One Step Closer

Capítulo VIII - Bônus: Binho


Acordei triste e feliz ao mesmo tempo. Eu estava com saudades da Inglaterra e da minha casa, meu quarto... Mas também estava com um tremendo aperto no coração por ficar duas semanas sem ver a Ana. Eu sei que é pouco tempo, mas eu me apeguei a ela, e já estou sentindo falta.

Fui para a mesa do café e nada dela, não sei o que aconteceu para ela não ter se juntado a nós, mas estava preocupado. Em pouco tempo partiríamos e eu não queria nem pensar na possibilidade de ir embora sem me despedir. Fui para o “meu” quarto para terminar de me arrumar e tentei ser o mais rápido possível, pois assim teria mais tempo para ficar com a Ana antes de sair. Por sorte aconteceram alguns problemas e a viagem atrasaria.

Desci as escadas praticamente correndo, mas no meio de tanta gente perambulando pelos cômodos do castelo, não consegui ver nenhum pontinho ruivo. Meu olhar parou quando finalmente a vi entrando na cozinha e um sorriso tomou conta do meu rosto. Fui atrás dela, que estava virada de costas comendo uma maçã. Assim que ouviu meus passos virou-se para ver quem era.

– Resolveu aparecer? – Eu perguntei brincando, já que ela não estava no café.

– Eu acabei dormindo de mais e perdi o café. – Ela disse rindo um pouco.

– Bem, eu te vi entrando na cozinha e resolvi vir atrás. Queria me despedir de você.

Para a minha surpresa ela me abraçou sem dizer nada. Eu gostei tanto daquele abraço, foi como se eu estivesse a protegendo de alguma coisa. Ela é tão pequena... Me da vontade de nunca mais solta-la.

– Eu gostei de te conhecer. – Ela disse saindo do abraço e eu sorri feito um bobo.

– Posso dizer o mesmo. Além disso, vou sentir saudades.

– São só duas semanas, passa rápido. – Ela falou e eu não sei se gostei muito do que ouvi. Parecia que ela não sentiria minha falta.

– Eu espero.

Os pequenos segundos de silêncio foram quebrados com a entrada de Mili na cozinha. Ela e Ana se aproximaram bastante, principalmente nos dois últimos dias.

– Vou sentir muito a sua falta, cunhadinha. – Mili disse sorrindo.

– Eu também vou, Milizinha. – As duas riram um pouco enquanto se abraçavam.

Porque ela não disse que sentiria minha falta? Eu fiquei pensativo enquanto elas conversavam. Às vezes eu entrava no assunto, mas isso não saia da minha cabeça. Eu queria que ela ficasse com saudades, assim como eu vou ficar. Será que ela não gosta de mim? Ok, ainda é cedo para exigir isso, nos conhecemos há apenas uma semana, mas para mim, foi tempo suficiente para gostar dela. Na verdade gostei dela desde a primeira vez que á vi.

Eu estava nervoso, tínhamos acabado de entrar no castelo e o rei e a rainha já estavam conosco na sala de estar. Eu não conseguia prestar atenção no que falavam, ficava apenas olhando para cada entrada que existia naquela sala, com a esperança de que Ana entrasse por alguma daquelas portas.

– Como está o coração, Rubens? – Perguntou o Rei Henrique, pai de Ana.

– Confesso que estou um pouco nervoso. – Ri fraco.

– Eu imagino. Só espero que seja um bom marido para a minha filha. – Ele continuou.

– Pode ter certeza que sim. – Concordei.

Eu ia continuar falando, mas todos olharam para a escada, estavam com um sorriso no rosto. Olhei para trás e me deparei com uma menina ruiva, ela era linda. Era a Ana. Eu fiquei encantado, pois ela era mais linda do que eu pensava, parecia delicada e sem que eu percebesse um sorriso estampou-se em meu rosto.

– Parabéns alteza. – Eu disse um pouco bobo, assim que ela chegou até nós.

– Obrigada... Alteza. – Nós rimos e eu pude perceber o quanto seu sorriso era lindo.

– Permita-me apresentar minha família. – Eu disse tentando sair daquela hipnose. – Esses são meus pais, Elizabeth e Willian, essa é minha irmã Milena e esse sou eu, Rubens Parker.

– Muito prazer. – Ela sorriu novamente. Por alguns segundos rezei para que ela fizesse isso mais vezes. – Bom, meu nome é Luciana Scnheider, ou apenas Ana. Meus pais vocês certamente já conhecem. – Concordamos.

Fiquei durante a longa viagem de avião pensando nas nossas conversas, na nossa saída do castelo escondidos, na forma como ela fica corada ou quando coloca algumas mechas de cabelo atrás da orelha quando está envergonhada. Aquela menina é realmente perfeita.

Finalmente chegamos em casa e eu fui direto para o meu quarto, já que o cansaço dominava meu corpo. Tirei os sapatos e me joguei em minha cama, que estava com os lençóis cheirosos e limpos. Não demorou muito para eu adormecer.

Quando acordei queria fazer alguma coisa que não precisasse de muito esforço, eu ainda estava cansado. Sentei em frente á bancada de estudos que tem em meu quarto. Olhei para algumas folhas em branco e me lembrei de como fazia tempo que eu não desenhava, na verdade, já fazia meses que eu não encostava em um lápis para fazer isso. Sem pensar muito comecei a desenhar, aos poucos os traços foram revelando o lindo rosto que pertencia a Ana. Logo acabei me desenhando ao lado dela, nós estávamos próximos, e se nos aproximássemos mais aquilo com certeza se resultaria nas nossas bocas se encostando.

Essa cena se repetia todas as vezes que eu a encontrava no castelo, mas nós tínhamos acabado de nos conhecer e eu sentia que ela não gostava muito da ideia de se casar tão cedo, por isso não quis forçar nada. As coisas precisam acontecer naturalmente, ela precisa gostar de mim por vontade própria, tudo no seu tempo.