Então você está noiva — Falou Fabinho, Giane sorriu com os lábios.

— Sim, e estou muito feliz — Giane disse abraçada ao Jean.

— Desculpa a grosseria, meu nome é Jean, Fabinho certo? Já ouvi seu nome de algum lugar, não é estranho — Disse Jean dando a mão para Fabinho.

— Como disse antes, ele morou aqui — Giane explicou

— Sou parte da história desse bairro, sou muito importante em várias coisas — Giane ficou confusa, por que estaria se gabando?

— Você não mudou nada — Falou baixo a Giane.

— Então vocês se conhecem demais, né Gi? — Jean perguntou com um sorriso para sua noiva.

Fabinho ficou perplexo "Gi? De Gigi? que apelido brega" , mas ficou quieto. Ela fingiu que estava tudo bem, ele podia ser um ator por um tempo, mas queria soltar tudo para fora. Mas não ia aguentar aquela melação.

— Eu vou visitar a Malu, tchau para vocês dois — Fabinho passou por eles e deu um olhar rápido nos olhos de Giane, que pareciam de fogo.

— Giane — ela olhou para o Fabinho — gosto muito mais do seu cabelo curto.

Ela revirou os olhos com aquele comentário.

— Eu também gostava deles — Giane olhou para o Jean, chocada — mas você fica linda de qualquer jeito — Jean beija sua testa.

(...)

A companhia tocou na casa de Malu, era a nova casa dela, sua e de Maurício. Ela abriu e viu o Fabinho e botou as mãos na boca, surpresa.

— Fabinho! Você voltou! — Ela sorriu e abraçou ele com tanta força que coitado de Fabinho, ficou sem ar.

— Eu sei, finalmente uma reação da minha volta calorosa e positiva — Disse depois que ela finalmente soltou ele.

— Devo imaginar, entra, vou trazer um copo d'água — Malu disse indo a cozinha.

— Ok — Fabinho olhou a casa, nunca tinha visto ela e sentou numa poltrona bem confortável — onde está o Maurício?

— Trabalhando — disse Malu na cozinha — mamãe e papai estariam loucos para vê-lo mas estão viajando com o Lucas.

Lucas era o irmão de Malu e Fabinho, ele foi adotado por Irene, com saudades de criar uma criança. Fabinho só tinha visto ele por fotos, nunca ao vivo.

— Que pena, estava com saudades — Disse pegando o copo de água das mãos de Malu — aparentemente, vai demorar mais que o esperado para voltar completamente aqui.

— Você sabe que é sempre bem vindo — Disse sentando no sofá ao lado.

— Eu acho que "sempre" não é uma palavra usada por todos ou bem vindo — Fabinho fala rindo ironicamente.

— A pare. Pare de drama. Quando você saiu e pessoas novas, ouviram as histórias, até a mais marcante para a mais velha. Viraram lendas praticamente — Explicou Malu, e Fabinho deixou um sorrisinho escapar ao lembrar do passado — mas nem todas são boas de ouvir.

Fabinho olhou prós olhos dela, e ela deu de ombros, claro de todas. Acho que a noite da separação de Giane e ele foram a piores.

Flashblack (...)

Giane se desabou ao chão, começou a chorar, ela não conseguia não parar ou aguentar. Ela sentiu o abraço de Bento por trás.

— B-Bento — ela chamou por ele.

— Estou aqui Gi, sempre.

— Por favor, não conte ao meu filho. Não conte a ninguém o que houve aqui.

— Tudo bem..

— Promete? — perguntou Giane.

— Sim, eu prometo.

Algumas pessoas também chegaram, Giane começou a ter uma dor enorme.

— Giane? Você está bem?

Ela não conseguia falar, ela segurou a barriga com força. Bento carregou ela em seus braços.

— ALGUÉM CHAMA A AMBULÂNCIA, POR FAVOR, ALGUÉM.

Ele seguiu até o hospital, na ambulância.

Flashblack off

— Ela ficou bem, graças a Deus.

— E o bebê?

— Não viu a Anallu? Ela está ótima! Ela é bonita e...

— O bebê ficou bem? — Fabinho perguntou, ele sabia que ela foi pro hospital, pensou até que ela tinha perdido.

— Fabinho, você pensou.. — Ele assentiu — não... Não pense errado. As duas estão bem, muito bem. Ela é linda, Anallu é fantástica, teve uma boa criação com todos do limoeiro, é uma quase cópia da Giane.

Fabinho suspirou aliviado e em seguida riu.

— Devo imaginar. Quero saber de tudo, o que á de novo? — Malu olhou pra baixo — Malu? O que?

(...)

Giane chegou em casa com o Jean e a sua nova rosa nas mãos e Anallu estava deitada no sofá.

— Oi mãe, oi Jean — Falou ao se inclinar para ver os dois.

— Oi abelha — Jean deu carinho na cabeça na Anallu e ela sorrir com os lábios.

— Gostei da rosa, que bom gosto Jean — Falou Anallu com um sorrisinho.

— Jean não é romântico geralmente — Giane fala botando em cima da mesa

— Porque você não deixa — Falou Ana.

— Verdade! — Disse Jean também sentando no sofá.

— Foi sua ideia, não é Anallu? A rosa.

— Eu? Mãe, imagina! — Os três riram juntos.

— Querem comer o que? — Perguntou Giane depois de rir.

— O Jean pode cozinhar hoje? Ele faz um bife muito bom. — Giane ficou com boca aberta.

— Ele só bota molho de tomate na carne, eu posso fazer isso também!

— Eu faço do jeito certo e quantidade certa — Falou Jean do ficando em pé e beijando a cabeça de Giane e indo direito pra cozinha.

— Eu só errei uma vez, vocês nunca me deixam cozinhar.

— Mãe você errou 3 vezes, na terceira a gente quase chamou a ambulância por causa do fogo e comemos fora depois — Explicou Anallu e Giane ouviu o Jean na cozinha, rindo.

— Tá, tá, entendi, sou péssima, por isso não ganho a vida cozinhando como Jean mas tirando foto do que ele faz. — Disse sentando no sofá com as pernas de Anallu em cima das suas.

— Estou assistindo a história do Corinthians — Falou Ana.

— Sério? Quer ver tudo isso pela TV? — Giane botou as mãos nos bolsos — Que tal isso?

Giane mostrou dois ingressos, e Anallu abriu o olho muito grande como seu sorriso e pegou e se levantou num pulo, um gritinho de alegria soltou pela sua boca.

— Vou ver !!! Ao vivo?

— Sim, área VIP, Jean que comprou — Giane disse.

Anallu correu até o Jean e praticamente pulou nele que começou a rir.

— ORBIGADO!! Melhor presente, melhor que aquele presente de aniversário — Ana disse depois de solta-lo

— Eu sabia que você não tinha gostado muito e melhorei ele — Explicou.

A Campanha toca e atrapalha a vista de Giane. Ela se levanta.

— Eu atendo!

— Ok. Venha me ajudar abelha — Convidou Jean.

Giane abre a porta com um sorrisinho e vê quem é, e desaparece na hora. Ele vai seguir ela ou algo assim?

— Algum problema? — Perguntou Giane com braços cruzados.

— Quero ver minha filha — Giane fecha a porta atrás dela e ela quase empurra ele para ir mais pra trás.

— Não — respondeu simplesmente.

— O que? Como assim não posso? Tenho direitos! — Giane riu.

— Você perdeu esses direitos a dez anos atrás, quando me deixou naquela casa estúpida com dor.

— Você me expulsou! — Exclamou Fabinho.

— Fala baixo! Talvez eu tenha expulsado, mas podia ter ficado e lutado ou pelo menos ajudando na criação da própria filha. Ou qualquer caso você foi embora do mesmo jeito. Agora, quer destruir minha vida agora que voltou?

— Não se preocupe Giane, não quero estragar seu futuro casamento. Mas pelo menos me deixa conhecer minha filha.

— NÃO! não até eu confiar em você, não até me dizer o porquê foi embora depois de uma simples briga por 10 anos! — quase gritou.

— Isso é passado Giane! Por que saber agora? — Perguntou Fabinho botando as mãos no bolso.

— Quer saber mesmo? Por que você não estava lá, acompanhando talvez os piores dias da minha vida, você não estava lá acompanhando a gravidez até o final, fiquei sem meu ex marido na sala de parto, sem ninguém para dar a mão ou me ajudar numa dor horrível, eu cuidei da Anallu por dez anos! E na minha vida eu nunca tive uma mãe para me dar exemplos, eu cuidei dela sozinha, meus amigos eram um reforços mas não o suficiente, você pode ser o pai por sangue, mas nunca será o criador ou que trocou cada fralda, ensinou o que era certo ou errado — ela dizia enquanto olhava prós olhos dele — "nunca parou de cuidar da sua própria vida para cuidar da vida que você criou, ao contrário de você, eu fiquei. Você não sabe a sensação de ser um pai até porque você nunca teve um pai presente a sua vida inteira, como eu como nunca tive uma mãe. É exatamente isso o porquê quero saber onde você estava nos malditos últimos anos das nossas vidas, das vida da Anallu".

Ela falou tudo que queria falar por anos, enrolado na sua garganta, como uma granada ela queria explodir, e finalmente o próprio que fez essa granada, também foi o que soltou ela.

Fabinho ficou em silêncio por muito tempo. E a Giane já tinha derramado uma lágrima que chegava até sua bochecha.

— Por isso é a minha vez

(...)