—Senhorita Sharma...Anthony! O que estão fazendo? - Minha mãe indagou com as mãos sobre a boca e as vistas arregaladas.

Eu e Kate nos afastamos rapidamente e olhamos na direção dela, envergonhados.

—Senhora Bridgerton, não é nada disso que você está pensando...- Kate principiou a falar e foi interrompida por minha mãe.

—Eu não estou pensando tampouco imaginando. Eu estou vendo! A senhorita e meu filho estão juntos. - Ela afirmou e Kate balançou a cabeça, negando.

—Não! Isso não é verdade. Eu jamais me envolveria com alguém que está cortejando a minha irmã! - Ela disse e começou a caminhar em direção a porta do escritório.

—Aonde você está indo, milady? - Minha mãe perguntou, séria e Kate parou.

—Ora, eu vou voltar ao salão de festas.

—Não. Nós temos que conversar sobre o que houve aqui.

— Não houve nada.

—Mas com certeza aconteceria algo se eu não tivesse chegado. - Senhora Violet afirmou, olhando para mim e Kate, que nos entreolhamos. - Claramente, vocês sentem algo um pelo outro. Há tempos eu notei isso. Eu devia ter tomado uma atitude antes de isso chegar aonde chegou. Eu não fiz nada a respeito antes, contudo agora o farei. Vocês terão que se casar.

—Não. Isso não pode acontecer. - Kate disse alto, desesperada. - Isso pode ferir os sentimentos de minha irmã.

—Minha querida, a senhorita devia ter pensado nisso antes de permitir que sua irmã se envolvesse com o meu filho, uma vez que você tem sentimentos por ele há bastante tempo.

—Isso não é verdade. E eu não irei me casar com o lorde Bridgerton. - Ela respondeu minha mãe e se retirou do escritório.

—Anthony, vá atrás dela imediatamente.

—Mãe, nós não queremos nos casar. Não aconteceu nada. Isso é o que importa.

—Anthony, eu o criei como um cavalheiro, como um homem honrado e respeitoso. Você sabe que vocês não poderiam ficar todo esse tempo sozinhos. Você sabe o que a sociedade pensa quando sabe que um homem e uma mulher ficaram à sós por longos minutos. Você sabe que há algo entre vocês. Você não pode se casar com Edwina, tendo sentimentos por Kate. E além disso, se vocês não se casarem a reputação da senhorita Sharma não será boa. Você gostaria de vê-la mau falada?

—Não. Eu e senhorita Sharma não somos amigos, mas eu nunca desejaria que algum mal acontecesse com ela.

—Então vá até ela e a peça em casamento. Não a deixe partir dessa festa sem estar comprometida com você.

Eu assenti e fui atrás de Kate. Após procurá-la por praticamente todos os lugares daquela mansão, eu a encontrei na biblioteca de meu pai.

—Senhorita Sharma, que bom que eu a encontrei. - Eu disse, chamando a atenção de Kate, que lia atentamente um livro, desconhecido por mim. Seus olhos se encontraram com os meus e brilharam. Entretanto, rapidamente ela desviou o olhar do meu e se pôs de pé.

—Não posso dizer o mesmo em relação a você. - Ela agiu de maneira ríspida e deixou o livro sobre uma mesa que havia ali.

—Nós precisamos conversar.

—Não, nós não precisamos. Eu vou sair daqui antes que alguém nos veja. Eu não quero me casar com o senhor.

—Nós teremos que nos casar, milady. - Eu afirmei, sério e suspirei.

—Não. E quanto a Edwina?

—Eu sinto muito. Eu espero que ela compreenda.

—Não. Eu me recuso a aceitar isso. Eu não me casarei.

—Não há escolha, Kate. Fomos flagrados em uma situação comprometedora. Ficamos tempo demais sozinhos. As pessoas já estão falando a respeito. Eu sinto muito. Eu não posso deixar a senhorita ficar com uma reputação ruim por minha causa. Eu sou um cavalheiro.

—Se o senhor fosse de fato um cavalheiro, não teria ocasionado aquele momento embaraçoso entre nós.

—A senhorita também se deixou levar naquele momento. A senhorita permitiu que eu me aproximasse...

Eu falei e cheguei mais perto dela, involuntariamente. Ela se afastou e passou a encarar o chão.

—Não...Eu fiquei surpresa, sem reação. - Foi o que ela proferiu, voltando a me encarar.

Embora ela jamais fosse admitir, eu sabia que ela queria a nossa aproximação tanto quanto eu.

—Kate, não importa. Nós vamos nos casar. Nós temos que nos casar.

Eu disse convicto e ela negou. Em seus olhos, formaram-se lágrimas.

—Eu não posso magoar a minha irmã...

—Eu sinto muito, Kate. É o que deve ser feito.

—Eu não suporto essas regras dessa sociedade em que vivemos...

—Confesso que eu também não.

Kate começou a andar para fora da biblioteca, passando por mim, rápido. Meus olhos a acompanharam até onde puderam e eu respirei fundo.

Relaxei meus ombros, que estavam tensos e me sentei em uma cadeira que havia ali. Eu peguei o livro que Kate estava lendo.

A princípio eu não me recordei de quem era aquele livro e do que se tratava, mas, de repente, eu me lembrei que aquele livro era um dos favoritos de meu pai.