Heriberto ainda olhava os exames quando fechou a porta, virou-se e se aproximou da cama e quando de fato olhou para seu rosto, seu coração disparou de tal forma que ele quase perdeu seus sentidos e o que estava em suas mãos caíram ao chão com ele tocando o rosto dela atordoado.

— Victória, meu amor... - falou com desespero olhando para ela.

Ele respirou pesado olhando sua esposa ali desacordada e com desespero saiu de dentro daquele quarto, sua equipe estava toda ali e ele entendeu que os olhares para ele era pelo fato da esposa estar ali sem ele nem saber e pior que a tinha operado sem saber que era ela. Ele bufava sentindo seu corpo todo doer, poderia ter matado seu amor e isso era o que mais pesava naquele momento.

— Como não viram que era ela? - tentou falar baixo mais era quase impossível. - Como? - passou as mãos no cabelo.

— O rosto dela estava muito marcado e priorizamos apenas em salvar a vida dela! - o respondeu com calma.

— Minha mulher! - berrou os fazendo estremecer. - Eu podia ter matado minha mulher! - não conseguia identificar seus sentimentos naquele momento.

— Doutor, hoje que descobrimos quem ela era... - Miranda argumentou.

— Saiam todos daqui! - berrou com eles. - Estão dispensados no dia de hoje! - e sem mais ele virou-se e entrou novamente para dentro quarto indo até a cama de seu amor e sentou beijando a mão dela. - Meu amor, o que aconteceu? - estava tão machucada e corria risco de nem voltar a si por ter ficado tanto tempo sem socorro.

Heriberto beijou a mão de seu amor e encheu os olhos de lágrimas e naquele momento rezou e pediu a Deus que não tirasse sua mulher dele, tinham tanto que viver ainda juntos, tanto que conquistar ainda ao lado dela. Ele ficou ali por horas, não era mais o médico dela e sim o marido, não podia mais assumir aquele caso e apenas velou por ela e rezou muito deixando que o tempo se fosse...

E o tempo se foi tão rápido que quando Heriberto percebeu já tinha se passado quatro meses e Victória seguia em coma, estava completamente curada de suas fraturas, mas sua mente ainda vagava por algum lugar desconhecido para ele que abandonou trabalho e somente vivia em função dela e daquele quarto de hospital.

Toda sua equipe estava pendente dele e de Victória e faziam de tudo para que ele se sentisse melhor, mas ele já estava com cabelo grande e barba por fazer já que dormia naquele sofá duro ao lado da cama dela. A mídia estava uma loucura com a rainha da moda tanto tempo presa a uma cama e cada dia que se passava uma notícia nova surgia e muitas vezes Heriberto tinha que brigar junto a seus advogados por tanta notícia mentirosa.

Muitas pessoas estavam pendentes dele, mas Heriberto não permitia que ninguém a visitasse já que na primeira vez em que uma das modelos a visitou, tirou uma foto que foi parar em todos os sites de fofoca e assim ele proibiu todas as visitas a ela tornando assim sua rotina com ela mais pesada. Eram dias terríveis para ele que somente queria seu amor ali junto a ele, mas tinha que esperar o tempo dela e não sabia quanto seria...

(...)

AGORA...

Era por volta das duas da tarde quando Heriberto deixou o quarto de Victória, era a hora que sempre tomava seu banho e foi nesse exato momento em que Maria chegou ao hospital, sabia que somente naquele momento conseguiria vê-la e sentia em seu coração que precisava estar ali. João Paulo também trabalhou muitos dias em oração e conversava muito com sua filha e sempre pedia que ela limpasse seu coração do rancor que sentia e que Victória precisava de amor para volta a vida, ele sabia que somente o amor de Maria poderia fazer com que a grande Sandoval voltasse a vida e ali estava ela.

Maria tinha tudo combinado com uma das enfermeiras que permitiu que ela caminhasse com acesso livre pelo hospital e João também estava ali para ajudá-la se fosse preciso, ele e Heriberto sempre se entenderam e quando ela contou a ele que João era o pai de sua pequena Maria, ele ficou um tanto mexido, mas nada fez já que era o passado dela e travou junto a Victória uma luta para encontrar a pequena. Maria olhou para a enfermeira e mordeu a unha não estava tão certa do que iria fazer.

— Você tem vinte minutos! - segurou a mão dela. - Não me faça perder meu emprego!

Maria assentiu e ela se retirou a deixando sozinha, ela suspirou e tocou a maçaneta caminhando junto a porta abrindo, o quarto era cheiroso e ela podia se lembrar naquele momento as vezes que esteve nos braços de Victória e pode sorrir com o carinho que ela lhe brindava com tanto amor, sorriu por um momento com as boas e poucas lembras e que seu pai pedia que ela conservasse sempre, mas em sua mente logo veio as decepções e as arrogâncias de Victória no momento em que achou que ela queria seu marido.

Victória era uma mulher ciumenta e no momento em que a melhor amiga de Maria acabou com o casamento de sua irmã, ela automaticamente tomou as dores para si e via o carinho de Maria com Heriberto como uma ameaça e sua cabeça virou completamente e ela acabou com Linda e Osvaldo para honrar sua irmã. Mas nada que Victória via era certo e acabou por destruir a vida de sua própria filha sem nem ao menos se dar contar e o destino se encarregou de cobrar e tudo que aqui se faz aqui se paga.

Maria pensou em recuar, mas seu tempo estava acabando e ela adentrou aquele quarto branco e que apenas tinha algumas poucas flores, nada que deixasse o lugar mais bonito, apenas o básico já que ela nem percebia nada a seu redor, fechou a porta e caminhou até a cama sentindo o cheiro dela ainda mais vivo em suas narinas. As mãos tremiam e ela sentiu algo tão estranho que apenas tocou a mão de Victória assim que chegou próximo a ela, estava um pouco gelada e ela alisou como se a fizesse esquentar.

— Continua a mesma mulher linda de sempre! - a voz doce soou por todos os cantos e as maquinas apitaram fazendo ela se alarmar. - A senhora pode me ouvir? - aproximou mais seu corpo da cama e o corpo se curvou para olhar mais em seu rosto. - Sou eu Maria...

E nesse mesmo segundo os olhos de Victória se abriram a encarando...