— Me larga!!! - falou com raiva. - Você vai me machucar!!!!

Ele suspirou caminhando para sair dali e a encarou.

— Te carreguei por 32 degraus quando nos casamos e não te machuquei, não vai ser agora que vai acontecer.

Ele caminhou para fora do quarto sem dizer mais nada, iria colocá-la frente a Maria e resolver aquela situação toda fazendo com que ela raciocinasse e lutasse por tudo como sempre tinha sido em sua vida. Era a hora de voltar a ser a senhora Sandoval que não temia nada e nem ninguém... Heriberto a colocou no carro e foi para o outro lado, entrou e o ligou arrancando dali com pressa, ela o olhou e disse:

— Vai matar nós dois assim!! - falou com raiva.

Ele não respondeu apenas dirigiu, naquele momento não queria conversa com ela já que tinha passado todo aquele tempo sem se quer falar com ele, estava chateado, magoado, sentindo uma tristeza ainda maior do que quando ela estava em coma. Heriberto era um homem compreensivo e a respeitou até aquele momento, mas não conseguia mais ficar quieto ou ver que sua mulher se deixava destruir, entendia que era difícil tudo que se passava, mas não iria permitir que ela morresse, não permitiu antes e não permitiria agora.

Victória o olhou por incontáveis minutos até que virou seu rosto para a janela e ficou a olhar o caminho, a muito não se via se quer o céu e muito menos sentia o sol como estava sentindo naquele momento, fechou os olhos e sentiu como o sol a contemplava e ela respirou fundo se perguntando o que estava fazendo de sua vida e uma lágrima rolou por sua bochecha e ela logo a secou. Heriberto queria poder parar aquele carro e agarrar seu amor em um abraço apertado e mostrar a ela mais uma vez que estava ali para qualquer coisa, mas ela não o queria por perto de certa maneira e ele se manteve longe.

Dirigiu por incontáveis minutos até que parou frente a vila onde Maria morava, desceu do carro e foi para o outro lado e abriu a porta, ela o olhou sentindo o lábio tremer, não queria ir, não queria estar frente a Maria sem saber o porquê de todo aquele ódio por ela. Victória podia se lembrar somente dos momentos bons que viveu ao lado de Maria, mas a parte mais importante e a pior daquela historia tinha se apagado da mente de Victória e ela não sabia e muito menos Heriberto já que nos exames dava que ela estava bem tirando a lesão nas costas.

— Está na hora de enfrentar os seus demônios!!! - respirou fundo.

— Eu não quero ir!!! - encheu os olhos de lágrimas. - Vamos embora!!! - segurou o cinto de segurança que ele se aproximou tirando. - Me respeita, Heriberto!!!

Ele a encarou.

— E você está respeitando a mim? Está respeitando o nosso amor? - gritou. - Eu não vou te deixar morrer, eu não deixei a cinco meses atrás e não vou permitir agora. - segurou o rosto dela. - Olha pra mim e me diz se você está respeitando o amor que eu sinto por você, se está respeitando tudo que fiz pra te manter aqui comigo e viva!!! - estava desesperado e deixou que suas lágrimas rolassem por seu rosto. - Você é a minha mulher e eu não vou te ver definhar por medo de falar!!!

Victória deixou que suas muitas lágrimas rolassem assim como as dele e o puxou para seus braços beijando em sua boca, ele quase engasgou mais a apertou em seus braços e desfrutou daquele beijo que tinha sentido apenas quando ela tinha despertado. Era vida poder "beber" do amor dela ali em seus lábios que não quis mais a soltar, mas o ar faltou e ele juntou sua testa na dela.

— Você precisa lutar por ela, por nós dois e por você mesma!!! - falou num sussurro sentindo as mãos dela em seu rosto.

— Me perdoe meu amor!!! - o olhou nos olhos e seus lábios roçaram o dele novamente. - Eu te amo tanto.

— Me mostre o quanto me ama e lute. - a beijou novamente sem conseguir conter aquele desejo que sentia sempre quando estava ali junto a ela.

Era mais forte que os dois e eles ficaram ali se beijando como se fosse a primeira vez e ele sorriu ao final do beijo e ela o acompanhou com um leve sorriso, era o primeiro depois daqueles dias todos e ela sentiu nele a confiança que faltava em si. Heriberto a tirou do carro e caminhou para dentro da vila e algumas pessoas o cumprimentaram e ele logo chegou à porta de Maria, Victória se tremeu toda quando a porta se abriu e Maria os encarou.

— O que fazem aqui? - foi grossa.

Heriberto não quis nem saber da mal criação dela e entrou na casa e colocou Victória sentada no pequeno sofá que ali tinha e as olhou por igual.

— É conversando que se resolvem as coisas e não fugindo. - Apontou Maria. - E nem se calando!!! - apontou Victória. - Resolvam-se e, por favor, se escutem antes de qualquer coisa!!! - foi até Victória e a beijou na boca e logo foi a Maria e beijou seus cabelos. - Uma terceira versão dos fatos nem sempre é a verdade!!! - piscou para ela e saiu da casa.

Victória passou as mãos no cabelo e as pode sentir tremer enquanto olhava para Maria que esperou Heriberto sair para voltar seus olhos a mulher que tinha lhe dado a vida e disse:

— Eu não quero te ouvir, eu não quero saber por que raios você me abandonou e muito menos seus motivos para destruir minha vida... - fez uma pausa. - Alias, eu sei sim o que te fez destruir minha vida...

— Maria... - a cortou. - Eu sou sua mãe e eu quero que você me ouça, eu não sei o que te falaram sobre mim, mas eu sempre te quis, eu sempre te amei!!! - falou a verdade de seu coração.

— Que amor é esse que maltrata, agride e faz com que o outro se sinta um nada? - falou com rancor. - Que amor é esse que você diz sentir por mim? Eu nunca te fiz nada além de idolatrar e me orgulhar de ter uma mulher como você ao meu lado e sim muita vezes eu me imaginei com uma mãe como você, mas você é má e me destruiu por maldade e por achismo, você me destruiu por pensar que eu era como Linda, mas eu não era e agora você está aqui querendo o meu perdão e o meu amor? - cuspiu as palavras sentindo o coração bater na boca.

Victória sentiu uma pontada de dor na cabeça e levou a mão até a mesma, o que ela estava falando? Que diabos eram todas aquelas acusações que ela nem se quer sabia do que se tratava.

— Do que está falando? - sentiu outra pontada.

— Não se faça de inocente, senhora Victória!!! - sorriu com sarcasmo. - É mais fácil fingir do que assumir tudo que fez comigo!!!! - respirou pesado querendo chorar.

— Eu não... - sentiu a dor ainda mais forte e a outra mão foi a cabeça e como um filme tudo veio em sua mente desde o primeiro momento em que viu Maria em sua sala, tudo, como uma bomba e ela olhou para sua menina com os olhos cheios de lágrimas e logo tudo ficou preto deixando Maria paralisada com ela desmaiada em seu sofá...