— Continua a mesma mulher linda de sempre! - a voz doce soou por todos os cantos e as maquinas apitaram fazendo ela se alarmar. - A senhora pode me ouvir? - aproximou mais seu corpo da cama e o corpo se curvou para olhar mais em seu rosto. - Sou eu Maria...

E nesse mesmo segundo os olhos de Victória se abriram a encarando... O susto foi tão grande para Maria que ela tentou se afastar com os olhos arregalados, mas Victória a segurou com a mão firme e não se podia dizer de onde vinha aquela força, mas ela manteve Maria ali junto a ela.

Não estava totalmente consciente, mas podia observar o susto dela, Maria tentou se soltar e voltar a si tinha certeza que seu rosto estava branco pelo susto, tão branco quanto as paredes daquele quarto, respirou pesado e sabia que se Heriberto a pegasse ali iria arrancar seu couro.

— A senhora precisa me soltar! - falou com calma e Victória apenas piscou a mantendo ali. - Está me ouvindo? - falou um tanto mais calma. - Eu preciso chamar um médico!

Victória voltava a si aos poucos e ao tentar falar se engasgou e começou uma tosse sem fim, Maria se desesperou mais ela não soltava de sua mão e ela começou a gritar por socorro e a virou de lado para ver se a ajudava. O quarto parecia pequeno naquele momento em que ela também perdia o ar me desespero enquanto a segurava em seus braços, a sentou, não sabia se podia, mas o fez e Victória se abraçou a ela enquanto respirava alto em meio a tosse.

— Respire devagar! - falou com a voz doce querendo que ela se acalmasse.

Maria estava abraçada a Victória e sentia algo tão bom, ou melhor, que as outras vezes em que esteve ali naqueles braços, sentia que era diferente e ficou ali sentindo aquele amor que nem sabia que era possível sentir por alguém que tanto mal lhe tinha feito, mas naquele momento não era hora para pensar no ruim, mas sim no lado bom do momento já que ela estava ali de olhos abertos e respirando já com mais calma mais o sentimento de tê-la ali era tão maravilhoso que mesmo já respirando com calma permaneceu ali presa em seus braços.

— Minha filha, minha pequena Maria! - falou num fio de voz.

Maria sentiu seu corpo todo tremer com aquelas palavras e como pode se afastou dela e Victória a olhou nos olhos e a tocou no rosto era tão perfeita para ela que chegava a sentir medo de tocar e a quebrar e Maria nada dizia apenas a olhava nos olhos com sentimentos encontrados e um choque sem tamanho com aquelas pequenas palavras. Heriberto entrou como um furacão no quarto e olhou para as duas, tinha entrado ali apenas para mandá-la embora.

Mas ao ver Victória ali sentada e bem, ele não conseguiu se quer dizer nada apenas correu a ela e a puxou para ele a beijando na boca, ela sorriu sentindo o tranco que era estar em seus braços e um pouco de dor se fez presente e ela gemeu de dor, mas a mão continuava presa a de Maria e mesmo que ela quisesse soltar-se dela não conseguia. O amor de Victória era muito maior e a mantinha ali presa com facilidade.

— Meu amor, meu Deus!!!! - ela a segurou pelo rosto. - Meu Deus, Victória...

Ela gemeu mais uma vez de dor e ele a deitou com cuidado na cama e apertou o botão para que chamassem um medico para que ela fosse examinada e os olhos dela foram novamente para Maria que estava sentada na cama ainda de mãos dadas a ela.

Heriberto também a olhou e toda raiva que tinha ao saber que ela estava ali com sua mulher sem a sua permissão tinha ido embora, tinha visto João e ele tinha contado que Maria estava com Victória e ele bufou no mesmo momento e correu para o quarto mesmo com João suplicando que as duas precisavam daquele momento. Ele não o ouviu, mas nada mais importava já que sua esposa estava ali e de olhos abertos.

— Minha filha... - falou com a voz falha. - Como eu te esperei! - falava com o peito subindo e descendo cheia de amor.

Para Maria aquilo parecia um delírio de Victória, para ele aquele tema não era mencionado nunca por ninguém, ainda mais por ela que não era nada sua, ela não era sua mãe para ficar repetindo aquelas duas pequenas palavras que tinham tanto poder. Victória era a mulher que mais tinha a feito sofrer e uma mãe nunca faria um filho sofrer e era assim que ela pensava, levantou e soltou-se então de sua mão e Victória quase levantou junto a ela.

— Eu preciso ir! - ela falou com o coração acelerado.

— Minha filha, não me deixe! - respirou ainda mais pesado.

— Eu não sou sua filha! - foi rude sentindo seu coração acelerado e partido ao meio.

Maria tinha tanto ressentimento de sua mãe que não podia e não queria nem imaginar que ela pudesse ser como Victória, ou melhor, uma mãe nunca seria como a grande Victória Sandoval que destrói, humilha e se acha a dona do mundo. Uma mãe não abandona um filho a própria sorte e ela não tinha filhos, todos sabiam que ela não tinha filhos e se tivesse nunca os abandonaria já que cuidava de Max como um tesouro.

O ressentimento pulsou em seu interior e ela respirou pesado assim como Victória e naquele momento se arrependeu de estar ali, virou e mesmo com os apelos de Victória, ela saiu do quarto. Victória se desesperou e quis se levantar, mas Heriberto a conteve a segurando em seus braços e ela berrou enquanto chorava para que ele a soltasse estava desesperada e não iria perder a sua menina.

— Victória, meu amor calma! - falou com desespero se perguntando onde estavam os malditos médicos daquele hospital.

Ela grudou em sua camisa e com o último ar que tinha em seus pulmões disse:

— É a minha Maria... a minha pequena Maria... - e os olhos se fecharam com ela desfalecendo em seus braços para o desespero total de Heriberto...