Se o vento sopra sem sentido
As estrelas podem me guiar
Se eu não te tenho aqui comigo
Quando sonho eu posso encontrar

Sparrow estava em seu timão, acabara de conseguir uma boa tripulação, o Pérola já não era mais um enfeite em uma garrafa.
Ainda pensava em uma pessoa, pensava aliás, em duas pessoas juntas.
Qualquer um que o olhava, mesmo que não o conhecesse percebia.
Estava longe dali, o navio bateria e ele nem ai.
Olhava para o alto, pensava grande, além das nuvens estava seu olhar.
Uma mão apoiada no leme e a outra elevada a sua boca.
Não percebia nada ao seu redor.
De pouquinho em pouquinho se ajuntavam marujos curiosos perto dele.
Gibbs o olhava espantando, nunca o virá tão distraído.
De minuto em minuto, ele dava um sorriso arrepiante, seguido de um suspiro de arrependimento.

A liberdade sempre andou comigo
Nas esquinas de algum lugar
Mas o meu lugar é estar contigo
Eu não posso mais me controlar

Enquanto isso, Angélica, ainda estava presa naquela ilha.
Bebia água dos cocos e encontrava algumas frutas ou peixes para comer.
Estava se virando.
Terminou de beber um pouco de água do coco, jogou o próprio para trás e se jogou na areia.
Seus olhos se encheram de lágrimas sofridas, com suas mãos empunhou um bocado de areia e forçou-as fazendo algumas caírem por entre seus dedos.
Esticou suas pernas e braços, deixou suas lágrimas rolarem e gritou:
–Por que?!
Foi alto, ecoou, "Por que?!".
Aquelas semanas ou foram meses? Já não sabia ao certo.
Perdera a noção e parara de contar.
Não queria saber, não queria viver, não queria estar ali, não queria morrer. Só queria estar perto dele.
O odiava tanto que o mataria.
O amava tanto que se sacrificaria.
Era detestável.
Era amável.
Estava cansada de amá-lo, mas, não se controlava, era inevitável.
Enquanto gritava "Por que", pensava:"Por que fez isso? Te amo tanto quanto você ama ser um pirata! Sabes disso! Por que, Jack, por que?".
Sacudiu suas mãos e limpou as lágrimas, era filha de Barba Negra, não se prenderia tão facilmente a essa emoção, segundo si.
Levantou-se com expressão de derrotada andou pela ilha e não pode evitar, mais lágrimas rolaram rosto a baixo.
Deu um sorriso que logo se desfez e sussurrou para si enquanto deitava na sombra de um coqueiro:
–Só porquê me ama? Isso é uma ameaça, capitão?

Por mais que eu tente lhe dizer
O quanto eu sinto por você
Como é possível não saber que eu te quero

Sparrow de um suspiros repentinos e ficou gélido.
Por um minuto olhou para os lados, percebeu:"O que estou fazendo?" pensou consigo.
Todos do navio olhava-no fixados, fez um olhar de superior e balançou a cabeça como se estivesse bêbado.
E então gritou:
–O que estão olhando cães sarnentos?!-Olhou raivoso- Voltem ao trabalho!
Todos correram para seus postos e começaram os cochichos.
Gibbs foi falar com o capitão, mas antes de se pronunciar Jack perguntou:
–Faz quanto tempo que estou lá?-Parecia preocupado e aflito
–Uns vinte ou trinta minutos, capitão, no que pensava?
–Eu? Não...não sei.
A noite chegou e ele se jogou na cama.
Fechou os olhos forte, sentiu um nó em seu peito, como pode fazer aquilo? Nem sabia.
Se revirou na cama, segurou seu peito e olhou para cima.
Abriu os olhos e ficou pasmo.
Prendeu a respiração e anunciou para si mesmo:
–Se é isso que quer, então, isso terá, Jack.
No dia seguinte, todos estavam se levantando, Sparrow, porém, estava no leme, dirigindo com um enorme sorriso.
A brisa batia em seu rosto e ele apenas a sentia. Sorria.
Estava indo atrás do que tanto queria.
Gibbs, mais que rápido, abriu uma garrafa de rum e lhe entregou.
Sparrow bebeu um gole grande e sorriu alegre, disse então:
–Estou indo, amor.
Gibbs não ouviu bem então, perguntou:
–O quê, capitão?
–Gibbs?! Ho sim, Gibbs.
Nada mais disseram apenas se olharam, Gibbs confuso e Sparrow contente.

Não importa se estou sozinho
Eu não tenho como te esquecer
Vagando pelas ruas sem destino
Se me perco me encontro em você

Angélica terminou de morder com todo ódio aquele último pedaço de maçã.
Olhou bem para aquela ilha, pulou de raiva e de ódio, gritou "Sparrow!".
Então, se deitou na areia, sorriu de tristeza, sim de tristeza.
Fechou os olhos e deixou o cansaço levá-la.
Sonhou. Sim, sonhou com ele.
Estavam juntos, mas, infelizes. Sparrow não a queria, ela o queria.
Jack ignorava-a, ela amava-o.
De repente, acordou chorando.
Sentiu um aperto e levantou correndo, olhou para o horizonte e viu.
Viu amor, viu ódio viu esperança, viu alegria, viu tristeza, viu tudo, tudo e ao mesmo tempo, viu nada, nada.
Viu um navio, se aproximando, lentamente.
Riu e gritou:
–Aqui! Sabia que viria! Seu idiota! Monstro! Te amo!

Por mais que eu tente lhe dizer
O quanto eu sinto por você
Como é possível não saber que eu te quero

Sim, era o Pérola. Parou na maré da ilha, maré alta.
Desceu sem dar satisfações a ninguém e gritou:
–Angélica?! Estou aqui sua piratinha sedutora!
–Repete a última palavra!-Angélica apareceu diante de seus olhos
Sorriu e Sparrow e fez uma saudação com as mãos, como se mandasse-a subir a bordo.
Gibbs, jogou uma corda entendendo.
Angélica Teach subiu à bordo, feliz e em seguida Jack confuso.
Olhou para ela que se aproximava dele, calor, ele sentiu ao ouví-la:
–Sabia que viria, capitão Jack Sparrow Teach.
–Como?-ele perguntou e depois ordenou os marujos-Prendam-na na cela!
Todos, inclusive Gibbs, se olharam espantados, Angélica protestou:
–Por que?
A pergunta que fizera tantas vezes agora, encontrava novo sentido, "Por que?".
Ele nada respondeu, apenas abaixou a cabeça e se retirou.
Dois homens fortes obedeceram enquanto ouviam gritos da mulher:
–Monstro! Pirata! Por que?!
Ninguém respondia.

Por mais que eu tente lhe dizer
O quanto eu sinto por você
Como é possível não saber que eu te quero

Angélica se perguntava enquanto chorava:"Por que?".
O homem que a salvou durante a procura pela fonte, o mesmo homem que a salvou na fonte, que a prendeu na ilha e que a salvou da ilha, o homem que amava, o homem que detestava, o homem que predera ela na cela.
Não queria alguém tão...tão confuso assim.
Sabia que ele também partilhava esse sentimento, amor.
Mas, então por que?
Sabia se responder.
Queria ela presa, mas, perto de si.
Riu debochando, não acreditava nisso.
Riu novamente, enquanto limava suas lágrimas e pensou:"Vai me salvar e prender onde, capitão?".
Seus pensamentos ecoavam.
Sparrow em sua cabine, se perguntava:"Por que prendi ela?".
Suas respostas não apareciam, e ao mesmo tempo, apareciam por si só.
Pensava, "sou um capitão, um pirata! Não posso querê-la. Não posso amá-la. Não devo, não posso, não...não quero.".
Ao mesmo tempo se contradizia:"Sou um humano, um homem! Eu posso querê-la. Posso amá-la. Devo, posso, quero...amo.".
Após coçar-se e revirar-se levantou se e correu.

Como é possível não saber que eu te quero

Abriu a cela e a abraçou, ambos sorriram, mas, ele disse:
–Te amo! Me desculpa! Te amo! Te amo!
Ela respondeu:
–Me ama? Te amo!
Se beijaram felizes, se abraçaram, ele carregou-a e a fez girar.
Sparrow fez um marechal ali mesmo, naquela hora, todos se irritaram á principio, mas depois, contentaram-se.