O destino

Capítulo 12


– Eu estou confusa Cameron - Disse cabisbaixa.

– Ei olha aqui! - Disse erguendo minha cabeça - Eu sei que você ainda gosta de mim.

– Talvez... Você precisa ir embora! - Afirmei andando até a porta.

– Só não me deixe sem resposta Alexia - Disse colocando o pé na calçada.

Assim que ele sumiu ao longo da rua, eu fechei a porta e sentei ali mesmo no chão com a mão na cabeça. Eu estava agitada, coração acelerado.

Nem preciso falar como foi minha noite né?! Repassei na minha mente tudo que ele disse pelo menos mil vezes.

Quando finalmente consegui dormir, já era cerca de 04:27 AM.

Na hora de ir para o colégio não havia nada que me fizesse acordar, nada mesmo. Até minha mãe desistiu te tentar me acordar e deixou eu faltar no colégio. Vocês tem noção do que é isso?! Eu estava praticamente desmaiada na cama.

Quando acordei já era 12:45 AM, levantei super assustada. Meu braço já estava muito melhor, a dor estava bem amena e eu nem precisava continuar usando a tipoia.

Coloquei a camiseta do consultório, uma calça jeans, fiz um rabo de cavalo de qualquer jeito no cabelo e desci para comer.

Andei em silêncio até Carmem e gritei bem alto próximo de seu ouvido:

– Bom dia Carmem!

– Alexia sua louca, quer me matar de susto?! - Falou colocando a mão no peito.

– Desculpa Carmem, é que você estava tão distraída que eu tive que fazer isso - Falei com a mão na barriga de tanto gargalhar.

– Não teve a menor graça.

Revirei os olhos, peguei pão no armário e pasta de amendoim na geladeira (eu amo pasta de amendoim).

– Vai tomar café essa hora Alexia? O almoço já está pronto! - Falou com um olhar de reprovação.

– Vou, não se deve pular nenhuma refeição... - Brinquei, dando uma mordida no pão.

– Você não está nem um pouco atrasada né?! - Falou ironicamente.

– Para não perder o costume... - Disse tranquilamente.

– Subi hoje cedo para arrumar seu quarto, pensei que tinha morrido lá dentro. Por que não foi para o colégio hoje mocinha?

– Perdi a hora - Respondi indo em direção ao banheiro para escovar os dentes.

Quando cheguei no consultório Carina e Cameron já estavam lá.

– Boa tarde! - Falei por educação, andando em direção a minha mesa.

– Bom tarde - Respondeu Cameron.

Carina apenas forçou um sorriso falso.

Ao longo do dia surpreendi Cameron me olhando várias vezes, mas desviava rapidamente sempre que cruzávamos os olhares.

Carina ainda insistia em Cameron.

– Amanhã vou para uma balda depois do serviço, comemorar meu aniversário. Gostaria muito que você fosse Cameron! - Convidou-o enquanto enrolava a ponta do cabelo com o dedo.

– Acho que não vou fazer nada amanhã... pode deixar que depois te dou a resposta.

Ela deu um sorriso que não cabia em seu rosto.

Eu estava fingindo que aquilo não estava me afetando, mas estava e não estava aguentando.

Odeio ter que admitir isso, mas acho que o que eu estava sentindo se chama ciúmes. Ele estava fazendo isso de propósito.

05:00 PM

Carina tinha acabado de ir embora, eu e Cameron estávamos organizando alguns papéis e exames de pacientes.

– Vamos Alexia, Cameron te deixo em casa! - Disse minha mãe com a bolsa e a chave do carro na mão.

– Sabe o que é mãe... preciso ir na casa da Karla - Menti.

– Então eu te deixo lá!

– Magina mãe, não precisa se preocupar. Vai para casa descansar, aliás andar faz bem!

Percebi um pequeno sorriso no rosto de Cameron ao me ver nessa situação.

– Você vem Cameron?

Desfez o sorriso na hora e gaguejou:

– Não precisa se preocupar comigo não Dona Ana... Aliás como disse a Alexia, andar faz bem!

Nesse momento minha mãe que não é besta, já havia percebido que tinha alguma coisa rolando.

– Tá bom - Falou desconfiada tentando esconder o sorriso.

Assim que ela saiu do consultório, respirei aliviada.

– Você não sabe mentir...

– Cala a boca Cam - Falei dando um tapinha em suas costas.

– Cam - Disse dando um sorriso espontâneo - Gostei...

Retribui o sorriso.

Já havia trancado tudo e estávamos a caminho de casa.

– Você vai sair com a Carina amanhã? - Perguntei tentando não expressar que me importava.

– Eu sou solteiro! Talvez eu vá sim... você não está com ciúmes... está? - Perguntou comprimindo um pouco os olhos.

– Por favor né Cameron, eu com ciúmes de você?!

– Mas é claro que não - Disse ironicamente.

No fim da rua, próximo a minha casa havia um parque, com um pequeno lago e alguns patinhos nadando, crianças brincando, alguns idosos jogando xadrez e outros alimentando os pássaros com migalhas de pão.

Cachorros passeando com seus donos, balões coloridos presos às barracas de hot dog, sorvete e pipoca, que dançavam no ar com a leve brisa que batia.

– Quer sorvete?

– Que pergunta... - Falei.

– Se não me engano seu sorvete preferido é de creme com raspas de chocolate por cima, acertei?

Ele conseguiu arrancar um sorrisinho bobo de mim, pelo amor de Deus, o que está acontecendo comigo??! Juro que essa não sou eu.

– Acertou.

Sentamos na grama mesmo, próximo ao lago, em baixo de uma grande árvore.

– Em falar em sorvete... Por que você saiu correndo aquele dia na sorveteria? Não entendo até hoje.

– Simplesmente porque eu te odiava. E você aproveitou da minha fraqueza naquela momento.

– Não tenho culpa se você não conseguiu resistir aos meus encantos - Falou convencido.

– Fica quieto - Disse empurrando-o.

– Só vou ficar quieto quando estiver te beijando!

Sorri, senti meu rosto corar subitamente.

Conversamos e rimos por horas, na verdade nem vimos o tempo passar.

07:35 PM

A lua e as estrelas já começavam a tomar forma no céu.

– Vamos?! Vou te levar para casa.

– Vamos.

Assim que chegamos no portão de casa, me apoiei na parede, ele estava na minha frente, me encarando bem no fundo dos olhos. A medida que a lua iluminava seu rosto, seus olhos ficavam ainda mais radiantes.

Fitei-o e por fim disse:

– Sim!

– Sim o que? - Perguntou sem entender.

– Sim, eu aceito namorar com você.

Ele deu o sorriso mais sincero que eu já vi na vida.

Me abraçou forte e me levantou, e nos beijamos como se fosse a primeira vez.