Os Filhos De Carlisle Cullen

Capítulo 8 - Pais e Filhos


— E depois? Quando a guerra acabar? — perguntou Jayme. — Vocês vão finalmente conhecer o pai de vocês e vão ajudá-lo a proteger a família dele, mas e depois?

— Bom, se um conflito não puder ser evitado e os Cullen perecerem durante a batalha, acho que não há nada mais o que fazer, vamos pegar a criança e acolhe-la como uma de nós. — disse Harry. — Assim como Joseph fez comigo e como nós fizemos com você, Damian e Elle.

— E se eles viverem? — indagou Jayme.

— Se eles viverem, nós os deixaremos criar a criança como quiserem, com a ideologia que quiserem, ficaremos de olho nela é claro, auxiliaremos os pais com as questões fisiológicas, questões que eles não compreendem sobre a natureza dos híbridos. — Dessa vez que respondeu foi Hellen. — Tentaremos manter uma boa relação, pelo bem estar da criança, assim como fizemos com Nahuel.

— Ok, mas essa não foi a minha pergunta inicial e vocês sabem disso. — disse Jayme. — Estou perguntando o que vão fazer em relação a Carlisle Cullen.

— Sim, eu sei. O que acha que nós deveríamos fazer em relação a ele? — interrogou Harry.

— Eu não sei, o pai não é meu. — Jayme deu de ombros.

— Exatamente. — concordou Harry. — Então, eu suponho que isso não seja da sua conta também.

— Harry, não seja rude! — repreendeu Hellen, virando-se logo em seguida para Jayme. — Escute, querida, nós temos mais de trezentos anos de existência, desde que nos conhecemos por gente, Carlisle Cullen, nunca veio até nós, mesmo com as dezenas de cartas que enviávamos, nem mesmo quando nossa mãe foi a Itália o procurar. Quando ela voltou e nós disse que ele estava morto, foi como se ela quisesse anestesiar a nossa dor e funcionou, acreditamos nela, foi bom para nós de certa maneira.

Hellen contou com sua voz em um tom calmo e um tanto tristonho, ela forçava um sorriso gentil, porém parecia fazer um grande e doloroso esforço para que aquelas palavras saíssem de sua garganta.

— Isso até 1922! — Harry tomou a frente da conversa, passando por Hellen e se aproximando de Jayme. — Imagina só, meu amor, nossa surpresa quando descobrimos que na verdade, o homem que pensamos que estivesse morto durante mais de dois séculos, na verdade estava maravilhosamente bem! Vivendo sua vidinha perfeita na América do Norte com sua esposa e filhos! Sua família. — Harry trincou o maxilar, havia raiva em sua voz que se apertou com o decorrer da fala. — Foi quando nós entendemos o que realmente tinha acontecido naquela época, Carlisle não morreu, ele nos abandonou! E depois construiu outra família, assumindo o papel de pai e marido perfeito, esquecendo totalmente das crianças e da mulher que deixou para trás. Tudo estava claro. Totalmente nítido.

— Então é nisso que vocês acreditam? — indagou Jayme;

— É isso o que sabemos. — corrigiu Harry.

— E se ele se arrependeu, hum? E quisesse se aproximar de vocês, recuperar o tempo?

Harry soltou uma risada nasal e sorriu com malícia.

— E por que você acha que ele faria uma coisa dessas? Quatrocentos anos, não são quatrocentos dias, Jayme, ele nos abandonou e criou uma nova família, duvido muito que se arrenda disso ou que se lembre da existência de sua antiga família. — disse com desprezo. — Carlisle é uma pessoa tão boa, todos o adoram, imagine só se vissem por trás dos panos e descobrissem todos os esqueletos que ele esconde embaixo da cama, será que ele ainda seria tão amado assim? Uma pessoa tão boa... — O sorriso no rosto de Harry se alargou levemente. — Bobagem. Nem mesmo uma pessoa ele é de verdade.

— Você o odeia mesmo, não é? — perguntou Jayme em voz baixa.

— Depois de tudo o que ele fez com ela.... — Harry fechou as mãos. — ...Depois de tudo que tivemos que passar por conta da ausência dele... — Travou o maxilar — ...Mais do que você poderia imaginar.

E agora? Todo esse ódio não parecia ter mais sentido, a história revelou-se diferente da qual ele acreditou por tanto tempo, aquela contada pela pessoa mais importante de sua vida durante a infância.

Sua mãe

Ela teria mentido para ele? Por que? Para ambos isso não fazia o menor sentido. Eles se entre olharam enquanto ouviam a conversa, viam a reconciliação de dois velhos amigos por meio do pássaro de fogo que observava a casa. Os sentimentos eram os mesmos, compartilhavam da mesma confusão e do mesmo alívio, da mesma dor de ter suas memórias de infâncias revividas.

As crianças correram de mãos dadas e esconderam-se dentro do armário, o coração acelerado e mão na boca para impedir a emissão de qualquer som que revelasse seu esconderijo. O garotinho posicionou o dedo indicador na boca pedindo silêncio recebendo um aceno de cabeça acelerado da menina com quem compartilhava o local, enquanto viam a mulher passar por eles pela fresta das laterais do armário.

— Ela já foi? — perguntou a garotinha em um sussurro, tirando suas mãos que tapavam a boca.

— Eu acho que sim. — respondeu o garotinho, espiando pela fresta novamente. — Isso é uma péssima ideia, Hellen! E se ela pegar a gente?

— Ela não vai! — garantiu. — Nem deve ter percebido que saímos da cama.

— Ela nunca dorme, Hellen, é como uma coruja, está sempre de olho em tudo. — Ele engoliu em seco.

— Não seja dramático, Harry! Vai me dizer que está com medo?

— Eu não estou com medo. — negou ele, estufando o peito na tentativa de mostrar coragem, não que tenha adiantado alguma coisa, quando se tem uma ligação empática com alguém é difícil disfarçar seus sentimentos. — Quer saber? Vamos fazer isso logo, antes que ela perceba que não estamos mais dormindo.

A garotinha sorriu de maneira divertida puxando a mão de seu irmão arrancando-o do esconderijo junto com ela, eles correram até a porta da sala da cabana que dava para o lado de fora, a qual eles nunca conseguiram alcançar naquela noite. A menina ria baixinho, despreocupada e até mesmo feliz por quebras as regras, enquanto o garoto ficava olhando para trás e mordia o lábio inferior em preocupação.

— Conseguimos! — vibrou Hellen em empolgação. Esticou a mão em direção a porta, mas foi impedida antes e alcança-la.

Ambas as crianças sentiram seus pés deixarem o chão e seus corpos serem agarrados por braços finos, porém extremamente fortes e gelados.

— Peguei vocês! — exclamou a mulher, juntando os corpos as crianças ao seu em um abraço, enquanto rodopiava no lugar.

Hellen riu alto em divertimento, enquanto Harry estava paralisado, em choque pelo susto de ser pego daquele jeito.

— O que pensam de estão fazendo acordado a essa hora mocinhos? — perguntou a mulher em tom de curiosidade, encarando Hellen.

— Queríamos ir ver as estrelas mais um pouco. — respondeu ela.

— Ah é mesmo? — Dessa vez ela olhou para Harry que corou instantaneamente, ele estava se sentindo envergonhado de mais por ter sido pego em flagrante para corresponder o olhar da mulher que o segurava em seus braços.

— Desculpa, mamãe. — murmurou ele, de cabeça baixa. — Não fica brava com a gente.

— Está tudo bem querido, eu não estou brava com vocês. — disse ela, os colocando no chão. Sua voz era doce e aveludada, funcionava como um calmante para a angústia de seu filho. — Não precisa se sentir envergonhado.

— Mesmo?

— Mesmo. — respondeu.

— Agora vem aqui e dá um abraço bem forte na mamãe. — Ela abriu os braços de maneira convidativa, timidamente Harry aproximou-se e a abraçou.

— Ei, eu também quero! — reclamou Hellen, fazendo bico.

— Pode vir, meu amor. — Ela abriu os braços novamente, dessa vez para sua filha que diferente de Harry a abraçou fortemente sem receio algum. — Que abraço gostoso! — falou. — Mas sabe o que é melhor do que abraços fortes?

— O que? — perguntaram os gêmeos em um unisso.

— Abraços fortes com beijinhos. — respondeu ela, levantando-os do chão e beijando seus rostos e cabeças várias e várias vezes, enquanto girava pela sala. O que arrancou vários risos de Helen e resmungões de Harry.

Sem os larga-los, ela subiu as escadas da cabana para o andar de cima onde ficava o quarto em que as crianças dormiam, abriu a porta e os colocou no chão, ela não precisou dizer nada para eles entenderem que estava na hora de dormir. Harry e Hellen correram para a única cama que tinha no cômodo e se ajeitaram lá, um do lado do outro, eles eram tão pequenos, a cama não era muito grande, mas também não era tão pequena.

— Nós quase conseguimos dessa vez. — disse Hellen.

— É, quase. — disse sua mãe. — Vocês foram bem espertinhos hoje, mas queridos preciso que entendam que se a mamãe não deixa vocês dois saírem da cabana a noite e ainda por cima sem a mamãe, é porque tem um motivo. Lá fora é perigoso, sei que ver as estrelas não era a única coisa que queriam fazer, escutem, a nossa família é diferente das outras e as pessoas lá fora não entendem isso, por isso nos temem e por isso que até vocês ficarem um pouco mais velhos, preciso que prometam para mamãe que vão ficar longe do vilarejo perto das colinas, entenderam?

— Sim, mamãe. — responderam juntos.

— Boa noite, crianças. — falou, dando um beijo na testa de cada um. — A mamãe ama muito vocês.

— Boa noite! Nós também te amamos, mamãe. — disse Harry.

— Muito, muito, muito! — completou Hellen.

A mulher sorriu docemente antes de fechar a porta do quarto e deixar suas crianças por mais uma noite.

Aquela era uma das lembranças favoritas que Harry tinha de sua mãe, ele tinha poucos meses de vida naquela época, mas se lembrava muito bem de sua infância feliz no chalé florido, sua irmã o chamava assim por conta das flores que cresciam em volta da casa. Hellen costumava colhe-las e fazer tiaras com elas, eles eram felizes naquele lugar.

Era realmente uma pena que tudo tivesse acabado daquela maneira, o chalé, o pequeno quarto, com a cama nem muito grande e nem muito pequena, a sala, as flores, tudo fora consumido pelas chamas ardentes do fogo, tudo virara cinzas, deixando apenas memórias de um passado distante.

Harry também se lembrava vagamente da primeira vez que teve consciência de ouvir sua mãe falar sobre Carlisle, foi uma noite como as outras de seus tempos felizes.

As três figuras deitadas no telhado do chalé observavam as estrelas admiradamente, os pequenos olhos arregalados das crianças em fascinação, um par de cada lado, encantavam a mulher que estava no meio e os ensinava sobre as constelações alegremente.

— E aquela mamãe? — perguntou a garotinha, apontando para um ponto no céu.

— Aquela é a de Escorpião, vê o desenho que as estrelas traçam em forma de gancho? — perguntou a mulher.

— É igualzinho a calda de um escorpião. — comentou a garotinha. — Isso explica o nome.

— Mamãe. — chamou o garotinho.

— Sim, querido?

— Quando o papai vai voltar? — perguntou ele, encarando o céu.

— Logo. — respondeu ela, vagamente.

— Você sempre diz isso. — murmurou ele.

— Crianças, cheguem mais perto da mamãe. — pediu ela, juntando os dois ao peito e acariciando suas cabeças. — O papai está muito ocupado agora.

— Está tão ocupado assim que não tem tempo para escrever uma carta para os filhos dele? — contestou o menino.

— Ele não está apenas ocupado, Harry, o papai também está muito longe de nós agora. — argumentou. — Eu já te expliquei qual é a rota de uma carta? Primeiro o papai precisa escreve-la, depois leva-la ao correio, de lá há um tempo de espera até um carregamento de cartas ficar pronto e ser enviado aos navios, ainda tem mais o tempo da viagem em que o navio atravessa todo o mar para depois chegar em terra de novo, as cartas vão para outro correio e só a partir daí elas são entregues, e mesmo assim algumas delas ainda se perdem no caminho. Por isso as cartas demoram para chegar.

— Coitadinha da carta, deve ficar entediada nos navios e cansada da viagem. — disse Hellen. — Espero que ela não vomite as palavras quando chegar aqui.

A moça riu.

— Eu também espero que não, querida.

— Como ele é mamãe? — perguntou Harry, em voz baixa. — Como o papai é?

— Bom, o seu pai é um homem muito gentil e atencioso, ele é inteligente e estudioso, tem um sorriso maravilhoso e encanta as pessoas por onde passa, todos o adorava em Londres. — contou ela, com um sorriso no rosto por conta das lembranças.

— Ele é bonito, mamãe? — indagou Hellen, curiosa.

— Muito. — afirmou ela. — Seu irmão se parece muito com ele, sabia?

— Me pareço? — perguntou Harry, com um brilho em seus olhos.

— Se parece? — perguntou Hellen, fazendo uma careta. — Coitadinho do papai.

— Mãe! Olha ela!

— Hellen! — repreendeu a mulher, segurando o riso. — Não zombe do seu irmão, isso é muito feio da sua parte.

— O que? Eu não disse nada de mais, apenas a verdade, seria muito melhor se ele se parecesse comigo ao invés do Harry, eu sou muito mais bonita e adorável que ele! Já viu os meus olhinhos? Ou as minhas bochechas? Não se encantar por mim é praticamente impossível!

— Ah, mas os dois se parecem com ele, o Harry apenas se parece mais com ele do que você, docinho, na verdade você é muito mais parecida com a mamãe quando era pequena do que imagina. — explicou ela.

— Bom, isso explica o meu rosto angelical. — falou. — A mamãe é muito bonita mamãe! A mulher mais bonita do mundo todo!

— Obrigada, querida! — A mãe beijou o topo da cabeça da filha.

— E quanto a mim, mamãe? O quanto eu me pareço com ele?

— Ah sim, você tem os olhos e o cabelo dele. — disse ela. — Também me lembra o seu pai quando nos conhecemos, éramos bem pequenininhos, assim como vocês, ele era tímido e tinha as bochechas rosadas iguais as suas. Tão adorável. — As bochechas de Harry ficaram vermelhas com o elogio. — Logo, logo o papai estará de volta em casa e vocês poderão vê-los com seus próprios olhos..

— Tá! — disseram juntos.

Esse foi o ponto de partida em que os dois começaram a sentar todas as noites em frente a porta do chalé, esperando a volta do pai esperançoso, todos os dias sua mãe com um sorriso triste no rosto os recolhia de lá e os colocava na cama novamente. Contudo, essa rotina tornou-se muito desgastante para os envolvidos e as esperanças foram morrendo aos poucos, dia após dia, noite após noite, até se tornar a menor das chamas e um dia se apagar.

Pelo visto, é como dizem não é? O mundo não dá voltas, ele capota!

Agora a situação estava invertida, não eram mais os gêmeos que aguardavam esperançosamente na porta de casa pelo regresso do pai e sim o contrário, dessa vez era o pai quem esperava por eles. O encontro entre os filhos que nunca conheceram o pai e o pai que nunca soube sobre os filhos.

Quatrocentos anos foram vividos, quatrocentos aniversários passaram, traumas foram formados, dependências foram criadas, pessoas foram perdidas e erros foram cometidos. Tudo porque uma pessoa não esteve presente, mas se ele estivesse lá, teria sido diferente? Bom, talvez sua mãe estivesse aqui agora, talvez ela nunca tivesse definhado até a morte, talvez ela não os tivesse abandonado também. Sua união com o Volturi nunca teria acontecido, a guerra atual nunca teria sido iniciada.

Isso parece bom, não é mesmo?

Falando sinceramente, será que teria sido tão bom assim? Ter um Carlisle como pai? Harry teve duas figuras paternas ao longo de sua vida, seu tio Jack, uma péssima figura em sua opinião e o híbrido, Joseph, o qual tinha a primeira família de híbridos que conheceu.

Família.

E quanto a sua família? Como ela seria? Seria aquela na sala? Ou as coisas continuariam como são agora? Talvez ele nunca tivesse conhecido Joseph e se ele nunca conhecesse o híbrido, então ele não teria a ideia de construir a sua própria família de iguais. Sua família é algo que ele não trocaria por nada nesse mundo, nem mesmo por apoio paterno em seus dias mais sombrios. Sua relação familiar podia não ser perfeita, mas ainda sim, era sua. Seus filhos e irmã são as coisas mais importante na vida de Harry, ele faria tudo para protege-la.

Já se passaram quatrocentos anos, ele deveria ter superado isso. Só que tem um pequeno probleminha, ele é Harry Harper e apesar de ter conhecido Freud, ele nunca foi muito fã de terapia. Ter alguém o analisando e traçando seu perfil o deixava nervoso e geralmente acabava em morte, afinal, ninguém poderia trata-lo se ele não pudesse ser sincero com a pessoa e isso era um problema.

Ah que se dane! Ele viveu quatrocentos anos bem sem Carlisle por perto, não era como se ele fosse entrar agora na sua vida e pronto! Tudo mudaria! Não era assim que as coisas funcionavam, isso aqui não é um conto de fadas! Mesmo sendo filho dele, Harry não se parecia mais tanto assim com seu pai em quesito personalidade.

O pai era como um ursinho de pelúcia comparado ao filho, era alguém que repudiava qualquer tipo de violência contra os outros, ele nem se alimentava de sangue humano como os outros vampiros, Carlisle Cullen é um baita de um moralista! E Harry odiava moralistas.

O filho por outro lado, comparado ao pai, ele era o grande lobo mal, não que Harry seja uma pessoa ruim, mas ele também está longe de ser um homem bom, muito longe. Entre o certo e o errado, Harry escolheria o que lhe favorecesse mais.

Se ele quer uma coisa, ele consegue (é bem por esse motivo que a casa de Hogwarts dele é a Sonserina). Matar, torturar, extorquir, seduzir, manipular, nunca foi exatamente um problema para ele, as vezes essas práticas se tornavam até prazerosas, as vezes poderiam ser feitas por um objetivo social maior, mas a verdade é essa. Harry Harper é um tremendo filha da puta. E geralmente moralistas e filhos da puta não se dão muito bem, mesmo se forem pai e filho.

E quanto a Hellen Harper?

Ela não estava muito atrás, seguia quase a mesma linha de raciocínio que Harry e seus pés estavam congelando no chão por conta disso, ao contrário do irmão Hellen estava ansiosa em ver seu pai, o desejo de infância retornara com força nos últimos dias, a chama de esperança apagada a tantos séculos estava acesa de novo, mas com ela também vinha o medo e o receio da rejeição.

Afinal, ela não era mais uma criança, alguém cujo ninguém rejeitaria, ela deixou de ser criança muito cedo, sua inocência não foi protegida como deveria, conheceu a morte muito cedo. Seu pai era um santo, ele salvava vidas todos os dias, ela já tirou mais vidas do que poderia se lembrar, apesar disso ela tinha um código moral: apenas matar pessoas ruins.

Esse código tornava cidades grandes seu território favorito e os homens suas melhores presas, principalmente aqueles que tinham prazer em machucar mulheres e crianças como maridos abusivos, estupradores, pedófilos, assassinos, sequestradores. Nesses momentos atos como tortura se tornavam prazerosos, ela gostava de faze-los sofrer, sentir a dor que causaram a suas vítimas, o medo, o terror de estarem sendo a presa de quem eles costumavam caçar.

Vingar as vítimas

Talvez esse código moral, o ato de fazer "justiça" para as pessoas que foram machucadas por esses monstros com as próprias mãos, fosse somente uma desculpa para que ela pudesse saciar a sua sede por sangue sem se sentir culpada. Talvez. Contudo, sempre que ela pensava nisso, sua consciência a tranquilizava a fazendo pensar em quantos vidas de pessoas ela salvou acabando com a vida de alguns monstros.

A verdade é que Hellen Harper é um monstro que mata outros monstros.

E isso era que mais a amedrontava, afinal, como um santo poderia amar um monstro tanto quanto ama seus próprios filhos?

Exatamente! Ele não pode.

Com a conclusão em que chegara, Hellen tratou de calar as vozes que dançavam por toda a sua cabeça lhe dizendo coisas que aumentavam suas inseguranças. Isso deveria ser coisa da Aurora, ela adora me atormentar em momentos como esse, pensou ela.

"Se está tão preocupada com o que o papai vai achar da sua natureza cruel e assassina, é só não demonstrar, simples assim, vista a máscara mais santificada que tiver e faça o seu próprio show, iluda-o, iluda a todos eles com a sua melhor performance", disse a voz em sua cabeça.

Essa não parecia uma má ideia, para sua própria sorte um de seus maiores talentos era a atuação, a capacidade de fingir ser alguém que ela não era, pelo menos é como a maioria das pessoas a descreveria, mas ninguém sabe ao certo o que tem por baixo de tantas máscaras, de tantas camadas, o segredo que a fazia ser tão boa em enganar as pessoas.

Um segredo que ela guardava a sete chaves, até mesmo de seu irmão. A verdade é que Hellen Harper nunca fingiu nada, nunca foi só atuação, em todas as suas versões, todos os seus personagens eram reais, sempre foram. Quando ela colocava alguma de suas máscaras a pessoa que a estava vestindo desaparecia, nem sua alma sobrava, se é que ela tinha uma.

É por isso que ela era o mais perfeito e ardiloso lobo vestindo a pele do mais inocente e doce cordeiro.

Hellen Harper via por meio dos olhos do gato o grupo de vampiros que encarava o animal, ela podia ouvi-los com a audição aguçada do felino.

— Quando foi que esse bichos chegaram aqui? — perguntou Emmett. — Eles estavam nos observando esse tempo todo? Desde quando existem pássaros flamejantes.

— Sim, estavam. — respondeu Jack. — O gato é Ruth e representa Hellen, já a fênix se chama Ikki e representa Harry.

— Eles podem nos ver e ouvir agora? — perguntou Garrett, aproximando-se de Jack enquanto encarava os animais em cima do corrimão da varanda.

— Ah com certeza podem. — respondeu Jack.

Estava na hora. Ela virou o rosto na direção de Harry ao mesmo tempo em que o gato olhou para o pássaro de fogo ao seu lado.

— Está na hora, irmão. — disse ela de forma serena. — Temos que ir.

Harry deu um longo suspiro.

— Essa história toda, é algo difícil de digerir. — falou ele. — Ainda bem que eu bebi antes de sairmos, duvido muito que conseguiria fazer isso se estivesse totalmente sóbrio. — Ele riu.

— Você está bravo. — disse ela. — Com medo, confuso e cansado, mas não precisa se preocupar. — Hellen aproximou de seu irmão e segurou suas mãos. — Apenas faça o que faz de melhor, vista uma máscara ou seja você mesmo, a única coisa que peço é que me prometa que não vai matar ninguém, pode ser?

— Tudo bem. — assentiu. — Eu prometo.

(...)

A cobra deslizou por entre as pessoas da roda, Kim, Rachel, Emily gritaram em horror quando a serpente deslizou por seus pés e enrolou-se em um torno de si mesma no chão. Rachel correu para o outro lado da roda puxando o namorado consigo, Emily agarrou-se fortemente a Sam e Kim pulou no colo de Jared, Paul riu com a reação das mulheres.

— Ah qual, meninas, é só uma cobrinha! — zombou. — Não precisam ter medo.

Paul aproximou-se do animal com a intenção de pega-la.

— Paul, para! Ela pode ser venenosa! — avisou Rachel, preocupada.

— Ah relaxa aí, Rachel, eu duvido que qualquer que for o veneno dessa víbora possa fazer algum efeito! — Ele sorriu convencido.

— Eu não botava fé! — disse o garoto, atrás de Paul. — Seu metabolismo pode até te curar de feridas, como arranhões, mordidas e alguns ossos quebrados, mas venenos? Será que já esqueceu o que aconteceu com Jacob? Dependo da velocidade em que ele viaja pela sua corrente sanguínea e cumpre sua função, talvez seu fator de cura não te salvasse dessa, talvez você passasse o resto da sua vida paralisado, deitado em uma cama de hospital em estado vegetativo.

— Fica na sua pirralho! — cuspiu Paul.

— Tá bom, você é quem sabe! — O menino deu de ombros.

Paul inclinou-se para frente e esticou a mão, a cobra esticou-se e inflou o pescoço armando o bote, o lobo por sua vez, ignorou todos os sinais de perigo e continuou o ato. Os instintos de sobrevivência foram ativados e o animal o mordeu, agarrando-se em seu braço, o jovem se assusta e sacode a mão para tentar livra-se do aperto.

— Paul! — Rachel grita em preocupação.

A serpente é lançada no chão e o rapaz rosna de dor, já o garoto em suas costas abriu um sorriso convencido e riu alto.

— Que foi Paul? Não aguenta uma mordidinha de cobra? — caçoou o garoto. Paul o olhou com ódio. — Me diz, isso foi uma tentativa de impressionar a sua namorada? Ou quem sabe ganhar a admiração dos membros mais novos da alcateia? Bom, independe do que for, meus parabéns! Você conseguiu falhar miseravelmente!

— Ah seu moleque! — Paul rosnou, avançando alguns passos na direção do menino que não mostrou sinais de intimidação, encarando o cara raivoso que em sua frente.

Ele parou ao observar a figura imponente atrás do menino, os braços cruzado na altura do peito e o rosto rígido em desaprovação, Paul não deveria brigar com os mais novos, principalmente se o mais novo em questão fosse o irmão mais novo de seu alfa.

— Paul, já chega! Vai para o seu lugar. — ordenou Sam. — Agora. — Paul recuou e voltou ao lugar ao lado de Rachel. — Você pode dar um jeito nisso? — Sam olhou para seu irmão com seriedade.

— É claro que posso! — garantiu, o mais novo. — Quem você pensa que eu sou? O Paul?

Alguns risos foram ouvidos.

— Nate! — repreendeu Sam. — Já chega, resolva isso para que possamos voltar a reunião.

O garoto revirou os olhos aproximando-se da cobra, abaixou-se apoiando um dos joelhos no chão e sentando sobre ele, sua cabeça tombou para o lado analisando o comportamento e as características do animal. Desde de a coloração rajada de amarelo e preto, da cabeça até o final da cauda aos os olhos escuros e grandes em relação à cabeça.

A maneira de agir quando se sente amaçada, o levantamento da parte frontal do corpo, a inflação do pescoço para parecer maior do que realmente é — técnica usada por muito animais na natureza para defesa — a preparação para o bote e a velocidade do ataque.

O sorriso voltou ao seus lábios, ele sabia exatamente que bicho era aquele, sua fascinação por animais peçonhentos, principalmente por cobras, o ajudara a reconhecer as características daquela serpente. Ela se preparou para dar o bote, assim como fizera com Paul e então atacou mirando no rosto do garoto, mas esse não se abalou nem um pouco, agarrou-a no ar, centímetros antes de morder seu nariz.

Os presentes na roda assustaram-se e deram um pulo no lugar quando ela o atacou, mas o menino nem piscou, ele a encarou, olhou diretamente no fundo de seus olhos, como se pudesse enxergar sua alma. A serpente que até então se debatia, acalmou-se devagar ao brilhar azul dos olhos do Quileute, ele pegou o restante do corpo do animal e segurou no colo deixando a cabeça deitada em seu ombro.

Talvez não fosse uma boa ideia deixa-la tão perto de seu pescoço daquele jeito.

— O que você está fazendo segurando essa coisa? — disse Rachel, histérica.

— Não é uma coisa, Rachel, e também não é uma víbora, Paul. — corrigiu. — É uma Caninana que para a sorte do seu namorado, não é peçonhenta.

— Mesmo assim, ela me atacou. — disse Paul.

— Te atacou por que você a provocou! — defendeu. — Você já viu o seu tamanho? Já parou para pensar que ela pode sentir mais medo de você do que você dela? A Caninana só estava se defendendo, além de que ela é praticamente inofensiva, não expele nenhuma toxina e tem presas muito pequenas.

— Inofensiva uma ova! — protestou Rachel.

— Sinceramente, Rachel, se eu fosse uma cobra e visse a cara feia do seu namorado tão de perto quando essa cobra viu, eu também o atacaria! — falou. Alguns risos dos mais novos foram ouvidos.

— Já chega, os três! — disso o ancião de cadeira de rodas. — Nate, livre-se desse bicho logo, coloque-o de volta na mata e volte depois volte para cá!

— O que? Eu não posso! Essa espécie não é nativa daqui, Caninanas vivem na América Central e na do Sul, solta-la aqui poderia ser perigoso, tanto para ela quando para o ecossistema da floresta. — explicou.

— Nesse caso, pode deixar que eu dou um jeito. — Paul ofereceu-se.

— Você não vai tocar nela. — O menino apertou a cobra contra o peito.

— Ele tem razão, você não vai encostar um dedo nela. — disse uma voz feminina e aveludada.

Todos olharam na direção da voz e avistaram uma mulher saindo das sombras, caminhando até eles, o vento soprou esvoaçando seu cabelo, o cheiro doce atingiu as narinas dos lobos em volta da fogueiro, dos mais novos ao mais velhos.

Vampira

Vários rosnados começaram a ser ouvidos na direção da mulher, que por sua vez, levantou os braços em sinal de rendição.

— Eu vim em paz! — anunciou ela.

— É muita coragem ou estupidez a sua invadir nosso território sozinha. — disse Jared.

— Não estou atrás de encrenca. — falou. — Tudo o que eu preciso fazer é falar com Billy Black, é só isso que eu peço.

— O que você quer com ele? — interrogou Sam.

— Isso é uma coisa que deverá ser tratado entre nós dois. — respondeu ela. — Então, qual de vocês é ele?

— Que tipo de relação você tem com ele? — perguntou Jacob.

— Eu já disse, isso não é da conta de vocês.

— Sam, é só você mandar. — sussurrou Jared.

— É do meu pai que estamos falando, isso é sim, dá minha conta. — replicou Jacob.

— Ah, então você é filho dele? Bom, diga o seu pai que eu trago uma mensagem de Harry Harper diretamente para ele.

— Espere, o que? — disse o senhor, incrédulo.

— Pai, você sabe quem é essa vampira e do que ela está falando? — perguntou Jacob.

Ele olhou para os dois anciões ao seu lado, Sue Clearwater e Quil Ateara, que o encararam de volta com o mesmo semblante que o seu no rosto. O senhor saiu de trás dos lobos, empurrado por Sue e tomou a frente da situação, já fazia muito tempo desde a última vez que ouviu esse nome.

— Pai! — chamou Jacob, mas foi ignorado com sucesso por Billy que fez um sinal para que ele ficasse quieto.

— Quem é você e qual é a sua relação com Harry Harper? — indagou ele.

— Meu nome é Jayme, Jayme Harper. — apresentou-se. — E Harry Harper é meu pai.

O choque se instalou novamente no rosto dos anciões.

— Harry Harper é seu pai? — balbuciou Billy.

— Sim, senhor. — Jayme abaixara suas mãos. — Ele me pediu para avisar ao senhor e aos outros anciões que ele está vindo para fazer um visita, aparentemente, a sua tribo e seus amiguinhos do outro lado do rio se meteram em um baita problema, Harry quer ajudar.

— E onde ele está agora? — perguntou Sue.

— Terminando de resolver alguns, tudo o que eu preciso fazer é dar o sinal e ele virá até nós, só peço que tenham um pouco de paciência. — falou.

O líder da tribo olhou para os dois anciões que assentiram em consentimento, um silêncio se instaurou na fogueira por alguns segundos, os lobos estavam prontos para atacar caso a mulher apresentasse qualquer sinal de perigo para os demais, principalmente aqueles que os imprinting's estavam presentes, Jayme também não desgrudou os olhos deles, sua intenção não era lutar, mas ela se defenderia com todas as suas forças caso necessário.

Percebendo aquele clima tenso, o garoto com a cobra enrolado em si tomou a frente da situação.

— Com licença. — pediu. — Essa serpente é sua?

— Sim. — assentiu.

— Você não parece ser latina. — analisou. — Pelo seu sotaque, eu diria que você é de algum lugar do Sudeste Europeu. Romênia, ou talvez Bulgária.

— Você é bem espertinho, não é? Eu não sou latina, nasci e cresci na Bulgária. — disse ela. — Sou apenas uma fã de cobras, viajei por muitos lugares do mundo pesquisando esses animais, já até adotei algumas, elas são fascinantes não acha?

— Sim. — concordou, enquanto a Caninana subia por seu ombro.

— Olha, pelo vista ela gostou de você. — Jayme deu um pequeno sorriso o qual Nate retribuiu.

— Caninanas, apesar de geralmente serem calmas, tem a fama de brava por conta da maneira que agem quando se sentem ameaçadas, o jeito de inflar o pescoço e o bote rápido e certeiro, essas serpentes são conhecidas pela agilidade. — falou, tirando o animal de seu ombro, segurando em suas mãos e o observando mais de perto. — Ela tem um nome?

De repente o sorriso de Jayme deixou seus lábios e ela disse:

— Grace, o nome dela é Grace.

— É um nome muito bonito. — Sem medo algum Nate caminhou até ficar perto da mulher, Sam gritou seu nome em desaprovação, mas não era como se ele se importasse. — Acho que você vai querer ela de volta, não é? — Ele estendeu o braço o qual a serpente deslizou até chegar ao ombro de Jayme, ela se enrolou no pescoço da dona como um cachecol esfregando-se o rosto dela. — Eu acho que ela gosta de você.

— Não se engane, garoto, cobras não sentem como seres humanos, elas não desenvolvem nenhum tipo de afeto por seus cuidadores, em alguns casos podem até tentar devora-los! — avisou. — Já ouviu a história do menino e da jiboia?

Um menino que conversou com seu amigo veterinário falou sobre como ele estava feliz com seu animal de estimação, com quem ele estava fazia alguns meses. Esta era uma jiboia que ele havia adotado quando ainda era filhote, e que, como esperado, estava crescendo muito.

Este não foi um inconveniente para o menino, porque ele amava muito seu animal de estimação e era fã de cobras. Quando ele começou a dizer o quanto estava encantado com ela, como ele havia lhe ensinado até mesmo a atender ao seu chamado e o forte vínculo que estava sendo criado entre eles, ele não pôde evitar que seus olhos brilhassem de felicidade.

"Ela até se deita ao meu lado todas as noites!", disse ele ao amigo.

O veterinário perguntou como a cobra se deitava ao seu lado; enrolada, deitada sobre ele, aos seus pés... Quando o menino explicou que ela ficava deitada ao lado dele esticada, seu amigo veterinário ficou branco como a parede que havia atrás dele.

"Ela está medindo você para depois te comer!", disse ele.

— Ah qual é! Essa já é manjada! Meu pai me contava quando eu era menor, foi assim que ele me convenceu a desistir da ideia de ter uma serpente de estimação. Então, eu acabei optando por adotar uma tarântula de joelho vermelho mexicano, o nome dele era Frank. — contou animado.

— E onde ele está agora? — perguntou Jayme.

— Bom, digamos que ele existe apenas em minhas memórias agora. — disse ele tristemente, olhando de relance para um grupinho de meninos que não paravam de cochichar atrás deles, o que não passou despercebido por Jayme.

— Sinto muito, garoto. — disse Jayme, colocando a serpente no chão que deslizou em direção à floresta

— Nate, meu nome é Nate. — apresentou -se, estendendo a mão. — Muito prazer.

— Jayme. — A mulher apertou sua mão.

(...)

Um silêncio se instaurou na sala dos Cullen, todos encaravam os seres do lado de fora, o gato por sua vez desceu da barra de aço e se aproximou do vidro que dividia os dois locais, a fênix abriu as asas e levantou voou ficando metros do chão, mas ainda na mesma linha do gato. Boom! Para a surpresa de todos, a ave explodiu em chamas, o fogo girou em círculos em volta do gato como um tornado e se desfez ao tocar o chão.

E agora lá estavam eles, os gêmeos Harper, um ao lado do outro, os encarando com curiosidade e um toque de frieza.

— Pelo visto, eles gostam de entradas dramáticas. — sussurrou Emmett para Garrett.

O gato continuava lá, encarando os vampiros com seus enormes olhos, em frente a sua representando ele andou até ela e se esfregou em suas pernas. Já Ikki não passava de um amontoado de cinzas no chão aos pés de Harry.

— Ah Ruth, vem aqui meu amor. — Hellen pegou o gato no colo e juntou ao peito de maneira carinhosa. — Eu também senti a sua falta, querido. — O bichinho miou em resposta esfregando o rosto contra o da mulher.

— Irmã. — pigarreou Harry. Ele fez uma aceno de cabeça em direção aos Cullen e seus aliados.

— Oh sim, claro. Meus mais sinceros cumprimentos a todos. Eu sou Hellen Aurora Harper e esse é meu irmão gêmeo, Harry Jonathan Harper, muito prazer. — Ela fez uma reverencia, enquanto que o homem ao seu lado encarava o vampiros ali presentes com desconfiança. — Será que nós poderíamos entrar?

— É claro que podem, fiquem à vontade. — respondeu Carlisle. — Emmett.

A porta de vidro correu pelos trilhos abrindo passagem para os gêmeos do lado de fora, a primeira a entrar foi Hellen, ela deu um passo relutante para dentro da casa e olhou em volta com admiração, ela sorriu alegremente colocando o gato no chão para que pudesse abraçar seu tio.

— Tio Jack.

— Olá, Rory, você não sabe como é bom vê-la aqui.

— Também senti saudades, tio. — Jack sorriu para sua sobrinha que retribuiu gentilmente.

— Ei, você! Vai entrar ou vai ficar paradão mesmo aí fora? — perguntou Emmett para Harry que ainda encontrava-se na varanda, analisando o local e as pessoas de forma meticulosa. Dois rostos chamavam sua atenção, Vladimir e Stefan, os únicos os quais ele conhecia daquele lugar.

— Ah por favor, irmão, não precisa ser tão desconfiado assim, deixa sua paranoia um pouco de lado! Está tudo bem, Harry, você pode entrar! — Hellen estendeu a mão de forma convidativa para seu irmão que sem muita escolha acabou aceitando, ela o puxou para dentro. — Viu? Morreu por acaso? — Harry nada disse. — Foi o que eu pensei.

Jack pigarreou.

— Harry, Hellen, tem alguém que gostaria muito de conhece-los. — Jack passou por trás dos sobrinhos e ficou entre eles, colocou as mãos nos ombros dos sobrinhos os direcionando para frente, Harry não gostara nem um pouco da aproximação do tio. — Este é Carlisle Cullen, seu pai.