O destino

Capítulo 11


Quando saímos da sala Brandon passou seu braço pelo meu ombro.

– Brandon... eu não machuquei o pé. Consigo andar sem ajuda tá?!

– Não quero que caía e se machuque de novo.

Eu franzi a testa sem entender. No fim do corredor, vi Cameron no bebedouro, entrei em pânico, me distanciei um subitamente de Brandon. Mas foi inevitável ele nos viu. Nos encarou, não estava com uma expressão muito boa, virou de costas em direção a sua sala sem expressar nada. Droga!

Brandon me olhou desconfiado.

– Você ficou nervosa quando viu Cameron, até se distanciou de mim. Está acontecendo alguma coisa.

– E-eu não estou nervosa - Disse gaguejando, desviando o olhar.

– Você ficou sim! Mas deixa pra lá...

"Ufa" pensei. Só queria ir para casa logo e acabar com essa tortura.

Quando entramos na enfermagem, havia outras duas pessoas lá, inclusive uma delas estava vomitando. Torci o nariz e meu estômago embrulhou na mesma hora.

Sentamos num banco à espera de atendimento. Karla chegou logo em seguida, ainda bem.

– Dá licença - Disse grosseiramente, empurrando Brandon para sentar-se ao meu lado.

– Você é muito folgada garota!

– Cala a boca que a Alexia é minha melhor amiga. E não é nada sua né fofo? - Provou ironicamente.

Eu dei risada e ele ficou visivelmente irritado.

Meu braço estava inchado, um pouco avermelho, mas não estava doendo tanto, não acredito que seja algo grave.

Uma senhora com um jaleco branco, óculos e cabelos grisalhos se aproximou com uma prancheta em uma das mãos.

– Olá, sou a enfermeira Kady! Qual o seu nome? - Perguntou com um sorriso simpático no rosto.

– Alexia Johnson - Falei segurando o braço machucado.

– O que houve Alexia?

Expliquei exatamente o que tinha ocorrido enquanto ela fazia algumas anotações e Brandon me encarava sem parar, eu já estava ficado sem graça.

– Sente-se aqui por favor! - Falou apontando para uma pequena maca que ficava atrás de uma cortina.

Não era uma sala muito grande, mas pude ver que tinha o necessário para o atendimento de primeiros socorros, as enfermeiras me parecia capacitadas, além de serem bem atenciosas.

Analisou detalhadamente meu braço, pediu para mim fazer alguns movimentos, fez algumas perguntas e por fim tirou uma conclusão.

– Boa notícia senhorita Johnson, seu braço não está quebrado. É apenas uma luxação, quero que você coloque bastante gelo e não force. Vou passar um remédio caso sinta dor - Afirmou escrevendo uma receita.

Respirei aliviada.

– Ainda bem - Disse sorridente.

– Sim - Falou colocando uma tipoia no meu braço - Isso é só para evitar movimentos por enquanto. Em menos de uma semana você já estará boa.

– Obrigada! - Falei me levantando.

Fui até o banco onde Karla e Brandon estavam sentados. Os dois não se suportavam, estavam com a cara fechada um para o outro.

– O que aconteceu? - Perguntaram em uma só voz ao me verem.

– Nada, já estou pronta para lutar de novo! - Brinquei.

– Retardada - Disse Karla rindo - Vamos embora?

– Por favor... não aguento mais esse colégio por hoje - Falei andando em direção a porta.

– Te espero no jardim amiga - Disse Karla andando na frente, queria me deixar sozinha com Brandon. Não sei pra quê.

– Tá bom.

A medida que ela sumia ao final do corredor, agradeci Brandon.

– Obrigada por me socorrer!

– Não foi nada! Faria de novo se for preciso.

Forcei um sorriso, mas na verdade o que eu estava pensando era "Que conversinha mole... você é um galinha, todos sabem disso! Fala isso para mim e mais quantas garotas?! Só agradeci por educação... e olha que nem tenho muita".

– Vou indo... - Disse dando um beijo em seu rosto.

Mas o idiota virou a cara, para tentar me beijar na boca. Mas eu fui mais rápida e abaixei a cabeça (vantagens de ser baixinha).

– Você é um idiota mesmo né?! Não percebe que não quero nada com você? Nunca mais faça isso - Disse virando as costas - Ah e só não te dou um tapa porque não posso... - Falei erguendo o braço imobilizado.

– Vadia! - Ele falou baixinho... mas eu escutei.

– Vadia é a sua mãe! - Gritei ao longo do corredor, mostrando o dedo do meio.

Assim que cheguei em casa, subi para o meu quarto com uma bolsa de gelo.

Me joguei na cama, que dia... Nem preciso falar que não volto nunca mais para aquela aula de Jiu Jitsu né?!

A noite quando minha mãe chegou, eu estava comendo biscoitos com leite no sofá. Ela ficou preocupada ao ver a tipoia no meu braço.

– O que aconteceu Alexia? - Perguntou assim que colocou o pé na sala.

– Caí no colégio, não foi nada de mais! - Falei na maior tranquilidade.

– Você está com a cabeça aonde? Ou está pensando em quem? Não presta atenção em nada.

– Mãe, eu estou frágil você não pode brigar comigo - Brinquei gargalhando em seguida, sabia que ela iria ficar mais brava ainda.

– Você não tem jeito Alexia. Ainda brinca com coisa séria!

– Ah mãe me deixa, que saco. Rir as vezes faz bem, sabia?!

– Nem vou te responder! - Falou subindo as escadas.

Quarta-feira, 10:20 PM

Fui obrigada a ir para o colégio, graças a Deus não vi Brandon, se não, não sabia o que eu seria capaz de fazer com aquele garoto. Mas não precisei ir para o consultório, minha mãe deixou eu ficar em casa.

Ela não estava em casa, tinha ido comemorar o aniversário do Henry e provavelmente não chegaria tão cedo, conclusão mais um dia que iria ficar sozinha. Eu estava na sala assistindo televisão e conversando com a Karla pelo celular.

Estava frio, ventava bastante lá fora, aquele barulho dos galhos das árvores balançando me dava medo. Mas como de costume eu estava com um shorts curto e uma blusa de moletom. Ouvi umas batidas na porta, pensei que fosse minha mãe que tinha esquecido a chave pois não havia muito tempo que ela tinha saído de casa.

– Esqueceu a cha... - Falei irritada abrindo a porta.

Não era minha mãe, era Cameron Clarck!

Meu coração disparou, fiquei sem reação!

– Oi - Disse dando um sorriso torto.

– Cameron...??! - Gaguejei.

Ele estava com uma jaqueta de couro preta, mas ainda assim, estava encolhendo os braços de frio, seu cabelo estava todo bagunçado, pois o vento não deixava no lugar.

– Te assustei? - Perguntou olhando descaradamente para minhas pernas.

– Me assustou, e meu rosto está aqui em cima tá?! Só para te avisar...

Ele deu um sorriso malicioso e passou a mão no cabelo.

– Posso entrar?!

Eu fiquei em silêncio por alguns minutos.

– Na verdade não! Mas vou deixar... - Falei receosa.

Ele pendurou a jaqueta, sentou-se no sofá, percebi que correu os olhos pela sala rapidamente.

– O que veio fazer aqui? - Perguntei curiosa.

– Fiquei sabendo que machucou o braço, e como não foi para o consultório hoje, vim ver se está melhor...

– O que acontece na minha vida se espalha mais rápido que as notícias dos jornais... Desde quando você se preocupa comigo Cameron? - Perguntei grosseiramente.

– Alexia, eu juro que eu tento, mas você não facilita nenhum pouco - Disse levantando bruscamente.

Droga! Só falo o que não devo.

– Espera Cameron, eu não quis dizer isso. Desculpa.

Ele sentou-se novamente um pouco relutante.

– Eu estou bem melhor, foi apenas uma luxação. A enfermeira disse apenas para mim colocar gelo.

– Que bom - Disse forçando um sorriso - Não sabia que conhecia Brandon...

– B-Brandon? Não, não conheço muito bem ele - Gaguejei desviando o olhar.

– Ah, sei...

Ficamos sem assunto por alguns minutos e isso me deixava nervosa e muito tímida.

– Alexia... tem uma coisa que preciso te falar - Disse sério me encarando com aqueles olhos verdes e as bochechas levemente avermelhadas por causa do frio.

– Pode falar...

Odeio quando me falam isso, sei que não vai ser coisa boa.

– Eu sei que você me odeia, eu também te odiava... eu fui muito filho da puta com você e acho que devo uma explicação. Bom... nós éramos apenas crianças e você dizia que gostava de mim, e eu pensava que te odiava. Mas hoje vejo que eu gostava de você desde aquela época, mas como eu era apenas um moleque a única forma que achei para me defender era te machucando.

Abaixei a cabeça e passou um filme na minha cabeça, não sei se devia acreditar ou não no que ele estava falando.

Ele ergueu minha cabeça pelo queixo e nos aproximamos lentamente, até que nos beijamos.

Em seguida ele olhou no fundo dos meus olhos e perguntou:

– Alexia quer namorar comigo?