Victória respirou um pouco mais aliviada e abraçou o seu amor.

— Graças a Deus não foi nada grave!

Ele a segurou em seus braços e beijou seus cabelos.

— Graças a Deus, meu amor! - acariciou os cabelos dela. - Vamos até minha sala e quando a visita for liberada a gente vai ser avisado!

Ela concordou e eles foram para a sala dele, ainda tinham algumas horas de espera e ali ficaram se apoiando até a hora da visita...

(...)

Com o avanço das horas, Victória e Heriberto puderam ver e ficar ao lado de Maria, ela ainda dormia por conta dos fortes remédios e Victória trazia no peito uma angustia tremenda. Victória tinha passado por tanta coisa nos últimos meses que não sabia nem como estava de pé, ela tinha se superado em muitos dele e ter sua menina ao seu lado era a maior vitoria que podia ter, mas a ver ali em cima daquela cama a deixava cheia de medo.

Tinha também a questão de querer ser mãe novamente e isso pesava muito em seus ombros, Heriberto estava sentado no pequeno sofá que ali tinha e olhava para as duas juntas, percebia a angustia de seu amor e a entendia perfeitamente porque ele também estava do mesmo jeito, mas sabia que sua menina ficaria bem. Tantos problemas em tão pouco tempo que nem sabia também como estava de pé, mas tinha nelas a força necessária para seguir em frente e o amor é sempre a cura pra tudo.

Victória sentiu o olhar de seu amor e virou o rosto com um meio sorriso e ele retribuiu e a chamou para sentar a seu lado e ela levantou e foi a ele, sentou e deitou a cabeça em seu peito sendo abraçada por ele que beijou seus cabelos respirando fundo. Ela ainda ficou em silencio por alguns segundos apenas a ouvir seu coração enquanto olhava na direção da cama, ele abraçava e tinha uma mão repousando em sua barriga.

— Será que vou conseguir engravidar? - falou sentindo o calor da mão dele.

— Já conversamos sobre isso! - falou carinhoso. - Vai acontecer quando deixar de ser ansiosa, porque praticando estamos sempre! - sorriu e apertou a cintura dela. - Sempre, sempre!

Ela teve que sorriu e levantou seu rosto para olhá-lo e o beijou nos lábios, ele sempre tinha razão e ela precisava relaxar ou nada iria fluir, tinha tantos problemas em volta deles que a gravidez poderia demorar mais que o desejado já que ela estava ansiosa e tudo parecia dar errado, mas com calma eles iriam conseguir e seriam ainda mais felizes. Heriberto se deixou levar pelo beijo e os corpos esquentaram com as caricias fazendo com que se esquecessem por um momento dos problemas e ele a curvou um pouco deitando sobre ela a fazendo rir.

— Esse não é lugar! - falou ao buscar ar e ele desceu os beijos por seu pescoço.

— Esses beijos me deixam louco! - sorriu apertando ela onde conseguia. - Quero treinar um pouco com você! - voltou a beijá-la cheio de amor.

— Amor, alguém pode aparecer! - se perdia nas caricias dele.

— Eu sei e por isso só estou te beijando! - riu mais ainda e ela o acompanhou.

O beijo seguiu ainda mais intenso e eles nem perceberam quando a porta se abriu e por ela passou Bernarda junto a João que paralisou ao vê-los daquela forma. Era como se um filme passasse por sua cabeça e naquele momento sentiu inveja de Heriberto já que poderia ser ele a ter tudo dela, mas era um covarde e tinha perdido a única mulher a quem ele tinha amado verdadeiramente e agora vivia com seus demônios. Bernarda o olhou de imediato e tocou a testa ao constatar em seus olhos o que ele estava sentindo e pensando e assim voltou seus olhos aos dois que ainda se beijavam.

— A promiscuidade é permitida nesse hospital?

Victória ao ouvir a voz dela se soltou rapidamente de Heriberto e ficou de pé os encarando.

— O que estão fazendo aqui? - falou ofegante e passou os dedos nos lábios.

Heriberto ficou de pé e passou o braço pela cintura de Victória para que ela não fizesse nada que se arrependesse depois.

— Não tem vergonha do que faz na frente de sua filha? - Bernarda ignorou a pergunta dela e seguiu a atacando. - Uma pouca vergonha de vocês dois. - negou com a cabeça.

Victória respirou fundo para não perder a cabeça e Heriberto tomou a frente dela sabendo o quanto ela podia explodir naquele momento.

— As visitas não estão permitidas ainda!

— Somos a família dela e podemos estar aqui! - Bernarda o retrucou, tinha pedido autorização ao medico.

— Mesmo sendo a família dela não podem estar aqui! - olhou para João que tinha os olhos cravados em Victória. - Creio que o senhor não deveria estar aqui! - chamou a atenção dele e João piscou e o olhou.

— Eu somente queria ver a minha filha! - respirou passando a mão no cabelo e olhou a filha adormecida na cama e foi pra se aproximar.

— Não se aproxime! - Victória o repreendeu e ele parou a encarando. - Não tem o direito de se aproximar dela mesmo sendo o pai. Volte quando ela estiver acordada e se quiser a sua presença aqui! - foi rude.

— Pecadora maldita! - Bernarda rosnou. - Meu filho tem mais direito de estar aqui do que esse homem! - cuspiu as palavras apontando para Heriberto.

— Pode apostar que ele é muito mais homem e pai que o seu filho! - gritou dando passos a frente. - Saiam daqui ou eu chamo a segurança!

— Eu só quero ver a minha filha! - ele se aproximou da cama e tocou os cabelos dela dando um beijo em sua testa, deixou as lágrimas rolarem por seu rosto e sussurrou em seu ouvido. - Me perdoe minha filha! - beijou novamente sua testa e Maria abriu os olhos. - Oi meu amor! - ele deu um meio sorriso.

Victória se aproximou dela no mesmo momento e empurrou João para longe e tocou o rosto de sua menina, Maria parecia assustada e tossiu um pouco fazendo cara feia como se sentisse dor e Heriberto tomou a frente e começou a examiná-la.

— Está sentindo dor?

Ela confirmou com a cabeça e com calma disse:

— Quem são vocês? - olhou a todos e Victória sentiu um buraco se abrir embaixo de seus pés, parecia que nunca teriam paz...