– O que é que te aconteceu? – pergunta-me Akira, uma das minhas amigas.

– Nada. Só caí de umas escadas abaixo … nada mais.

–Pois, pois e tu achas que nós acreditamos nisso não? – diz-me Yumi a minha outra melhor amiga.

– Vocês têm de acreditar no que eu digo ok? – disse eu com certa raiva de já me estarem a perguntar muitas coisas.

– Olha, não é preciso falares assim connosco está bem? Estamos apenas a tentar compreender a situação. Mas olha vamos te deixar pensar … sozinha. Acho que estamos aqui a mais.

Nesse momento nem fui atrás delas porque sabia que nem me ouviriam. Também da forma como lhes falei!

Continuei sozinha a tarde inteira e acho que consegui deixar, mais uma vez, a raiva de lado.

Ia eu para casa quando passei por um beco. Mas era de noite. A minha mãe disse que á noite um beco é muito perigoso. Estava tudo normal quando vejo uma menina sendo violada por três ou mais homens (é que não deu para ver … estava escuro.). Deu para reparar que estava um homem a penetrar nela na frente, outro estava atrás e outro estava pondo seu pénis em sua boca. Era horrível os gritos de socorro que a menina dava. Eu rapidamente fui para casa e telefonei á polícia mas infelizmente quando eles lá chegaram a menina já estava morta, com as tripas á mostra. Chorei tanto nesse dia. Pensava que a poderia salvar mas não consegui…

– Que estúpida, que estúpida. – dizia eu com raiva de mim a chorar.

Fui para casa a correr e fui-me deitar a ouvir mais uma vez Sophie a me culpando de tudo e mais alguma coisa, a ouvir meu padrasto a me chamar inútil e minha mãe a dizer: “ Quem me dera não ter uma filha destas “.

Custava-me tanto ouvir isto … ainda por cima depois o que eu acabara de testemunhar.

Adormeci ao som do medo, da angústia e da solidão … Porque é que a vida é assim comigo?