Você já se sentiu como estivesse desmoronando?
Você já se sentiu deslocado?
Como se você não se encaixasse
E ninguém te entendesse?

Zero estava em sue apartamento, já era de noite, mas, não queria ir caçar vampiros aquela noite.
Estava sentado na cama, pensando sobre tudo e sobre todos, mas, principalmente uma menina, Yuki.
Tinha muito medo de feri-la e de virar um vapiro Nivel E.
Não gostava do risco, não gostava de ser um vampiro da classe Ex-humano.
Estava chovendo forte e muitos trovões caíam, tinha uma certeza, Yuki iria o visitar hoje.
Não queria falar com ela. Não queria sair de casa. Não queria fazer nada, apenas, sentar e reflitir.
Sentia-se como se ninguém o entendesse, e talvez estivesse certo, ninguém o entendia.

Você já quis fugir?
Você se tranca em seu quarto?
Com o rádio ligado tão alto
Que ninguém te ouve gritar?

Então, como o esperado, em questão de minutos, ele ouviu passos, bateram na porta.
Apertou o travesseiro, e sentiu-se meio tonto, perdeu seu controle aos poucos queria sangue, precisava de sangue.
Yuki, batia na porta, alegre e contente como sempre, usava uma capa de chuva tranparente, por baixo um vestido amarelo, uma sapatilha de "cristal", uma flor azul no cabelo e pouca maquiagem.
Mais do que depressa, o vampirinho abriu a porta e pulou em cima de sua amiga, tirou violentamente a capa de chuva e mordeu seu pescoço.
Ela fechou os olhos e esperou uma fração de minuto para que ele voltasse a si.
Se olharam, ele envorganhado e ela espantada, com medo.

Não você não sabe como é
Quando nada parece certo
Você não sabe como é
Ser como eu

Zero, olho para ela e pediu desculpas sem falar nada.
Ela sorriu confirmado com a cabeça, desculpando-o.
Ele entrou e fechou a porta, não queria voltar a morde-la.
Yuki, não compreendeu a reação do amigo, bateu na porta.
–Abre! Zero, eu ainda estou aqui.-Pôs sua mão no pescoço, doia um pouco
–Hum...eu sou...um monstro...-O rapaz abaixou a cabeça triste com o que tinha feito
–Não! Não diga isso Zero!-Se espantou com a resposta-Eu sei como é! Vai passar!
–Não, você não sabe como é ser eu!-Apenas deitousse na cama
–Abra! Vamos conversar, Zero.
–Amanha, eu...preciso, descansar...-Estava para se descontrolar de novo
–Cero, até o colégio! Boa noite, Zero.

Ser machucado, sentir-se perdido
Ser deixado no escuro
Ser chutado quando você está caído
Sentir-se maltratado
Estar à beira de entrar em colapso
E ninguém está lá para te salvar
Não você não sabe como é
Bem-vindo à minha vida

Apagou as luzes, gostava mesmo era do escuro.
Lembrou-se então, daquele "episódio" de sua vida, seus pais morreram por uma vampira...detestável! Ele preferia ter ido com seus pais do que ter ficado com essa térrivel "maldição". Mal podia falar com sua...bem, não sabia por qual pronome devia chamá-la, eram amigos, sim, muito amigos, mas, queria algo a mais, queria talvez...namorada? Bom, era até um bom pronome...combinava com Yuki, era sua "namorada"...
Se viu pensando nela e em esse apelido carinhoso de novo.
Apenas bobsagem segundo si...

Você quer ser outra pessoa?
Você está cansado de se sentir excluído?
Você está desesperado para encontrar algo mais
Antes de sua vida acabar?

Yuki, voltou para casa decepcionada, triste e molhada, não se deu o trabalho de recolher sua capa de chuva.
Queria conversar com o vampirinho. Não gostava desse modo dele se diminuir. Não gostava quando ele a excluía, queria ajudá-lo, queria algo a mais...queria amá-lo.
Sentou-se em sua cama, a família dormia. Chovia como quando seus pais morreram.
Apenas esperaria por amanha, outro dia, preferia pensar que esperaria por doze horas ou uma noite, para falar com seu amado.
Pensou em várias coisas, por que tudo isso? Era mesmo necessário? Vampiros, guardiões, pastilhas, e para quê? Queria dormir e acordar uns duzentos anos depois, mas, mesmo duzentos anos mais tarde, ainda o amaria.

Você está preso em um mundo que você odeia?
Você está cansado de todos ao seu redor?
Com seus grandes sorrisos falsos e mentiras estúpidas,
Enquanto por dentro você está sangrando?

O dia amanheceu, o sol chegou, Zero se despreguiçou, não sorrio, não estava feliz para faze-lo.
Caminhou brevemente pelo quarto, já estava de pé. Trocou sua roupa e colocou uma mais novinha.
Estava sedento e faminto. Agarrou ferozmente a mochila e sem verifica-la, abriu a porta, disposto a sair antes de Yuki chegar.
Apenas disposto, pois, assim que passava pela portaria viu ela, linda como sempre, seus olhos encontaram os dela e vice-versa. Fez um sorriso forçado, mas, bem fingido, como sempre. Ela correu para o abraçar dizendo algo como "Zero, você está bem?!".

Não, você não sabe como é,
Quando nada parece certo,
Você não sabe como é,
Ser como eu!

Zero, impediu o abraço, e contiunuou seu caminho.
Sentindo-se ignorada, Yuki foi atrás e iniciou um longo diálogo:
–Ei Zero! Que isso? É assim que me trata agora?-Tentava em vão acompanhar os passos do vampiro
–Como assim, Yuki? Te "trato assim"?
–Não se faça de bobo! Você sabe, bem!
–Hum.
–Olha, se é pelo que aconteceu ontem, está tudo bem! Estou aqui para te ajudar, eu sei que é difícil mas...
–Não!-Parou de andar e olhou para ela-Você não sabe de nada!
–Olha, Zero, Calma. Eu estou aqui agora, viu?-Abraçou-o com seu sorriso mais fofo
–Solte-me Yuki! Deixa-me ir! Vou atrasar-me! E você também...senhorita...-Seus olhos ficaram visivelmente marejados
–Mas...Zero, como...por que?-Se afastou do menino que não olhou para trás

Ser machucado, sentir-se perdido,
Ser deixado no escuro,
Ser chutado quando está mal,
Sentir como se você estivesse sido empurrado

Yuki, rapidamente secou as lagrimas que escorriam pelo rosto, sentindo-se deixada de lado por seu melhor amigo. Alias, poderia ter sido por outro qualquer mas, logo o "melhor-amigo-segundas-intenções"...e não entendia o lado dele. Não sabia por que ele se fazia de coitado! Ficou brava! Ficou furiosa! Se assim ele queria, assim ele teria!
Suspirou confiante e com receios sombrios. Andou a passos lentos e buscou um caminho distante, para não encontra-lo, pelo menos, não antes da aula.

Estar a beira de um penhasco,
E não ter ninguém lá para te salvar
Não, você não sabe como é,
Bem-vindo à minha vida!

O jovem Zero, foi por um caminho curto e rápido. Chegou na "escola" antes mesmo do diretor. Sentou-se em um banco ali perto.
Queria e precisava pensar. Estava com muita fome e um certo Enjoo. Enjoo de tudo, enjoo de viver, de amar, de beber, enjoo de tudo.
O sinal tocou, ele entrou apressado, olhou direto para Yuki, que nem se virou para tentar conversar, certamente o viu.
Zero também caminhou como se não conhecesse ela.
Entrou rapidamente e sentou-se sem dizer nada, sem sorrir, sem expressão nenhuma, sem nenhum pensamento positivo.

Ninguém nunca mentiu direto na sua cara
Ninguém nunca lhe apunhalou pelas costas.
Você deve pensar que eu sou feliz,
Mas eu não vou ficar bem!

O tempo passou em uma velocidade impressionante, logo, estava na hora de ir para casa.
Yuki, esperou Zero sair da classe, e o acompanhou sem dizer nada até fora do portão da escola.
No caminho o rapaz perguntou:
–Por que me segue, será que não pode me deixar em paz?
–Para com isso, Zero!
–Com isso o quê, Yuki?
–Zero, eu...eu quero ficar perto de você! Quero que você fique perto de mim! Quero que você fique bem! Só isso, é pedir muito, Zero?-Segurou as mãos do garoto
–Yuki, eu estou bem, serio mesmo.-Se soltou educadamente, mas, nem um pouco sensivelmente
–Então, está...tudo bem...mesmo, Zero?-Lacrimejou
–Sim, não...se preocupe com isso.-Limpou as lagrimas
–Então...você não me quer por perto. Então, é um adeus? É isso que você quer?!-Seus olhos ficaram marejados de novo

Todos sempre lhe deram o que você queria
Você nunca teve que trabalhar, estava sempre lá!
Você não sabe como é,
Como é...

–Eu...eu não disse isso, Yuki. Eu...eu disse apenas que vou ficar bem, muito bem...acho.-Desviou o olhar
–Mas...eu...você, por que está me ignorando então?
–Por quê? Então, você sabe que eu sou um vampi...vampi...ro...é e você, você é só uma humana, não daria certo, entre nós dois, entende?
–Sim, está me dispensando, por nada? Está certo, adeus. Se é assim que quer, adeus...hum.-Se afastou aos poucos e acenou com a cabeça-Então, tá.
–Você vai ficar bem?-Zero sentiu um nó no peito-Por que ainda estarei aqui, se precisar de mim...eu...
–Adeus.

Ser machucado, sentir-se perdido,
Ser deixado no escuro,
Ser chutado quando está mal,
Sentir como se você estivesse sido empurrado

Naquele dia, Yuki, não pensou em mais nada, nada que não fosse ou não tivesse relação com ele. "Ele", era Zero. "Zero" era de quem si("Si" era Yuki) gostava. Mas parecia que "Ele" não gostava de "Si". Um pouco confuso, mas, "Si" entendia, bem.
Deitou-se na cama, mas, antes, trancou seu quarto.
Virou-se de bruço e chorou um bocado. Foi dispensada por "Ele" e "Si" se esforçara tanto para "Ele" amar a "Si" tanto quanto "Si" amava a "Ele".
Dormiu mas, não com sono e sim com cansaço. Totalmente diferente. Sono era cansaço, mas, de modo satisfatório. Cansaço era o sono quando fica insuportavel.

Estar a beira de um penhasco
E não ter ninguém lá para te salvar
Não, você não sabe como é.

Zero, quase fez o mesmo. Voltou para casa e trancou-se no quarto. Deitou-se de barriga para cima, e fechou os olhos. Esperou e nada mais. Esperou mas, por ninguém. Ninguém iria o tirar do sofrimento. "Talvez, Yuki", pensou consigo. Não, nem Yuki, apenas traria sofrimento para a pequena Yuki.
Queria ela longe, para que pudesse dormir a noite sabendo que, nunca fez nenhum mal a ela. O amava, mas, ficaria em segundo plano, sabia que ela, pararia de amá-lo com o tempo. Simples assim...simples e complicado.

Ser machucado, sentir-se perdido,
Ser deixado no escuro,
Ser chutado quando está mal,
Sentir como se você estivesse sido empurrado para fora

Yuki levantou-se, amarrou seu cabelo bagunçadamente, estava decidida! Não se entregaria assim, de bandeja! Não combinava consigo! Tomou um banho daqueles, uns minutos que viraram horas! Sem molhar o cabelo, claro.
Lavou o rosto e se arrumou com suas melhores roupas.
Cortou um pãozinho no meio e passou manteiga, esquentou-os no fogão. Esquentou também o leite, bebeu em um gole só.
Correu para o banheiro e escovou os dentes, e também os cabelos. Amarrou os, agora, com cuidado.
Correu para chegar na casa do vampiro.

Estar a beira de um penhasco,
E não ter ninguém lá para te salvar.
Não, você não sabe como é.

Zero, acordou arrependido e desanimado, chateado e magoado. Era o mesmo de sempre, "amaldiçoado" a ser assim, um vampiro, para sempre.
Andou lentamente, tomou um banho rápido. Sua fome atacou, foi aos poucos perdendo o controle, quando ouviu a campainha. Atendeu, era justo ela.
Mais uma vez, rasgou uma parte de sua roupa e bebeu do sangue dela.
Quando acabou ele pediu:
–Desculpa eu...fiz de novo.-Lambeu o resto de sangue escorrendo de seus lábios-Não foi por mal.
–Te amo!-sussurrou e beijou

Bem-vindo à minha vida
Bem-vindo à minha vida
Bem-vindo à minha vida

–Também te amo, Yuki, mas, não podemos, nós, eu só iria te machucar.
–Não, não iria, me machucaria se não me quisesse, diz que me quer, diz?
–Te...quero.-Retribuiu o beijo anterior com outro e sussurrou no ouvido-Bem...bem-vinda a minha vida.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.