Conseguimos sair graças a um dos guardas que era cúmplice dos dois, digamos assim. Fomos de carro com o Binho dirigindo até o tal barzinho. Ele era bem rústico, com algumas placas, e as pessoas de lá tinham um estilo bem específico. Quase todas usavam preto, assim como nós. Eu gostei, sempre quis ir á um lugar diferente assim, que não fosse as festas formais que tinham no castelo.

– Vocês! – Um grupo de pessoas veio até nos, nos cumprimentando.

– Quanto tempo. – Disse Mili abraçando uma das meninas.

– Gente, essa é a Ana. – Binho me apresentou e eu sorri para o resto do pessoal.

– Hummm, a Ana? Sua noiva? – Perguntou uma das meninas fazendo graça.

– Sim Vivi. – ele respondeu rindo. - Mas aqui ela é só minha namorada, ok? As pessoas podem suspeitar...

– Pode deixar! - Ela respondeu.

– Por falar em noiva, eu preciso falar com você Vivi.

As duas foram para um canto e eu fiquei com Binho, um menino e mais um casal que eu não conheço.

– Binho, quando vai ser o casamento? – Disse esse menino.

– De quem?

– Da sua irmã.

– Esse final de semana... – Ele respondeu lamentando e eu não entendi nada.

– Ata... – Ele disse e logo saiu, pois Mili e Vivi estavam o chamando.

– Quer tomar alguma coisa? – Binho me perguntou e eu fiz que sim com a cabeça. – Nós já voltamos, casal! – Eles riram.

Fomos até o balcão e sentamos nas banquetas. Binho pediu dois drinks e enquanto o garçom pegava, ele ficou me olhando. Eu sem jeito, acabei rindo.

– Que foi? – Perguntei.

– É que eu ainda não disse que você está lindamente linda hoje.

– Obrigada. – Eu senti minhas bochechas corarem.

Os drinks chegaram e eu tomei bem devagarinho, pois não estava acostumada com álcool. O gosto era forte, fiz até uma careta no primeiro gole, que tentei disfarçar, mas apesar disso era bem gostoso.

– Eu deveria ter perguntado se você não preferia um refrigerante. – Ele disse rindo.

– Eu gostei. – Eu ri também.

– Então ta bom...

– Como você conheceu esses seus amigos? – Eu perguntei.

– Nós estudamos na mesma escola quando meus pais decidiram que poderia ser melhor frequentarmos uma ao invés de estudar em casa. Algumas pessoas, a maioria na verdade, nem se aproximavam da gente. Sei lá, pareciam que achavam que nós éramos de mentira, sabe? – Concordei. – Mas eles não, eles sempre foram legais com a gente, amigos de verdade.

– Vocês têm sorte. Meus pais nunca gostaram que eu me “misturasse”. Sempre fui contra isso, mas fazer o que.

– Se eles soubessem onde eu ando te levando com certeza me odiariam.

– Provavelmente. – Eu ri.

– Vamos dançar? – Ele perguntou e eu aceitei.

Fomos até a pista e eu peguei no ombro de Binho e segurei sua mão com a outra mão. Ele riu da minha cara.

– Que foi? – Eu disse rindo também, mas sem saber o motivo.

– Não é assim que se dança esse tipo de música, Ana.

– Ata. Como dança?

– É só se soltar. Não tem nenhuma regra, só se joga.

Foi só ele dizer isso que um indivíduo me empurrou e eu fui parar nos braços de Binho. Senti seus músculos através da jaqueta de couro que ele vestia e olhei para ele. Naquele momento tudo o que eu queria era me aproximar mais, e mais.

– Você levou isso de se jogar a sério né? – Ele disse brincando e eu ri envergonhada, voltando para o “meu lugar”.

– Desculpa... É que alguém me empurrou. – Eu ia continuar me explicando, mas ele colocou seu dedo indicador em minha boca, como sinal de silêncio.

– Não precisa se explicar. Na verdade eu acho que isso serviu pra alguma coisa. – Eu olhei sem entender.

Ele se aproximou e segurou em minha cintura, eu gelei ao pensar no que ele poderia estar pensando em fazer.

– Já faz muito tempo que eu queria fazer isso.

Ele juntou seus lábios nos meus, me beijando. Naquele momento não existia casamento forçado, não existia Thiago e nem ninguém à nossa volta. Só existíamos nós dois.