One More Night

Expectativas


Os beijos foram esquentando, Regina foi empurrando o corpo de Emma até esbarrar na ponta da cama, fazendo ela cair deitada e se colocando por cima, sem interromper o beijo. A morena trilhou beijos até o pescoço alvo, se dedicando a mordiscar o local, fazendo a ex-esposa gemer baixinho.

— Regina...

A loira abriu os olhos e se deparou com o olhar cor de chocolate lhe devorando, sentindo sua excitação aumentar ainda mais. Regina sorriu sacana, reconhecendo o olhar de pura luxúria que recebia, buscando os lábios rosados em mais um beijo voraz. Os beijos pareciam não ter fim, um seguido do outro, como se nunca fossem suficientes, provavelmente não eram. Quando a morena desceu beijos até o pescoço de Emma novamente, a loira gentilmente fez ela levantar a cabeça e lhe encarar.

— Espere um momento. – Emma respirou fundo, buscando força e coragem para fazer o que julgava ser o certo naquele momento, mesmo que estivesse louca para continuar. – Por favor, não me leve a mal, mas acredito que precisamos ir mais devagar.

— Está falando sério? – A morena extremamente excitada questionou incrédula, nunca tinha sido negada pela ex-esposa, que independentemente da situação que estavam, sempre se entregou aos momentos de paixão.

— Infelizmente sim. – Emma fez carinho no rosto da morena. – Por mais difícil que seja, o que é muito mesmo, pois estou me sentindo da mesma forma que você, precisamos ir com mais calma. Não quero repetir os erros do passado, nem cair no mesmo padrão que estabelecemos anteriormente. Eu quero você, Regina. Quero que possamos superar nossos problemas e avançarmos juntas. Por isso, creio que seja melhor desacelerarmos, para podermos digerir tudo que sentimos e desejamos corretamente.

— Ai, Emma. – Regina deixa a cabeça cair de testa no peito da loira, resmungando algumas coisas que não foram possíveis serem entendidas.

Emma morde o lábio inferior nervosa, sentindo a frustração da mulher em seus braços e sentindo a própria se manifestar também, com um braço rodeia a cintura da morena e com o outro inicia um carinho nos cabelos dela.

— Eu preciso de um banho congelante. – Regina ergue a cabeça e encara os olhos verdes. – Não posso nem ficar com raiva de você, não quando diz essas coisas assim.

— Acredite, não é fácil, mas realmente é o melhor para nós. – Emma dá um selinho nos lábios carnudos. – Não podemos retroceder, não depois de tudo que aconteceu hoje, depois de tudo que me confessou, precisamos ajeitar as coisas.

— Eu sei, eu realmente sei. – Regina suspira. – E no seu lugar também estaria com receio, sei que sempre fui péssima contigo após as nossas recaídas.

— Não é apenas por receio. – Emma sorri sem jeito. – Eu quero fazer as coisas direito desta vez, quero progressos verdadeiros.

Regina concorda com a cabeça, sentindo um misto de emoções, sabia que a loira estava certa e admirava que ela tivesse tomado essa postura.

— Melhor eu levantar então. – Regina se ergue, sentando na ponta da cama. – Tem toalhas limpas no banheiro do corredor, imagino que também vai necessitar de um banho gelado, por favor, fique à vontade.

—Oh, se necessito. – Emma levanta e engatinha até a morena, lhe abraçando por trás e colocando sua cabeça no ombro dela. – Não se sinta rejeitada, pois você não tem noção do quanto eu te quero.

— Eu entendo, Emma, de verdade. – Regina se aconchega e encosta seu rosto no da loira, acariciando bochecha com bochecha. – Anseio o mesmo que você, por isso preciso ir me afundar na banheira, antes que eu não responda mais por mim.

Emma ri e concorda, liberando a mulher de seus braços, que lhe deixa um beijo no rosto antes de sair do quarto. A loira se joga de costas na cama, sorrindo, apesar do desejo queimando em seu corpo, estava feliz de sentir que estavam progredindo de alguma forma. Sabia que ainda tinham um longo caminho pela frente, mas estava com a esperança renovada, sentia que podiam fazer dar certo. Tinha iniciado o dia tão desanimada e tristonha, tantos dias evitando encontrar a ex-esposa, remoendo o último encontro desastroso que tinha lhe magoado mais do que esperava. Nem em um milhão de anos, poderia imaginar que ao ir correr no parque, tentando gastar sua frustração em exercícios, o resto do dia se desenrolaria da forma que ocorreu. Principalmente a confissão da morena, que fez seu coração se acalentar de uma maneira inexplicável. Sorriu e levantou da cama, pegando as roupas para ir tomar um banho frio, pois sentia que os frutos que colheria seriam recompensadores.

Regina passa no quarto de Robin, sorrindo ao ver a sobrinha adormecida com os fones do celular no ouvido. Delicadamente retira os fones, fechando o aplicativo de música que estava aberto e colocando o celular para carregar na mesinha de cabeceira. A morena puxa um edredom para cobrir a adolescente, deixando um beijo em sua testa e se retirando do quarto. Ao entrar em seu próprio quarto, vai direto para o banheiro, abrindo a torneira da banheira e jogando alguns sais de banho dentro dela, despindo-se e imergindo na água gelada mesmo. Enquanto sente a água relaxando o seu corpo, pensa na loira que está há apenas dois quartos de distância. Não podia negar o quanto estava se sentindo bem, todos os acontecimentos do dia tinham sido inesperados, mas haviam surgido um efeito compensador em seu coração. O que tinha exposto a Emma, tinha liberado um peso de dentro da sua alma, lhe deixando mais leve e menos angustiada. A forma que a loira reagiu e suas ações conscientes tinham lhe dado confiança, algo que fazia muito tempo que não sentia, aquela chama de expectativa de um futuro não perdido. Notava um amadurecimento na ex-esposa, fato que a fazia pensar nas possibilidades que se abriam com isso.

O domingo amanheceu ensolarado, o som dos passarinhos cantando inundaram o ouvido de Emma, que abriu os olhos e aquela sensação de acordar em uma cama que não era sua lhe invadiu. Olhou em direção a janela, aonde um feixe de luz entrava por um canto em que a cortina não cobriu totalmente, percebendo que já estava na hora de levantar. A loira sentou na cama e se espreguiçou, esticando bem os braços e mexendo seu pescoço de um lado para o outro, sentindo-se mais disposta para enfrentar o dia, levantou e procurou por seu celular, verificando que passava um pouco das nove horas da manhã. Imaginando que Regina já devia estar acordada, decidiu tomar um banho rápido e foi em busca da morena pela casa. Como tinha previsto, não a encontrou em seu quarto, descendo as escadas e indo em direção a cozinha, de onde o cheiro de bacon e panquecas emanava. Emma parou na porta do local, se encostando e sorrindo para a cena a sua frente. Regina estava concentrada no fogão, virando panquecas no ar numa agilidade impressionante. Observou que na ilha já se encontrava três pratos com bacon, junto de uma jarra de suco de laranja. Quando a morena virou em direção a ilha, para colocar as panquecas nos pratos, se surpreendeu de não estar mais sozinha, erguendo a sobrancelha.

— Está há muito tempo parada aí?

— O suficiente. – Emma sorriu. – Bom dia para você também, Regina.

— Bom dia, Emma. – Regina revirou os olhos e negou com a cabeça, colocando as panquecas nos pratos. – Dormiu bem?

— Escolhemos uma cama realmente confortável para os hóspedes. – Emma se aproximou, ficando de um lado da ilha. – Dormi sim, e você?

— Claro que escolhemos. – Regina sorriu, achando graça na forma que a loira evidenciava sua estranheza de dormir naquele quarto. – Também dormi, mas poderia ter sido melhor.

— Sentiu a minha falta na cama? – A loira provocou sorrindo.

— Desde o dia que foste embora. – Regina respondeu olhando intensamente para os olhos verdes, que se prenderam aos seus.

Emma não esperava essa resposta, ficando sem palavras, não desviou o olhar, sentindo a profundidade daquelas palavras e o quanto significavam, sentiu a garganta ficar seca e umedeceu seus lábios com a língua. Regina acompanhou o movimento da língua da loira, mordendo seu lábio inferior e voltando a fixar seus olhos no olhar da ex-esposa. Ambas se olhavam vigorosamente, olhares conectados, conversavam sem palavras. O momento foi quebrado com a entrada de Robin na cozinha, que não sabia se ficava mais surpresa com a presença da tia loira ou com o clima que sentiu entre as duas tias.

— Hã, estou interrompendo algo? – Robin olhou de uma para a outra.

— Claro que não, querida. – Regina desviou o olhar de Emma e voltou-se para sua sobrinha. – Já ia te chamar para o café da manhã.

— Você nunca interrompe, Lindinha. – Emma tenta disfarçar o quanto estava impactada, pegando um pedaço de bacon e mordendo, falou de boca cheia. – Nossa, como está bom isso.

Robin e Regina riem do jeito da loira, que esfomeadamente se serve de mais um pedaço de bacon.

— Não tem bacon na tua casa não? – Regina provoca, negando com a cabeça. – Céus, Emma! Come devagar, a comida não vai sair correndo.

— Não gostoso assim. – Emma lambe os lábios. – Tinha esquecido o quanto tua comida é boa. O bacon crocante no ponto certo não é algo tão fácil de acertar, esse daqui está saboroso demais.

— Teu pai deveria te deserdar. – Regina riu. – Filha de chef de cozinha, tão sem jeito para culinária.

— Não herdei esse gene, fazer o que. – A loira dá de ombros. – Deus me deu outros dons.

— Claro que sim. – Regina sorri. – Senta, Emma, vai pagar a mesma coisa em pé.

Emma mostra a língua para Regina, sentando de um lado da ilha, ao lado de Robin, enquanto Regina senta do outro lado.

— Então... – Robin curiosamente olha para Emma, servindo suco de laranja nos copos. – Você dormiu aqui ou chegou cedo para se alimentar?

Regina gargalha e Emma franze as sobrancelhas, de boca aberta para a sobrinha.

— Estava muito tarde, convidei Emma para passar a noite no quarto de hóspedes. – Regina explica, pegando seu copo de suco e tomando um gole. – Não é seguro andar sozinha por aí de madrugada.

— É, foi isso. – Emma faz beicinho. – Está me chamando de morta de fome, Robin?

— Nem um pouco. – Robin sorri e morde um pedaço de sua panqueca. – Apenas com um grande apetite.

— Sei. – Emma estreita os olhos para a loirinha, bebericando seu suco. – Fica tirando sarro de mim, fica.

— Você torna muito fácil para resistir, Tia Emma. – Robin riu. – Uau, nem consigo me lembrar a última vez que tomamos café da manhã todas juntas.

— Provavelmente há mais de dois anos. – Emma respondeu abaixando o olhar para o seu prato, lembrando que nos últimos meses do seu casamento, tanto ela quanto Regina evitavam a maioria das refeições juntas, uma sempre saia mais cedo de casa do que a outra. – Está melhor dos machucados, Regina?

— Sinto desconforto. – Regina respondeu, percebendo que os pensamentos da loira haviam a levado para memórias tristes, seus próprios também haviam vagado pelas mesmas lembranças. – Além de arder no local esfolado, o corpo ficou um pouco dolorido.

— Ainda bem que não foi uma queda pior. – Robin comentou. – Vocês duas realmente não marcaram de se encontrar no parque? Fico chocada com a coincidência de logo a Tia Emma lhe encontrar.

— Por mais incrível que possa parecer, foi por acaso de verdade. – Emma respondeu, cortando um pedaço de panqueca, mordendo junto a um pedaço de bacon.

— Não sabia que Emma estava correndo pelo parque, nem ela sabia que eu estava por ali. – Regina olhou para a sobrinha carinhosamente. – Não estamos inventando essa casualidade.

Robin concordou com a cabeça, acreditando nas tias, mas ainda suspeitando que tinha mais coisas rolando entre as duas, só esperava que seja o que fosse, servisse positivamente para elas. O resto do café da manhã transcorreu de forma tranquila e agradável. Emma agradeceu pela hospedagem e se despediu das duas, combinando de levar Robin para a escola no dia seguinte.

A segunda-feira iniciou de forma rotineira, Regina tinha um dia cheio de reuniões importantes na editora e após tomar café da manhã com a sobrinha, se despediu, aliviada que Emma passaria por ali para levar Robin para a escola, assim seguia de forma mais tranquila para o trabalho. Após uma longa reunião, que levou toda a parte da manhã, Regina decidiu descer até a cafeteria da livraria, querendo respirar outros ares, precisando arejar a cabeça dos assuntos sérios. Observou os clientes circulando pelos espaços, contente que estavam tendo uma boa movimentação, sentia que seus esforços para tornar a livraria um lugar atraente para as pessoas surtiam resultados promissores. Sentou em uma das cadeiras em volta da bancada do café, não sentindo necessidade de ocupar uma mesa. A atendente ao visualizar a chefe, logo veio solícita lhe perguntar o que desejava, indo rapidamente providenciar o café expresso e fatia de torta que a morena pediu.

— Olha quem eu encontro por aqui. – Milah sorriu se aproximando. – Não te encontrei em sua sala e nem no salão de reuniões, ninguém por lá soube me dizer aonde te acharia. Acabei de chegar de Boston.

— Oi, Milah. – Regina sorriu para a amiga, recebendo um beijo no rosto. – Precisei espairecer um pouco do clima tenso lá de cima, nada melhor que um bom café para renovar as energias.

— Tenso? – Milah fez uma careta. – Problemas com os acionistas?

— Digamos que os problemas são as exigências da diretora executiva, nossa estimada CEO está com as expectativas superiores a realidade atual.

— Tua mãe? – Milah sentou na cadeira ao lado de Regina. – Encontrei com ela hoje pela manhã, passei na sede da editora para assinar uns documentos que precisava, ela estava energética como sempre.

— A própria. – Regina suspirou. – Tenho a impressão que nada nunca é suficiente para ela, todos estão satisfeitos com o andamento das expansões e lucros, menos dona Cora Mills, que está querendo mais e mais.

— É inerente do ser humano, sempre querer mais. – Milah gesticulou com a mão, pedindo um chá. – Não leve para o lado pessoal.

— Cora inventou essa definição e a elevou ao um nível superior. – Regina agradeceu a atendente por trazer seu pedido, adoçando seu café. – Meio difícil não levar para o pessoal, já que ela deixa claro que eu deveria estar fazendo mais do que faço, é exaustivo tentar lhe agradar em algo.

— Então simplesmente não tente. – Milah sugeriu. – Eu já passei por isso, e te afirmo que quando parei de tentar conseguir a aprovação dos meus pais, finalmente me libertei e pude ser verdadeiramente eu.

— Não se trata de conseguir a aprovação dela, se trata do meu trabalho na editora. – Regina respirou fundo. – Já fiz as pazes que minha vida pessoal nunca lhe agradaria, porém na profissional, essa me afeta, pois sei o quanto sou boa no que faço, sei o quanto me dedico e faço o meu melhor sempre.

— Não é à toa que é a diretora administrativa da empresa, teu cargo é muito bem merecido, todos sabem disso, inclusive ela. – Milah olhou para a amiga. – Isso que torna a Once upon a time a melhor editora da costa leste. Foi um dos principais motivos que me fez virar acionista aqui, tua visão de mercado, confio nas tuas decisões, sempre elevaram o patamar da editora.

— Está dizendo isso porque é minha amiga. – Regina sorriu. – Não sei se posso confiar na tua imparcialidade nisso. Mas obrigada pela credibilidade.

— Não é apenas pela nossa amizade, pode ter certeza disso. – Milah segurou a mão de Regina e apertou de forma afetuosa. – Eu só invisto em bons negócios e não se esqueça que nossa amizade veio depois disso, portanto acredite no que eu digo.

Regina sorriu e concordou com a cabeça. A atendente voltou com o pedido de Milah, que soltou a mão da amiga, agradecendo e pegando sua xícara de chá. Regina experimentou sua fatia de torta, se deliciando com o doce sabor do chocolate belga.

— Foi tudo bem em Boston? – Regina questionou, limpando a boca com um guardanapo. – Pensei até que ficaria mais alguns dias por lá.

— Tudo perfeitamente da forma que planejei. – Milah sorriu. – Na realidade eu voltaria amanhã, mas antecipei para participar da reunião desta tarde aqui, já estava tudo resolvido por lá.

— Fico feliz que tenha dado tudo certo. – Regina sorriu. – É bom ter um rosto amigo nessas reuniões exaustivas.

— Meu rosto é belíssimo, eu sei. – Milah riu. – E como foi seu fim de semana?

— Inesperado. – Regina abriu um sorriso bobo ao relembrar seus momentos com Emma. – Mas surpreendentemente maravilhoso.

— Conheço esse sorriso afetado aí. – Milah estreitou os olhos. – Se encontrou com a Emma, não é mesmo?

— Sou tão transparente assim? – Regina abaixou o olhar, sorrindo sem graça.

— Quando se trata da tua ex-esposa é sim. – Milah analisou a amiga. – Pensei que ela ainda estava te evitando.

— E estava. – Regina concordou. – Mas por um acaso, acabou me socorrendo no parque. Tive uma queda de bicicleta, ela estava correndo por lá e me encontrou, foi muita sorte, pois teria sido complicado voltar para casa sozinha e sem ajuda.

— Queda de bicicleta? Machucou muito? – Milah franziu as sobrancelhas. – Achei que não pedalava mais.

— Alguns esfolados, nada muito grave. – Regina tomou um pouco de café. – Fazia muito tempo mesmo, mas senti vontade e fui. Acabei perdendo o equilíbrio e derrapei, foi quando Emma apareceu e me ajudou.

— E o que mais? – Milah estava curiosa. – Sinto que tem muito mais além desta ajuda.

— Ah. – Regina sorriu envergonhada. – Sim, na realidade tem. Conversamos algumas coisas, nos fez bem, tivemos momentos agradáveis.

— Tiveram outra recaída. – Milah riu. – Sempre entre tapas e beijos hein.

— Não foi uma simples recaída. – Regina ficou séria. – Dissemos coisas que eram importantes serem ditas e ouvidas. Me permiti ser muito franca com ela, que se mostrou mais madura e compreensiva.

— Não está apenas se enganando? – Milah ergueu a sobrancelha. – Penso que possa ser a familiaridade, sabe? Está acostumada com ela, a história de vocês é longa e foi muito importante, mas terminou por um motivo, vocês não davam mais certo como casal. Depois de todo esse tempo, vale a pena retomar isso? Não é apenas ilusão e atração?

— Não. – Regina negou com a cabeça. – Não estou me iludindo, sei muito bem os riscos que estão em jogo nisso. Não sinto uma simples atração por Emma, nem apenas familiaridade, meus sentimentos por ela são muito mais extensos.

— Não sei, mas se você está certa disso. – Milah deu de ombros. – Só não quero te ver sofrendo novamente. Pois na mesma intensidade que Emma te leva para cima, ela te arrasta para baixo. Só seja cuidadosa, está bem?

— Sempre sou. – Regina suspirou. – Talvez esse seja o problema, cuidado demais também é prejudicial, as vezes só precisamos nos permitir sentir e agir de acordo.

As duas amigas terminaram suas refeições e foram juntas para a sala de reuniões. O resto da tarde foi tomado por decisões administrativas, ao final da última reunião do dia, Regina sentia-se exausta e ansiosa para chegar em casa e descansar. Milah já havia ido embora, pois sua presença não era necessária na última reunião. Regina deixou os contratos firmados na sua sala, trancando tudo e indo direto para seu carro. No caminho, pegou comida chinesa para o jantar, sabendo o quanto Robin ia gostar da escolha. Estacionou seu carro na garagem e entrou, encontrando a sobrinha assistindo televisão na sala.

— Oi querida. – Regina sorriu, deixando as chaves no aparador da sala e se aproximando do sofá.

— Que bom que chegou. – Robin olhou para a tia e sorriu. – Já ia te mandar mensagem, para saber se iria demorar, pensei em fazer um macarrão para o jantar.

— Trouxe o jantar. – Regina ergueu a sacola da comida chinesa. – E sei que vai adorar.

— Vou mesmo. – Robin se empolgou, reconhecendo a sacola. – Eu arrumo a mesa enquanto você toma banho.

— Obrigada, meu amor. – Regina entregou a sacola para a adolescente. – Não vou demorar.

— Não tenha pressa. – Robin pegou as sacolas e foi em direção a cozinha. – Pode relaxar à vontade na banheira, eu ajeito tudo e te espero.

Regina sorriu e começou a subir as escadas, quando o som da campainha lhe deteve.

— Pode deixar que eu atendo. – Gritou para a sobrinha, indo abrir a porta, ficando estática ao ver quem estava parada do lado de fora. – Você?