— Eu sinto muito em ter que te dar essa noticia! - tocou o rosto dela.

— O que aconteceu com minha filha? - respirou pesado.

— Maria está em cirurgia, ela está com uma pequena hemorragia interna pelo impacto da batida!

— Que batida? Minha filha era para estar na faculdade! - falou em completo desespero.

Ele suspirou e a trouxe para seus braços.

— Ela estava no carro com João e ele também está em exames, mas parece que não teve nada grave!

Victória no mesmo momento se soltou dele e os olhos ficaram negros de raiva e ela sentenciou.

— Se algo acontecer com a minha filha, João vai se arrepender de um dia ter cruzado o meu caminho! - era algo tão forte que até Heriberto se arrepiou com aquelas palavras.

Victória passou as mãos no cabelo, sentindo todo seu corpo tremer, sua menina estava em cirurgia por culpa daquele desgraçado que se quer tinha se machucado pelo que entendeu. Heriberto a tocou nos braços e a trouxe novamente para seus braços e a beijou na testa.

— Vai dar tudo certo! - falou confiante.

— Não sinto isso! - se tremeu toda.

— Meu amor, a batida foi feia e eu nem consegui ir ver a nossa filha ou até mesmo João para saber o que aconteceu, mas a polícia já está aqui é vamos descobrir o que aconteceu! - estava tão preocupado com ela que nem conseguiu descobrir o que tinha acontecido de fato.

— João é um maldito! - rosnou. - Não entendo como foi padre todos esses anos se o único que faz é destruir tudo a seu redor! - falou com rancor.

— Meu amor, não fale assim! - negou com a cabeça.

Heriberto não gostava de João e não o queria perto de sua família, mas aquelas palavras eram pesadas e ele não queria ela com aqueles sentimento. O único que importava ali naquele momento era a filha e nada mais.

— Eu preciso saber da minha filha!

— Você quer ir até meu consultório e me esperar lá? - segurou a mão de seu amor.

Ela negou com a cabeça, queria e iria fazer outra coisa quando ele fosse ver a filha deles.

— Eu te espero aqui e, por favor, não demore! - apertou a mão dele.

Heriberto assentiu e beijou seu rosto, saiu dali rumo a sala de cirurgia. Victória foi até a recepcionista e exigiu ver João, a moça se negou no começo, mas ela explicou que ele era o pai de sua filha e que era a esposa de Heriberto e assim conseguiu ir até o quarto onde ele já estava instalado.

Ela caminhou a passos largos depois de agradecer e ao chegar no quarto, entrou com tudo e os olhos se encontraram de imediato. João estava assustado por estar ali e Victória estava com os olhos ainda mais vivos e cheios de ódio dele.

— Cadê minha filha?

— Agora você se preocupa com ela seu desgraçado? - falou com ódio. - Por que você não some de nossas vidas? Por que não me deixa ser feliz com a minha filha? - ofegou despejando o que estava engasgado em sua garganta. - Por que se empenha em querer me tirar ela?

— Ela também é minha filha e você não pode dizer uma barbaridade dessas! - a retrucou sentindo o peso de suas palavras.

Victória caminhou até a cama e jogou a bolsa nas pernas dele e disse bem seria.

— Você estava dirigindo bêbado e quer que eu acredite que você tem alguma consideração por minha filha? - gritou com ele. - Que tipo de homem você se tornou?

— Um homem que está destruído por dentro, acabado em sua santidade que chegou ao extremo de se embriagar e ferir a própria filha! - falou com desespero e passou as duas mãos nos olhos para limpar as lágrimas. - Esse é o tipo de homem que me tornei.

Victória sorriu sem nenhuma alegria.

— Você não vai me comover com suas palavras e se está passando por tudo isso agora, é a consequência de sua maldita covardia! - trincou os dentes ao final de sua frase. - Inconsequente! - estava tão brava que queria agredi-lo. - Se algo acontecer com a minha filha, você vai pagar muito caro por isso!

— Eu não queria que isso tivesse acontecido e se pudesse eu estaria no lugar dela nesse momento.

Ela riu passando a mão no cabelo.

— Mas não está! - se aproximou mais o olhando nos olhos. - Você está aqui e bem, não sofreu nada. Enquanto a minha filha está em cirurgia, eu espero que sua consciência te cobre todas as noites o que fez hoje e que Deus tenha piedade de você, porque eu não terei! - pegou sua bolsa.

— Tanto rancor não vai te levar a lugar nenhum. - tinha os olhos cheios de lágrimas. - Não vai te deixar seguir em frente e muito menos vai conseguir conquistar o que mais deseja!

Victória apertou a alça de sua bolsa apertando os lábios.

— Eu tenho é pena de uma pessoa como você, um homem que escolheu se esconder atrás de uma batina e enganar a si próprio. Eu não quero ter sentimento algum por você, João, pelo contrário, eu quero a distância de você e de sua família. - falou sem tirar os olhos dele. - Quero que fique longe da minha filha, da minha casa e se nos vir na rua passe para a outra calçada.

— Você não pode me impedir de ver a minha filha e muito menos que eu saiba dela.

— Infelizmente não posso mesmo te impedir de vê-la, mas quando ela estiver comigo em qualquer lugar mantenha a distância porque eu não suporto se quer olhar pra sua cara e saber que ela pode morrer enquanto você está aqui bem como se nada tivesse acontecido.

— Preferia que eu estivesse morrido? - sentou medo da resposta dela.

— Não! - respondeu rapidamente. - Preferiria que você nunca tivesse a desfaçatez de colocar a minha filha dentro de um carro com você bêbado! - colocou a bolsa no antebraço. - Espero que receba a devida punição da justiça pelo que fez! - virou e saiu do quarto.

João levou as mãos ao rosto novamente e deixou que as lágrimas grossas rolassem por seu rosto e ela saiu se encostando na parede, respirou fundo e fechou os olhos. Não gostava de ter aqueles maus sentimentos por ninguém, mas ele conseguia tirar todos os sentimentos ruins dela assim como Bernarda e foi somente pensar nela que ela apareceu ali como se fosse uma miragem assim que Victória abriu os olhos.

— Maldita pecadora! - falou de cara.

Victória estava exausta emocionalmente e sem querer iniciar uma briga com ela, apenas saiu caminhando e a deixando ali falando sozinha. Precisava saber de sua menina e voltou a recepção para ver se amor já tinha voltado e o encontrou sentado com uma cara nada boa, levantou assim que a viu e ela mordeu o lábio com medo.

— Foi pra isso que quis ficar aqui? - nem permitiu que ela perguntasse da filha. - Eu viro as costas e você vai atrás daquele maldito?

Victória arregalou os olhos pelo tom dele.

— Isso não é hora pra ciúmes! - foi firme. - Como esta a minha filha? - não iria entrar numa briga com ele por conta de João.

Ele bufou pelo modo dela e passou as mãos no cabelo.

— Eu já falei que não te quero com esse homem!

— Heriberto, seja racional e não crie mais uma situação para nós dois. - suspirou se aproximando dele. - Eu precisava falar umas verdades para ele e pedir que fique longe da nossa filha! - tocou o rosto dele. - Não precisa ficar assim por uma pessoa que não vale a pena!

— Você sabe...

— Eu sei e você também sabe que não é momento para isso! - o cortou. - Eu te amo e isso é o que importa para nós dois e a saúde de nossa filha que você ainda não me disse como está!

Ele respirou fundo controlando aqueles sentimentos porque ali não tinha lugar para eles.

— Ela está terminando o procedimento, não foi nada tão evasivo, mas a forte pancada fez com que se rompesse um vazo sanguíneo e está com uma luxação no braço!

Victória respirou um pouco mais aliviada e abraçou o seu amor.

— Graças a Deus não foi nada grave!

Ele a segurou em seus braços e beijou seus cabelos.

— Graças a Deus, meu amor! - acariciou os cabelos dela. - Vamos até minha sala e quando a visita for liberada a gente vai ser avisado!

Ela concordou e eles foram para a sala dele, ainda tinham algumas horas de espera e ali ficaram se apoiando até a hora da visita...