, “onde será que está Sarah”, pensou Ricoh. Então, Ricoh lembrou-se do colar. O colar com o desenho da Aurora. O loirinho passou a mão pelo peito, e sentiu o pingente. Mas aquilo devia ser alguma mensagem. Algum sinal escondido, ou algo do tipo.

Ricoh se lembrou da voz super doce de Temosnozes, aquela voz que de alguma forma o atraiu a passar pelo portal, e lembrou-se do que ela disse. “Somos os filho da aurora, vocês irão entender isso.” E o que Salgueiro falou sobre a Aurora. “E não se esqueçam crianças. Olhem para a aurora. Ela revelará seus poderes, e ao nosso lado poderão lutar.” A cabeça de Ricoh girava. O mundo ficou ainda mais estranho para ele. Suas coisas, suas roupas, seu quarto, a casa. Nada mais para ele fazia sentido algum.

Algum tempo depois, Ricoh saiu de casa para caminhar pelo Jardim. Não tinha ninguém acordado, nem em casa nem na rua. Mas o sol estava prestes a nascer. Ele passava a mão nas flores, e adorava sentir o cheiro de todas elas. Ele queria voltar para o mundo de Aurors, para saber como eram as flores de lá. Ele queria rever Sarah, ela era um pouco legal.

O sol finalmente nasceu, e Ricoh então entendeu. Ele andava com o colar nas mãos, sempre observando. Aquilo tinha que ter algum sinal. Então, quando os pássaros cantavam, e a manhã começava a surgir, Ricoh teve um instinto. “Olhe para a aurora”, pensou. Mas a aurora só é vista nos pólos. Isso para ele não era um impedimento, por que quando Ricoh mirou o céu, lá estava Aurora Boreal. Brilhando, com todas as suas cores. Mas só Ricoh podia vê-la, ele era realmente um filho da aurora, mesmo que não soubesse o que isso significava, mesmo que não tivesse nenhuma explicação para isso. Então, de repente, o colar em sua mão começou a brilhar. “Talvez ele esteja de alguma forma ligado com a aurora, e quer me dizer alguma coisa”, pensou Ricoh. O colar então começou a flutuar a querer sair das mãos de Ricoh, e parou bem na frente do garoto, brilhando ainda mais, até que ele se abriu, e de dentro caiu algo como um pedaço de papel. Ricoh pegou, e começou a ler uma letra florida, e muito bem desenhada, que dizia:

Este é o juramento da aurora. Para que os filhos da mesma nunca se esqueçam de onde vieram

Somos os filhos da aurora.
Até se quando se extinguirem os raios solares.
E se a noite eterna em nosso mundo cair,
Os filhos da aurora brilharão e iluminarão desde agora.
Por que os verdadeiros filhos da aurora,
Do escuro sem fim vão sair.
E nas trevas o mal vai morrer.
Vamos mostrar que o bem ainda pode existir.

Nada parecido com aquilo passava pela cabeça do garoto. Ele nunca tinha pensado naquilo. Nem uma simples idéia do que era aquilo, uma explicação óbvia. Aquilo tudo parecia não existir, ao mesmo tempo em que era muito, muito real, pelo menos para o garoto.

O desejo de encontrar Sarah aumentou, ele queria contá-la tudo, tudo o que estava vendo e sobre os colares, então, como magia o desejo do garoto foi realizado.

Uma linda luz escarlate desceu do céu, onde estava a aurora, e envolveu Ricoh, levando-o para cima, para o céu. Quando ele estava a uns cinco metros do chão, seu corpo começou a desaparecer, e a luz que o envolvia também, mas de repente, ele conseguia ver outro lugar, e... “Estou voltando!” pensou o loiro. Ele estava de volta à Terra de Aurors. E conseguia ver Sarah lá em baixo. Percebeu que a luz escarlate estava voltando para o véu, e seu corpo lentamente voltando ao chão.

- Há-ha! – Sarah ria-se da cara de medo de Ricoh. – Temosnozes que falar com você, vamos!

- Ham? Espera Sarah, o que você está fazendo aqui? – Disse Ricoh, ainda mais confuso.

- O que eu to fazendo aqui? Aqui é nosso lugar, é o nosso lar, foi daqui que viemos. – Disse Sarah, observando a ponte que ligava o pedaço de terra em que eles estavam até o castelo principal. – Vamos, a Temosnozes te explica.

Ricoh percebeu que Sarah estava mais segura. Ela parecia mais corajosa, e tinha um brilho diferente nos olhos. Ele não a conhecia muito, mas era uma das únicas pessoas ali em que ele sabia que podia confiar, por que ela veio do mesmo lugar que ele. Talvez a casa dela fosse perto da dele. Ele olhou ao redor. Pessoas e criaturas que ele nunca vira, estavam conversando, falando coisas que ele não entendia. Uma aglomeração de “Humanos”, encontrava-se perto do Magnamovens.

- Mas o que é que eles estão fazendo aqui?

- Eles são como nós, Ricoh. Astranos, filhos da aurora, entende?

- Não, nem um pouco.

- Mas quem vai te explicar isso é a Temosnozes.

- E como você voltou para cá?

- Você chegou atrasado, muito atrasado. Descobri como os colares funcionam muito antes de você. Olhar para a aurora significa olhar para o céu. Aqui eles falam isso por que em vez do céu azul nós vemos a aurora. Então, quando desejei voltar, o colar me trouxe. Assim como trouxe você. Ta um pouco atrasadinho, viu! Agora vamos, já vai começar, e você tem que entender tudo antes.

- Mas o que vai começar?

- Você vai ver.

Eles seguiram pela ponte de pedra, até que encontraram Temosnozes no meio do castelo principal. Era como uma enorme sala, onde tinham livros, e o teto era aberto para a aurora. “Simplesmente incrível”, pensou o garoto. E as aventuras ainda não tinham nem começado.