One More Night

Isso é tudo que é necessário


Estar na sala da diretoria era algo meio estranho para Regina, todas as vezes que havia estado ali, foram situações de repreensões e algumas foram bem constrangedoras. Claro que quando esteve naquele ambiente na posição de discente foi muito pior, ainda mais quando seus pais eram chamados. A pior vez com certeza havia sido quando ela e Emma foram flagradas dando uns amassos embaixo da arquibancada do estádio de futebol. Nenhuma das duas na época haviam se assumido lésbicas, ninguém de suas famílias sabiam que elas estavam namorando. Até mesmo na escola, seus amigos não faziam nenhuma ideia, o único que descobriu sozinho sobre o relacionamento delas tinha sido o August, que depois de confrontar as duas, tinha se tornado o melhor amigo delas, sempre protegendo e ajudando as duas adolescentes apaixonadas.

Olhou para a atual diretora sentada atrás de sua enorme e imponente mesa, Eloise Gardener, a loira importuna, que sempre teve inveja de sua vida, em especial de sua família e de seu relacionamento com Emma. Vinha de uma família considerada rival da sua, os Hood-Gardener. Família a qual Jefferson Hood pertencia, claro que ele havia sido chamado antes de si mesma, mesmo sendo um pai apenas no papel, ele gostava de bancar o moralista e incomodar a vida de Regina. Era assim desde a época da escola, quando soube que Regina nunca seria namorada ou esposa de nenhum membro de sua família, sempre infernizou a vida de Emma e seus pais, que eram de origem mais humilde. Seus antigos sogros são donos de um restaurante muito querido e frequentando por toda a cidade, mas não pertencem a nenhuma família nobre de Storybrooke. E a família do pai de Robin era conhecida por se acharem melhores que todos e gostarem de humilhar as pessoas que são do ramo de prestações de serviços.

A antiga diretora era mãe de Eloise e madrasta de Jefferson, a senhora Ingrid Gardener que casou com Robin Hood para unirem suas fortunas e poder social na cidade. Ingrid foi uma jovem viúva, com duas filhas pequenas na época que decidiu aceitar ser cortejada pelo Hood, que tinhas três meninos frutos de seu casamento anterior. E mesmo sendo o casamento da década, quando se uniram em matrimônio, nunca demostraram serem apaixonados ou mesmo que tivessem amor entre eles, eram frios e calculistas em seus negócios. O casamento foi apenas mais um acordo velado pelo bem dos seus lucros e prosperidade financeira.

Regina foi tirada de seus devaneios, pela voz trêmula de Robin.

— Demorou, estava ficando apavorada sem você aqui. – A loira de quinze anos resmungou olhando diretamente para a morena. – Não deixaram a Emma ficar comigo.

— Claro que não, para ela te encobrir mais uma vez, minha filha? – Jefferson questionou em um tom paternalista. – Acredito que ela não seja mais nada sua, além de uma conhecida e funcionária desta escola. Pelo que eu saiba o divórcio já foi finalizado há mais de um ano.

Robin abriu a boca para protestar, sendo interrompida por Regina, que falou em um tom tão intimidador, que fez todos dirigirem seus olhares para ela e ficarem em silêncio enquanto a ouviam.

— Antes de mais nada, Hood, minha vida intima não lhe diz respeito. Faça um favor a todos e se abstenha de comentar algo sobre eu ou Emma. Se estamos divorciadas, casadas, namorando ou solteiras não lhe interessa e nem é para tomar conhecimento, o que dirá abrir a boca para soltar o seu veneno dispensável a todos da minha família, que inclui todos os Swan’s. – Regina olhava diretamente nos olhos do homem mesquinho, com uma raiva mal contida em sua voz. – Nunca se esqueça, eles sempre serão parte da minha família, independente do meu status de relacionamento com Emma. Então espero que não só você, mas que também o quadro docente desta escola nunca se esqueça disso. Robin é praticamente filha de Emma, e podem afastar ela de decisões sobre medidas disciplinares referente a menina, mas nunca de estar aqui junto dela. Enquanto Robin estudar nessa instituição, Emma sempre deve ter passe livre para estar ao lado dela. Estamos todos entendidos?

Regina olhou para a diretora, que trincava os dentes, obviamente bastante contrariada com a ordem recebida. Ergueu uma sobrancelha, ainda encarando Eloise, esperando uma confirmação verbal que teria suas decisões respeitadas.

— Regina, creio que haja um mal-entendido. – Eloise falou cautelosamente. – Certamente eu não tinha certeza se Emma ainda era autorizada a estar com Robin nestas circunstâncias.

— Se não tinha certeza, perguntasse. – Regina negou com cabeça, um sorriso sarcástico se abrindo em seus lábios. – Além do mais, também não tinha mais certeza se deveria me ligar? Eu sou a responsável pela Robin, deveria ter me ligado em primeiro lugar. Ligar para o seu irmão é muito antiético da sua parte, ele não tem a guarda da menina.

— Ele é o pai. – Eloise sorriu debochada. – Ele merece ser notificado, não achei que era necessário lhe ligar, tinha certeza que a minha orientadora escolar faria essa chamada particular.

— Incrível que os anos passem e nada muda. – Regina negou revoltada com o que ouvia, olhou para Robin e questionou com a voz mais branda, se aproximando mais da menina. – Você está bem, minha querida?

— Não estou. – Robin segurava a vontade de chorar. – Eu não fiz o que estão me acusando, juro que não.

— Não se preocupe. – Regina sorriu e afagou o rosto angelical da loirinha de olhos azuis. – Vá com Emma para o carro, já estou indo atrás de vocês, apenas vou acertar as coisas aqui, meu bem.

Robin sorriu aliviada e fez que sim com a cabeça, beijando o rosto de Regina, antes de sair rapidamente com Emma atrás de si. Regina fez um sinal com a cabeça para a ex esposa, que sorriu e concordou. Elas tinham essa habilidade de se comunicarem sem palavras, apenas olhares e gestos bastavam para se fazerem entendidas uma pela outra. Eloise se levantou indignada que teve sua autoridade ignorada pela morena.

— Regina, isso não pode acontecer. Quem te deu essa autoridade em minha escola? – Eloise estava com os olhos injetados de raiva. – Robin vai ser acusada de porte de drogas, talvez distribuição também, como pode liberar ela desta forma?

— Baixe seu tom de voz para se dirigir a mim. – Regina respondeu com a mesma intensidade de raiva, com a saída da loirinha da sala, não tinha mais o porquê manter sua indignação controlada. – Nem por cima do meu cadáver, isso vai acontecer. Robin não vai ser acusada de nada, ela já respondeu que não é verdade. Eu acredito e ponto final. Ninguém aqui vai fazer nada a respeito disso, eu resolvo tudo a partir daqui. E pode ter certeza que a secretaria de educação vai ser acionada sobre a sua má conduta profissional.

— Regina, eu acho que... – Jefferson tentou falar, sendo fuzilado pelo olhar mortal da morena.

— Não perguntei o que acha ou deixa de achar. Guarde para você as suas opiniões e achismos. – Regina decretou. – Robin já tem quinze anos, ela nunca precisou de você e não é agora que vai precisar. Continue na sua pseudo existência longe de nós.

Regina deu as costas para os dois, que estavam perplexos com a conclusão dos fatos, abriu a porta e deu uma última olhada para a diretora.

— A próxima vez que tentar mandar Robin para a delegacia, juro que acabo com a tua carreira nessa cidade. – Regina vociferou. – E nem pense em descontar em Emma aqui na escola, pois eu destruo você, nem que seja a última coisa que eu faça, pode apostar. Não chegue perto de Robin e nem de Emma, considere-se alertada.

Regina saiu da sala, deixando a diretoria rapidamente, logo que saiu ao ar livre, parou e respirou fundo. Suas emoções a flor da pele, uma raiva e senso de proteção de sua família aflorado e dominando todas as suas ações. Fechou os olhos, tentando retomar o controle, sentindo um toque familiar em seu ombro, inspirou o ar e reconhecendo aquele cheiro, sorriu, sentindo a tranquilidade se restaurar em seu interior.

— Está tudo bem agora. – Emma sussurrou. – E vai continuar tudo bem. Você conseguiu, Regina. Robin está segura e salva de qualquer acusação injusta.

— Me explica como você faz isso? – Regina abriu os olhos, encarando os olhos verdes confusos com o questionamento, sorrindo com isso, adorava as caras confusas que a loira fazia quando não entendia algo. – Me acalmar com apenas um toque, como faz isso?

— Sendo eu. – Emma sorriu. – Basta você ser você e eu ser eu. Isso é tudo que é necessário para conseguir ter efeito em ti.