Dr. Spencer Reid

8 dias antes, FBI, UAC, Quantico, Virgínia, EUA.

— Pela terceira vez Morgan, eu e Allison não temos nada. Somos só amigos! -entro no elevador acompanhado de Derek e aperto o botão do sexto andar, já estava cansado dessa história.

— Nisso eu acredito, porque você é muito lento para flertar com alguém, mas está na cara o quanto você gosta dela -me cutuca com o seu braço e sorri malicioso.

— Claro que eu gosto, porque ela é minha amiga! – digo sem paciência enfatizando a última palavra, bem que esse elevador poderia ser mais rápido...

— Eu estou avisando Reid... uma garota bonita, inteligente, simpática e divertida como ela não é fácil de encontrar, se você demorar de mais, a fila vai andar para você, pretty boy... – ele dá um leve tapa no meu ombro e as portas se abrem, saí-o rapidamente indo em direção a minha mesa. Entretanto, vejo Ally sentada em frente dela conversando com Rossi e JJ, ela havia voltado ao FBI recentemente.

— O gênio ficou sem reação?! Na próxima vez, deixa claro que é um encontro de casal e não de amigos– diz Derek atrás de mim rindo, não havia notado que estava parado encarando ela, logo após ele vai em direção ao grupo.

Desde o nosso “encontro” na pista de patinação, comecei a pensar mais em Ally o que me levou a até ficar distraído por alguns segundos durante determinados casos, por isso que Derek começou a desconfiar sobre nós. Eu não sei quais são os meus sentimentos em relação a ela... Ou não quero admitir eles... Sim, estou confuso. Contudo, sei que não me sentia assim desde Maeve, era difícil lembrar dela e doloroso também, ainda mais quando Allison tem a possibilidade de ter um final como o dela... Eu espero que não aconteça, pois não suportaria passar por isso novamente, foi o motivo pelo qual contei para JJ sobre o bilhete e as mensagens que ela anda recebendo, quando ela descobrir ficará uma fera comigo, mas não me importa! Quando Maeve estava passando pelos mesmos problemas, eu errei com ela, deveria ter feito mais... Agora, não cometerei esses erros novamente, mesmo que para isso eu prejudique minha amizade com Allison, minha consciência estará em paz se ela permanecer viva no final dessa história...

— Reid? -JJ me chama e caminho para onde estão, Penélope acaba de chegar.

— Acabe com o suspense logo, criança – Rossi diz para Ally.

— Ok – solta um risada leve e pega seis envelopes em sua bolsa, levanta-se e antes de começar a falar seus olhos vão na minha direção - Vocês estão convidados para ir na festa de comemoração do hospital! – entrega os convites para cada um de nós.

— Qual o motivo da comemoração? – Derek pergunta.

— Eu e um colega de trabalho, Doutor Rogers, desenvolvemos um novo método cirúrgico para a retirada de tumores, graças a nossa invenção o corpo do paciente será agredido minimamente o que diminui os riscos de complicações maiores na cirurgia. Porém, não contei antes pois somente agora que ele foi aprovado no conselho de medicina – diz muito animada e com um sorriso enorme.

— Isso é fantástico! -falo animado e a abraço retirando seus pés do chão, logo depois a solto.

— Aí meus Deus! Meus parabéns! -Penélope a abraça- Daqui a pouco você tira o posto de gênio do nosso Doutor! - ela me olha e solto uma gargalhada fraca- Ei, quando ficar famosa não se atreva a esquecer de nós! – fala muito rápido e arranca uma risada de Ally.

— O nome Prentiss sendo feito na medicina... Gostei de ver! Parabéns, Allison – JJ diz enquanto comprimento ela, depois Morgan a parabeniza e David faz o mesmo.

— O que estamos comemorando? – Hotch junta-se a nós.

— O novo método cirúrgico da Dra. Prentiss -Penélope diz.

— Sua mãe estaria muito orgulhosa de você... – Aaron olha para ela com ternura e Ally assente com a cabeça.

— Bom, eu já tenho que ir... Seu convite Hotch – ela entrega um envelope para ele- Acho bom os psicopatas darem uma folga, porque se não vocês irão perder o melhor open bar de whisky já visto! -pega a sua mochila.

— Eu com certeza irei jogar meu telefone fora nesse dia – Rossi fala e todos riram.

Allison se despede de todos com um aceno, exceto eu, que deposita um beijo na minha bochecha. Observo ela indo até o elevador e somente tiro a minha atenção dela quando as portas se fecham, noto todos os meus colegas de trabalho me lançando olhares sugestivos com sorrisos cheios de malícia discretos.

— O que? -pergunto para eles com um pouco de indignação.

— Não adianta, ele vai negar – Morgan diz.

— Se for assim, pelo menos disfarce melhor – JJ fala.

— Não estou entendendo vocês... – Jareau e Derek seguem seus caminhos.

— E assim, um QI de 186 se transforma em um de 80 – Rossi diz gargalhando levemente.

Narradora

2 dias depois, festa do Hospital de Virgínia.

Finalmente havia chegado o dia da homenagem para a Doutora Allison e para o Doutor Anthony, o salão de festas estava adequadamente preparado para receber toda a equipe do Hospital de Virgínia mais os parentes e amigos dos respectivos funcionários. Todos eram bem servidos pela equipe de garçons, a comida muito bem preparada pelo melhor bufê de Quantico e no bar havia todos os tipos de bebidas que podia se imaginar, como Ally tinha prometido para David. Aliás, o mesmo a gente do FBI se esbaldava com os diversos tipos de whiskys disponíveis, definitivamente alguém teria que levá-lo para casa.

Por um milagre, os psicopatas deram uma folga para a UAC e os agentes puderam ir para a festa. Todos estavam comendo, rindo, divertindo-se e alguns bebendo. Dra. Prentiss revezava seu tempo entre seus amigos federais e seus colegas de trabalho, quando chegou a sua hora de discursar estava extremamente nervosa, apesar da sua oratório ser perfeita, não conseguia evitar tão emoção. Logo, subiu no palco e ficou ao lado de Anthony, disse belamente como a invenção deles ajudaria as pessoas, os detalhes técnicos e agradeceram as pessoas que lhe deram apoio ao longo dessa jornada. Terminado o discurso, Allison se dirige para a parte de fora do salão, o que foi percebido pelos agentes os quais estranharam a atitude da médica. Spencer vai atrás dela curioso para saber se algo estava errado.

— Ei? – fica ao lado dela e percebe que estava chorando – Está tudo bem? – diz preocupado acariciando seu braço.

— Claro! Quer dizer... Não... -Ally limpa as lágrimas para não borrar a maquiagem- Eu só senti mais a falta dela hoje, ela sempre esteve presente em tudo o que eu já conquistei... Foi estranho olhar para frente e não vê-la...

— Ela está muito feliz por você! – o menino prodígio olha nos olhos dela com ternura.

— Eu sei... – respira fundo – Não posso borrar essa maquiagem, se não irei parecer um panda até o final da festa – ela ri e limpa alguns borrões, ainda com a voz embargada.

— Você está linda, como sempre, e duvido muito que algo te deixe feia –ele diz sorrindo para a amiga que usava um vestido preto decotado valorizando suas curvas e busto com uma fenda na região das pernas.

Os dois seguem seus caminhos para dentro do local, o resto da noite se resumiu a muita dança, diversão, música e risadas. O clima estava excelente, todos felizes curtindo aquele momento especial. Entretanto, uma hora toda aquela festividade teria que acabar, aos poucos as pessoas foram indo embora, inclusive JJ, Will e Aaron, pois tinham que voltar para seus filhos, Rossi ficou um pouco mais, mas foi para casa antes do fim da festa, de táxi, obviamente. Sobraram Derek, Garcia e Reid que permaneceram até o final, ajudaram Allison na organização de algumas coisas do salão. De fato, era surpreendente o Dr. Spencer não ter retornado para sua casa mais cedo, grandes festas com muitas pessoas não fazia o seu estilo, mas o fato de poder estar com sua médica favorita era o suficiente para não se importar com tudo aquilo.

Os três agentes iriam embora juntos, então se despedem da Dra. Prentiss e vão para o automóvel de Derek. Contudo, Spencer vê um dos garçons com o celular na mão apontando para o carro de Allison, a mesma se aproxima do veículo...

— Reid, o que está esperando? Entra logo! -diz o moreno observando seu amigo estático do lado de fora.

Quando Ally chega na traseira, ela para com o som de mensagem do seu celular e a lê, aquilo não a tinha deixado feliz. Claramente iria acontecer algo e o cérebro de Reid trabalhava ao máximo para ligar os pontos. Os próximos segundos são muito rápidos, o misterioso garçom aperta uma tecla do seu aparelho apontando para o carro dela, Spencer finalmente entende a situação e corre na direção da amiga gritando para se afastar do veículo. A médica fica confusa e só o compreende quando houve o barulho de algo ser ativado, mas antes de conseguir começar a correr, seu automóvel explode, a jogando uns 5 metros para trás.

— Morgan! Perto das árvores! Do outro lado da rua! – Derek e Penélope tinham seus olhares fixos no veículo em chamas, porém ao ouvir Reid, o moreno o obedece imediatamente.

O gênio, corre até sua amiga que encontrava-se desacordada no chão do estacionamento. Totalmente desesperado e aterrorizado, verifica os sinais vitais dela. Está viva! Ele se permite comemorar mentalmente, mas Ally não parecia querer acordar a qualquer minuto. O homem que era confundido com um menino, não sabia quando tinha começado a chorar, porém sentia as lágrimas quentes escorrendo por sua bochecha, sentiu uma enorme vontade de agarrar o corpo dela e não soltar nunca mais, mas sabia que se fizesse poderia prejudicá-la.

— A ambulância está a caminho... – a voz de Penélope sai como um sussurro, o coração da loira que estava sempre alegre e soltando confetes se entristece ao ver a sua amiga naquelas condições.

Os pensamentos de Spencer não o ajudavam a lidar com tudo aquilo, em sua mente predominava lembranças da morte de Maeve, seu corpo no chão com uma poça de sangue ao lado de sua cabeça... As próximas palavras dele serão carregas de dor, tristeza, medo e desespero.

— Você precisa acordar... Por favor, não me deixe...

“Não é preciso uma força muito grande para se apegar, mas é preciso muito para deixar ir”

J.C. Watts