No sábado de manhã encontrava-me tão bem disposta que me lembrei de fazer alguma coisa ao meu querido maninho. Peguei num pequeno balde que tinha no armário (a propósito… porque é que eu tinha um balde no meu armário? De qualquer das formas, vai servir para alguma coisa…), enchi com água muito gelada e dirigi-me ao ninho a que o meu irmão chama de quarto. Bem, o final é bastante previsível, não acham?

Bem pertinho dele, atirei-lhe a água.

- O QUÊ? – Ele saltou da cama assustado, o que fez com que caísse no chão. – EI!

- Desculpa John, mas precisava de te acordar. Temos que ver se está tudo pronto.

- E não havia outro jeito de me acordar? – Ele perguntou nervoso – Ahh, deixa-me adivinhar: Tentaste de tudo, mas como nada resultou resolveste atirar-me água fria? – Ele perguntou sarcástico. – Certo?

- Por acaso, errado. Nem sequer me dei ao trabalho de pensar noutra forma para te acordar, esta ia dar certo de qualquer das formas. – E comecei a rir-me.

- Brea! Se eu te apanho… - Ele gritou furioso e pôs-se a correr atrás de mim.

E lá começamos um dia cheios de energia e boa disposição…

- BREA! – O John gritou.

Bem… a parte da “boa disposição” é mais para mim… de qualquer modo. Estávamos os dois a correr pela casa quando uma cena, não muito típica fez com que parássemos, quase chocados. Sentados na mesa de jantar, estavam o meu pai e a minha mãe a tomar o pequeno-almoço.

- Não acredito. – O meu irmão disse chocado.

- Nem eu!– Eu disse.

- Então meninos, bom dia. – Disse o meu pai. - Sentem-se, precisamos de vos deixar um recado antes de nos irmos embora. -

- Pois, estava a demorar… - Virei-me para o John e ele assentiu.

- Muito bem – o meu pai começou – hoje é o dia em que vocês vão dar a tal festa, certo? – Nós assentimos e ele continuou – bem, daqui a pouco começam a chegar as coisas que vocês pediram. Nós vamos passar o fim-de-semana fora, por isso ouçam o que o Alex diz… - e “blá blá blá”… sabem quantas vezes eu ouvi este sermão?… Nem queiram saber! É sempre a mesma coisa, vão passar o fim-de-semana lá para as Caraíbas ou na Filipinas ou noutro local tropical qualquer e o Alex disfarça-se de “baby sitter”… o habitual. – Estamos entendidos? – O meu pai perguntou por fim.

Bem tirando a parte do “blá blá blá” que eu já acho previsível demais… sim, estamos perfeitamente entendidos – Sim – eu disse simplesmente.

- Sim – o meu irmão disse entediado.

- Muito bom… bem, nós vamos agora. – Levantaram-se e dirigiram-se para a porta.

- Até segunda e portem-se bem. – Disse a minha mãe, amorosamente. E saíram.

- Típico – Eu e o John dissemos ao mesmo tempo.

- Meninos… - o Alex disse em tom de reprovação.

- É sempre a mesma coisa Alex… - Eu disse desanimada.

- Bem, deixemos de lado isso e vamos… voltar onde tínhamos parado.

- Oh, não! – Disse eu e o Alex ao mesmo tempo, enquanto eu começava a fugir de novo.

- Brea… ANDA AQUI! – Ele gritava, enquanto ia atrás de mim. Até parece que eu ia até ele.

De qualquer modo, ficamos mais uns 10 minutos a correr até que eu cansei-me e sentei-me no sofá. Ainda bem que a campainha tocou logo, senão algo me diz que eu ia sofrer… Eu e o John entendemos que deviam ser as nossas encomendas para a festa e então fomos para os nossos quartos para nos vestirmos. A Molly chegou uns 20 minutos depois das coisas estarem prontas; Tínhamos combinado que ela vinha mais cedo.

Muito bem… hora da transformação… Ela, tecnicamente, já vinha pronta, mas eu ia mudar umas coisinhas.

- 1º Senhora Molly, onde estão as lentes de contacto? – Perguntei-lhe.

- Aqui… mas Brea, eu não gosto muito de as usar, caso contrário usava-as ao invés dos óculos. – Ela tentou argumentar.

- Quieta! Hoje quem dá as ordens sou eu! – Eu ri-me.

- Estou com medo… - Ela sorriu.

Bem, primeiro tirei-lhe aqueles óculos que escondiam os seus olhos lindos, depois alisei-lhe o cabelo que, apesar de ser lindo, andava sempre despenteado. Por fim, um pouco de maquilhagem pôs a Molly, simplesmente, perfeita. Sinceramente, às vezes chego a achar que ela quer parecer esquisita de propósito… afinal por um pouco de maquilhagem e escovar o cabelo não são coisas assim tão difíceis, mas de uma coisa eu sabia… a Molly era a única rapariga que eu conhecia que deixava qualquer tipo de futilidade de lado.

- AI MEUS DEUS, BREA! SOU EU? – Ela perguntou, vendo-se ao espelho. Ela também usava um vestido preto muito fofo, que ia até aos joelhos e umas rasteirinhas rosa. Resumindo… Ela estava linda.

- Sim! Ai, até estou para ver… alguém hoje não se vai sentir bem… - Disse misteriosamente.

- Porquê? Estou mal? – Ela perguntou confusa.

- Não, estás fantástica, muito linda. Por isso é que alguém não se vai sentir bem…

- Não estou a entender, Brea.

- Acho melhor levar uma toalha - ignorei-a. – Para o caso do John babar muito. – Disse, respondendo a todas as suas questões.

- BREA! – Ela deu um sorriso, envergonhado.

- Impressionante, sempre que falo com ele sobre ti, ele diz exactamente a mesma coisa. – Disse pensativa.

- TU FALAS COM ELE SOBRE MIM? BREA! – Ela gritou nervosa.

- Sim, ele também diz isso…

- Brea! – Ó PELO AMOR DE DEUS! SERÁ QUE NESTE MUNDO NUNCA OUVIRAM FALAR DE “BATER À PORTA ANTES DE ENTRAR”… ahh, espera, é o meu irmão… esse já não tem arranjo mesmo… - Achas que devo usar… - E quando desviou os olhos das camisas, para mim e para a Molly, pude ver o quanto ele estava espantado… - Ahhh… Molly! Estás… bem… ahhh… eu… acho…

- Ahhh… eu… ahhh… acho… ahhh… que… ahhhh… tu… ahhh… és… ahhh… um… ahhh… IDIOTA! – Eu disse, imitando a sua gaguez. A Molly riu, timidamente e o meu irmão ficou tão vermelho que eu pensei que ele ia ter um treco! – Ele quer dizer que tu estás linda, Molly. – Eu disse tentando salvá-lo de parecer mais parvo do que ele já parecia.

- Mesmo… - Ele disse, perdendo até a gaguez que era a sua única capacidade de fala na presença da Molly.

- Cuidado John! – Eu falei preocupada.

- Porquê? – Ele ainda parecia em transe, mas já recobrava a consciência.

- Porque eu acho que estou a ver aí baba! – Estava à espera que a Molly se fosse rir comigo, mas ela apenas esboçou um sorriso tímido.

- Eu… vou andando… - E saiu completamente desnorteado, como se lhe tivessem dado uma grande carga de pancada.

- A camisa branca fica-te melhor! – Gritei para que ele pudesse ouvir a minha resposta para a razão pela qual ele tinha entrado no meu quarto.

- Obrigado! – Ele gritou de fora.

Depois de tentar fazer com que a Molly admitisse que gosta do John… o que não deu muito resultado, eu fui-me arranjar. Pus um vestido azul-escuro; alisei o meu cabelo e prendi-o, deixando alguns fios soltos; coloquei um scarpin preto de salto alto e fino, maquilhagem e… voilá, pronta!

- Meu Deus Brea! Estás linda! – A Molly disse animada.

- Não tanto quanto tu! – De repente ouvimos a campainha – Vamos! Eles já chegaram.

Quando cheguei na porta, um monte de pessoas já estavam na sala, eu diria até que estava toda a gente já… ou quase. Tudo maravilhoso e perfeito… só tinha um pequeno probleminha.

- O QUE ESSE IDIOTA ESTÁ A FAZER AQUI? – Ahh, não… eu não estava nervosa… eu só estava... bem, na verdade eu estava MUITO NERVOSA!

- Ahh, pois Brea! Acontece que eu e o Josh resolvemos aquele incidente que houve e…

- Ahh, relaxa Brea! Eu não vim para atrapalhar… A não ser que queiras, é claro. – E aquele idiota brindou-nos com aquele sorrisinho sarcástico.

Eu ia saindo da sala furiosa quando vi que os meus amigos também já estavam lá…

- Oi Brea! – Eles disseram em conjunto – Oi Molly!

- Oi – nós respondemos juntas.

- Bem… Brea! Tu não nos dissestes que iam ter mais pessoas na festa…

- Eu pensei que isso fosse óbvio Kate… - Eu ri.

- Ela não está a referir-se a “mais pessoas”, ela quer dizer “mais rapazes bonitos”… - o Brian falou.

- Ahh, pois… tinha que ser… vindo da Kate! – E todos nos rimos.

A Kate estava muito bonita, assim como a Melanie. A Kate trazia um vestido vermelho e um scarpin de salto alto e fino vermelho, enquanto que a Melanie trazia um vestido branco e umas sandálias azuis. Ambas tinham os cabelos soltos e uma maquilhagem leve. Os rapazes estavam igualmente maravilhosos, todos traziam jeans escuros e as blusas eram todas de decote em “V”; a única diferença entre o Jasper, o Jake, o David, o Eric e o Brian era nas cores das blusas; Jasper trazia uma vermelha; Jake uma branca; David uma azul; Eric uma amarela; e Brian uma roxa.

Sentamo-nos numas cadeiras da sala e enquanto riamos por tudo e por nada, íamos falando, comendo e bebendo. Uau, que diversão, não é? Então, vamos dançar! A festa, modéstia a parte, estava fantástica! Nós só dançávamos… aquilo parecia uma discoteca ou algo do género… quando eu olhei estávamos todos separados, eu já nem sabia onde estava o pessoal e no meio da sala, com umas… 20 ou 30 pessoas fica difícil de os encontrar. Enquanto andava, procurando por eles, eu bati em alguém e ia parando ao chão se dois braços fortes, que eu podia jurar já os conhecer de algum lugar, me seguraram.

- Ai, desculpa! – Eu disse ainda sem me virar para a pessoa que me tinha segurado.

- Não, desculpa-me a mim! Eu estava distraído e… - E… quando eu olho… adivinhem que eu encontro! É, ELE MESMO! – Ah, tinhas que ser tu, sempre desastrada.

- Ah, sendo tu, eu retiro as desculpas.

- Como? – Ele perguntou.

- Quem tem que pedir desculpa és tu, afinal foste tu que bateste contra mim.

- Sabes que mais!? – Ele perguntou e no mesmo instante deixou-me cair no chão!

- Eii! – Eu reclamei, mas já nem adiantava porque ele caminhava a passos largos para outro lugar. – Idiota – eu murmurei.

- Precisas de ajuda? – Um rapaz alto, muito moreno e de olhos verdes perguntou-me.

- Um pouco. – Sorri envergonhada.

- Matheus. – Ele apresentou-se.

- Brea.

Ele ajudou-me a levantar e num instante já estávamos a conversar. Parecia até de outro mundo… ele era lindo, amigo do meu irmão… mas era lindo e tão fofo! Engraçado, inteligente, simpático… qualidades que faltam num certo imbecil! Falando em imbecil, ele está a olhar para aqui porquê? E está com aquela cara de que comeu peixe estragado porquê? E porque é que ele está encarando-me? E PORQUE É QUE ELE ACABOU DE PUXAR UMA PIRIGUETE PARA O LADO DELE E ESTÁ A BEIJÁ-LA? Ahh, mas isso não fica assim! Não sei se fui eu… ou se até foi ele; Não sei em que instante, nem se ele é que me puxou ou fui eu que me aproximei; Eu só sei que quando eu vi, estava a beijar o Matheus… bem, na verdade não foi aí que eu acordei para a realidade… foi mais na parte em que eu senti que alguém tinha tirado o Matheus de mim, como ele tivesse sido puxado. E quando eu olho, encontro o Josh dando uma lembrancinha… que eu costumo chamar de… murro.

- Estás maluco, Josh?

- Tu é que deves estar Matheus!

Muito bem, quais eram as minhas opções? 1º Fugir; 2º Deixar os dois baterem um no outro; 3º Tentar meter-me no meio e (possivelmente) apanhar; 4º Improvisar… Bem, tendo em conta que a 4º opção não é uma opção muito concreta, mas que as outras eram horríveis e provavelmente não iriam fazer muito bem, escolhi improvisar…

- Ahh, sabes o que é, Matheus? É que o Josh… ele… sempre foi muito amigo do meu irmão e vinha aqui em casa muitas vezes e ele passou a ser como um irmão para mim… Por isso é que ele fica um pouco nervoso quando me vê com um rapaz, porque ele me trata como uma irmã, percebes?

- Ei calma, Josh… Foi um impulso. Não é preciso ficares assim, eu prometo que não volta a acontecer. Desculpa. – Ele disse sincero.

- Bom, ainda bem que vocês estão amiguinhos outra vez, Matheus dá-me licença que eu preciso de dar uns quantos estalos… digo… umas palavras, no meu querido amigo, com licença. – E puxei o Josh para longe dali. Na verdade, para um sítio bem longe, para a dispensa. Para que é que eu me vim meter aqui?

- Tu estás a ficar doido?

- Só se for por ti. – E beijou-me! Mas, isto é o quê? Um festival? Beija-me a toda hora, quando quer e bem lhe apetece? Ó SENHORES! Mas, está tão bom aqui… Aii, ele tem um gosto tão bom e acho que estou a derreter porque as minhas pernas parece que nem se seguram… Será que eu vou cair? Vou desmaiar? Morri? Cheguei ao céu… BREA! CONCENTRA-TE! É O JOSH! Ah sim…

- Josh! – Disse quando o afastei de mim… nem sei como é que fiz isso, mas fiz! – Tu estás maluco? Beijas uma rapariga e quando eu estou com um rapaz tu sais por aí a dar murros a toda a gente?

- Não foi a toda a gente! Foi só nele!

- Josh! – Repreendi-o.

- Oh, desculpa! Eu só sei que senti muita raiva e quando vi já lhe tinha batido!

- Ahh… e tu agora vais fazer sempre isso quando beijar um rapaz? – perguntei – E a propósito, nós não tínhamos acabado de discutir e tu não me tinhas deixado no chão? – Eu perguntei-lhe furiosa, e cheguei mais perto dele para que ele visse como eu estava furiosa.

- Ahhh, bem quanto a isso… eu… ahhh… -Ele disse, afastando-se e indo em direcção à porta.

- FOGE, IDIOTA! – É bom quando as pessoas nos obedecem, não é? Principalmente quando é um idiota e chama-se Josh!

Enquanto corria atrás dele para lhe arrancar aquelas penas, bati contra alguém… alguém que eu conhecia e que chorava, ainda que não muito, eu sentia que ela estava com vontade de desabar! E eu, realmente, não estava a ver o quê ou quem poderia ter deixado a Molly neste estado.