A Intolerante a Lactose.

— Me ligue assim que terminar o exame, Abbs. – Gibbs deixou Abby no laboratório. – Tem mesmo certeza que não quer que eu fique?

— Eu tenho, Gibbs. – Abby pegou sua bolsa de caveira e entrou dentro do laboratório pegando a senha e se sentando.

Gibbs, por sua vez, estava sem entender o porquê Abby estava fazendo esse exame sozinha.

— PP42. – A recepcionista chamou a senha de Abby e a viu se aproximar. – Olá, como posso ajudar?

— Abigail Beethoven Sciuto. – Ela passou a carteira do plano e a identidade. – Eu tenho um exame de intolerância a lactose.

— Sim, eu posso ver isso. – A recepcionista sorriu para Abby. – E há quanto tempo você está em jejum?

— Doze horas. – Abby suspirou pensando no jantar que ela havia perdido. – Perdi um jantar com meu namorado.

— Eu sei, eu acho que hoje você pode compensar ele. – A moça da recepção passou a carteirinha do convenio. – Certo, como o seu empregador paga o exame, eu vou pedir para você assinar essa folha.

Abby pegou a planilha e começou a ler atentamente. Havia muitas informações e agora ela se arrependeu de deixar Gibbs ir embora. Mas afinal de contas, ele estava a um telefonema de distância.

Assinando a folha de consentimento em que dizia inclusive os sintomas adversos como sonolência e que para a saúde do paciente, eles poderiam parar o exame caso ela começasse a sentir sonolência excessiva, Abby entregou a prancheta.

— Certo, seu exame ficará pronto amanhã. – A mulher grudou a carteira do convenio e a identidade e entregou a guia para retirada. – É só aguardar.

Abby se sentou em uma das muitas cadeiras da sala de espera. Estava meio frio naquele lugar e ela se perguntou se os outros a estavam esperando.

Gibbs, no entanto, ficou estacionado observando o movimento.

— Abigail Sciuto? – A enfermeira a chamou e a encaminhou para a sala de coleta. – Primeira vez?

— Retirando sangue? Não. – Abby se apressou em dizer. – Mas esse exame em questão, sim.

— Você sabe que com essas comidas novas, todos estão desenvolvendo esse problema. – A enfermeira observou como Abby a olhava fazendo os procedimentos. – Diz na sua credencial que é perita forense?

— Sim, e tecnicamente eu poderia fazer os testes, mas eu não tenho autorização médica para isso. – Abby revirou os olhos. – E que os meus resultados podem ser manipulados.

— Pronto. – A enfermeira coletou o sangue e viu Abby relaxar. – A primeira coleta em jejum foi feita. Agora, Kelly, me passe aquele frasco de lactose.

— Aqui está. – A mulher que estava ajudando a moça passou um pequeno frasco de lactose pura.

— Aqui, querida. - Alice passou o frasco. - Beba o mais rápido que puder, mas com cuidado.

Abby bebeu, sentindo o gosto doce da bebida e sentindo que seu estomago nunca mais iria esquecer esse gosto. Era como se ela bebesse um leite em pó com água. Ela recebeu ajuda de Alice que pegou a bolsa e a jaqueta dela, a fazendo sentar na recepção com a pequena guia do controle de horas.

Gibbs fechou o carro e foi em direção ao laboratório. Ele inventaria qualquer desculpa naquele momento, mas ele estranhou que ela ainda estivesse por lá.

— Abby, eu achei que você já tinha sido atendida. – Gibbs se sentou ao lado dela. – Está pronta?

— Eu não posso deixar o laboratório por duas horas, Gibbs. – Abby estava feliz por ele ainda estar lá. – Eu tenho mais três coletas para fazer.

— Eu vou ficar aqui. – Gibbs notou que ela parecia cansada. – E depois, te levar para dormir em algum lugar.

Quase meia hora depois, Abby foi chamada para fazer a segunda coleta. Gibbs a ajudou a voltar para a cadeira e a distraiu contando algumas piadas que ele conhecia e fatos sobre a vida dele no exército.

— Abby? – Alice a chamou de novo e ela foi e fez a terceira coleta. – Eu não vejo a hora de ir embora. Meus braços estão roxos.

— Eu vou te levar para minha casa, Abbs. – Gibbs deu um olhar que não deixava margem para discussão. – Fazer um café puro e te colocar para dormir.

— E a agencia? – Abby queria saber. – Quero dizer, eu sei que Jenny e vocês estão juntos, mas acha que ela vai autorizar uma folga?

— Deixe que eu me preocupo com isso. – Gibbs ofereceu a Abby uma revista. – Assim que saímos daqui a uma hora.

Gibbs pediu um momento e foi fazer uma ligação para Jenny. Ele garantiria a Abby que ela dormiria aquele dia e voltaria melhor no dia seguinte animada.

— Desculpe, agente Gibbs? – Alice chegou perto de Gibbs. – Eu não pude deixar de notar o quão próximos você e a senhorita Sciuto estão.

— Você acha que somos amantes, não é? – Gibbs finalmente deixaria um de seus segredos mais profundos escapar. – Ela não sabe que é minha filha. E eu gostaria que ficasse assim.

— É claro. – Alice sorriu. – Que bom que ela tem você.

— Sim. – Gibbs desligou o telefone, sabendo que era a última coleta de Abby e ele poderia levar ela para casa.

Abby entrou na sala de coleta e finalmente retirou a última amostra. Gibbs a pegou e a colocou em seu carro. Ela deitou-se no banco de trás e logo encontrou o sono.

Sabendo que logo ela iria acordar, Gibbs comprou um pequeno estoque de Caf-Pow e alguns doces.

As fotos de uma Kelly pequena ainda estavam penduradas, junto com várias de Abby pequena que Glória e o marido lhe mandavam.

— Como ela está? – Jenny entrou na casa de Gibbs e o beijou. – Abby está bem?

— Nossa filha vai ficar bem. – Gibbs olhou para Jenny e a abraçou. – Jen, eu estava em contar para ela sobre nós. Acho que ela adoraria ter os pais de volta.

— Eu sei. – Jenny subiu as escadas e olhou para Abby dormindo. – Como foi o exame?

— Eles a fizeram tomar lactose. – Gibbs notou os braços de Abby ficando com bolhas. – Jen!

— Vamos levar ela para a emergência! – Jenny correu escada abaixo. – Venha!

Gibbs pegou Abby enrolada em um cobertor, tentando evitar que ela ficasse pior.

Faziam duas horas desde que Abby fora levada para a sala de emergência. Gibbs e Jenny se recusaram a deixar Abby sozinha. Depois de tratada, o médico de Abby apressou os resultados do exame dela.

Gibbs e Jenny nunca deixaram o lado dela. Jenny fazia massagem nos cabelos da filha enquanto Gibbs parecia pronto para ter um derrame.

— Olá, sou o doutor Curtis. – Ele se apresentou. – Vou começar a dizer que nós a estabilizamos. Os sintomas são comuns depois do teste. Nós tratamos sua filha e ao que parece ela tem mesmo intolerância a lactose. Vou passar uma dieta própria para isso.

Abby foi liberada do hospital sob os cuidados de Jenny e Gibbs, que estavam de posse da nova dieta sem lactose de Abby.

Agora era hora de Gibbs e Jenny contarem a Abby sobre os dois serem os pais dela. Não seria fácil, mas eles precisavam.