O contrário dela é ele

Ops, mera coincidência?


Eliza narrando

Annabelle pulou em cima de mim de manhã, ela já tinha lavado o cabelo e eu estava com a difícil tarefa de arruma-lo, depois de um longo tempo arrumando aquela juba, eu pude finalmente tomar um banho e arrumar o meu também. Escolhi a roupa rapidamente e uma coisa bem básica, um vestido florido que eu amava e um salto mediano. Escolhi um vestido para a Annabelle também, mas era um liso azul, agarrado até a cintura e depois bem soltinho, com uma abertura delicada nas costas, e um salto mediano também porque ela já é alta o suficiente. Em nós duas eu fiz uma maquiagem bem básica, pele, rímel e batom. Era só para realçar a beleza. Olhamo-nos no espelho, ajeitamos o cabelo e fomos para o carro.

Leonardo narrando

Cordelia:- Filho vai tomar um banho que nós vamos sair!

Será que eu nunca posso dormir nessa casa?

Eu:- Eu já não fiz minha parte? Você tem seus 10 quadros.

Cordelia:- Tá, mas qual é a graça de uma exposição sem o artista?

Eu:- Uma QUASE exposição!

Cordelia:- Mas você tem que estar lá, de todo o jeito!

Eu:- Mas porque mãe?

Cordelia:- Vão procurar você para comprar os quadros ou encomendar novos.

Eu:- E quando foi que eu decidi transformar isso em uma profissão?

Cordelia:- Quando você ficou realmente bom!

Eu:- Tá mãe, eu vou!

Cordelia:- Veste uma roupa legal!

Eu:- Eu sempre visto uma roupa legal!

Cordelia:- Não sei nem se podemos chamar aquilo de roupa!

Eu:- há há engraçadinha!- Me levantei e entrei no banheiro fechando a porta.

Minha mãe saiu e eu tomei um banho, um banho mesmo, esfregando muito bem cada parte, e eu posso jurar que fiquei mais branco.

Sai do chuveiro e comecei a pensar, de roupa social eu não iria nem pensar, então optei por uma coisa normal pra mim e pra minha mãe. Uma calça jeans nova, uma camiseta cinza, com algo normal escrito, com uma camisa xadrez azul por cima e um tênis novo, limpo e inteiro, branco.

Minha mãe e a Olga ficaram até orgulhosas quando eu desci. Entrei no carro com a minha mãe demos o dia de folga para a Olga, finalmente!

Eliza narrando

Quando chegamos o evento já estava lotado. A Annabelle disse o nome dela e o moço que estava na porta indicou a mesa discretamente, olhamos em volta e era perto da mesa do Caio.

Eu:- Barriga pra dentro, peito pra fora, pés confiantes!

Ela riu e era o que eu queria, porque exatamente quando ela estava sorrindo que o Caio olhou. Os dois tinham tido uma briga feia e por isso terminaram, mas não fazia o menor sentido, estava na cara que os dois ainda se amavam, então foi por isso que ela olhou para ele ainda sorrindo, ajeitou o cabelo e sem parar de sorrir desviou o olhar e continuou andando até a mesa, tudo isso em uma fração de segundos. Dava para acreditar?

Umas amigas da Anna que eu já conhecia chegaram depois, ficamos um tempo lá e uma delas comentou sobre uma exposição e eu decidi ir ver.

Estava em outra parte do salão, mas enquanto caminhava eu pude visualizar 10 quadros perfeitamente colocados.

Leonardo narrando

Nós tivemos que chegar bem cedo para poder arrumar a exposição antes que muitos convidados chegassem, uma amiga da minha mãe que estava organizando o evento me ajudou a arrumá-los de uma forma que a luz do dia aumentasse ainda mais a beleza deles. O evento era de uma empresa que minha mãe tinha sei lá o que com eles, por isso foi convidada e como a amiga dela que estava organizando, ela sabia dos meus quadros.

Eu fiquei quase que uma hora ouvindo elogios, já estava ficando cansado também de ninguém me deixar sentar, toda hora alguém chegava e me pediu para contar como fiz, negociar um valor e etc.

Mas a dona do evento, ou algo assim, deu a ideia de quem se interessa por um quadro, colocasse em um papel a forma de entrar em contato e um valor, assim seria um leilão silencioso e eu ainda faturaria uma grana boa.

Eu estava ouvindo uns elogios, quando eu vi alguém familiar entrar, tentei desviar da senhora que não me soltava há uns 40 minutos para ver se era quem eu achava que era, mas ela não deixava.

Depois de um tempo a velhinha saiu, mas eu não conseguia vê-la mais, mas então eu a vi vindo na direção da exposição. Passei a mão no cabelo e por um tempo pensei em me esconder, mas eu não era mais criança, certo?

Eliza narrando

Eu cheguei perto da exposição e comecei a admirar um a um cada quadro, era um mais lindo que o outro e eu já estava ficando encantada, queria procurar o pintor, mas não queria desviar meus olhos deles, eu realmente precisava de um daqueles na minha casa, o engraçado é que disseram que não era pintor famoso, mas eu não tinha como ele não ser! Talvez por vontade própria porque ele com certeza faria muito sucesso!

A última pintura estava muito bem colocada e diziam que era a obra-prima de toda a exposição, que era pequena mais era perfeita.

Eu olhei bem e olhei de novo, coloquei as mãos nas minhas próprias bochechas quando reparei as covinhas, analisei bem os olhos que eram da cor dos meus, e então sorri, sem querer e ai olhei para o sorriso na pintura. Era estranho de mais, eu comecei a rir sozinha com aquele quadro. O cabelo era da cor do meu, mas o meu com certeza nunca foi armado daquela forma ou em forma de círculos, e minha roupa não era um vestido curto cheio de formas geométricas, mas talvez se parecesse um pouco com o uniforme da torcida.

– É o meu favorito!

Leonardo narrando

Eu queria ter ido falar com ela no instante em que ela chegou na exposição, mas adivinhem só! Alguém me alugou novamente.

Era um senhor de meia idade. Vestido um terno e com um cheque e uma caneta na mão.

– Meu garoto eu amei a exposição! – Eu mal olhava para ele, ficava tentando ver a Eliza.

– Obrigada!- respondi no automático.

– Sabe o quadro da garota? O último?- Ai ele conseguiu minha atenção.

– Eu te ofereço agora um valor que você não vai achar naquela urna! É muito parecido com uma garota que conheci no colégio...

– É aconteceu comigo também!- Sorri e então bati na minha própria cabeça pra tirar aquele sorriso do rosto e o senhor me olhou estranho.

– Me diga o seu valor que eu pago por aquele quadro, sei que dinheiro não é problema sabendo quem é a sua mãe, mas leve em consideração que poderá comprar o que quiser sem ter que pedir á ela, basta me dizer por quanto quer aquele quadro!

No momento que ele começou a dizer Eliza se aproximou do tal quadro, e ela analisava ele muito bem, e quando ela riu com ele, eu sorri.

– Desculpe senhor, mas aquele quadro... Não está a venda!

Me desviei dele e caminhei até Eliza olhando o quadro e sorrindo!

Eu:- É o meu favorito!

Ela me olhou sorrindo

Eliza:- Conhece o pintor?

Eu:- Haan...- Passei a mão no cabelo e olhei para ela- Sou eu!

Ela olhou para o quadro e depois olhou para mim, deve ter se perguntado “PORQUE RAIOS ESSE MENINO ME PINTOU?”

Eliza:- Sou eu?- Ela perguntou sorrindo.

Eu:- Acho que... Pode se dizer que sim.

Ela sorriu ainda mais.

Eliza:- Quer... dar uma volta?- Ela olhou como se apontasse para o jardim.

Eu:- Claro!- Eu sorri.