— O que aconteceu? - largou as flores no sofá e foi a ela.

— Você precisa se acalmar!!!! - Laerte falou.

— Como vou me acalmar se eu não vou mais poder caminhar!!! - soltou a mão de Maria e bateu nas duas pernas deixando Heriberto branco no mesmo momento. - Eu não quero viver assim!!! - chorou ainda mais pesado levando as mãos ao rosto.

— É certo isso, Laerte? - Heriberto falou com o coração na mão indo até sua esposa mais não tirou os olhos dele.

Laerte os olhava e deu um grande suspiro... Não podia ser verdade que ela nunca mais poderia andar não podia e não queria acreditar naquele maldito destino que a esperava prostrada em uma caldeira de rodas. Heriberto podia sentir seu coração quase sair pela boca com aquela notícia e esperou pela resposta dele mesmo entendendo que a cara que ele tinha não era nada boa.

Maria estava com os olhos arregalados, com certeza era um "castigo" muito pior para ela do que não ter o seu amor, olhava para Victória e se perguntava como uma mulher como ela iria conseguir viver daquele modo já que era uma mulher cheia de vida e corria para todos os lados em desfiles, viagens, coquetéis e entre outras tantas coisas. Victória girava seu próprio mundo e poria ter uma vida pausada se de fato ela ficasse presa a uma cadeira.

Victoria por outro lado só sabia chorar não queria acreditar naquele maldito destino, sentia as lágrimas queimarem seu rosto e seu coração bater quase que pra fora do peito. Olhou a todos ali e se sentiu digna de pena, eram segundos em pensamentos e Laerte disse:

— A condição de Victória é um pouco mais difícil e por ficar tanto tempo em coma... - a olhou. - Vamos precisar de mais exames e fisioterapia. O carro te pegou em cheio e você ficou muito tempo sem socorro.

E foi aí que o desespero dela foi maior e ela chorou pesado mandando que todos ali fossem embora, menos Maria e Heriberto, estava em pedaços e Laerte achou melhor conversar em outro momento. Victória estava muito alterada e não iria compreender em nada o que ele dissesse naquele momento e se retirou, mas falaria com Heriberto depois.

— Meu amor, você precisa se acalmar!!! - falou tocando o rosto dela.

— Eu não quero esse destino!!! - se negava redondamente. - Eu não quero!!!!

Heriberto a abraçou forte confortando seu amor e deixando que seus braços fossem o seu refúgio naquele momento tão assustador para todos.

— Estamos aqui e vamos te apoiar. - olhou Maria. - Eu e a nossa pequena Maria estamos aqui para você!!!

Maria podia sentir como seu corpo tremia todas as vezes em que era chamada assim, tinha sentimentos encontrados e queria apenas sumir dali e nunca mais ter que olhar aquela mulher. Sabia que ela nunca a tinha querido e por esse motivo a tinha jogado no lixo, estava tão envenenada por Bernarda e até mesmo por Victória que não conseguia ver uma luz no fim do túnel para aquela situação.

Victória olhou sua filha ali e estendeu a mão para ela enquanto soluçava seu choro, Heriberto se afastou um pouco para dar espaço para ela, não tinham se falado ainda e se estava ali era porque tinha mudado de ideia sobre a mãe. Heriberto mesmo sem conhecer Maria já sentia tanto amor por ela, um amor tão lindo de pai, ela era o amor em forma de pessoa e tinha também muito medo da rejeição com Victória já que onde havia tanto amor também existia magoa e ressentimento.

— Eu preciso ir... - falou com medo daquela aproximação.

— Minha filha... - Victória falou deixando mais lágrimas rolarem.

— Não me chame assim senhora!!! - falou com os lábios tremendo e correu para a porta para sair dali.

— Eu sou sua mãe, eu preciso de você! - falou num grito sofrido e ela parou respirando na porta.

— Não pode achar que depois de tantos anos e de tudo que fez vai conseguir o meu perdão!!! - falou sem olhá-la e saiu do quarto batendo porta.

Victória chorou copiosamente sem entender o que ela falava e agarrou seu marido, era ali o seu pilar e a ajuda que necessitava naquele momento em que sua vida estava ruindo e ele a amparou beijando seu braço deixando que aquela dor fosse diminuindo e eles pudessem resolver tudo juntos como sempre faziam naquele tempo de casamento. Eram um só e ver seu amor daquele modo o destroçava, mas ele iria fazer de tudo para que ela ficasse bem e tivesse o amor de Maria mais naquele momento somente deu seu amor e seus braços para que ela se sentisse segura...

(...)

E o tempo se foi, fazendo com que as coisas se complicassem cada dia mais já que Victória não comia direito, mal dormia e somente queria chorar a todo o momento, Maria não voltou ao hospital e mesmo todos implorando para que ela fosse pelo menos naquele processo de recuperação dela, ela recusou. Não queria contato e ceder a mulher que um dia ela tanto admirou em sua vida, mas que também tinha feito tanto mal a ela.

Os exames deram uma pequena lesão na coluna de Victória que poderia ser revertida, mas ela estava com começo de depressão e se recusou a fazer o procedimento, começou a ser acompanhada por uma psicóloga amiga de Heriberto que já não sabia mais o que fazer para que sua esposa raciocinasse e lutasse tanto para andar quando pelo amor de Maria. Naquela tarde depois de conversar muito com os medico ele tomou uma decisão e se responsabilizou por completo por ela e saiu da sala indo para o quarto dela.

Victória olhava para o nada, sua mente vagava por algum lugar sem que ela pensasse em nada apenas olhava para o nada, Heriberto entrou e foi direto a mala dela e pegou uma roupa e foi então que os olhos dela foram nele que veio a cama tirando o lençol que cobria suas pernas, deixou a roupa de lado e a encarou.

— O que está fazendo? - falou sem vontade alguma.

— Tomando as rédeas da sua vida!!! - começou a erguer a camisola dela que se negou.

— Para!!! - o empurrou.

— Chega Victória!!! - foi rude. - Você nunca foi de sentir pena de si mesma e não vai ser agora que você vai se entregar!!!

— Eu não quero e você não vai me obrigar!!! - bufou.

— Não só vou, como já vou fazer!!! - deixou a roupa de lado e a pegou nos braços iria daquele modo mesmo já que não queria se trocar.

— Me larga!!! - falou com raiva. - Você vai me machucar!!!!

Ele suspirou caminhando para sair dali e a encarou.

— Te carreguei por 32 degraus quando nos casamos e não te machuquei, não vai ser agora que vai acontecer.

Ele caminhou para fora do quarto sem dizer mais nada, iria colocá-la frente a Maria e resolver aquela situação toda fazendo com que ela raciocinasse e lutasse por tudo como sempre tinha sido em sua vida. Era a hora de voltar a ser a senhora Sandoval que não temia nada e nem ninguém...