Once we believe

Wonderland, casa do chapeleiro, naquela noite


Elizabeth, Will e Alice comiam uma refeição improvisada na cozinha da casa. A única luz de que dispunham era a que a lua emprestava. Mas à medida que seus olhos foram se acostumando com a escuridão, a luz prateada que entrava pela janela estava de bom tamanho. A comida era constituída por cenouras cozidas e pão seco, com nada além de água para beber.

— Eu sinto muito pela refeição pobre, mas tem sido dias difíceis em Wonderland. Não sou uma boa caçadora, e tampouco a única desesperada por comida pela região – disse.

— Podemos caçar pela manhã, e repor os alimentos antes de partir – sugeriu Alice.

— Não há motivos, creio que uma vez que deixarmos esta casa, nenhum de nós voltará – comentou Elizabeth.

Após a refeição, Elizabeth os acomodou em camas improvisadas feitas com cobertores velhos e tecidos que Jefferson nunca usou na confecção de chapéus. Ela foi se deitar no quarto e os deixou na sala.

Depois de duas horas acordado, Will ouvia um suave ronco vindo de onde Alice estava deitada. Ele precisava agir. Era pegar ou largar.

Levantou-se tentando não fazer barulho. Seguiu até a porta, onde parou para colocar os sapatos e a jaqueta, e olhou de relance para a baioneta. Maldição, pensou consigo. Pegou-a sem pensar mais e saiu porta afora, o mais rápido e silenciosamente que pôde, porém, não foi longe.

— É uma bela noite para uma caminhada – disse Elizabeth. Will se virou e viu sua silhueta na escuridão, se aproximando. De onde ela tinha surgido?

— Não quero problemas, Jones – disse Will, segurando a baioneta firmemente.

— Pensei que fossem amigos, você e a garota.

— Devo muito a Alice, mas não posso ficar mais aqui. Vai tentar impedir? – perguntou Will.

— Me dê a arma, Will.

Ele a apontou para ela.

— Me diga que poderei ir embora.

— Essa baioneta é minha, você não vai a lugar algum com ela. – a pirata estava calma, porém seu olhar era demoníaco.

— Não tenho tempo para brincadeiras. Se você der o alarme...

— Você atira? Claro, Alice adoraria ouvir isso. Até imagino a cara de desapontamento que ela faria. Perdendo o amor da vida dela e seu ombro amigo. Se vendo sozinha e sem apoio quando mais precisava. Sendo traída por aquele em quem mais confiava...

— Tudo bem, já chega. – Will atirou a baioneta para ela, que a pegou sem apontar para ele.

— Will, por que não entra e fingimos que nada disso aconteceu?