Os Filhos De Carlisle Cullen

Capítulo 7 - Reunião de Família


Hellen e Demetri seguiam em direção a sala do trono, lado a lado, quietos em um silêncio hostil que foi quebrado por Demetri, após eles chegarem em frente as enormes portas da sala real.

— Você nunca me contou que tinha uma irmã mais nova. — falou ele.

— Eu não tenho uma. — replicou.

— Não é isso que parece. — Demetri abrir a porta e entrou na sala sendo seguido por Helen.

— Como as- — Hellen se auto interrompeu.

Seus pés enraizaram-se no chão e a híbrida prendeu a respiração, ela sentiu que seu coração poderia parar ao sentir aquele cheiro de frutas vermelhas no ar, ao ouvir sua voz grossa e melodiosa, ver aquela mulher naquele local se virar para ela, cercada por todos aqueles vampiros da guarda de Volturi com os próprios líderes do clã em sua frente a olhando de forma curiosa.

— Jayme. — proferiu, deixando o ar voltar a circular em seus pulmões.

— Olá, Helen. — cumprimentou ela, dando um pequeno sorriso.

Jayme era uma mulher de estatura mediana, seu cabelo era liso e escuro, batia um pouco abaixo da linha do ombro, seus olhos eram esverdeados e as sobrancelhas finas, o nariz era alongado e os lábios grossos, sua pele era pálida como a de qualquer vampiro. Vestia um par de coturnos, uma calça de couro, um blusa vermelha escura de manga comprida e uma jaqueta preta. Sem contar que assim como os gêmeos, anéis também enfeitavam os dedos de Jayme.

Um momento se passou em silêncio, Helen ainda estava chocada de mais pela presença de sua sobrinha no local, seus pés ainda estavam grudados no chão e o pânico tomava conta de sua mente. Graças ao céus que fora ela quem veio com Demetri receber Jayme, Harry com certeza teria tido um surto na frente de todos ou talvez enfartasse de vez. Bom, ele ainda surtaria se soubesse da presença da filha no palácio.

Percebendo isso, Jayme foi até Helen e a abraçou em um gesto reconfortante que pareceu desperta-la de seu transe de pânico, fazendo-a retribuir o abraço.

"Recomponha-se", sussurrou Jayme em seu ouvido.

— Qual é o problema, mana? — perguntou, desvencilhando-se do abraço ainda com as mãos sobre os braços de Helen. A voz grave de Jayme ressoou nos ouvidos de Helen com familiaridade e calma, enquanto seu cheiro invadia suas narinas. Aquilo era totalmente real, Jayme estava lá. — Parece até que você viu um fantasma.

— Eu não esperava ver você por aqui. — falou.

— Eu sei que não, sinceramente fiquei surpresa que você e Harry tenha voltado para esse lugar, mas assim que soube o motivo fiquei muito interessada e vim correndo para cá me juntar a vocês. — contou.

— Ah é mesmo? — perguntou Helen, um pouco ofegante. — Que ótimo.

— Nós não sabíamos que você e Harry tinham uma irmã mais nova. — disse Caius. — Você e Harry nunca comentaram de alguém mais na família, com exceção de Jack, é claro.

— Sinceramente irmã, vocês nunca mencionaram nada sobre mim a eles antes? Isso é meio decepcionante.

— Bom, nunca nos foi perguntado nada do tipo, além de que eu nunca achei que a minha vida pessoal fosse algum assunto a ser discutido com a guarda ou com os senhores. — esclareceu, secamente.

— Ah isso não importa, eu estou aqui agora afinal. — Jayme soltou os braços de Helen para se aproximar dos líderes Volturis. — E estou muito feliz em finalmente conhece-los pessoalmente, mestres. — Ela fez um reverência.

— Também ficamos encantados em conhece-lo também, querida Jayme. — disse Aro, com sua falsa simpatia. — Adoraríamos conhece-la melhor se permitir. — Aro estendeu a mão para a híbrida de cabelos escuros.

— Eu acho que já foi o suficiente por hoje. — Helen puxou Jayme pela mão para trás de si de forma protetora. — Se era só isso o que tinham para reportar a mim, iremos nos retirar agora.

— Oh querida, fiquei mais um pouco, pelo menos até terem preparado um quarto para a nossa mais nova testemunha. — pediu Aro.

— Não é necessário, Jayme ficará comigo. — decretou. — Nem eu nem Jayme nos importamos de dividir, já que espaço é o que não falta no quarto onde estou.

— Como desejarem. — concordou Aro. — Aliás, Jayme querida, você está mais do convidada para o Baile que haverá em poucas noites aqui no palácio.

— Obrigada, mestre. — agradeceu ela.

— Se nos dão licença, vamos nos retirar.

Helen deu as costas para o reis e saiu do salão puxando Jayme, ela estava nervosa com a presença da sobrinha ali, o choque já tinha passado, o medo e a ansiedade estavam dominando agora. Ela apertava o punho da mulher fortemente e andava em passos apressados.

.— Você está me machucando.

Helen virou o corredor e abriu uma porta, empurrando Jayme para dentro e fechando a porta com força causando um estrondo.

— O que você pensa que está fazendo aqui? — interrogou.

— Visitando os meus gêmeos favoritos? — retrucou Jayme, cruzando os braços.

— Eu não estou brincando Jayme, você não deveria estar aqui! — exclamou Helen, furiosa. — E sim estar com seus irmãos no Brasil!

— Eu sei, eu sei. — Ela revirou os olhos. — Mas eu pensei que talvez vocês dois precisassem de um forcinha aqui na Europa, sabe?

— Bom, nós não precisamos, está tudo sobre controle, você veio atoa, é melhor você ir.

— De jeito nenhum, agora que estou aqui, pretendo ficar. — anunciou.

— Não mesmo! — discordou Helen. — Harry vai surtar se souber que você está aqui!

— Deixe-o surtar. — respondeu simplista.

Helen respirou fundo e juntou as mãos tentando se acalmar.

— Escuta bem querida, vamos ver se assim você entende! Você não pode ficar aqui! É perigoso demais, Jayme, tem muita coisa em jogo, nossa reputação, nosso segredo, a vida de uma criança híbrida, nossas próprias vidas, clãs inteiros que se dispuseram a lutar tanto pelos Volturi quanto pelos Cullen, nossa segurança está em risco Jay, a sua vida e a dos seus irmãos estão em risco. — argumentou.

— Que ótimo, você só me deu mais motivos para ficar e ajudar vocês.

— Céus, por que você tem que ser tão teimosa?

— Eu não sei, deve ter puxado isso de você. — Helen reprimiu um grito de frustração vindo do fundo da garganta, enquanto Jayme dava um sorriso convencido.

Helen respirou fundo, olhou para Jayme que estava parada no fim do corredor e tomou coragem batendo na porta do quarto de Harry.

— Sim? — ele a abriu.

— Oh vejo resolveu o que vestir. — Helen sorriu de lado. — Elegante.

Harry estava vestindo um sobretudo escuro por cima de uma blusa de manga comprida e gola alta também escura, uma calça e coturnos pretos. Seus brincos de cruz dourada cintilavam em suas orelhas, seus anéis largos não estavam mais em seus dedos deixando apenas os prateados. Seu cabelo estava perfeitamente penteado para trás com um volume na frente.

— Eu sei. — disse ele, enquanto fechava o sobretudo. — Então, qual era o problema?

— Não era exatamente um problema sabe? É só que...

— Hey vampiro Ken! — disse Jayme, aparecendo atrás de Helen.

Harry paralisou por um momento, sua respiração travou, uma corrente de eletricidade passou por todo o seu corpo quando ele se moveu em alta velocidade até Jay e prensou na parede do outro lado do corredor.

— O que diabos você está fazendo aqui? — perguntou ele com seriedade.

— Vim ver o meu tutor favorito, não está óbvio? — alfinetou.

— Você não deveria estar aqui. — falou Harry.

— Olha que interessante, não é a primeira vez que eu ouço isso hoje. — disse com sarcasmo.

O híbrido respirou fundo.

— O que ela está fazendo aqui, Helen?

— Veio ajudar. — respondeu simplista. — Basicamente, ela disse que queria embarcar nessa aventura suicida com a gente.

— E você fala isso assim? De forma tão simples?

Helen deu de ombros.

— Você deveria estar na Amazônia cuidando dos seus irmãos e de Huilen agora. — disse Harry, virando-se para Jayme.

— E eu tenho cara ser babá por acaso? — respondeu ela, cruzando os braços.

— Você é a irmã mais velha deles. — replicou.

— Sou a irmã mais velha, não a mãe deles! — retrucou. — Além do mais, eles estão seguros e esperando.

— O que quer dizer com isso? — perguntou Helen, preocupada.

— Por que nós não entramos para eu explicar melhor aos dois? — sugeriu Jayme. — Ficar nesse corredor não oferece muita privacidade.

— Ah querida, eu silenciei essa conversa no momento em que bati na porta do Harry.

— Jack ligou. — disse Jayme. — Ele nos contou o que estava acontecendo, que tinha mandado uma vampira vidente até nós e que vocês estavam planejando visitar o "vovô" em breve, então meus irmãos, Huilen e eu fizemos uma votação, concordamos que eu viria até você e os outros esperariam pela outra.

— Depois disso você os deixou e veio sem nos avisar. — disse Harry.

— Se eu tivesse avisado, vocês me impediriam de vir, além de que meus irmãos vão ficar bem, Damian está com eles, posso até ser a irmã mais velha, mas ele não é como nós, vocês sabem disso, suas origens e dom o tornam mais forte, mais do que eu, do que Nahuel, Elle, Huilen, talvez até mais forte do que vocês dois. Vai ficar tudo bem com eles. — argumentou.

— Ela está certa. — concordou Helen.

— Eu sei. — Harry suspirou. — Suponho que você queira visitar os Cullen conosco, não é?

— Parece que mais você botou essa sua mente aguçada para trabalha e acertou em cheiro, Jhonny. — brincou Jayme com um sorriso ladino.

— Tudo bem, você pode ir. — permitiu Harry. — Mas vai ter que me fazer um pequeno favor em troca.

— Feito.

(...)

Jack dissera que seus sobrinhos eram magiourives, então Carlisle começou a juntar os pontos. Mas, será que era possível?

— Com isso meus sobrinhos puderam se disfarçar entre os vampiros omitindo de todos sua verdadeira natureza e juntando-se aos Volturi por algumas décadas. — esclareceu Jack. — Talvez vocês já tenham ouvido falar deles, já que no século passado eles ficaram muito conhecidos pelo seu papel na guarda como "Os Gêmeos Harper".

— Nunca os conheci pessoalmente, mas já ouvi boatos sobre eles por meio de alguns amigos nômades. — disse Garett. — Uma mulher e um homem, tão perigosos e mortais quanto Alec e Jane, talvez é até piores do que eles. Parecem serem guerreiros formidáveis.

— Oh sim, isso é verdade. — concordou Vladimir. — Eles são vampiros realmente formidáveis.

— Helen e Harry Harper... — proferiu Stefan. — Nós chegamos a encontra-los algumas vezes, você acha que eles ainda nos odeiam Vladimir?

— Eu duvido que algum deles guarda rancor de você Stefan, em compensação tenho certeza de que Helen adoraria exibir a minha cabeça como um troféu na sala de decorações dela. — gargalhou.

— Por que será que isso não me surpreende? — debochou Jack.

— Você chegou a conhecer o pai deles? — perguntou Tania.

— Na verdade sim, ambos os pais eram muito próximos a mim. — declarou.

— Jack, a única magiourives próxima de você com idade suficiente para ter um bebê era...

— Elizabeth. — completou Jack.

— Elizabeth. — repetiu Carlisle. — Não, não isso não pode ser possível. Elizabeth está morta, correto?

— Correto, mas já se perguntou como ela morreu?

— O ataque de bruxas no vilarejo.

— É, mas deixe-me voltar ao passado por alguns minutos e lhe contar uma história, velho amigo.

"Era uma vez, um garoto e uma garoto, eles cresceram desde muito pequenos eram amigos, logo a garota não era mais garota e nem o garoto era mais garoto conforme ganharam maturidade eles também se apaixonaram, mas a família da mulher escondia um terrível segredo, ela era protegida por seres das trevas, seres os quais a família do homem abominava e liderava caçadas todos os anos.

Um dia o jovem homem liderou uma dessas caçadas a mando do pai, foi um massacre, ele estava quase morto, agonizando, sozinho no esgoto, quando um desses seres das trevas, um bebedor de sangue, que protegia a família passou por lá e sabendo dos sentimentos que ambos nutriam um pelo outro, o salvou entregando a dádiva da segunda vida, a vida de um imortal.

No começo se adaptar à nova vida foi um desafio, mas o jovem era promissor e seu amor pela protegida do vampiro o ajudava a lidar com a situação. Um tempo o jovem homem recebera a oportunidade de deixar a velha cidade onde viviam e ir explorar o mundo, ele obviamente aceitou e para comemorar, movidos pela paixão e pela emoção eles se amaram em comemoração.

Um demônio e uma bruxa

O que poderia dar errado, não é mesmo?

Ele então partiu, deixando para trás seu criador e sua amada que esperava ansiosamente pela sua volta."

— Talvez, essa história lhe pareça um pouco familiar, não é mesmo Carlisle?

— Onde quer chegar com isso, Jack?

— Shhh, pergunta errada velho amigo, pergunta errada. — continuou. — Depois que ele partiu algo começou a acontecer com a mulher, algo começou a crescer dentro do corpo dela, um...não, dois milagres aconteceram. Consegue imaginar o que foi que aconteceu com ela, jovem Cullen?

— Ela engravidou. — respondeu Edward.

— Bingo! — exclamou Jack. — E desta atípica gravidez nasceram dois meio imortais que cresceram e amadureceram, se tornando os vampiros os quais vocês conhecem como gêmeos Harper. Agora, alguém aqui consegue adivinhar quem foi o pai dessas extraordinárias crianças?

Um silêncio se instalou na sala.

Eles sabiam a resposta, apenas com medo de dizer em voz alta ou chocados de mais para realmente acreditar naquilo, Jack sabia disso.

— Não? Ninguém? Okay, eu vou dar algumas dicas, ele é loiro, meu amigo, tem uma empatia inimaginável pelos seres vivos, é formado em medicina, trabalha no hospital da cidade de Forks em Washington DC, pratica uma dieta incomum e tem uma grande família de vampiros... — contou. — Ah e o mais importante, ele está nessa sala. Alguém tem alguma ideia? Vamos lá, vocês sabem a resposta, sei que sabem.

— Não, você está errado, isso não seria possível. — disse Carlisle com um sútil tom de incredulidade.

— Oh meu amigo. — Jack segurou Carlisle pelos ombros. — É, é possível sim. No começo eu também não acreditei, mas quando eles nasceram, a maneira como cresciam, o que se tornaram, você ficaria surpreso o quanto um filho pode se parecer com o pai fisicamente. Eles são magníficos! Poderosos, fortes, saudáveis e inteligentes. Seres dignos de adoração! — falou Jack com admiração em sua voz.

Carlisle sentiu-se tonto e cambaleou em passo para trás, soltando-se do aperto das mãos de Jack, seu estômago embrulhou em uma reação humana enquanto ele raciocinava o que ouvira a pouca de seu criador e velho amigo. Não, não podia ser real. Ele saberia se tivesse filhos, não saberia? Se Elizabeth engravidasse, ele saberia não saberia? Ela teria o avisado. Eles teriam o contado.

— Você não acredita em mim... — De repente a voz de Jack mudou empolgação para decepção. — Não é?

Carlisle ficou em silêncio, todos estavam em silêncio, o choque se espalhou pela sala e foi tanto, tão forte que ninguém ousou interromper o monólogo de Jack, nem mesmo os romenos. Todos na sala estavam curiosos sobre o desenrolar dessa história e o passado não revelado do patriarca da família Cullen.

— Eu posso provar a você. — garantiu. Jack tirou um pedaço de papel do bolso da jaqueta de couro que vestia e o desdobrou mostrando-o a Carlisle. — Olhe! São gêmeos! São iguais aos pais, uma mistura perfeita dos dois! — O desespero na voz de Jack para provar a veracidade de seu ponto era tão convencedora que o outro vampiro não cedeu e pegou a foto das mãos de seu criador.

A foto não parecia nova, mas também não era antiga, estava em bom estado, provavelmente tirado na metade dos anos noventa, eles eram tão reais. Carlisle demorou minutos para analisar a foto e perceber que o que Jack falava era verdade, mas para todas na sala pareceram horas. Ele via e revia cada traços dos adultos na foto, um rapaz, jovem, alto, loiro com um sorriso galanteador no rosto como ele mesmo fora um dia, agarrado a ele se encontrava uma moça, de estatura média com a pele levemente bronzeada, olhos amendoados, seu cabelo era cheio e ondulado, lembrava muito o de Elizabeth quando ele a conheceu, ela apresentava o mesmo sorriso gentil no rosto que ela também costumava ter.

Eles pareciam tão...

...Humanos.

Eles pareciam tão reais, mas ao mesmo tempo tão impossíveis. Carlisle precisava de uma última confirmação, ele precisava saber se aquilo era realmente verdade ou não. Jack não teria motivos para mentir sobre uma coisa dessas, porém sal mente não permitia que ele acreditasse totalmente naquela história. Decido em saber, o vampiro olhou para a única pessoa naquela sala que poderia revelar a ele a verdade, suplicante ele olhou para Maggie do outro lado da sala, logo atrás de Liam e Siobhan, ela também o olhava.

— É verdade. — disse ela em confirmação. — Tudo o que ele lhe contou, é tudo verdade.

Por fim sua mente cedeu, a palavra final da vampira com o dom de detectar mentiras o convenceu daquilo. No mesmo momento Esme se aproximou do marido e segurou suavemente em seu braço, ela encarou a foto e sorriu docemente.

— Eles são lindos. — disse ela.

— Sim, eles são. — Ele admirando a foto. De repente um nós se formou na garganta do vampiro. — Trezentos anos... — sussurrou ele. — ...Eu perdi trezentos anos da vida deles, é muita coisa para poder recuperar.

— Ah, então agora você se importa, não é mesmo? — perguntou Jack com ironia.

— O que? O que quer dizer? — indagou Carlisle, confuso.

— Quando seu irmão e seus filhos precisam de você, você foge e os renega, mas quando você está de frente para a sua nova família, quando eles precisam de você, de repente você vira um ótimo pai, não é mesmo? Um bom samaritano. — acusou ele, aponto para Esme. Agora as coisas tinham mudado de figura, Jack já não esbanjava mais animação ou admiração por seus sobrinhos, tudo isso fora substituído por um enorme desprezo direcionado a Carlisle. — Sabe, eu vim aqui porquê eu estava curioso, eu queria ver o quão cínico e depravado você podia ser. Fingindo que você nunca soube de nada, não dizendo uma palavra a respeito de nada.

— Jack, do que você está falando? Eu nunca soube de nada disso, não até você vir até mim e me falar! — defendeu-se, tentando alcançar o amigo que o afastou.

— Ah por favor! Você espera mesmo que eu acredite nisso? Eu estava lá durante a gravidez dela, eu a observava, cuidava dela enquanto você estava fora! Ela escrevia para você, todos os dias, durante um ano inteiro até a sua morte, esperando uma resposta, esperando que você voltasse para ela algum dia. Mas você nunca voltou! — gritou ele. A raiva e o ressentimento eram presentes em sua voz, algo como se ele estivesse botando para fora um sentimento que guardara no peito por muito tempo. — Eu estava lá no parto deles, eu a iniciei na segunda vida e ela continuou a te esperar, continuou a escrever, a cada dia que se passava e os gêmeos crescia ela documentava para você! Todos os dias! E você nunca nem se deu ao trabalho de responder uma única carta! VAI PARA O INFERNO!

— Jack, eu — Carlisle tentou dizer, contudo o outro vampiro não permitiu, sua raiva era de mais para isso.

— Agora você quer recuperar o tempo perdido? Agora você resolveu se importar? Você não sabe nada sobre eles, não tem ideia de como foi vê-los crescerem esperando por você, como foi vê-la esperando por você, Elizabeth contava histórias sobre você para eles todas as noites e todas as noites eles esperavam por você. — Você tem ideia do quanto eu sofri? — Jack avançou em Carlisle em um ato impulsivo o prendendo na parede do outro lado da sala. Emmett e Edward avançaram na direção dos dois, mas Carlisle fez um sinal para que ambos se afastassem. — Vendo a esperança sumindo no olhar deles, a luz apagando, ela atrofiando, morrendo por dentro e eu não podendo fazer nada para ajudar... — Todos puderam sentir a tristeza de Jack nos últimos versos de sua fala. — Até que ela perceber que ela perceber que você não iria mais voltar e mesmo ela me deixou com as crianças e ainda foi atrás de você na Itália.

Carlisle estava atônito com a situação e com as palavras de seu velho amigo, mas aos poucos parecia compreender a sua raiva, ele prestava atenção em cada palavra do antigo vampiro, ele podia sentir sua dor, pois sofria com aquela situação também, ele queria poder abraça-lo e lamentar juntos, entretanto a raiva de Jack e a posição que se encontravam não permitia tals atos.

— E quando ela voltou, tudo só piorou, ela nunca me disse o que aconteceu lá, mas eu sei o que ela disse para aquelas duas pequenas crianças que sentavam todas as noites em frente a porta de casa esperando por um pai que nunca chegaria. Ela disse que você estava morto! — Os olhos de Carlisle se arregalaram. — Eu sabia, sabia que aquela não era a verdade, mas eu não discordei dela na época, Elizabeth já não era mais a mesma, estava em uma profunda depressão, ela não conseguia nem olhar para os próprios filhos mais! Por sua causa! — Jack o pressionou ainda mais na parede. — E então veio a revolta e a Igreja para cima de nós, eles a pegaram e a queimaram viva, ela nem tentou resistir, eu fugi com as crianças, sozinho, eu cuidei, protegi e criei os dois.

— Jack, eu sinto muito, meu amigo. — Carlisle sentiu os braços de Jack afrouxarem a pressão. — Eu não sabia de nada disso.

— Você era meu irmão, Carlisle... — murmurou ele. — Eu precisava de você lá, comigo...Nós precisamos de vocês! E você nos abandonou, você me abandonou. — Ele riu em desgosto. — Agora, imagina a minha surpresa, quando séculos depois eu te reencontrei, quando nós te reencontramos, bem, vivo, feliz e com uma nova família, tem ideia de como isso os magoou? Descobrir que foram trocados desse jeito. E mesmo assim, depois de tudo isso, você ainda tem coragem de olhar nos meus olhos dizer que não sabia de nada?

— Eu nunca recebi nenhuma carta de Elizabeth, Jack. Eu nunca soube de nada, de nenhuma gravidez, de nenhum dos meus filhos de nada! E com certeza se na época eu soubesse, nunca que eu teria deixado vocês, eu atravessaria o oceano nadando se fosse necessário para chegar até vocês. — garantiu Carlisle.

— É verdade, ele não sabia de nada! — exclamou Maggie do clã Irlandês. — Eu tenho o dom de saber quando as pessoas mentem e Carlisle está sendo totalmente sincero com você, por favor acredite nele.

— Elizabeth não era a única que escrevia cartas Jack, eu também escrevia para vocês, todos os dias e as enviava sempre esperando uma resposta que nunca chegou. — revelou. — No começo eu pensei que talvez as mensagens tivessem sido perdidas na viagem, mas eram tantas, alguma delas deveria ter chegado, foi quando eu conheci os Volturi e me juntei a eles, por um tempo fiquei preso naquele palácio, eles me impediam de sair, era como algo me prendesse aquele lugar, a eles. Eu percebi que era algo anormal e consegui uma brecha para deixar o palácio, só então eu percebi quanto tempo a via se passado e corri de volta para a Inglaterra, eu procurei vocês dois em todos os lugares, até descobrir o lugar onde foram vistos pela última vez. Um vilarejo, que virara cinzas, junto com todos os seus habitantes foram mortos, eu não acreditei naquilo e continuei procurando. Mas, eu nunca achei nada e aceitei que talvez a minha crença na sua sobrevivência estivesse errada.

— Eu posso ler seus pensamentos, Jack — disse Edward. — Posso ver suas lembranças, ele fala a lembrança e apesar de não conseguir ler seu pensamentos, sei que o você também sabe disso.

Jack largou Carlisle devagar, de cabeça baixa ele parecia encarar o chão quando perguntou:

— Então, você realmente não sabia de nada? Realmente tentou voltar para nós? — sua voz soava um tanto tremula.

— Eu juro meu amigo, por tudo que é mais sagrado.

Jack arrancou uma bolinha que brilhava em azul o da borda de sua calça onde estava pendurada como se fosse um chaveiro.

— Isso é um objeto encantado, ele brilha em azul quando falam uma verdade e em vermelho quando contam uma mentira. — explicou. — E ele brilhou em azul durante toda essa conversa. Eu entendo agora, amigo, nada disso foi culpa sua.

— Nem sua, Jack. — Carlisle puxou o vampiro para um abraço. — Eu gostaria de poder explicar isso para os gêmeos também, esclarecer sobre tudo, conta-los o que realmente aconteceu.

— Ah não se preocupe meu amigo. Eles ouviram. — revelou Jack, chocando a todos mais ainda. — Cada palavra dita aqui, nessa sala, nesta conversa.

— Eles estão aqui? — perguntou Carlisle. A ansiedade invadiu seu peito, agora era ele quem estava com a voz tremula.

— Estão. — afirmou. — E querem conhecer você, querem conhecer todos vocês, eles esperaram trezentos e cinquenta anos por isso, todos nós esperamos. Acho que finalmente chegou a hora de fazermos uma reunião de família.