O que mais Temia
Festa - Parte 2
- Molly, o que aconteceu? – Perguntei, tentando tirar-lhe as mãos dos olhos que choravam intensamente, porém ela não me respondeu, apenas apontou com a cabeça para um canto da casa. Um pouco escuro, devido à falta de luz naquele ponto da sala, eu pude ver o idiota, parvo e imbecil do meu irmão a beijar alguém… mais concrectamente… Kate. Neste meio tempo em que a Molly havia me mostrado a razão pela qual chorava, ela conseguiu fugir para o andar de cima, provavelmente para o meu quarto ou para uma casa-de-banho.
- Eu não sei porque estou assim… - Ela disse quando entrei no meu quarto e encontrei-a a chorar nos pés da cama… - Eu só sei que quando vi…
- Alguma coisa dentro de ti partiu-se… Eu entendo Molly… - abracei-a – Dói muito… eu sei.
- Mas, eu não gosto dele… - Ela parecia confusa.
- Eu sei que é estranho e que vocês quase nunca falavam porque ele engasgava-se nas palavras mas… dava para ver que havia um “clima” entre vocês os dois. Tu podes nem acreditar, mas eu nunca vi o meu irmão tão nervoso perto de uma rapariga!
- Não adianta, Brea. Por mais nervoso que ele ficasse, como tu dizes, isso não o impediu de se agarrar com a Kate.
- Eu não tinha ideia que ela conhecia o meu irmão. – Eu falei pensativa.
- E, provavelmente, não conhece. – Ela disse simplesmente.
- O que queres dizer? – Perguntei-lhe confusa.
- Nada. Bem, a festa foi muito boa Brea… mas eu vou andando…
- Vais embora? Já?
- Sim.
- Mas… não vais fazer nada?
- O que posso fazer? – Ela perguntou confusa.
- Não sei… Voltares lá para baixo, mostrares que não te importas com eles… sei lá!
- TU NÃO ENTENDES, BREA? – Ela gritou.
- Entender o quê? – Perguntei confusa.
- A KATE SEMPRE GANHA! SEMPRE GANHOU! – E mais uma vez, ela deixou-se cair aos pés da cama, continuando a chorar, enquanto eu encaixava as peças do puzzle.
“A Kate sempre ganha”, então era isso! O facto de ela ser insegura, a Kate é linda e usufrui dessa beleza, bastante aliás… a Kate era o tipo de rapariga que, se queria um rapaz tinha-o e era esse o problema. Perguntei-me quantas vezes a Kate “ganhara” perante a Molly.
- Sempre ganha? – Perguntei à Molly, parecendo confusa para que ela me explicasse.
- Sempre. Ela sempre teve o que quis. Não importava o quanto eu fosse bonita ou o quanto um rapaz demonstrasse interesse em mim, a Kate sempre se meteve no meio e sempre os conseguiu. E eu? Eu sempre fiquei a segurar vela. – Ela disse abaixando mais a cabeça.
- Eu não sabia… - Eu falei.
- Eu sei, mas eu acho que ela não faz por mal… ela simplesmente quer o rapaz e fica com ele, talvez se eu lhe dissesse que gostava de algum, ela não ficasse com ele, mas nunca tive coragem de lhe dizer.
- Oh Molly! – E pela segunda vez naquela noite abracei-a. Realmente… vendo as coisas desse ponto de vista, é diferente. Talvez a Kate não faça de propósito… talvez se a Molly lhe tivesse dito que gostava do John, a Kate não fizesse nada. De qualquer modo, sinto-me mal pela Molly… ela não merecia. Ahhh, mas aquele menino vai dormir hoje com muita dor de cabeça. Vai ouvir tanto sermão que ele vai desejar estar na missa!
- Desculpa Brea. Estou a fazer com que percas a festa que está maravilhosa. – Ela sorriu tristemente – Eu vou andando.
- Não estás nada… Tens a certeza de queres ir?
- Sim.
- Estás aqui amanhã?
- Eu… Não sei… - Ela disse triste.
- Desculpa Molly, eu sei que não é a melhor coisa, mas os meus pais estão de “férias” e eu, realmente queria que viesses aqui. Podemos ir para a praia e sair de casa, mas vem, por favor.
Ela já estava a abrir a porta para se ir embora – Eu… vou pensar, amanhã digo-te alguma coisa. – E enquanto se virava para ir embora, embateu com alguém. Por momentos pensei que fosse o idiota do Josh que, pelos vistos, adora ir contra as pessoas, mas depois percebi que o meu irmão também tem essa mania, só que, pelo que parece, gosta mais é de bater a porta na cara das pessoas. Então… correcção, ela não embateu contra alguém… algum inteligente que, posteriormente, viemos a descobrir ser o meu irmão, entrou no quarto (sem bater, outra vez) e bateu com a porta na Molly que… foi ao chão.
- Molly! – eu gritei.
- Molly? Molly, estás bem. – O meu irmão abaixou-se para ver se estava tudo bem e ofereceu-lhe ajuda, porém ela recusou discretamente.
- Eu tenho que ir. Adeus Brea! – E saiu ignorando o meu irmão que olhava para ela como se estivesse à espera de alguma coisa.
Quando ela saiu, ele olhou para mim à procura de respostas, mas o que encontrou foi uma almofada na cara dele, seguida de outra, e mais outra, e mais outra, até que acabaram as almofadas… Fim!
- Onde é que tu estavas com a cabeça? – Perguneti-lhe.
- Eu? Mas, o que é que eu fiz?
- Tu? Ohh nada de especial, simplesmente puseste-te aos amassos com a Kate…
- Eu…
- Pensava que não te envolvias com amigas minhas, porque eram como se fossem tuas irmãs, no entanto foi só uma aparecer que nem pensaste duas vezes, pois não?
- Mas que mal é que tem, afinal?
- O mal… o mal é que eu espero muito bem que a Molly não queira olhar mais na cara de um idiota como tu, e como ela tem um cérebro, coisa que tu nunca soubestes o que é, ela não vai querer mesmo.
- Do que é que estás a falar? – Ele perguntou confuso.
- Estou a falar que a Molly viu-te aos beijos com a Kate e ficou devastada!
- Como assim devastada…?
- John, estás a fazer-te de desentendido ou és assim tão ignorante? Ela viu-vos juntos! Começou a chorar! Ficou arrasada! Percebeu?
- Mas, porquê? – Ele perguntou.
- Porquê? Mas tu bebeste!? Não vês que ela gosta de ti, ó tolo? E ficou triste quando te viu com outra…
- Eu… eu… o que é que eu faço…?
- Eu sei lá, metes-te nessa enrascada, agora sai! Afinal porque é que foste beijar a Kate? –
- Ela... veio ter comigo, meteu conversa e depois sei lá… ela estava a atirar-se e como eu estava livre e desimpedido…
- Tu és é um idiota teimoso que não quer admitir que está apaixonado e depois faz essas borradas!
- Uou uou uou! Já estão a falar de mim? Essa frase identifica-me bastante… - Adivinhem… Quem disse Josh acertou!
- Cala a boca Josh! Contigo eu já me resolvo! – Eu disse.
- Ah, ok! Vou-me por na lista de espera. – E sentou-se na minha cama.
- O que eu faço? – O John perguntou-me desesperado.
- VAI ATRÁS DELA JOHN! – O Josh gritou como se fosse óbvio e em poucos segundos, o meu irmão pôs os resto do cérebro que tinha a trabalhar e começou a correr como um louco.
- FINALMENTE! OBRIGADA MEU DEUS! Que acontecimento histórico! Josh pega aí num papel e caneta! – Eu disse.
- Para quê? – Ele perguntou confuso.
- Pega logo no que eu disse! – Mandei.
- Ok, ok! – Ele pegou num pedaço de papel e numa caneta. – e agora o que eu faço…
- Agora escrever assim: “Eu… Josh Ahlencar…”
- “Eu… Josh Ahlencar…” - ele repetiu.
- “… pela primeira vez na minha vida…” – Continuei.
- Pela o quê? – Ele perguntou. – Para que é isto?
- Escreve e cala-te – Eu disse.
- “… pela primeira vez na minha vida…” – Ele repetiu impaciente.
- “… PENSEI!” – finalizei o texto.
- “… pen…” EI! – Ele gritou.
- É verdade. Afinal ainda te resta alguma coisa aí dentro. – Disse, fingindo-me impressionada.
- Pois… - Ele aproximou-se e estávamos tão próximos que eu já podia sentir a respiração dele… e ahh… ele é tão lindo! E este momento também… só uma piranha é que poderia estragar este momento… E como eu disse, só uma piranha poderia estragar…
- Amorzinho!? Josh? – Ela pergutou, entrando no meu quarto. Quem é ela? Keira!
- Ah… oi Keira! – o Josh disse, afastando-se.
- Oi amor… ahhh, oi Brea. – Ela disse, olhando-me com desprezo. – Vamos embora, amor?
- Oi Keira… então, não me lembro de te ter convidado…
- Ahh, eu sou a namorada do Josh, logo vim…
- Ahh, namorada? – Perguntei, olhando com raiva para o Josh.
- É… namorada! – Ela repetiu.
- Ahh… Keira, espera-me lá fora, eu preciso de dar um recado à Brea do John, por favor.
- Ok, fofinho. – E deu-lhe um beijo, saindo. Ó POR FAVOR! UM BEIJO!?
- Brea, eu posso explicar…
- Não há nada a explicar Josh. – E dirigi-me também para a porta – Adeus. – Abri-lhe a porta para que saísse e foi o que ele fez, sem qualquer palavra.
Até o John deve-se estar a sair melhor do que eu agora… Peguei no telemóvel e mandei uma mensagem ao meu irmão: “Quando chegares, acaba com a festa, vou dormir…”. Tranquei a porta do meu quarto para que não entrasse nenhum engraçadinho a dizer: “Ahh, desculpa, pensei que fosse a casa-de-banho!”… sim, para estar a dizer isto, é porque já aconteceu! Tomei um banho e fui dormir. Agora sim, nesta situação é que se pode dizer: “Não há nada mais a ser feito!” e, de alguma forma… não havia.
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