Old Love

Lembranças do Passado


Flash Boo on – Seto Pov

Sou Seto Kaiba, um menino de doze anos muito inteligente e curioso segundo minha mãe.

Após o jantar, quando minha mãe já tinha ido dormir, pulei da cama sem fazer nenhum barulho, abri a janela e pulei para baixo. Montei em meu cavalo, e sai cavalgando pela cidade.

Sempre faço isso, é um tipo de hobby meu. Sair de noite com meu cavalo, sentir o vento no meu rosto, e a adrenalina nas minhas veias. É emocionante. Virei a última rua me distanciando da cidade, e cavalgando pelo deserto a noite.

Olho pro céu e paro, vejo a lua cheia e o céu cheio de estrelas brilhando. Realmente uma imagem linda. Continuei a cavalgar por mais vinte minutos, desviando de cada pedra, e pulando de cada cerca que via pela frente.

“É melhor eu voltar, antes que alguém perceba que eu sai e eu fique de castigo” – pensei comigo, analisando que o melhor a fazer era de fato voltar para casa. Dei meia volta pelo caminho que eu estava indo, e voltei para o caminho da minha vila.

Quando de repente ouço gritos. Paro o cavalo esperando ouvir de novo, até que avisto um pequeno grupo de nômades lutadores indo em direção a cidade. Me aproximei e vi que no total eram vinte e cinco. Mesmo eu sendo habilidoso, o que uma criança de apenas doze anos faria.

Óbvio, eu corri em direção a cidade para poder avisar a todos. Mas, quando montei no cavalo ele resmungou por ter pulado com força nele, assim os ladrões me viram, e eu por impulso comecei a correr, agora desesperadamente.

Ladrão_ Ei garoto. Pare onde você está!!!

Seto_ Nunca! - Eu acelerei com o cavalo, mas...

Meu cavalo era jovem e o deles eram mais rápidos. Uma curva em falso e eles me pegaram. E me levaram para seu esconderijo.

Seto_ Solte-me, solte-me. – falava me debatendo enquanto imobilizavam meus braços me levando para algum lugar.

Me jogaram em algum lugar que eu não tive tempo de saber onde, pois estava um pouco escuro, e eles me jogaram com muita força no qual cai de costas sem direito a suavizar a queda, porque meus braços estavam imobilizados com cordas apertadas fortemente.

Ladrão_ Fique ai pirralho, e não estrague os nossos planos. – disse e saiu.

“Estou ferrado. Não... O pior é a cidade. Droga!” – pensei enquanto rolava no chão procurando me sentar. Minha visão aos poucos foi voltando ao normal, até que consegui ter uma mínima perceptiva do local onde eu estava preso.

Uma jaula média, que cabe mais ou menos três pessoas, sendo toda de ferro com grades bem fechadas. Me sentei no chão, tentando afrouxar o nós das cordas das minhas mãos. O que foi uma inútil tentativa.

“Que droga” – murmurei baixinho apenas para mim. Sair dali estava complicado, e levaria tempo. Mas eu não tinha mais tempo, a cidade provavelmente já estava sendo atacada.

Suspirei, já temia pelo pior. Ouvi passos se aproximando, tentei identificar quantas pessoas eram, mas apenas ouvi;

??????_ Me solte!

Era a voz de uma menina. Provavelmente seria presa ali também junto comigo. Olhei para frente e vi o mesmo cara que me colocou ali, segurando pelos braços uma garota. Como estava escuro era apenas o que eu via, fora que ela era mais ou menos da minha altura, um tanto mais baixa.

Ele procurou um molho de chaves em seu cinto, até que o encontrou, e depois ficou tentando decifrar que chave era do cadeado. Até eu que nem sou bom em jogo da memória lembrava que era uma chave prata e pequena.

Ladrão_ Fique quieta!

Eu entendi que ele falou isso apertando bem mais os braços dela, pois mesmo eu que estava a uma certa distância consegui ouvir um gemido de dor vindo dela, depois que ele abriu e jogou o molho de chaves no bolso outra vez, ela se arriscou a falar;

- Pra que me prender, se eu vou fugir de novo?

- Não vai não – falou amarrando seus braços com uma corda, e apertando fortemente. – E se fugir, da próxima vez que te pegar eu te mato. Agora entre ai e cale a boca.

Falou e literalmente empurrou a garota para dentro da cela fortemente. Teria sido uma queda feia onde se machucaria muito, mas ela caiu em cima de mim, o que suavizou a queda pra ela. O cara fechou a cela e foi embora rindo. “Palhaço” – pensei, o xingando mentalmente.

Só então me lembrei que a garota estava caída em cima de mim. Como estávamos perto um do outro, pude ver que ela tinha cabelos brancos lisos, era mais baixa do que eu, e era bem leve.

Senti que ela respirava com dificuldades, e então ouvi um leve gemido de dor. Tentei me livrar das cordas mais uma vez, e então para minha surpresa consegui facilmente. Passei suavemente uma mão no cabelo dela;

- Você está bem? – perguntei um tanto que preocupado. Certamente era uma civil da minha vila.

- Você não vê, estou ótima. – respondeu em ironia. Logo depois de gemer de dor novamente.

Me virei para ela e vi que estava olhando fixamente para seu braço, algo brilhava nele. Só então me toquei que estava sangrando, provavelmente era um corte fundo, e como suas mãos estavam amarradas, qualquer mínimo movimento que eu ou ela fazíamos, fazia com que as mãos se batessem e o atrito prensasse o ferimento causando ainda mais dor.

Então parei de me mexer. Com a queda bruscamente dela, por mais que eu tivesse a suavizado, seus braços estavam para frente, o que certamente causou uma grande dor. Xingei mentalmente aquele inútil que fez isso a essa garota.

A machucar com uma faca, o que até agora era um ferimento no braço, poderia ter outros muito piores. Depois amarrar suas mãos com uma corda e apertar fortemente, mesmo que suas mãos não estivessem machucadas, teria machucado muito também.

Então a empurrar para o vácuo sem direito a nem suavizar a queda com os braços. Aquilo era desumano. Nem um ser humano tem o direito de fazer isso com outras pessoas.

Olhei mais uma vez para a garota que estava caída em meu colo. Ela ainda ofegava bastante, provavelmente estava muito mais machucada. Fiz um movimento indicando ir até seus braços.

- Não. – falou baixinho, mas mesmo assim pude ouvir.

- Deixa eu te ajudar. Prometo que não vou encostar em seu ferimento.

Movi minhas mãos novamente a ela esperando ouvir outro não, mas ela não falou nada o que entendi como um “ok”. Desamarrei as cordas suavemente tentando ao máximo não machuca-la mais do que já estava.

Então joguei as cordas ensangüentadas para outro lugar da cela. Olhei novamente para suas mãos, estavam vermelhas, mais não mais do que seus pulsos, que tinham além de sangue, marcas vermelhas onde aquele cara tinha apertado.

Quando ia olhar para seu rosto vi que ela se levantou apressadamente, ia falar alguma coisa mais logo então percebi que ela se ajoelhou no chão esticando bruscamente suas mãos pra frente e vomitando sangue. Logo seguido de mais gemidos de dor. Certamente era pelo fato de apoiar parte de seu corpo em seus pulsos que ainda estavam frágeis.

Ela então se levantou, encarando o vácuo. Notei que ela estava perdendo os sentidos, então me levantei e corri em sua direção. A peguei nos braços, deitando-a sobre o chão suavemente.

Comecei a prestar atenção na garota a minha frente. Primeiramente seu braço esquerdo estava com um ferimento, segundo seus pulsos estavam machucados, terceiro seus joelhos estavam ralados. Como quando ela chegou aqui estava ofegando, creio que ela caiu levou uma facada, e depois a trouxeram para cá.

Certamente eu poderia me formar como o melhor e mais novo legista da história do Egito. Então depois de uma análise, retirei do bolso um tipo de pano e um bolo de faixas brancas. Minha mãe sempre me incentivava a levar para todo lugar, por me machucar constantemente.

Com o pano retirei o excesso do sangue do ferimento, e então enfaixei o ferimento e os pulsos. Depois, guardei de novo o novelo no meu bolso, tentando a deitar confortavelmente sobre meu colo. Comecei a analisar seu belo rosto, era branco assim como seus cabelos totalmente lisos, totalmente perfeito.

Pouco a pouco ela foi normalizando sua respiração, e então podia-se notar que ela melhorava. Comecei então a pensar na minha cidade, se estaria bem, ou então se o único membro que se resumia em minha família, minha mãe, estaria bem.

Fechei os olhos, tentando achar uma solução de como sair dali, apenas com a chave era possível. Então senti que a garota começava a se mexer mesmo que pequenos movimentos, e depois abriu os olhos, fitei seu rosto, que ainda tentava identificar onde estava.

Definitivamente ela era linda, um lindo anjo estava deitado sobre meu colo. Seus olhos eram duas portas para o céu, tão azuis e tão belos como um lindo mar. Ela se levantou do meu colo sentando no chão próximo a mim.

- Obrigada. – falou notando o curativo.

- Sem problemas. – respondi com um meigo sorriso.

Ela ainda estava mal, mas retribuiu meu sorriso, com outro ainda mais lindo. Depois levou a mão a cabeça, indicando um gesto de dor. Senti uma leve pontada de preocupação, ela então fitou o cadeado que nos prendi na jaula.

- Consegue andar? – perguntei.

Ela colocou as mãos pra trás dando um leve impulso para que seu corpo se levantasse, mas ela percebeu que não agüentaria então continuou de joelhos.

- Consigo ficar em pé, e depois cair. Levei um tombo grande hoje duas vezes, minhas pernas ainda doem. – respondeu suspirando. – Mas do que adianta?

Suas palavras tiveram grande efeito sobre mim, me fazendo refletir sobre o que disse. Depois de um tempo não entendo o que ela quis dizer, desisti de compreendê-la. Eu voltei meu pensamento para a cidade, estava perdendo muito tempo, mas não podia deixar aquela garota sozinha ali naquele lugar, só imaginando o que ela já passou.

Me levantei indo até ela, então a estendi o braço. Ela o segurou, então eu a ajudei levantar, com ela se apoiando em mim. Passei seu braço para perto do meu pescoço, e assim ela conseguia andar. Fomos caminhando até o cadeado.

- Nossa, que cadeado diferente. – eu falei. Realmente era estranho, e difícil de resolver.

- Você acha? – falou, então desprendeu um grampo pequeno de uma mecha de cabelo, para então coloca-lo na abertura da chave, mexeu por uns estantes, e então o cadeado abriu.

- Incrível. Como você fez isso? – perguntei curioso.

- Esse cadeado foi feito na minha cidade natal, todos os cidadãos sabem como abri-los. E também eu já fugi desses caras mais de cinco vezes, já é questão de prática. – respondeu triste.

- Vamos. Prometo que agora você vai conseguir sair daqui.

Continuamos a andar até que vimos mesmo que de longe minha cidade estava grande parte dela em chamas. Me xingei mentalmente por ter sido preso, mas graças a isso vou ajudar uma linda menina.

A ajudei a subir em um cavalo, tinha outros ali, mas ela continuava fraca, provavelmente têm grandes possibilidades dela desmaiar e cair. Por isso resolvi ir no mesmo cavalo que ela.

Depois de alguns minutos cavalgando pude ver com clareza que grande parte da aldeia estava em chamas, principalmente a rua da minha casa. Me desesperei, temia pela vida da minha mãe. Parei bruscamente o cavalo dando um solavanco para frente, a garota teria caído do cavalo se eu não tivesse a segurado.

- O que foi? – ela parou olhando para mim. – Entendo, aquela é a sua cidade? – falou apontando para a direção da minha cidade.

- É. Tenho que ir ajudar minha mãe. E não posso colocar mais sua em perigo. – falei descendo do cavalo.

- Entendo. Eu me viro não se preocupe. Agradeço muito a sua ajuda. – falou segurando as rédeas do cavalo.

- Mas antes de ir, quero que me diga... – me aproximei dela colocando uma de minhas mãos em sua bochecha. – Qual é o seu nome?

- Kisara... E o seu?

- Seto Kaiba. – falei me virando e correndo em direção a aldeia.

- Eu vou te retribuir algum dia Seto. – ela falou correndo com o cavalo na direção oposta.

Corri desesperadamente até a aldeia, andava e apenas via tudo deserto, pessoas mortas no chão, casas destruídas e queimadas. A esperança de salvar minha mãe com certeza me abandonava a cada passo que dava.

Até que cheguei na minha casa. Não estava em chamas, e minha mãe estava caída no meio da rua. Chequei sua respiração, mas ela não tinha. Estava morta. “Droga”. – falei entrando em desespero. Minha mãe a única pessoa que eu tinha morreu, e a culpa é minha.

Os ladrões que fizeram isso na minha aldeia me viram correndo na minha direção. Diferente do que antes eu não resisti. Talvez morrer ali do lado da minha mãe fosse melhor do que viver sozinho.

- Não, a minha casa!!!!!!!! – gritei, notando o que eles iam fazer.

Incendiaram minha casa, ainda iria lutar. Faze-los pagar caro pelo que fizeram comigo, com a minha mãe, e com a minha casa.

- Cale a boca moleque. – falou um me jogando no chão, e sacando sua espada.

Fechei os olhos, e esperei pelo meu fim, sem medo. Não me arrependia de nada ao não ser não poder ser forte e ter sobrevivido a tudo isso. Mas pelo menos eu ajudei uma garota que estava presa, e eu encontraria minha mãe no outro mundo.

Abri os olhos e vi um imenso dragão branco, de olhos azuis. Ele voava sobre os céus e então pousou a poucos metros de mim. Deu uma super rajada branca parecendo raios elétricos, e então levantou vôo de novo com suas duas grandes e bonitas asas voando para longe. Assim desmaiei.

Flash boo of

7 anos depois...