Alguns segundos se passaram, silêncio total, um tanto quanto constrangedor, os gêmeos não sabiam o que dizer, muitas revelações ocorreram na última hora, tudo saiu bem longe do planejado. Os gêmeos não estavam usando seu anel de ilusão, era a primeira vez que faziam isso na frente de outros vampiros, a sensação era de completa exposição, chegava a ser até um pouco desconfortável mostrar quem realmente eram.

Seus olhos já não eram como rubis, sua pele já não era mais tão brilhante e pálida quanto antes, seus coração agora podiam ser ouvidos, o calor do sangue quente pulsando em suas veias podia ser sentido, o cheiro que exalava deles também mudara. A situação em que estavam já era estranha o suficiente, agora, estar cercados por vampiros que sabem que vocês não são vampiros e sim híbridos piorava um pouquinho as coisas, mas olha o lado bom!

Pelo menos, a probabilidade deles tentarem os exterminar, proibir sua existência, escravizar para que se tornem seus servos eternos ou criar um exército de híbridos particular para lutar por você sempre que precisar, era baixa. Então, fique feliz e sorria, tudo ainda pode piorar.

Carlisle, por outro lado estava admirado, obviamente o baque inicial foi um choque que foi logo substituído por curiosidade e agora por admiração, por um instante o vampiro duvidou de seus olhos, duvidou de tudo o que aconteceu desde a aparição de Jack. Contudo, essa teoria foi descartada ao perceber a realidade em que estava, notou a semelhança de Hellen com Elizabeth o que só refutava sua teoria do delírio coletivo, percebeu também os olhos verdes de Harry que o encaravam com intensidade.

Seus filhos

Isso seria meio difícil de se acostumar, Carlisle tinha sua família formada, seus filhos e sua esposa, aqueles em sua frente por outro deveriam ter sido sua família muito tempo antes da atual, direito que foi tirado de ambas partes. Mesmo assim, ele estava disposto a conhece-los, ele queria conhece-los, inclui-los em sua oficialmente em sua família, porque em seu coração eles já faziam parte.

Carlisle Cullen já os amava

— Pensei que você fosse mais alto. — disse Harry, quebrando o silêncio.

— Harry! — repreendeu Hellen.

— O que? Nossa mãe sempre disse que eu me parecia com ele, e eu estou dizendo que nem tanto assim, até por que eu sou mais alto e meu cabelo é muito mais bonito! — gabou-se, passando a mão nos fios loiros. — Além de que tinha ficado um puta climão aqui, por um segundo eu me senti conhecendo os pais em um velório de um cara que eu mesmo acidentalmente matei! Oh situaçãozinha constrangedora. — Harry fez um careta e como se lembra-se de algo que lhe dava arrepios.

— Harry! — Hellen o repreendeu.

— Você está de frente com seu pai biológico pela primeira vez em toda a sua vida e essa é a primeira coisa que você diz? — perguntou Jack, com incredulidade. Harry deu de ombros. — Meu Deus.

— Qual é o problema? Como você disse, ele é meu pai biológico, não o Papa Bento! — retrucou.

— Ah esqueça isso! Vamos voltar ao foco, por favor! — pediu Jack.

— Está bem, está bem. — Harry levantou as mãos em sinal de rendição, girou em seus calcanhares direcionando-se a Carlisle. Ele abriu um largo sorriso. — Olá, eu sou Harry Harper, seu filho mais velho, biológico, com mais o rosto mais bonito, um cabelo incrível e um corpo perfeito! — Passou a mão pelos fios loiros e em seguida pelo queijo com uma expressão convencida.

— Com o ego mais inflado... — murmurou Hellen, recebendo um olhas desaprovador de Harry.

— Basicamente, eu puxei a genética boa da família, o que pode incomodar bastante e causar muita inveja em algumas... — deu uma pausa. — ...Irmãs gêmeas. Contudo, isso não é relevante no momento.

— É muito bom finalmente conhece-lo, Carlisle Cullen. — Harry pegou a mão direita do vampiro e colou entre as suas em um tipo de cumprimento. — Podemos dizer que eu esperei muito por esse momento. — Seu sorriso parecia sincero e expressava uma tímida alegria.

— Vocês não mudaram nada mesmo! — exclamou com acidez, o homem com cabelos platinado e um sotaque marcante em sua voz, os encarava com escárnio.

— Continuam a mesma dupla dinâmica que conhecemos anos atrás. — Outra voz com um sotaque forte pronunciou-se, dessa vez de um homem de cabelo escuro como a noite que não esbanjava expressão diferente da do amigo.

— Vladimir, Stefan. — Harry pronunciou o nome com amargor.

— É sempre um desgosto encontra-los. — Hellen os encarou com repulsa. — Não sabia que a escória da Romênia havia sido convidada, ou talvez apenas tenham esquecido de colocar o lixo para fora. — Vladimir mostrou os dentes em resposta a qual ela apenas revirou os olhos.

— Por favor, Vladimir, Stefan. — pediu Carlisle.

— Paz, irmã, paz. — Harry colocou-se entre os dois, os braços abertos e as mãos com as palmas viradas para baixo, pedindo para que houvesse calma entre os dois. — Não estamos aqui para brigar, não hoje. Todos aqui são aliados, não inimigos, isso serve tanto para eles quanto para nós.

— Tem razão, não temos tempo para isso. — concordou.

— Ótimo, que bom que concorda.

— Harry, Hellen, eu sinto muito. — lamentou-se Carlisle, sua fala era afobada e sua voz soava um tanto quanto desesperada. Os gêmeos, por sua vez, se entre olharam. — Eu não sabia, eu juro que se eu... — Hellen levantou a mão pedindo para que ele parasse.

— Por favor, pare. Nós ouvimos a história, nós estamos tão surpresos e chocados quanto você, crescemos acreditando em uma mentira, nunca imaginaríamos algo vindo de alguém como a nossa mãe. Ela era a pessoa mais amável e boa que conhecíamos, nós a amávamos de todo o nosso coração, mas esta não é a hora e nem o momento para discutirmos essas questões familiares. — disse Hellen. — Viemos aqui com outro objetivo, para tirar outra história a limpo, há vidas em jogo aqui. Tenho certeza que teremos muito tempo para falar sobre isso depois, esse assunto espero quatrocentos anos para ser abordado, isso pode esperar mais um pouco.

— Sim, claro. — concordou Carlisle.

O coração de Hellen afundou em seu peito ao ver a feição entristecida do homem, o desapontamento estava estampado em seu rosto, mas o que ela poderia fazer? Precisava ir direto ao ponto! Além de que não queria falar sobre aquilo no momento, tinha muitas coisas passando em sua cabeça, ela precisava organizar seus pensamentos em primeiro lugar. Ela apertou os lábios em frustração, o que não passou despercebido por seu irmão.

— Então, já que estamos todos de acordo, me respondam uma coisa! Eu confesso que estou muito curioso para saber! — Harry bateu as mãos quebrando o clima tenso que se formara com um toque de bom humor. — Quem foi que deu e quem foi que meteu, hein?

Um riso alto explodiu ao fundo, era Emmett, rindo diante da pergunta e do constrangimento ao ver a esposa de seu irmão encolher-se no sofá, envergonhada e Edward ficar sem expressão por alguns segundos.

— Ah, sim, cara eu te amo! — exclamou Emmett, entre risos. — Finalmente alguém que sabe se divertir. Até mesmo Rosalie segurou uma risada no fundo da garganta.

— Harry! Quanta grosseria! — Hellen deu um tapinha no ombro de Harry o repreendendo. — Vai constrange-los desse jeito. — disse, soltando uma risadinha.

— O que? — perguntou ele, fingindo não entender, — Bom, já que ninguém se oferece para responder, acho que eu mesmo vou ter que descobrir. — Um olhar malicioso tomou conta de seu rosto, o sorriso de uma criança que estava prestes a fazer a melhor das travessuras. — Você! — Ele apontou. — A recém criada! É você não é? A mãe. — Ela assentiu. — Qual é o seu nome?

— Bella. — ela respondeu.

O sorriso travesso de Harry cresceu.

— Bella! — exclamou ele. — É um nome realmente bonito.

— Obrigada. — agradeceu.

— Bella, Bella, Bella, Bella... — cantarolou. — Você, por acaso, não seria uma das minhas irmãs mais novas que eu nem sabia que tinha, não é? — Ela assentiu. — Casada com um irmão meu? — Outro balanço positivo de cabeça. — Legal!

Ele estava a pouco mais de dois metros da porta que dividia a sala e a varanda, enquanto Bella estava do outro lado da sala, sentada no sofá, respondendo às perguntas de Harry ainda um pouco constrangida pelo comentário feito por ele a alguns minutos.

— Me diga, Bella, você não é muito nova para ser vampira? Quero dizer, nesse caso, dizem que quanto mais novo melhor, algo que eu particularmente discordo! Imagina só! Ter dezessete anos para o resto da eternidade, que saco! Quantas coisas eu seria privado de fazer só por aparentar ser muito novo, seria meu pior pesadelo. — Ele fez uma careta. — Ui, até arrepiei! — Outra gargalhada alto de Emmett ecoou pela sala, algo que fez o próprio Harry rir.

— E sobre ser mãe? Digo, gravidez na adolescência não deve ser fácil, principalmente sendo um bebê monstro que suga a vida da progenitora a cada centímetro que cresce! — Agora, Bella não estava mais envergonhada, sua postura enrijeceu, a expressão em seu rosto era séria. Sua filha era um tópico sensível, algo sagrado que nunca deveria ser violado. — Ou, ou, ou não me olhe desse jeito! Eu tenho direito de falar sobre isso, afinal de contas, eu já fui esse bebê uma vez!

Harry deu um passo na direção de Bella e de repente, ele estava agachado em sua frente. Ela arregalou os olhos por alguns segundos, o maxilar estava travado, a mulher nunca admitiria em voz alta, mas se fosse humana seu coração teria parado de bater com o tamanho susto que levara com a aproximação do híbrido.

Bella estava o encarando o tempo todo, ela não piscou, então quando foi que ele chegou tão perto? Ela era nova, a amplitude de seus sentidos era maior, ela ainda estava aprendendo a como usa-los corretamente, estava se esforçando e se saindo muito bem nisso. Então, quando foi que ele chegou tão perto?

Os olhos dela entregavam tudo, seu rosto era como o de uma estátua de mármore esculpido severamente, mas seus olhos...Os olhos são a janela da alma, eles expressam mais do que se pode imaginar, Harry estava a centímetros de seu rosto, aquilo era invasivo, seu olhar penetrante a deixava hipnotizada. Ela não conseguia desviar a fixação, era como um encanto, ele podia ver mais do que ela podia perceber que ele estava vendo.

— De qualquer forma, é bom saber que meu irmão tem bom gosto! — Ele sorriu. — Você parece forte. — Ele tocou em seu queixo e o empurrou levemente para cima. Passos foram dados em sua direção, os quais ele nem ligou. — Você é forte. — Em toda a minha vida, eu só conheci uma pessoa que sobreviveu ao nascimento de um bebê meio-imortal e sofreu transformação para contar a história. Bom, aparentemente esse número acabou de subir.

— Deveria me ver quando eu aprender a controlar meu escudo. — disse ela.

— Oh você tem um escudo? — Harry intercalou o olhar entre Bella e sua irmã que sorriu coma informação. — Isso é incrível! Você é uma recém-criada muito interessante. É realmente gratificante para mim — Ele abaixou apoiando um dos joelhos no chão, pegou uma das mãos de Bella e beijou. —, conhecer alguém como você!

— Ei eu acho que já deu! — Harry sentiu alguém puxa-lo para trás pelo braço.

— Ei cara, calma aí, não precisa de toda essa agressividade. — disse ele, soltando-se do aperto. — Quem é você exatamente?

— O marido, Edward Cullen. — respondeu com a voz apertada em irritação.

— E não é que deu certo mesmo! Eu achei o pai! — Harry riu e bateu palmas. — Me enche de alegria saber que você não é fumante, afinal!

— Harry! Sem piadas sobre pais ausentes, por favor. — Hellen o repreendeu. — E se já terminou de dar o seu showzinho, nós poderíamos seguir falando sobre coisas que realmente importam.

— Okay, mas saber quem deu e quem meteu é sempre uma coisa importante! — defendeu-se.

— Pare de usar esses termos! É muito deselegante! E constrange as pessoas!

— Certo, não está mais aqui quem falou.

Ao terminar de repreender seu irmão pelo linguajar, ele dirigiu sua atenção a Edward e Bella.

— Sinto muito pela aborrecimento que meu irmão lhes causou, ele pode ser um pouquinho petulante as vezes. — Harry revirou os olhos. — Edward, Bella, é um prazer conhece-los. Irina nos disse sobre vocês.

— Irina? Vocês falaram com Irina? — perguntou uma voz preocupada. — Como ela está? Está viva? Bem? Segura? — Uma mulher de olhos dourados, cabelo liso e loiro era quem perguntara sobre Irina, ela estava agarrada a outra mulher parecida, porém de cabelo cacheado. Eles as analisaram.

— Por favor, diga alguma coisa. — pediu a outra mulher.

— Desculpe, mas quem são vocês? — perguntou Hellen.

— Kate e Tanya Denali, somos de Irina. — disse Kate. — Estamos preocupadas com ela, diga, ela está bem?

— Sim, está bem e segura. — afirmou Hellen. As irmãs suspiraram em alívio.

— Por hora. — acrescentou Harry. Hellen o olhou séria, ele não devia ter dito aquilo.

— O que quer dizer com isso? — dessa vez quem perguntou foi outra mulher, uma morena agarrada a um homem, Eleazer, se eles bem se lembravam.

— É complicado. — disse Hellen. — Apenas fiquem calmas, não escutem meu irmão, tudo vai ficar bem, sua irmã vai ficar bem.

— Mentir é feio, sabia? — Vladimir as interrompeu. — Aquela mulher já está condenada, os Volturi vão matá-la assim que ela deixar de ser útil.

— Calem à boca, vocês dois! — ordenou Hellen.

— Apenas estamos dizendo a verdade, Irina Denali, está morta! Não há como ela escapar disso, nem mesmo vocês dois podem salvá-la! E vocês sabem disso. Então por que ficar dando falsas esperanças a família dela?

— Não ouçam eles! São como cobras venenosas, apenas esperando a chance de dar o bote!

— O que eles estão dizendo, é verdade? Eles vão matá-la? — perguntou a moça morena, porém a pergunta não era direcionada a eles e sim ao homem que estava com ela.

— Se a política dos Volturi não mudou, receio dizer que sim. — decretou ele.

As mulheres olharam desesperadas para Hellen, eles buscavam algumas discordância, um fio de esperança e suplica residiam em seu olhar. Contudo, ela não podia mentir para elas, não conseguia fazer isso, Irina havia mentido para os Volturi e quando eles descobrissem sobre a alegação falsa, ela seria morta. Hellen apertou os lábios e disse em tom baixo:

— Eu sinto muito.

A desolação tomou conta de seus olhares.

— Não, eu não acredito! — disse Kate deixando a sala, sendo seguida por Tanya e a outra mulher.

Hellen sentiu pena delas, e raiva dos romenos. Perder um membro da família não era fácil, um irmão próximo ainda por cima, ela podia imaginar a dor. Jamais aguentaria perder Harry, só de pensar nisso seu coração já dói. Os outros vampiros também não estava alheios a cena, todos prestavam atenção atentamente desde que os gêmeos pisaram naquela sala, direcionaram muitos olhares à eles, um misto de curiosidade e desconfiança.

Os clãs sentiram a dor das irmãs Denali, os Irlandeses entre olharam-se preocupados colaram-se ainda mais ao lado de Maggie de maneira protetora, os egípcios apertaram-se em seus parceiros, os nômades se abraçaram, Senna e Zafrina deram as mãos. Todos tinham alguém importante ali, alguém por quem lutar e alguém para perder.

— Felizes agora? — Ela os escarou com desprezo. — Vocês continuam os vermes desprezíveis que sempre foram! Eu deveria tê-los matado quando tive a chance á tanto anos!

— Irmã, por favor, controle-se. Não haverá mortes hoje, ou já se esqueceu do que eu falei? Ou do que você me fez prometer? Sem mortes, uh?

— Certo, sem mortes. — concordou ela, dando uma última olhada para os vampiros romenos. — Nós viemos apenas conversar.

— E é o que faremos. — disse Harry.

Hellen respirou fundo acalmando-se, e perguntou:

— Nós viemos pela criança, onde ela está?

— Ela está dormindo agora. — respondeu Edward. — Nós não sabíamos que nenhum de vocês três viriam, além de que não achamos essa reunião apropriada para uma criança.

— Acorde-a. — falou Harry simplista. — Durante a infância, híbridos conseguem passar dias sem dormir, a tolerância aumenta conforme envelhecemos, perder algumas horas de sono não vai fazer mal a ela, principalmente quando o motivo em questão é a sua própria segurança, estou certo?

— É, eu suponho que esteja. — concordou Edward, com a voz monótona ele encarava Harry com o rosto sério, o qual o Harper retribuía com um sorriso convencido.

Harry estava adorando provocá-lo.

— Não precisa traze-la aqui, posso poupa-los do trabalho, eu mesmo me ofereço para ir até ela, com a companhia e benção de um dos pais, é claro. — Ele estendeu a mão na direção de Bella e Edward. — Então, quem vai ser?

Ambos encararam-se em uma conversa silenciosa, Bella deu um passo a frente, ela o acompanharia, era mais prudente na visão de ambos. Ela era um escudo e uma recém criada, poderia proteger Renesmee melhor do que Edward faria caso necessário. Harry sorriu com malícia.

— Tudo o que você precisa fazer é me tocar. — insinuou com divertimento. Edward travou o maxilar. Hellen riu. E Bella revirou os olhos colocando a mão sobre o ombro de Harry, ele deu uma piscadela para sua irmã. — Vejo vocês em alguns minutos ou quem sabe um pouco mais.

Edward rosnou alto e Harry gargalhou na mesma altura, desaparecendo logo em seguida.

— É melhor que seu irmão não tente nada com a minha Bella.

Hellen que até então estava de costas para Edward virou para ele, seu sorriso divertido causado pela última brincadeira do irmão desapareceu, seu olhar transformou-se em soberba.

— Acredite Edward, se meu irmão quisesse essa mulher de alguma forma, ela não seria mais sua e você não poderia fazer nada à respeito disso. — Um sorriso debochado nasceu em seu rosto. — Mas para a sua sorte, ela não faz o tipo dele, o único interesse de Harry é se divertir, e você parece ser um alvo muito fácil para ele.

— Bom saber que lhe trago alguma alegria. — zombou revirando os olhos.

(...)

— Ellie vem aqui agora! — esbravejou o homem. Ele era um homem negro e alto, tinha um cavanhaque ralo e o cabelo raspado, os olhos eram apertados e expressivos. — Eu não estou brincando Elle, já passou da hora de ir dormir.

— Ela está fugindo de novo? — perguntou outro homem, também alto, porém de etnia indígena, um cabelo liso e longo amarrado em uma trança, os olhos castanhos e os lábios grossos.

— Para variar um pouco sim. — afirmou o outro em um suspiro. Passos rápidos e uma risada infantil foram ouvidos, os homens fizeram silêncio, eles não podiam vê-la, mas podiam ouvi-la, sua respiração, suas risadinhas. — Peguei você! — Ele agarrou o nada e o levantou no ar, a risada ficou mais forte revelando uma linda garotinha em seus braços.

Ela era pequenina, parecia ter por volta de cinco ou seis anos, tinha olhos escuros, o cabelo dourado alaranjado curto e ondulado, um sorriso enorme no rosto coberto de alegria. Um exemplo da pureza de uma criança.

— Você me pegou, você me pegou! — disse ela entre risos.

— Sim, é agora está na hora de você ir para cama. — disse ele.

— Damian, Nahuel acharam ela? — indagou uma voz feminina.

— Sim, tia. — disse Nahuel. — Damian está com ela agora.

— Tia Huilen, eu quase consegui enganar o Damian dessa vez! — exclamou a menina. — Faltou bem pouquinho. — Ela fez o sinal deixando os dedos polegar e indicador bem pertos um do outro.

— Ah é? — a mulher aproximou-se. Ela tinha um tom de pele azeitonado, cabelos lisos como o de Nahuel e olhos vermelhos.

— Sim! — gargalhou.

— Pois é, foi quase Ellie. — ele acompanhou a risada da garota, mas parou repentinamente. Seus olhos tomaram uma expressão vazia.

— Damian, o que foi? — perguntou Nahuel.

— Irmãozão, 'tá tudo bem? — perguntou Elle.

— Eles estão vindo. — falou. — Vampiros de olhos dourados, estão rondando a área, procurando por... — Deu uma pausa. — Nós? — Damian voltou a si. — Huilen leva a Elle lá para cima, eu vou resolver isso, fiquem aqui! Seguros e invisíveis. — Ele entregou a irmãzinha nos braços da vampira, olhou para Nahuel e assentiu.

Alice e Jasper corriam incessantemente pela mata, parecia que faziam isso á horas, repetidas vezes e não chegavam em lugar nenhum. De fato, essa era a intenção. Damian não estava esperando visitas, porém aqueles olhos diziam muita coisa, ele os reconhecia.

Cullen

O que eles faziam tão longe de casa? Após a morte de Joshua e a briga que teve com Nate á alguns meses ele deixou Forks, precisava lidar com o luto e se afastar de todo caos físico e emocional que rondava aquela cidade. Contudo, ele mão esquecerá dos Cullen ou de quem eram aqueles olhos.

— Alice, Jasper. — proferiu o rapaz.

— Damian. — disseram ambos.

— Vocês estão muito longe de casa. — comentou. — Imagino que haja um bom motivo para isso, não?

— Temos um problema e precisamos da sua ajuda. — disse Alice.

— Como me acharam? — interrogou.

— Nós conhecemos seu tio, Jack Harper, ele nos disse onde achar você, também disse que você poderia ajudar com nossa questão. — disse Alice.

— E como eu faria isso exatamente?

— Bom, você é um híbrido não é? — disse Jasper.

Damian arregalou os olhos e soltou um palavrão.

— Puta merda. — exclamou, entendo o intuito da pergunta. — Não me diga que aconteceu? A Bella?

— Está viva e transformada, mas agora ela e Edward tem uma filha, Renesmee. — contou Alice. — Um criança adorável, carregada e concebida quando Bella ainda era humana, ela aprende rápido, cresce e se desenvolve a cada dia é totalmente diferente de uma criança imortal.

— Não diga mais nada! — Damian aproximou-se deles e estendeu as mãos para Alice. — Mostre-me.

Ambos fecharam os olhos quando Damian adentrou na mente de Alice, ela lhe mostrou tudo o que ele tinha direito de saber, o casamento de seu irmão, a Lua de Mel, a gravidez de Bella, a revolta dos lobos, o nascimento, o conflito entre Cullen e a matilha de Sam, por segundo houve um corte nas memórias da vampira, como se ela tentasse esconder algo dele.

— Não esconda as coisas de mim, Alice, não posso te ajudar se não souber de tudo.

— Não estou escondendo nada, apenas acho que devo lhe poupar de memórias desnecessárias minhas e de Jasper.

Damian apenas soltou um murmúrio concordando, ele não estava convencido, mas não discutiria com ela. A censura se repetiu mais algumas vezes até que todas informações fossem passadas, eles abriram os olhos e largaram as mãos um do outro. Ele parecia pensativo sobre o que fazer, os gêmeos estavam com os Volturi e Jayme fora atrás deles, Jack com Carlisle, não parecia ter escolha a não ser se juntar a Alice e Jasper, toda a sua família estaria nesse conflito, todos já escolheram seus lados.

Conhecendo os Volturi, eles não gostam de ser enganados e vão tentar sair por cima pelo bem da reputação deles, afinal eles também gostam de uma plateia e passar vergonha no próprio show não é algo agradável. Para Damian, isso não girava apenas em torno do drama dos Cullen, ele também pensava em Nate, os Volturi o desejavam por seus talentos e essa parecia ser uma ótima oportunidade para tê-lo em suas mãos.

Se os Volturi pusessem suas mãos em um Espírito Guerreiro com o potencial dele...Não, ele está protegido. O próprio Damian garantiu isso antes de partir, sua magia era poderosa e o manteria seguro. Mesmo assim, ele não duvidava da mente manipuladora de Eilleen e dos planos de Aro e Caius.

— Deve saber que eu não sou como a sua criança. — falou.

— Quando o conhecemos apresentou-se a nós como um bruxo, não um vampiro. — disse Jasper. — Então sim, sabemos que é diferente, mas também imaginamos que conheça alguém igual.

Damian apenas fez um sinal com a cabeça para que eles o seguissem.

— Outra cabana, que ótimo! — murmurou Alice, olhando para o casebre de aspecto abandonado.

— Olha de novo. — requisitou. Alice piscou e viu a cabana transformar-se em um grande chalé iluminado por cores quentes. — Fiquem avontade. — Ele tomou a frente entrando na casa. — Nahuel, Huilen está tudo bem, eles são amigos.

— Irmãozão! — gritou Ellie pulando em Damian, ela não estava visível até encostar nele. Os outros dois apareceram logo em seguida.

— Desculpe, não conseguimos segurar ela. — disse Huilen.

— Quem são eles? — perguntou a garotinha encarando os visitantes, seus olhos brilhando em curiosidade, arregalados e penetrantes.

— São amigos, conheçam Alice e Jasper, esses são Huilen, meu irmão Nahuel e minha irmãzinha Elle. — apresentou à eles.

Ambos estavam em choque, Alice levara a mão à boca e espanto, Jasper apenas tentava raciocinar.

— Oi. — disse ela. — Meu nome é Elle, mas pode me chamar de Ellie.

— Oi. — respondeu Alice, aproximando-se da menina no colo de Damian. — Sou Alice e esse é o Jasper, muito prazer Ellie. — A garotinha sorriu alegre.

— Você parece uma fada Alice! — exclamou com diversão.

Alice sorriu.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.